Na última vez que eu vi o filme do Conan, o bárbaro – com Arnold Schwarzenegger de 1981 – havia um enigma que pairava o ar das matanças do rei bruxo que conquistava e matava os povos (depois que Atlântida afundou no mar, em alusão dos impérios que caem). O enigma é uma pergunta: “o que é mais forte, a carne ou o aço?”. Para entender a pergunta, temos que entender a frase que começa o filme dita pelo filósofo Nietzsche: “Aquilo que não me mata só me fortalece”. Nietzsche diz isso de forma das tragedias gregas, se numa batalha, o que não me matar nos deixa muito mais forte. Num reencontro com o rei bruxo – agora ele é um sacerdote com uma seita qualquer naquele mundo – ele diz para Conan, que buscava a mesma resposta do enigma para ficar em paz com o deus Crow (alusão a Odin, pois, crow em inglês é corvo e o deus nórdico tinha dois corvos), que a carne é muito mais forte. A vontade sempre vence o aço, porque o aço é empunhado pela vontade de lutar.
Nietzsche herdou a vontade de Schopenhauer, porque o ser
humano era movido pela vontade de lutar e abrir caminho para a luta e a
capacidade de ir onde queira. O filósofo achava que isso era a vontade de viver
e não se deixar abater por mazelas da vida, pois, a renegação da vida seria uma
negação a aquilo que te faz forte. O impulso freudiano (que dizem, foi herdado
do próprio Nietzsche), onde sempre lutamos para viver e não nos abater diante
das dificuldades. Mesmo o porquê, se ficarmos olhando para o abismo, o abismo
olha para você mesmo. Mesmo com uma deficiência, devemos lutar até o fim pela
nossa vida e o direito de temos essa vida. Afinal, como disse o rei bruxo no
filme do Conan, a carne é muito mais poderosa do o simples aço, a vontade nos
faz nos mover.
Enquanto as pessoas ficam procurando lado em tudo – graças a
uma polarização burra – as coisas sempre tendem a dar errado aquelas pessoas
que estão bem abaixo do poder. governos fazem guerras, mas quem mais sofrem são
as pessoas mais vulneráveis. Imaginem pessoas com deficiência nas guerras que
se teve? Hoje, estamos assistindo uma guerra mostrada em tempo real graças a
tecnologia, por outro lado, nos faz refletir em outras guerras que se teve muitas
atrocidades que não foram mostradas. E as pessoas com deficiência em instituições
na primeira grande guerra mundial? Será que prédios caíram com pessoas lá?
quantas pessoas com alguma deficiência não morreram ou sofreram violência em
guerras? Não esta sendo diferente com a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, onde
o exercito russo tenta tomar o país e controlar seu território, graças a uma
conversa – que nunca teve – que a Ucrânia iria entrar na OTAN.
Uma cadeirante chamada Tanya Miroshnikova, com 31 anos,
conseguiu fugir da cidade onde vivia ainda no mês de fevereiro, mas outras
pessoas com deficiência não tiveram a mesma sorte. Tanya – que já presidia uma ONG
em defesa aos direitos das pessoas com deficiência na Ucrânia – tem um projeto
de resgate de pessoas com deficiência deixadas sozinhas graças com voluntários e
deseja arrecadar fundos para isso acontecer. O ponto é: será que governos ainda
viram que existem esse tipo de pessoas nesses países? Estamos vendo o que
aconteceria, caso existisse uma possibilidade, de se ter uma guerra mundial. Pois,
as pessoas menos vulneráveis, são deixadas sozinhas porque o instinto de sobrevivência
é muito maior do que o instinto de empatia. Ora, mas, longe de instintos, deveríamos
ser movidos por racionalidade de ver o outro como um semelhante e não um objeto.
A crise humanitária também traz uma outra constatação: a esquerda hereditária (politicamente
correta) também se mostrou desumana ao dizer que há um erro e o erro é só ucraniano.
A meu ver o erro é humano – e é inacreditável que em pleno
seculo XXI tenham guerras – em achar que o erro é do outro. Como disse Sartre em
algum lugar, o inferno sempre será os outros, porém, muitas vezes, o inferno
sempre é nosso e as nossas escolhas são nossas. Por isso mesmo, somos
condenados a ser livres, a sermos seres que temos consciência da nossa
realidade e sim, a carne é muito mais poderosa do que o aço.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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