Depois de reinaugurar meu blog, por que não falar a verdade?
Afinal, esse blog nasceu Resistencia.
Na etimologia, fã veio de fanático que tem a ver com pessoas
radicais que se fanatizam por uma figura pública. Com o show da cantora Lady
Gaga – pago pela prefeitura do RJ – muitas pessoas estão na frente do hotel com
fraldas, gritando para ela sair e se apresentar aos fãs. Como diz o comentarista
musical, Regis Tadeu – que me bloqueou – todo fa, no fundo, é um perfeito
idiota e deveria se tocar que artistas não são produtos da sua idealização. Chegaram,
ate mesmo, serem assaltados.
Afinal, ate que ponto essa idolatria é saudável? Tenho um
amigo – de muitos anos – que dizia ouvir só Elvis Presley e Roupa Nova e mais
nada. Não sei se faz isso hoje em dia, mas essa atitude demonstra como ele é,
se isolando porque não convenceu um movimento daquilo que lutava. Sempre dizia:
“eu sempre estuve sozinho”. Essa solidão é reforçada por razões da deficiência,
não ter um pai presente (por ele ter morrido quando esse amigo era bem pequeno)
e por causa dos bullyings que sofreu do motorista que tivermos na AACD. Será que
via na figura de Elvis algo paterno ou algo que remetesse alguma lembrança afetiva?
Essa questão remontam vários fatores preponderantes dentro
da nossa cultura contemporânea. Talvez, meu amigo tenha encontrado algum
refugio nessas figuras como se essas musicas fossem um porto seguro emocional. E
assim, muitas vezes, eles criam uma ligação intensa com um artista por
necessidade de preencher algumas lacunas afetivas ou criar uma sensação de
pertencimento. Mesmo não admitindo, esse mesmo amigo teve dificuldade de
conquistas, dificuldade de socialização e uma enorme dificuldade de se desligar
um pouco do ambiente familiar. Mas, será que isso tem a ver com a deficiência e
a ideia de coitadismo que ronda a questão do segmento de PCDs? Não. Tem a ver
com dois fatores freudianos que lançam dúvidas da questão da autogovernança de
si mesmo: o principio do prazer e do medo.
O princípio do prazer e do medo, segundo Freud, seriam
forças essenciais que podem influenciar a forma como tomamos decisões e como
lidar com o mundo ao nosso redor. Assim, o prazer faria com que busquemos
experiencias que nos tragam satisfação e evitam sofrimento – como diríamos, a
dor inevitável – enquanto o medo pode atuar como um freio, nos protegendo de
riscos e incertezas. Talvez – não só meu amigo – tenha nessas figuras algo que
de alguma segurança em um mundo inseguro e incerto. Pois, afinal, o ser humano está
numa realidade contingente e é um ser contingente em mudanças de linguagem e
cultura.
E ai chegamos em dois novos pontos: o que seria realidade
(no sentido de fatos) e o que é a existência. Porque, quando você elege um ídolo
– seja qual for – você começa a ver uma outra realidade em nome do seu prazer (sensação
de conforto) e a eliminação do medo (sensação de segurança). Mesmo que não há consciência
sem o objeto, o objeto pode estar viciado (fetiche) em conceitos que você mesmo
construiu; principalmente, quando esse ídolo é humano. Existe a verdade (no
sentido de realidade) onde a pessoa é o que é e não daquilo que você construiu
como conceito, exigindo assim, você perceber a sua existência e a existência do
outro.
O ídolo só é uma ideia daquilo que achamos certo e no fundo,
não é certo e nem a realidade.
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