Por Amauri Nolasco Sanches Júnior
Depois que o Prensa terminou – talvez, por causa de falta de
patrocínio – comecei a observar como as pessoas só enxerga aquilo que acreditam.
Criticam tanto a imprensa tradicional – chegando a printar a manchete da notícia
– e, por outro lado, tendem sempre a lerem as notícias na imprensa tradicional.
E, as duas notícias que escrevi no Blasting News, me deram uma ideia o quanto a
imprensa tradicional perde porque a humanidade perdeu o gosto de ler, só vídeos
curtos e chavões que pegam. As maiores polemicas sempre são de vídeos e não de
coisas escritas. Muito poucos dão uma lida no Instagram, a maioria dará uma “curtida”
por causa de uma foto bonita, ou por causa de um meme que concorda – com frases,
muitas vezes, fora de contexto dentro de um texto muito maior. Isso se chama “fora
de um contexto”.
Escrevi isso no meu Instagram:
<<só porque eu tenho deficiência, não quero receber resto. Muitos que discutia antigamente, me dizia que era melhor isso do que nada e não é verdade. Por que temos que receber resto? Por que temos que nos contentar com lixo ou uma curtida por "pena"?
Esse ano decidi não tomar partido nem de um lado e nem de outro, mas, eu tomei minha decisão de ser de centro esquerda, porque sendo de minorias e da classe pobre, não tem condições de ser de direita conservador. Vai conservar o que? Quais instituições políticas devemos defender nesse mar de corrupções?
Agora, tradição tem um outro viés e não pode ser confundo com conservadorismo político.>>
Acho que todas as pessoas com deficiência deveriam estar a
margem das ideologias políticas. Sempre recebemos e vamos receber restos de uma
cultura que, inevitavelmente, já é um resto. Não temos cultura nenhuma e não queremos
ter, temos uma cultura de restos apodrecidos de outras culturas onde pessoas não
sabem nada. Por uma ânsia desenfreada de desconstrução de ferramentas linguísticas
que oprimiam – como a narrativa de superioridade grega ou romana, ou até mesmo,
a narrativa metafisica da igreja romana – se destruiu pilares, também,
humanistas. O cientificismo arrogante e o academismo que sempre só falou com
seus pares, determinou algumas fronteiras bem definidas dentro de uma linguagem
próprias. isso levou a ciência ser dominada pelo estatismo e pelo dinheiro e
desenvolvimento de armas e, não muito, aparelhos caros demais para a grande
maioria.
As indústrias de órteses de próteses enriquecem, hora por causa
do governo que compra aparelhos para a camada mais pobre, hora por causa de
desculpas esfarrapadas de custo da produção. Uma cadeira de rodas custar mais
que uma bicicleta é, desumano, mesmo que, muitos podem trabalhar e ganhar o
pouco que querem pagar. Nossas cidades, em sua maioria, não são adaptadas para
nos abrigar. Muitas firmas ou indústrias – todo escopo de instituições financeiras
e de produção – são instituições onde pessoas com deficiência não entram a não ser
pela lei de cotas, ou, na melhores hipótese, com uma deficiência menor. Aliás, empresários
adoram contratar pessoas com deficiência que tenham uma deficiência amena.
Esse fenômeno existe graças a cultura do medicalismo, onde o
médico – figura central dentro da deficiência – tendem a ser o oraculo do
futuro das pessoas com deficiência. sendo que um dos fatores da pessoa não conseguirem
nada, hora é porque a sociedade trata a deficiência como uma doença, hora como
uma “aberração” vinda a mando do demônio. As curas são sempre através de
cadeirantes em igreja, e se ele não anda, são coisas de “pessoas que não tem muita
fé”. Isso é uma derivação do fenômeno do doutor e do padre, que os filhos só seriam
estudados ou se virassem padres ou se virassem advogados ou médicos.
Mas, o que você vai querer? Ser uma pessoa ignorante ou uma
pessoa que abre links para o conhecimento?
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