quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A Guerra dos Tronos na política brasileira

 



“Quem busca na liberdade outra coisa que não ela própria, foi feito para servir. A Liberdade tem um fim em si mesma.”

 

 

Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

Para se discuti e entender de política se tem que ter um certo ceticismo, não se acredita “cegamente” em governantes ou políticos. O que tanto a série GOT, quanto a de agora HOD (House of Dragon) é que, na política, o que reina é muito mais o poder. Mesmo nas monarquias – como é mostrado nas duas series – a questões políticas sempre são importantes e como não, o poder. O próprio Maquiavel deixou bem claro isso: a política tem um viés muito mais de poder do que de dinheiro. Com o poder se tem influência e o dinheiro é consequência disso, pois, existem líderes que podem não ter nada além daquilo que podem usufruir, mas, tem poder. Como nas series, o Brasil com sua origem medieval – escolástica/feudal – insiste em focar no presidente como um monarca e não vê que o mais importante é o legislativo. A cadeira presidencial não é um trono de ferro.

Mas, há bastante semelhança com Westeros de George Martin, o Trono de Ferro foi forjado a partir das espadas dos guerreiros que conquistaram aquelas terras. A cadeira presidencial foi forjada no sacrifício de um povo ignorante e que, não teve uma escola de verdade. Ou seja, se o Trono de Ferro foi forjado com as espadas dos vencedores – com o fogo do dragão (as chamas da sabedoria com a luta dos seus antepassados) – a cadeira presidencial, além de ser um golpe de estado contra Dom Pedro II, ainda foi forjada por um povo enganado em mentiras e essas mentiras, não tiveram lado nenhum. Ou melhor, usaram a linguagem para inventarem inimigos que não existem e coisas que não tem nexo. A pandemia vimos isso, só que o brasileiro não gosta do fascismo por ser uma cultura individualista e, também, erraram a mão. Exageraram demais pensando que seria uma unanimidade. Em tempos de crise, nações inteiras só sabem cuidar de si mesmos pela sobrevivência dos seus e quando não tem cultura, isso fica bem pior.

As semelhanças não ficam por ai, porque como nas series há um ar hipócrita em defender uma moral que não temos. Como os reinados de antigamente, casamentos entre parentes eram permitidos por causa do sangue real. Isso vai terminar no século 20 com casamentos por vontades de algumas monarquias que ainda existem, mas, que ainda conservam várias instituições. No caso da nossa “república” (que se pensa ser uma monarquia), a moral vira moeda discursiva para alimentar certos discursos dentro das formas mediáticas e isso tem a ver com nossa moral e os meios de uso político. Tanto da mídia tradicional – do modo mais antigo – tanto do modo virtual, o moralismo tem a ver com que a maioria acredita. O discurso da comunicação de massa nunca é da mídia para o publico e sim, aquilo que o público dará mais atenção. O moralismo dentro da política tem a ver com o moralismo do povo.

Como diz o velho ditado: “cada povo tem o governo que merece”. Ou seja, os políticos não são marcianos, tiveram a mesma educação, o que acontece, nós podemos ser honestos e mesmo assim, não ser 100%. Existe ainda, a cultura da vantagem, onde as pessoas tendem a querer levar vantagem em outras pessoas por causa de dinheiro. No caso da política, isso sempre vai dar no poder e na influência e isso tem muito a ver com o poder. políticos usam a sua influência para se tornarem mais poderosos, o jogo político é “sujo”. Mesmo que podemos acreditar que existem pessoas honestas – e há em alguns casos – outros vão usar essa honestidade e amarrar esse sujeito no esquema e isso é notório.

Esse ceticismo tem a ver com nossa cultura – por ver muitas coisas na minha vida – onde eu vi e concluir, que a cultura começa a moldar a política e a mídia. Se a cultura é funkeira e simplifica o banal como importante – e a esquerda defende como expressão cultural, que logico, vai beneficiar a classe política – vamos ter cada vez mais, pessoas que não são éticos dentro de valores virtuosos. Ter valores virtuosos não é ser moralista – como uma imposição de uma moral que a maioria acredita – e sim, acreditar na justa posição do ser humano de respeitar o outro. Não importa a condição do seu corpo ou a classe que você pertence, mas, ter a consciência que o outro é um ser humano e você pode discordar das suas ideias sem discriminar outras coisas. Só existe, até onde se saiba, uma espécie humana e o que nos fez seres adaptáveis, foi a criação de educação e respeito.  Foram os meios tecnológicos para aumentar esse respeito. 

Uma postura virtuosa tem a ver com uma postura de aprendizado, dizer que aquilo não irá trazer nada a ele. Isso, a meu ver, não tem a ver de repreensão e sim, mostrar que a banalização desses valores ou a fanatização deles, só vai trazer a desunião da sociedade. A sociedade como corpo político, não existe quando há uma (visível) banalização do respeito mútuo. Será que depois de 2013 as coisas não foram polarizadas para, exatamente, não haver essa união e essa articulação social? será que não construíram narrativas para quebrarem essa questão legitima de cobrança política? 

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