“Quem busca na liberdade outra coisa que não ela própria, foi feito para servir. A Liberdade tem um fim em si mesma.”
Por Amauri Nolasco Sanches Júnior
Para se discuti e entender de política se tem que ter um
certo ceticismo, não se acredita “cegamente” em governantes ou políticos. O que
tanto a série GOT, quanto a de agora HOD (House of Dragon) é que, na política,
o que reina é muito mais o poder. Mesmo nas monarquias – como é mostrado nas
duas series – a questões políticas sempre são importantes e como não, o poder.
O próprio Maquiavel deixou bem claro isso: a política tem um viés muito mais de
poder do que de dinheiro. Com o poder se tem influência e o dinheiro é consequência
disso, pois, existem líderes que podem não ter nada além daquilo que podem usufruir,
mas, tem poder. Como nas series, o Brasil com sua origem medieval – escolástica/feudal
– insiste em focar no presidente como um monarca e não vê que o mais importante
é o legislativo. A cadeira presidencial não é um trono de ferro.
Mas, há bastante semelhança com Westeros de George Martin, o
Trono de Ferro foi forjado a partir das espadas dos guerreiros que conquistaram
aquelas terras. A cadeira presidencial foi forjada no sacrifício de um povo
ignorante e que, não teve uma escola de verdade. Ou seja, se o Trono de Ferro
foi forjado com as espadas dos vencedores – com o fogo do dragão (as chamas da
sabedoria com a luta dos seus antepassados) – a cadeira presidencial, além de
ser um golpe de estado contra Dom Pedro II, ainda foi forjada por um povo
enganado em mentiras e essas mentiras, não tiveram lado nenhum. Ou melhor,
usaram a linguagem para inventarem inimigos que não existem e coisas que não tem
nexo. A pandemia vimos isso, só que o brasileiro não gosta do fascismo por ser
uma cultura individualista e, também, erraram a mão. Exageraram demais pensando
que seria uma unanimidade. Em tempos de crise, nações inteiras só sabem cuidar
de si mesmos pela sobrevivência dos seus e quando não tem cultura, isso fica
bem pior.
As semelhanças não ficam por ai, porque como nas series há um
ar hipócrita em defender uma moral que não temos. Como os reinados de antigamente,
casamentos entre parentes eram permitidos por causa do sangue real. Isso vai terminar
no século 20 com casamentos por vontades de algumas monarquias que ainda
existem, mas, que ainda conservam várias instituições. No caso da nossa “república”
(que se pensa ser uma monarquia), a moral vira moeda discursiva para alimentar certos
discursos dentro das formas mediáticas e isso tem a ver com nossa moral e os
meios de uso político. Tanto da mídia tradicional – do modo mais antigo – tanto
do modo virtual, o moralismo tem a ver com que a maioria acredita. O discurso
da comunicação de massa nunca é da mídia para o publico e sim, aquilo que o público
dará mais atenção. O moralismo dentro da política tem a ver com o moralismo do
povo.
Como diz o velho ditado: “cada povo tem o governo que merece”.
Ou seja, os políticos não são marcianos, tiveram a mesma educação, o que
acontece, nós podemos ser honestos e mesmo assim, não ser 100%. Existe ainda, a
cultura da vantagem, onde as pessoas tendem a querer levar vantagem em outras
pessoas por causa de dinheiro. No caso da política, isso sempre vai dar no
poder e na influência e isso tem muito a ver com o poder. políticos usam a sua influência
para se tornarem mais poderosos, o jogo político é “sujo”. Mesmo que podemos
acreditar que existem pessoas honestas – e há em alguns casos – outros vão usar
essa honestidade e amarrar esse sujeito no esquema e isso é notório.
Esse ceticismo tem a ver com nossa cultura – por ver muitas
coisas na minha vida – onde eu vi e concluir, que a cultura começa a moldar a política
e a mídia. Se a cultura é funkeira e simplifica o banal como importante – e a
esquerda defende como expressão cultural, que logico, vai beneficiar a classe política
– vamos ter cada vez mais, pessoas que não são éticos dentro de valores
virtuosos. Ter valores virtuosos não é ser moralista – como uma imposição de
uma moral que a maioria acredita – e sim, acreditar na justa posição do ser
humano de respeitar o outro. Não importa a condição do seu corpo ou a classe
que você pertence, mas, ter a consciência que o outro é um ser humano e você pode
discordar das suas ideias sem discriminar outras coisas. Só existe, até onde se
saiba, uma espécie humana e o que nos fez seres adaptáveis, foi a criação de educação
e respeito.
Uma postura virtuosa tem a ver com uma postura de
aprendizado, dizer que aquilo não irá trazer nada a ele. Isso, a meu ver, não tem
a ver de repreensão e sim, mostrar que a banalização desses valores ou a fanatização
deles, só vai trazer a desunião da sociedade. A sociedade como corpo político, não
existe quando há uma (visível) banalização do respeito mútuo. Será que depois
de 2013 as coisas não foram polarizadas para, exatamente, não haver essa união e
essa articulação social? será que não construíram narrativas para quebrarem
essa questão legitima de cobrança política?
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