eu tinha uma dessa |
Eu gostava da banda A-há. Quem que viveu no finalzinho dos anos 80 e não escutou uma música deles? Dias desses, eu estava ouvindo um cover de uma música deles, The Sun Always Shines TV (O Sol sempre brilha na TV), onde há uma crítica muito feroz da televisão. Até o final dos anos 90 – pelo menos no Brasil – a televisões abertas tiveram sua hegemonia e tudo era maravilhoso, elas manipulavam com as informações. Essa música fala dos programas que mostravam um mundo belo – no clipe mostra uma sala cheia de manequins – onde não tinham pessoas feias, pessoas que não tinham caráter e mais do que isso, escondiam o que mais podre tinha na política. Piorou quando os yanques – porque todos nós somos americanos – quiseram abrir o mercado globalmente e isso só era viável, via internet. Pegaram uma invenção para a guerra fria – caso acontecesse uma guerra nuclear – e, já que a URSS desfarelou, abriu para computadores caseiros de lá. Desde então, o mundo globalizado aconteceu e uma outra coisa aconteceu, a anarquização dos meios de informação democratizando ao máximo esse meio.
A anarquização – e a própria anarquia – não é uma bagunça total
na sociedade. Isso foi disseminado para o povo não gostar da ideia e se libertar
da corrente que nos prende entre nós e o poder. A anarquização aconteceu graças
a democratização clara – uso democratização por causa da etimologia do termo
grego que é o poder do povo – dos meios de informação e o porquê e o meio de informação
antigo, até ter perdido esse poder, querem destruir esse novo meio. Mas, esse meio
de informação é muito maior que se imaginou, não será destruído e ele aos
poucos tomara o lugar do antigo. Por outro lado, a internet e o YouTube – como um
dos principais canais de vídeos – herdaram os mesmos problemas da televisão e a
mídia, num modo geral. Estamos vendo uma guerra insana, de uma superpotência militar
como a Rússia, atacar a Ucrânia, que tecnicamente, são o mesmo povo. Por quê? Porque
Vladimír Putin é um efeito colateral da guerra fria e o socialismo stalinista e
um reacionário – como Bolsonaro e o russo Alexandre Dugin, onde aconselha Putin
– onde espera uma Rússia nos velhos tempos.
Só que não voltara
nada, a evolução tecnológica e os meios de informação, fizeram que o ser humano
tivesse outras ideias. A questão não é mais ideológica – apesar que o pessoal
ainda insiste com essa bobagem – e sim, uma questão de revolucionários e reacionários.
Os revolucionários gostam de idealizar um futuro justo (o que seria justo numa revolução
armada?), mas, esquecem que o justo e o injusto dependem muito da visão subjetiva
daquilo que se faz justo. O conceito do justo não é a igualdade, pois, a
igualdade pressupõe a dissolução daquilo que é justo e daquilo que pertence a
cada um conforme o trabalho feito. O conceito do justo é alcançar o a justiça
dentro da capacidade de alcançar aquilo, sem ao menos, ser injusto com o outro
que alcançou esse objeto dentro daquilo que foi buscar. A idealização de um
futuro pressupõe, também, um controle dos acontecimentos que, nenhum ser
humano, contém. O reacionário, por sua vez, vai buscar no passado elementos que
estão no seu imaginário, ou seja, nunca existiu esse passado. Não éramos felizes.
Tínhamos uma inflação de mil por cento. Tínhamos medo de uma guerra nuclear. Tínhamos
filmes com efeitos toscos, desenhos que não tinham começo e nem final. Tínhamos
muito pouca informação. O niilismo do século 20 – quando digo niilismo, me refiro
ao niilismo que Nietzsche condenava – se mostrou ineficaz dentro da vida comum,
não nos trouxe respostas nenhuma.
A pergunta existencialista “por que a existência e não o
nada?” não nos levou para reflexões mais profundas da existência, porque essas reflexões
ficaram confinadas dentro das profundezas da academia. Ou, foram suprimidas por
hipóteses cientificas que mostraram fenômenos químicos biológicos – que só responderam
o resultado e não a causa dessa existência – e que, grosso modo, responderam só
uma parte do problema. Claro, fenômenos da nossa realidade são fenômenos químicos
em que moléculas constroem corpos físicos – sejam biológicos ou não – onde a
realidade se faz existir enquanto um conjunto de objetos. Mas, a dúvida
existencialista tem um ponto chave: porque a existência e não o nada. Aí chegamos
num ponto, o nada é a negação do ser. o ser é uma totalidade, um objeto com o
objetivo. A meu ver, o nada nos separa do ser e a essência da existência,
porque o nada é o abismo que nos faz olhar para ele. O nada é o conceito
simplificado que vira um conceito massificado para virar inteligente, mas, não passa
de um conceito para designar aquilo que não se entende ainda. O nada – como diz
a serie Star Trek – é a fronteira final.
Herdamos o conceito estético da televisão, porque essa geração
nasceu multimidia, mas tem as mesmas exigências estéticas do tempo da televisão.
Os mesmos sonhos. Os mesmos conceitos. Portanto, não adianta anarquizar as informações
se no fim, o mesmo acontece. O sol continua brilhando.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Nenhum comentário:
Postar um comentário