quinta-feira, 27 de outubro de 2022

O efeito do bolsopetismo selvagem

 




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

 



Quando você abre redes sociais como o LinkedIn – rede empresarial que visa o engajamento profissional e financeiro – vimos uma hipervalorização da visão da autoajuda corporativa. Parece, sem sombra de dúvida, que há um momento de valorização da promessa de sucesso enquanto a maioria sofre das desigualdades dentro de uma sociedade desigual – e sempre gostou da valorização da religiosidade e do aparato metafisico da prosperidade – onde o LinkedIn, só é mais uma promessa de sucesso. O termo “sucesso” – como forma de carimbar afirmações – sempre foi nosso caminho para a felicidade e igual a liberdade, depende muito das questões econômicas e socioculturais de cada sociedade.

As redes sociais se tornaram simulacros de ideologias que prometem resoluções para vários problemas muito complexos, para discursos simplistas populistas que só querem captar o grande público. Mais o chamado “Efeito LinkedIn” só é um sintoma dentro de uma problematização ideológica dentro de promessas vazias – promessas essas de sucesso e felicidade – que ainda, captam pessoas a idealizarem seus “sonhos” e suas vidas. Mas, com crescente uso das ferramentas virtuais, essas promessas são mais evidentes e que tem uma difusão muito maior. Mas, promessas não são concretizadas com frases de efeito e vídeos motivacionais, e sim, com a concretização do aprendizado – graças aos dados que se transformam em informações – com a teoria e a prática.

É notório tipos de postagens que ao invés de compartilharem o link da notícia compartilham ou a foto da manchete – com a desculpa de não abrir o link para não dar audiência para certos canais jornalísticos – ou vídeos com comentários cômicos ou que reforcem sua crença ideológica. Informações como estas tendem sempre a reforçarem a não leitura do artigo em questão, sempre reforçando uma conduta de procurar um modo rápido e fácil de mostrar que suas convicções ideológicas estão certas. O Efeito LinkedIn não se trata apenas de uma conduta motivacional corporativa, mas, que tudo se resolve através de empregos de faixada, o fetichismo do sucesso como algo efetivo e o motivo claro de ter uma vida útil. A efetivação daquilo que é considerado útil ou inútil.

Aquilo que é útil ou inútil pode ser classificado como aceito e não aceito. A efetivação do emprego sempre foi por empregos de cunho concreto (ou assim considerados), pois, se antigamente ser atriz era coisa de “prostituta” e ator era coisa de “vagabundo”, hoje a intelectualidade tem um viés da mesma proporção. Esse movimento contra a intelectualidade – onde os especialistas são hostilizados – apenas é um reflexo do pensamento que temos em colocar o modo intelectualizado como inútil, aquilo que deve ter serventia e não está acima das formas de trabalho braçais ou que tenham, ao ver da maioria, uma serventia concreta. O conhecimento não pode ser adquirido só por curiosidade, ele tem que ter uma serventia dentro da lógica cultural onde a serventia molda aquilo que devemos e aquilo que não devemos ter como vide. A vida – pelo menos a intelectual – tem que servir o propósito da utilidade.

Se no tempo dos grupos como do Yahoo ou os primórdios das redes sociais como os do Fórum Now ou Orkut, o link representava a confirmação daquilo que a pessoa está dizendo, hoje, com o avanço da hostilidade da intelectualidade, o link se torna um muro entre a confirmação ou não das suas crenças ideológicas. Assim, não muito, podemos dizer – sem medo de nenhum erro – que o link de sites ou blogs com textos de opinião ou notícias, tendem a ser bastante demorados e não representam nada melhor do que a verdade sobre um fato. Ali é a quebra de um preconceito ou a conceitualização da verdade – sendo a verdade como sinônimo de realidade – onde a notícia não tem uma verdade que se queira. A verdade é chamada de mentira porque não afaga o ego do leitor, que na maioria das vezes, só leem o título.

Por outro lado, com o crescimento da internet, sites com promessas de remuneração por escritas por visualização, iludem a grande massa que vão ganhar várias quantias sendo não verdade. Com a pós-verdade e com as notícias falsas (fake news), vários mecanismos têm sido criados para barrarem artigos que distorcem a verdade para agradar certos setores políticos ou vertentes ideológicas. A esquerda petista (vinculadas ao Partido dos Trabalhadores), começam com essa modalidade para difamarem adversários políticos e difamarem adversários ideológicos. Do mesmo modo, a direita reacionária bolsonarista (vinculada ao presidente Jair Bolsonaro), vem com a mesma arma e difama do mesmo modo os adversários políticos. Os sites que prometem aos escritores autônomos a ganharem dinheiro com textos, com esse mecanismo da pós-verdade, começam restringir termos e não aceitar nomes dos artigos chamativos. Se em um blog particular haveria 32 a 70 leitores, em um site de notícia haverá de 2 ou 3 leitores ao máximo 20 leitores.

O que podemos tirar disto? Uma desvalorização da notícia enquanto afago ideológico? Isso não pode fazer sentido. A meu ver, houve uma hipervalorização do estudo enquanto didática da serventia ideológica ou, indo mais além, uma pós-verdade que justifique aquilo que apoiamos. Se acredita que a filosofia em si – como trabalho intelectual – tende a ter uma serventia concreta, mas, a crítica filosofia em si, tende a não ser serva de nada. A crítica filosófica – como ponto de partida de uma análise muito mais profunda do problema – não pode ter nenhuma definição, nem religiosa e nem ideológica. E no mais, o pensamento filosófico desvincula o que as pessoas acreditam e colocam a realidade no lugar.
 
O link se esvazia como forma de não ser aquilo que não se encaixa com a preferência ideológica e religiosa. A pergunta que fica é: qual o critério de uma notícia viralizar e o porquê ela viraliza? Qual o interesse dessas notícias viralizarem? Aliás, essa propagação e esse comparação com epidemias virais – como que tivemos com o COVID-19 – não é a toa, porque como um vírus, a notícia se alastra como uma curiosidade. Mas, será que é mesmo?

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

Censura, tiros e granada

 


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior
 

Dentro da nossa história, poderíamos afirmar que a democracia nunca foi tratada com seriedade. Sempre nossa cultura – porque nossa escolarização sempre foi não levada a sério por sermos um país escravocrata – lidou com a democracia como um regime de liberdade para os mesmos e nunca para todos. A população não pode escolher porque não sabe, mas, a classe aristocrática – assim pensam – pode cuidar desse povo que não sabe escolher. Essa aristocracia (que hoje são chamados de elite) sempre infantilizou a grande população, porque era e é de interesse do sistema brasileiro infantilizar a grande maioria. Isso nada tem a ver com ideologias como comunismo – embora a cultura latina sempre gostar das ideologias coletivistas – e sim, são rastros de uma cultura anterior luso-hispânica (herdadas de Roma).

A trágica constatação é que, até mesmo nossa elite, é ignorante. A questão é que em todo mundo – pelo menos, no mundo moderno – as elites sempre financiaram e gostaram de alto cultura, porque com a alta cultura as pessoas se tornariam mais “civilizadas”. Indo muito mais além do conceito desse “civilizada”, podemos afirmar que logo após a Revolução francesa – que muitos vão taxar de revolução burguesa – a burguesia que toma o poder tem como meta escolarizar e moldar a grande maioria para uma evolução humano em torno do conhecimento seguindo a meta iluminista. A elite emergente portuguesa sempre foi religiosa, sempre se achou a “escolhida” por Deus para cuidar daqueles seres humanos “pecadores” e achavam que o conhecimento era o “pecado” do orgulho. Satanás – encarnado em Lúcifer, o querubim mais belo de Deus – com o conhecimento, desafiou Deus e não confiou em seu designo. Herdamos essa elite.

Já no século dezenove, os franceses diziam que a nossa elite era “rastaquera”. Ou seja, mostravam muita riqueza e pouca cultura. Realmente, quem vive nas “entranhas” da sociedade brasileira sabe que a grande maioria – e a elite está incluída – é avessa a cultura de qualidade, não gosta de ler e não gosta de estudar. Podemos dizer que sempre a finalidade do estudo não é seguir uma vocação, mas, ganhar dinheiro e quem sabe, sair daqui, porque é um país sem cultura. Mas, essa “sem cultura” sempre é, de fato, um descuidado de uma escolarização por colocar como útil e inútil.

Sempre o Brasil não gostou da teoria, a intelectualidade sempre foi tratada como uma coisa inútil. Somos educados que ler um livro só se tiver uma serventia, ou se por trás daquela leitura, as pessoas conquistem várias coisas. Não a toa, sem medo de errar, as leituras de autoajuda fazem tanto sucesso aqui por prometer algo. Indo muito mais além, as teologias da prosperidade que foram popularizadas como uma promessa de “vitória” ou de ganhar sempre bens materiais em nome ao culto de Deus. Mas, o estudo como forma de ganho, faz do conhecimento mais um objeto mercadológico e colocando o estudo como algo a ser feito por um outro fim. Não ao seu desenvolvimento e a sua evolução. Porque, concordando com o filósofo Platão, não existe bem e mal e sim, ignorância e o conhecimento.

Duas figuras que hoje – e teremos que escolher para presidente no segundo turno – acenam nos cenários político, são frutos dessa falta de conhecimento e mergulhou nosso povo na ignorância. Porque, para entender nosso cenário político, temos que entender nosso processo histórico que nos levou a esse momento. A exploração do Brasil (grandes potencias sempre dominaram nosso país), sempre foi um entrave para o progresso, pois, colocava a ordem em xeque. Fizeram nosso povo não gostar do seu país, fazendo com que ideologias políticas relativizassem valores caros. Todos nossos hinos tem liberdade e por causa da liberdade – como uma pedra preciosa não encontrada – estamos lutando com fantasmas. De um lado um reacionarismo que vê um passado que o Brasil nunca teve, por outro lado, revolucionários que enxergam um Brasil que nunca será. Falta um equilíbrio que só pessoas céticas, politicamente, poderão ter.

Pessoas como Roberto Jefferson são pessoas sem ideologias, eles apoiam aquilo que lhe interessam e aquilo que trarão benefícios políticos. Assim como outros e, não longe, a mídia com toda sua gama de poder de persuasão. Se um político tem o dom da retorica, podemos dizer – na melhor das hipóteses – que a mídia potencializa ao máximo essa retorica ou por um lado ou por outro. Isso já estava sendo visto da – então chamada – Escola de Frankfurt e outro pensadores. Se, assim podemos dizer, os mitos tinham a “missão” de educar as crianças gregas a serem gregos dentro das suas tradições, a mídia tem a “missão” educadora do mundo moderno liberal capitalista. Onde o útil e o inútil dependem de onde se encontrem dentro da sociedade, onde o individuo tem que enriquecer o outro e esquecer de si mesmo.

Por outro lado, a esquerda com sua pauta hereditária – sendo pautas irrelevantes na nossa cultura – tendem a serem mais propicia a censura. O socialismo em si – no modelo que foi implementado na Rússia no começo do século passado – é uma ditadura que pressupõe que o ser humano não pode fazer suas próprias escolhas e, não muito, ser solidário. Ideologias políticas e religiosas tendem só a alimentar uma magoa que cada ser humano tem de ser aquilo que o outro é, mas, que se esquece que cada indivíduo tem uma natureza. Karl Marx – como um bom materialista – tende a entender o mundo a partir da perspectiva materialista e esquece que na sociedade, o ser humano tende a outras coisas. Nem tudo é fisiológico, tem a parte espiritual (no sentido filosófico mesmo) onde o ser humano também se constrói.

Numa revolução seria permitido matar, mesmo que essa pessoa, é da classe trabalhadora? Um soldado ou um policial, não é uma classe trabalhadora como outra? Daí cairmos, novamente, na questão da ética e da moral. Matar seria ético no caso de defesa, mas, no caso de defender uma opinião não seria nada disso. Lembrando, caindo na biologia, que os sistemas que evoluíram aprenderam as melhores circunstâncias para serem adaptados em certos ambientes. Ou seja, conhecer faz organismos a serem melhor adaptados e sobreviverem e os que não aprendem, inevitavelmente, são eliminados do ambiente.

Portanto, como dizem, deixa a natureza fazer seu serviço. 

domingo, 23 de outubro de 2022

O resto de uma cultura já apodrecida

 





Por Amauri Nolasco Sanches Júnior



Depois que o Prensa terminou – talvez, por causa de falta de patrocínio – comecei a observar como as pessoas só enxerga aquilo que acreditam. Criticam tanto a imprensa tradicional – chegando a printar a manchete da notícia – e, por outro lado, tendem sempre a lerem as notícias na imprensa tradicional. E, as duas notícias que escrevi no Blasting News, me deram uma ideia o quanto a imprensa tradicional perde porque a humanidade perdeu o gosto de ler, só vídeos curtos e chavões que pegam. As maiores polemicas sempre são de vídeos e não de coisas escritas. Muito poucos dão uma lida no Instagram, a maioria dará uma “curtida” por causa de uma foto bonita, ou por causa de um meme que concorda – com frases, muitas vezes, fora de contexto dentro de um texto muito maior. Isso se chama “fora de um contexto”.

Escrevi isso no meu Instagram:

<<só porque eu tenho deficiência, não quero receber resto. Muitos que discutia antigamente, me dizia que era melhor isso do que nada e não é verdade. Por que temos que receber resto? Por que temos que nos contentar com lixo ou uma curtida por "pena"?

Esse ano decidi não tomar partido nem de um lado e nem de outro, mas, eu tomei minha decisão de ser de centro esquerda, porque sendo de minorias e da classe pobre, não tem condições de ser de direita conservador. Vai conservar o que? Quais instituições políticas devemos defender nesse mar de corrupções?

Agora, tradição tem um outro viés e não pode ser confundo com conservadorismo político.>>

 

 

Acho que todas as pessoas com deficiência deveriam estar a margem das ideologias políticas. Sempre recebemos e vamos receber restos de uma cultura que, inevitavelmente, já é um resto. Não temos cultura nenhuma e não queremos ter, temos uma cultura de restos apodrecidos de outras culturas onde pessoas não sabem nada. Por uma ânsia desenfreada de desconstrução de ferramentas linguísticas que oprimiam – como a narrativa de superioridade grega ou romana, ou até mesmo, a narrativa metafisica da igreja romana – se destruiu pilares, também, humanistas. O cientificismo arrogante e o academismo que sempre só falou com seus pares, determinou algumas fronteiras bem definidas dentro de uma linguagem próprias. isso levou a ciência ser dominada pelo estatismo e pelo dinheiro e desenvolvimento de armas e, não muito, aparelhos caros demais para a grande maioria.

As indústrias de órteses de próteses enriquecem, hora por causa do governo que compra aparelhos para a camada mais pobre, hora por causa de desculpas esfarrapadas de custo da produção. Uma cadeira de rodas custar mais que uma bicicleta é, desumano, mesmo que, muitos podem trabalhar e ganhar o pouco que querem pagar. Nossas cidades, em sua maioria, não são adaptadas para nos abrigar. Muitas firmas ou indústrias – todo escopo de instituições financeiras e de produção – são instituições onde pessoas com deficiência não entram a não ser pela lei de cotas, ou, na melhores hipótese, com uma deficiência menor. Aliás, empresários adoram contratar pessoas com deficiência que tenham uma deficiência amena.

Esse fenômeno existe graças a cultura do medicalismo, onde o médico – figura central dentro da deficiência – tendem a ser o oraculo do futuro das pessoas com deficiência. sendo que um dos fatores da pessoa não conseguirem nada, hora é porque a sociedade trata a deficiência como uma doença, hora como uma “aberração” vinda a mando do demônio. As curas são sempre através de cadeirantes em igreja, e se ele não anda, são coisas de “pessoas que não tem muita fé”. Isso é uma derivação do fenômeno do doutor e do padre, que os filhos só seriam estudados ou se virassem padres ou se virassem advogados ou médicos.

Mas, o que você vai querer? Ser uma pessoa ignorante ou uma pessoa que abre links para o conhecimento?

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Podcast e a Teoria Crítica

  


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Se entende como comunicação algo que emite a informação – nesse caso, até mesmo a realidade pode informar sua existência – e algo que recebe a informação. Isso, inevitavelmente, são dados a serem examinados e para se ter uma informação tem que ter um meio. A questão publicitaria – sendo que publicidade são todas as informações que são levadas ao público – tendem sempre serem informações e notícias do mundo e de locais muito longínquos. O jornalismo como meio da mensagem, tendem a informar sobre fatos políticos e cotidianos de outros lugares e de lugares distantes, descobertas cientificas e conhecimentos históricos. A questão é a banalização do jornalismo (assim como a publicidade, seu primo irmão) tendeu a dar uma parcela dessa informação como meio pobre da questão.

O podcast – criado em terras norte-americanas – tendem um formato mais radiofônico e ao mesmo tempo, a imagem televisiva como base hoje de informação. mesmo, em alguns casos, só a fala do locutor expressa sua informação como modo de levar ao público mero conhecimento daquilo que ele pensa, ou sobre algum assunto – como os YouTube – ou tendo convidados famosos ou não, que colabora com a “conversa”. Se no jornalismo televisivo ou radiofônico, esse tipo de coisa era chamado de entrevista e tinha uma pauta – que poderia ter uma coisa mais ou menos polemica – no podcast isso não acontece. Pois, as questões são desenvolvidas através de conversas informais que podem ou não, terem dados daquilo que estão dizendo. Se pressupõem, que se no mundo corporativo da mídia tradicional, as pautas tinham a ver com interesses e relatos pessoais, o podcast – numa primeira análise – pode não ter.

Com a internet, se criou uma espécie de anarquismo virtual – claro, com a legislação de cada país dentro de uma legislação própria – o podcast tem muito mais liberdade de explorar a informação em seu formato mais “limpo”. Não através de outro agente, mas, o agente que originou a informação e saber a versão da própria pessoa do fato noticiado pela mídia. O meio não tem mais um intermediário, pois, a informação direta e sem cortes, vem mostrar a verdade do fato a humanização, muitas vezes, do ídolo. Por outro lado, muitos especialistas dizem essa informação não ser embasada por dados confiáveis, que, num modo jornalístico, é inaceitável. Existe um problema, porque quem produz podcast ou vídeos, não são, propriamente, jornalistas formados e não podem ser responsabilizados por não seguir uma regra que não podem seguir.

Sabemos, muito bem, que a mídia tradicional, por causa dessa forma mais livre, vem perdendo público e credibilidade. Pois, queiramos ou não, quando você escreve qualquer artigo, esse artigo vem com algum interesse ou ideologia (seja qual for). Os dados vêm contaminados de verdades subjetivas que colaboram com suas crenças, daí, importante destacarmos algumas coisas sobre a verdade. Quando o filósofo alemão Nietzsche coloca na frase <<não existe fatos eternos e nem verdades absolutas>> ele quis dizer que não existem fatos morais eternos e nem verdades morais absolutas, ou seja, existem as verdades apolíneas (que podemos chamar de verdades objetivas) e verdades dionisíacas (que podemos chamar de verdades subjetivas). Uma arvore é uma verdade objetiva, pois, sua existência independente da nossa consciência capitar ou não, ela. Um unicórnio é uma verdade subjetiva, porque diante de dois elementos (um cavalo e um chifre) criamos um ser na nossa imaginação, que só existe em nossas mentes. Ou seja, algo subjetivo e único.

Acontece que as verdades subjetivas só ficam nas crenças e nas ideologias políticas (que são uma crença pessoal) e não existem concretamente. O comunismo não é algo concreto, é uma teoria onde comunidades são criadas para dar ao ser humano, uma igualdade. A rigor, a igualdade também é uma crença, já que em um estado natural, a natureza não é igualitária e a dificuldade faz dela um ser evolutivo. Dentro da teoria da evolução, não seria o mais forte que venceria, mas, o mais adaptado a aquela evolução. Inclusive, a questão da evolução tem a ver com a informação de novas formas de mudança do tecido genético para melhorar a interação e se adaptar.

Não há razão nenhuma em condenar os podcasts por conta da não verdade, por já se ter relativizado a verdade e destruído os valores em que essas verdades são construídas. A construção desses valores era importante dentro de uma verdade de séculos, e por causa de querer quebrar algumas moralidades que eram opressoras, esses valores foram quebrados. Reinterpretação da realidade dependeu de uma forma ideologizada da realidade, onde o mundo mudou e repensou diante de uma nova interpretação dessa mesma realidade. Formas opressoras foram e são criadas para frear essas mudanças, mas, não importa o quanto demore, as mudanças acontecem. As informações serão dadas de uma forma ou de outra.

O podcast demonstra que o novo meio tem mais liberdade e no futuro, talvez, se tenha esse formato. 



terça-feira, 18 de outubro de 2022

A Pedofilia Comunista do Bolsopetismo da direita esquerdista

 



"a hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude"

La Rochefoucauld (1613-1680) 


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 



 Uma das frases que meu pai mais repete – sendo a favor de Bolsonaro – é “eu estou Bolsonaro, eu não sou Bolsonaro” e me confessou algo bastante inusitado, ele é de esquerda. Mas, aí vale uma reflexão bastante interessante aqui, onde a visão de esquerda do meu pai é muito diferente da esquerda dos cientistas políticos. Segundo ele, a esquerda sai a oposição do sistema vigente e não uma questão ideológica, aí, sem ter muito estudo, meu pai volta as origens da direita e esquerda. na assembleia francesa, ser de esquerda era contra dar total poder ao rei vigente, ou seja, o sistema. Dar e alimentar o ESTADO como uma solução e a única solução, seria dar poder ao sistema que sempre lutou pelos seus próprios interesses. 

Ai, refletindo sobre a questão de direita e esquerda e a “esquerda” que meu pai acredita, li um artigo do filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé, onde ele fala uma coisa interessante dentro do cristianismo raiz. Ele diz: <<Deus e Cristo "parecem gostar" de mulheres vadias e homens maus, justamente porque não são fingidos e a sociedade aponta o dedo acusador para eles.>>. Talvez, eu deva aceitar esse Deus, pois, se Nietzsche gostava de um Deus que dança, eu gosto do Deus que contraria todo mundo. Esse sim é um pai. Certamente, Deus e Cristo, não gostava de gente hipócrita e por várias vezes, nos evangelhos, mostra que o próprio Jesus chama os sacerdotes de hipócritas várias vezes. E o mesmo povo que ele defendeu o condenou no lugar de um ladrão metido a revolucionário, que, não é mera coincidência. 

A hipocrisia foi denunciada não só por Jesus, mas, por Sócrates que foi condenado por fazer a juventude questionar e refletir. Mostrar aos poderosos, que eram, na verdade, um bando de ignorantes que nem sabiam o que estavam dizendo. Todos que acusaram ele, ou foram acusados também do mesmo modo, ou morreram desconhecidos. Isso mostra que nem sempre a democracia – leia-se, a maioria – é justa em suas resoluções em praticar a isonomia. A isonomia da grande maioria tem a ver com suas próprias crenças, porque tem a ver com o “cobertorzinho” quentinho que a grande maioria gosta. Como Sócrates destrói as minhas crenças que me deixam seguro? Como Jesus diz que devemos amar nossos inimigos e as vadias e os ladrões, sendo eu justo de bondoso, devo matar a pedrada quem, não é? 

Jesus e Sócrates foram cancelados porque a grande maioria gosta mesmo de pessoas hipócritas, pessoas que fazem o que Nelson Rodrigues dizia em uma das suas peças: “mintam por misericórdia”. A cultura latina tem uma certa dificuldade de lhe dar com mudanças, com ambientes que eu não me sinta acolhido através das minhas crenças tanto religiosas, como crenças ideológicas. Prova disso é a cobranças todo dia para eu tomar uma decisão, um lado ideológico sendo que eu não me identifico nem de um lado, nem do outro. Em 2015, quando o Haddad era prefeito, o gerente do serviço ATENDE+ - vans adaptadas porta a porta aqui de São Paulo – colocado por ele, perseguiu eu e minha noiva politicamente, por causa que éramos contra o término de uma modalidade do serviço. Sucatearam o serviço. Vans vazavam diesel. 

Ou seja, qual partido deixa dois cadeirantes serem perseguidos politicamente? Bolsonaro não fica atras, quando quer terminar inclusão nas escolas, quando quer terminar com as cotas de emprego das empresas, quando não barateia as órteses e próteses tirando impostos. Há questões que não podem ignoradas, mas, não podem ser tratadas com tanta banalidade, onde um país desigual, não pode ficar a mercê de ideologias políticas que nada ajudam para uma política social mais justa e menos hipócrita. 


sábado, 15 de outubro de 2022

Cyberdef – a inclusão no meio digital

  


imagem do site www.chegadebullying.com.br



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

Existem milhares de canais e produtores de conteúdo que fazem um trabalho bastante interessante mostrando um outro lado da deficiência, assim, tirando essa imagem de coitadismo envolta da deficiência. A imagem do deficiente enquanto doença, foi por muitos séculos motivo de se pensar que síndromes e algumas deficiências, seguram doenças contagiosas e muitos aqueles que tinham essas deficiências, eram isolados da sociedade. O filósofo Michel Foucault disse em muitos livros, que o estereotipo da questão do corpo foi sempre um tabu porque mexe com a sexualidade e como podemos olhar diante de uma padronização. Seja de um modo de criar imagens normativas dentro das bases do que o poder queria normalizar alguns indivíduos – principalmente, aqueles que podiam ser os meios de produção – e começar, excluir outros indivíduos que, em outros tempos, poderiam atrasar o clã.

A modernidade criou um conceito de perfeito para normalizar o conceito científico de melhorar o ser humano e de achar que só a tecnologia e o conhecimento – graças a frase de Francis Bacon que o conhecimento é poder –podem melhorar e dar ao ser humano o entendimento necessário da realidade. Porque, segundo sua definição, os modos de se fazer meios tecnológicos para melhorar a vida humana, tem a ver com a técnica. Uma cadeira de rodas, por exemplo, exige um estudo anatômico e de design – além da composição de materiais de melhor leveza para andar melhor com a cadeira – para melhor acomodar o corpo na cadeira e como adaptar melhor cada deficiência. O grande problema é o custo, onde em lugares que existem pessoas que ganham muito pouco, esse tipo de tecnologia não chega.

Além do estereotipo da cadeira de rodas que, por hospitais serem usuários desse tipo de instrumento, tendem a serem ligados por doenças e assim, ligarem cadeirantes a pessoas com doenças. Minha deficiência tem um nome que, na maioria das vezes, associam paralisia cerebral a uma paralisia do prognóstico de se ter o cérebro paralisado ou o sistema neuromuscular sem movimento algum. Também, graças a esse tipo de visão capacitista de séculos, há uma crença que pessoas com paralisia cerebral tem em um tipo só, sendo que vai depender o quanto o cérebro ficou lesionado ou que tipo de nascimento a criança foi exposta. Ou seja, o prognostico tanto de cadeirante, quanto de paralisia cerebral, dependem muito das condições e dos meios que a deficiência se foi adquirida.

O preconceito, em sua maioria, sempre irá trazer a questão de ignorar o porquê daquela situação que se encontra o deficiente. Por outro lado, existem discursos que querem ainda alimentar esse tipo de preconceito. Ou por interesses de algumas instituições que ganham com esse tipo de mercado (a deficiência) ou porque é muito difícil, a grande maioria, entender a linguagem cientifica. E não é à toa, a linguagem mais cientifica – e porque não, filosófica também – sempre foi restrita a uma casta de pessoas que eram responsáveis a comunidade e nunca, a toda comunidade. Desde a descoberta do fogo, o saber sempre foi um poder daqueles que detinham o poder de produzir – mesmo que esse produzir continha um discurso metafisico – mesmo que, algumas pessoas inferiorizadas, que hoje chamamos de marginalizadas, sabiam.

A dúvida ou a verdade, sempre continha um “mistério” por conter meios de questionar o poder. O poder nunca gostou de ser questionado – mesmo o porquê, quem detinha o poder detinha o conhecimento – e começaram a espalhar um discurso que pudesse ser eficaz, e o único sentimento eficaz, tem a ver com o medo. O demônio questiona a divindade por ter criado o ser humano e assim, o questionamento é a falta de confiança de quem foi eleito para cuidar da humanidade. O conhecimento não é para todos. De algum modo – pode ser uma percepção em algum lugar de história humana – as pessoas que detinham o poder, não mais compartilharam o conhecimento e o deteve como modo de burlar e saber, supostas naturezas das coisas.

O grande problema é que mesmo aqueles que detêm o conhecimento tende a também não saberem a “natureza das coisas”. Sendo a definição a “realidade das coisas” como uma verdade universal – não muito diferente do que definir a realidade – o perfeito e o imperfeito ficam uma incerteza, pois, o padrão definido sempre vai ser meramente humano. A deficiência – como corpo imperfeito – é definido como um nascimento incerto que forças metafisicas (condenando o ser e sua família ao sofrimento) em que se tem em conformar. O corpo com deficiência com a marca de defeituoso – por muitos séculos – trouxe a condenação daquele que não pode produzir nada para a sociedade.

Em tempos digitais – que alguns teóricos chamam de a era da informação – o corpo imperfeito é exposto e junto com ele, a questão do perfeito e imperfeito é abalada. Os muitos canais que mostram a deficiência – não como um ser que sofre, mas, um ser humano que tem e deve ter sua própria vida – mostram o corpo como ele é e não o corpo idealizado. Mesmo com a idealização dos muitos filtros da rede Instagram – e de meninas cada vez mais, buscando uma perfeição estética – a deficiência é mostrada como integrante de todo corpo vivente e mostra que isso não limita o que pensa e o que sente. O sentimento, não consiste em ter oi não um corpo perfeito e sim, uma afirmação da linguagem preconceituosa que a séculos correu o mundo por causa do corpo que não pode produzir para a máquina estatal.

As mídias sociais informam e humanizam a deficiência mostrando que muitos de nós, tendem a ter opiniões e ideologias políticas. Sabemos o que precisamos de politicas publicas e no mais, gostamos do que todo mundo gosta. Musicas que muitos ouvem. Programas que muitos assistem. E tendem a ter, também, pessoas que admiramos e seguimos. As novas tecnologias – somando as órteses e próteses – sempre foram importantes para nós, mas, hoje em dia, começam a ajudar a mostrar muito mais de nós. Socialmente, se diz que temos que ser incluídos, porem, tudo aquilo que deve ser incluído esta excluído da sociedade e não nascemos fora da sociedade. é uma coisa entre capaz e incapaz.

Os meios dentro da informação trazem uma outra realidade para o deficiente enquanto corpo imperfeito (graças aos padrões da sociedade humana), onde pessoas tem o direito a vida e serem humanizadas. 

domingo, 9 de outubro de 2022

A Venezuela dos bolsonaristas

 








A democracia são dois lobos e um cordeiro votando sobre o que comer no almoço. A liberdade é uma ovelha bem armada contestando o voto.

 

 

Tanto a direita bolsonarista como a esquerda lulopetista tem o mesmo discurso e se autoalimentam como se um precisasse do outro. Lula se consolidou como a única opção de derrotar Bolsonaro quem não gosta dele e isso é fato, ninguém mais acredita que o PT (Partido dos Trabalhadores), seja ético e honesto. Aliás, se provou que o poder pode sim seduzir até o mais idealista dos políticos, porque você tem uma nação em seu poder. Como maquiavel bem apontou, o importante nunca é o dinheiro e sim, o poder e o status. Dinheiro é uma preocupação de pessoas emergentes que querem subir de status financeiro, nunca um político se preocupa com isso. Cuba e Venezuela são bons exemplos de países que eram democráticos e viraram ditaduras por causa de líderes emergentes, um era advogado e convenceu os cubanos que o socialismo era a solução (nunca foi). E outro, era um militar que tinha o discurso de combater a corrupção e convenceu os venezuelanos que o seu regime era a solução, levou a Venezuela a uma pobreza extrema. Os dois, como na tradição latino-americana, eram caudilhos que queriam o poder.

O discurso pode ser tomado como igual, combate da pobreza e da corrupção, sendo eles, corruptos. Quem garante que tanto Fidel Castro como Hugo Chaves não tiveram uma vida confortável, mesmo que seu povo não? O sistema é o mesmo, o discurso muda conforme mudam os problemas, mas, o sistema sempre busca a manutenção do poder. A finalidade (telos) do poder é sempre ele mesmo. E na América Latina, o poder tem a ver com a submissão com os países desenvolvidos tem do território, da produção de alimentos e mão de obra. Isso nada tem a ver com a esquerda e seu discurso, mesmo o porquê, vários pensadores liberais disseram isso já, pois, eles precisam de pessoas para trabalharem em suas fabricas e produzirem alimentos. Quanto mais a humanidade cresce, mais necessidades ela tem e isso é um fato. A solução é ou ter menos filhos ou fazer que, pelo menos, metade da humanidade morra e isso é genocídio.

Hugo Chaves não era sindicalista, não era da esquerda e não era socialista. Aliás, o chavismo nunca teve a pretensão de ser um governo socialista e sim, uma ditadura caudilha. Fenômenos como esse – sem nenhuma exceção – acontecem sempre em países latinos e latino-americanos por termos uma ligação direta dos greco-romanos. Mesmo que a humanidade tenha passado pela idade média, muitas coisas ficaram dentro da igreja romana e seus símbolos, que remontam a cultura romana. Somos uma cultura que gosta de ficar no império e se sentir protegido, mesmo que em nome de uma proteção, muitas coisas tenham sido tiradas. Uma delas é a liberdade. E em nome de uma suposta “ordem”, muitas pessoas abrem mão dessa liberdade. Como dizem por ai, o ser humano é o único animal a querer e gostar de ser enjaulado.

Para os gregos antigos – que tinham a noção de realidade e pertencimento da polis e sem nenhuma, era como se o indivíduo era nada – a noção de liberdade era ima noção só de autonomia. Nós, modernos, temos a noção de liberdade como uma emancipação de algo maior (como uma coerção estatal) e conservar a individualidade. Não somos e não queremos ser o Estado, mas, existem pessoas que são a favor porque ainda acham que o Estado vai ajudar elas. Será mesmo? será que quem não segue esse tipo de narrativa sofre uma coerção maior? Por isso mesmo, a filosofia desde os tempos de Sócrates, sempre foi discriminada e colocada na marginalidade, pois, ninguém quer governar um povo que questiona. Não mataram Sócrates?

O grande problema que com os dois candidatos – com, praticamente, o mesmo discurso – estamos a ponto de perder certas liberdades que em nome das supostas moralidades. Só que moralismo nunca foi moral. A moral tem a ver com certos costumes dentro de uma sociedade, o moralismo tem a ver de imposição de uma certa moral imposta. E muitas vezes, esse moralismo nem é uma moral de verdade e a questão, na essência, tem a ver com a visão que se tem na realidade.  

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A Guerra dos Tronos na política brasileira

 



“Quem busca na liberdade outra coisa que não ela própria, foi feito para servir. A Liberdade tem um fim em si mesma.”

 

 

Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

Para se discuti e entender de política se tem que ter um certo ceticismo, não se acredita “cegamente” em governantes ou políticos. O que tanto a série GOT, quanto a de agora HOD (House of Dragon) é que, na política, o que reina é muito mais o poder. Mesmo nas monarquias – como é mostrado nas duas series – a questões políticas sempre são importantes e como não, o poder. O próprio Maquiavel deixou bem claro isso: a política tem um viés muito mais de poder do que de dinheiro. Com o poder se tem influência e o dinheiro é consequência disso, pois, existem líderes que podem não ter nada além daquilo que podem usufruir, mas, tem poder. Como nas series, o Brasil com sua origem medieval – escolástica/feudal – insiste em focar no presidente como um monarca e não vê que o mais importante é o legislativo. A cadeira presidencial não é um trono de ferro.

Mas, há bastante semelhança com Westeros de George Martin, o Trono de Ferro foi forjado a partir das espadas dos guerreiros que conquistaram aquelas terras. A cadeira presidencial foi forjada no sacrifício de um povo ignorante e que, não teve uma escola de verdade. Ou seja, se o Trono de Ferro foi forjado com as espadas dos vencedores – com o fogo do dragão (as chamas da sabedoria com a luta dos seus antepassados) – a cadeira presidencial, além de ser um golpe de estado contra Dom Pedro II, ainda foi forjada por um povo enganado em mentiras e essas mentiras, não tiveram lado nenhum. Ou melhor, usaram a linguagem para inventarem inimigos que não existem e coisas que não tem nexo. A pandemia vimos isso, só que o brasileiro não gosta do fascismo por ser uma cultura individualista e, também, erraram a mão. Exageraram demais pensando que seria uma unanimidade. Em tempos de crise, nações inteiras só sabem cuidar de si mesmos pela sobrevivência dos seus e quando não tem cultura, isso fica bem pior.

As semelhanças não ficam por ai, porque como nas series há um ar hipócrita em defender uma moral que não temos. Como os reinados de antigamente, casamentos entre parentes eram permitidos por causa do sangue real. Isso vai terminar no século 20 com casamentos por vontades de algumas monarquias que ainda existem, mas, que ainda conservam várias instituições. No caso da nossa “república” (que se pensa ser uma monarquia), a moral vira moeda discursiva para alimentar certos discursos dentro das formas mediáticas e isso tem a ver com nossa moral e os meios de uso político. Tanto da mídia tradicional – do modo mais antigo – tanto do modo virtual, o moralismo tem a ver com que a maioria acredita. O discurso da comunicação de massa nunca é da mídia para o publico e sim, aquilo que o público dará mais atenção. O moralismo dentro da política tem a ver com o moralismo do povo.

Como diz o velho ditado: “cada povo tem o governo que merece”. Ou seja, os políticos não são marcianos, tiveram a mesma educação, o que acontece, nós podemos ser honestos e mesmo assim, não ser 100%. Existe ainda, a cultura da vantagem, onde as pessoas tendem a querer levar vantagem em outras pessoas por causa de dinheiro. No caso da política, isso sempre vai dar no poder e na influência e isso tem muito a ver com o poder. políticos usam a sua influência para se tornarem mais poderosos, o jogo político é “sujo”. Mesmo que podemos acreditar que existem pessoas honestas – e há em alguns casos – outros vão usar essa honestidade e amarrar esse sujeito no esquema e isso é notório.

Esse ceticismo tem a ver com nossa cultura – por ver muitas coisas na minha vida – onde eu vi e concluir, que a cultura começa a moldar a política e a mídia. Se a cultura é funkeira e simplifica o banal como importante – e a esquerda defende como expressão cultural, que logico, vai beneficiar a classe política – vamos ter cada vez mais, pessoas que não são éticos dentro de valores virtuosos. Ter valores virtuosos não é ser moralista – como uma imposição de uma moral que a maioria acredita – e sim, acreditar na justa posição do ser humano de respeitar o outro. Não importa a condição do seu corpo ou a classe que você pertence, mas, ter a consciência que o outro é um ser humano e você pode discordar das suas ideias sem discriminar outras coisas. Só existe, até onde se saiba, uma espécie humana e o que nos fez seres adaptáveis, foi a criação de educação e respeito.  Foram os meios tecnológicos para aumentar esse respeito. 

Uma postura virtuosa tem a ver com uma postura de aprendizado, dizer que aquilo não irá trazer nada a ele. Isso, a meu ver, não tem a ver de repreensão e sim, mostrar que a banalização desses valores ou a fanatização deles, só vai trazer a desunião da sociedade. A sociedade como corpo político, não existe quando há uma (visível) banalização do respeito mútuo. Será que depois de 2013 as coisas não foram polarizadas para, exatamente, não haver essa união e essa articulação social? será que não construíram narrativas para quebrarem essa questão legitima de cobrança política? 

sábado, 1 de outubro de 2022

O Padre de Festa Junina e a senadora fantasma

 




“A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente.”

George Bernard Shaw


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 


Quando a democracia aparece em Atenas, uma das características que governou a cidade-estado (polis) era a escolha de seus representantes. Mas, apenas alguns poderiam exercer esse direito de escolha, pois, se deveria ser os homens livres. O que acontece que esse tipo de governo acabou em colapso por causa de discursos demagogos e retoricas que levaram Atenas a derrota e, não menos importante, a condenação do seu maior sábio Sócrates. A grande maioria perdeu a confiança na classe política por causa de condenações e resoluções que não beneficiava a grande maioria – inclusive, todos que condenaram Sócrates foram condenados por crimes contra a polis – e isso os gregos não admitiam. 

Estou lendo Portões de Fogo de Steven Pressfield que, entre outras coisas, conta em forma romanceada a história da invasão persa e a luta dos 300 espartanos para segurar os persas e deixar a Grécia se preparar. Eles foram mortos depois de cinco a sete dias e matou milhares do exército persa, mesmo que, eles eram a grande maioria. Pressfield fez uma pesquisa muito grande para escrever, uma delas é que os gregos se identificavam com sua polis e os deuses dessas polis e se um grego fosse expulso, era como se não fosse ninguém. Os atenienses não fugiam a regra, mas, os atenienses tinham o ETHOS que era como o espírito deles. A democracia só era um meio de escolha dentro de seu “espírito”, o erro – por ignorância da época – os iluministas traduzirem democracia como “governo do povo. O que acontece é que esse “demo” não era povo e sim, bairros. Assim, democracia era um sistema de governo onde representantes dos bairros dos homens livres, decidiam o destino da polis. 

 A democracia mudou? Dizem os primeiros pensadores que defenderam a democracia que seria um governo do povo e como tal, o povo poderia decidir tudo que aconteceria em sua nação. Mas será que a “demo” poderia ser só um bairro, hoje em dia? Não. As polis (cidades-estados) eram separadas e os gregos não tinham um governo central, porque eram cidades autônomas. Depois de uns dois mil anos, o mundo mudou e as nações e a humanidade aumentou. Um país como o Brasil, com milhões de habitantes, não se poderia ter um governo de bairros e que cidadãos pudessem escolher tudo. Existem diferenças significativas entre se ter liberdade – que para os gregos antigos eram só autonomia – e decidir o destino onde você nasceu e vive. As escolhas são um destino entre a economia (como forma de trabalho e sustento) e a política (como o bem-estar). 

No fundo sabemos que numa forma retorica, a grande elite sempre vai eleger quem eles quiserem. A democracia só funcionaria – em uma questão precisa – se houvesse uma escolarização de qualidade (não quantidade) e que ensinasse nossa cultura e tudo que foi em 500 anos de verdade. Coisa que não foram feitas e sou cético o bastante em achar que vão demorar ou nunca vai ser feito, porque nossa elite age como senhores feudais. Querem mão de obra reserva e um povo ignorante. A questão sempre foi a escravização e trabalho barato num capitalismo atrasado – anos 20 – de uma economia keynesiana onde o ESTADO sempre vai interferir nas formas de produção. Os empresários querem ganhar, mas, não querem investir e o capitalismo de verdade – como demanda de serviços e produção de produtos – requer uma economia liberal e sem interferência nenhuma. Ou seja, as empresas têm sempre de ter um caixa de giro para investimento. Num modo político, nossa tradição é liberal progressista por causa da nossa adesão ao positivismo de progresso dentro da ciência e liberal, por causa da nossa aproximação do iluminismo. Mas, temos uma cultura escolástica-feudal. 

Uma cultura escolástica-feudal e uma economia e tradição política, liberal progressista, o que daria? Daria famílias que sempre querem estar na liderança ou no poder, assim, muitos Estados sempre têm famílias que mandam ali. Seja da forma política – principalmente – seja de forma da mídia local, mas, existem essas famílias que são senhores daquilo. Não podem ser contrariados. Hoje, as maiores lideranças tomaram conta dos partidos e estão poucos preocupados com política, isso tem a ver com nossa cultura ainda medieval. Mas, também tem a ver com a não modernização do Brasil e a escolaridade precária que sempre foi. Além disso, com certeza, sabemos que houve a sistematização da santidade do padre e a figura caracterizada de uma nação católica. Sabemos que o Padre Kelmon não existe, é um personagem construído dentro da política do espetáculo. 

Nós poderíamos dizer que a cultura da política do espetáculo sempre teve público por causa do “cobertor quentinho” que as ideologias nos davam, não só aqui, mas, no mundo inteiro. Nos últimos tempos, as pessoas puderam ver que não existem ideologias políticas que sobrevivem na gana de obter muito mais poder, do políticas para melhorarem o mundo. Ai a crise política. As velhas práticas estão sendo questionadas, o senso de responsabilidade recaiu em outras pautas e isso tem que ser entregue. A política do espetáculo se dará sempre respondendo velhas questões que não tem a menor validade mais – como que existem pessoas que não pensam mais frente e só tem conceitos antigos – e que são “burladas” com essas atitudes. Pessoalmente, não perco tempo em debates.