quarta-feira, 23 de março de 2022

Boulos é um político esquecido e a cadeirante heroína

 






Muitas perguntas rodeiam minhas dúvidas, mas uma em especial não foi respondida. Essa pergunta é: o porquê as pessoas não abrem mais links de notícia? Nem mesmo links de tragedia – que era muito acessado – as pessoas estão lendo e isso é muito problemático. Por quê? Porque as pessoas estão se acostumando em se informar só com memes, frases curtas, ou vídeos e não mais com leituras. Isso me faz ver que – num modo geral – foi uma luta constante nossos ancestrais terem lutado por uma igualdade educacional, para o ser humano de hoje, não dar o devido crédito em ler o que é escrito. Tantos conhecimentos as pessoas perdem por causa da preguiça? Kant - um dos últimos dos iluministas – já tinha falado disso.

Kant, em sua resposta o que seria o iluminismo, escreveu que as pessoas são cômodas e não querem sair da minoridade, porque não querem ser adultas e tomarem as decisões sozinhas. Ninguém quer assumir suas decisões e as consequências que essas decisões contêm dentro da sua vida. O governo não são o seus pais (pai e mãe), a igreja não vai te dar respostas definitivas como a ciência, contendo uma ótima ferramenta para a filosofia. Será que a filosofia não é uma coisa vista por não dar certezas? Essa é a questão, o mundo se transformou em desejos de certezas que não temos, nem da ciência (que funciona como hipóteses e teorias) e reflexões filosóficas que também, não dão certezas, mas coloca o ser humano em um mundo com fatos incertos. Mas, minha dúvida inicial, da não leitura, não está respondida.

Ler devota tempo. O que seria o tempo? Bergson escreveu que o tempo sempre é o presente, pois, o passado seria imagens da sua memória que não são mais reais. Trazendo para os dias de hoje – com o avanço da informática e internet – a memória são imagens de um momento congelado em significado, mesmo o porquê, significado contém sentimentos. A mente logica cartesiana, foi um erro porque a nossa mente, não processa só lembranças ou imagens significativas por razão e sim, por significado de coisas sentimentais para nós. Ou seja, vamos dizer que as lembranças são a virtualização daquilo que significou e em alguns casos, vai perdendo a forma, mas não o significado sentimental. Quando assistimos agora o seriado Chaves, temos uma lembrança afetiva, mas, não achamos tanta graça quanto achamos quando vimos lá trás. Do mesmo modo a polemica recente da foto do Silvio Santo sem maquiagem e sem dente, que nos assustou, mas mostrou o Silvio como ele está atualmente. Mas, por que nos assustou? Porque nos mostrou que até ele – um dos comunicadores mais vistos daqui – também envelhece.

Talvez, algumas imagens que temos dentro do protótipo de reconhecimento da realidade, na verdade, é uma imagem virtual que queríamos que essa realidade se torna uma certeza. Não gostamos de incertezas. Não gostamos que nos privem de imagens significativas com nossa memória afetiva, que, na maioria das vezes, nos dará certezas de um mundo alegre e confortável. Ai que esta, o confortável (conforto) tem a ver com o que nos dará prazer. Exato, nosso impulso sempre é por prazer e felicidade. A agressão é por causa da privação por prazer, quando o sujeito não tem mais a certeza, não tem a promessa de um mundo livre. A liberdade que tanto sonhava os franceses – com a igualdade e fraternidade – não passou de uma cilada burguesa, de libertar a burguesia do seu burgo e depois, num ato de traição, colocaram um novo governo também burguês. Desde então, todos os governos foram de quem detinha os meios de produção – mesmo os governos ditos socialistas – e não votamos em ninguém que represente e faça algo pela maioria. O século vinte foi um século niilista que não acreditou em nada, acreditou numa promessa vazia, acreditou no sonho de liberdade e felicidade.

Ora, mas o porquê a aversão dos meios de conhecimentos que temos agora? Será que se tem aversão em coisas que vão tirar essa imagem confortável das memorias afetivas? Talvez, a questão de ser feliz foi iludida por objetos e não gestos, não meios de sentir aquilo como uma coisa importante. Importância. O que seria importante num mundo, cada vez mais, niilista e hipócrita? Volto meu pensamento no nada. Afinal, por que existe uma realidade e não um nada total? Os gregos acreditavam que o caos – um grande abismo – existia e quando tudo se harmonizou se começou a realidade. Essas imagens religiosas – que não passa de estereótipos da realidade como objetiva ou subjetiva – são imagens explicativa da mesma realidade, como se tivéssemos uma memória ancestral. Será? Será que a minha imagem da espiritualidade é um mundo feito de consciências conectadas entre si mesmas? Mas, qual seria a sua finalidade? Vale lembrar, que o universo no seu início, segundo pesquisas serias, era caótico, ou seja, nada diferente da imagem grega do caos (nem a hindu e dos curdos, do grande ovo primordial).

A realidade, na essência, tem a ver com o objeto porque tem a ver com a questão do objetivo. Se vejo uma garrafa de água – como objeto que eu olho – meu objetivo e tomar a água dentro dela, pois, é o que mais quero. Daíse entra dentro do objeto como representação. O que representa a água para mim? O que representa para todo ser vivo, um elemento importante para continuar vivendo. Como um elemento de limpeza e indo mais longe – quase em transcendência – é o simbolismo da pureza espiritual e sentimental, por causa da sua transparência. Mas, a transparência também é um símbolo, uma imagem única e que só a água e seus derivados, podem nos proporcionar.

A imagem de algo é como medimos a realidade, uma realidade que não tem razão uma conexão com fatos eternos. O envelhecimento é uma das muitas questões de não conter fatos eternos, e assim, talvez Heráclito, esteja com a razão. Tudo muda. A realidade não é única e não pode ser considerada um fato só. Por que as pessoas não podem aceitar isso? Por que não podemos aceitar que todas as imagens que temos são imagens que podem mudar? diante das imagens das nossas crenças – crenças essas sustentadas por valores a muito aprendidos – montamos imagens solidas das muitas realidades subjetivas da realidade maior. Talvez, ninguém gosta de ler sobre coisas que vão deixar ansioso, por outro lado, é um desinteresse em saber e se posicionar como um cético de verdade. O problema não é ler, mas, mudar a muitas imagens.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior





 

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