Para defender uma “escola especial” ou não, temos que
investigar o conceito de deficiência dentro da questão social e não uma questão
médica. Porque, se não, cairmos em um limbo de ignorância que recai dentro da essência
do capacitismo. E ai que mora o cerne do termo “capacitismo”, o que seria ou não
capaz de fazer uma atividade? As indagações do Dr Paulo Liberalesso são até
interessantes no sentido de uma discussão séria, mas o grande problema é a questão
da generalização dessa questão da escola. A meu ver, escolas deveriam ser
neutras em todos os sentidos, dando uma escolaridade de base e tendo como base,
uma questão mais de vivência do que clínica.
O intuito do texto é firmar respostas ao Dr Liberalesso para
entendemos a questão da discussão da escolaridade desde a infância até adulta.
A defesa da
inclusão escolar é, sem dúvida, um avanço civilizatório. No entanto, quando
tratamos de alunos com deficiências graves é fundamental reconhecer que a
inclusão plena em escolas regulares, apesar de desejável, nem sempre será a
mais adequada ou efetiva para garantir o direito fundamental à educação de
todos.
Vamos pensar nesse parágrafo. Sem dúvida nenhuma, quando
pensamos em uma inclusão dentro de uma escola, sempre há um avanço muito grande
dentro do processo civilizatório. Segundo Platão, o conhecimento nos faz humano
e nos caminha até a verdade (que seria, grosso modo, a realidade). E quando
houve um sistema onde teria que dar educação para todos, ainda não se deu educação
para todos e há outras questões. Aqui no Brasil há uma cultura de escravocratas
onde a educação não se deve ser dada ao mais pobre, afinal, por que pobre tem
que estudar? Por isso mesmo, escolas tem estruturas podres, caindo aos pedaços
e virou reduto de crianças pobres comerem e não aprenderem uma matéria, mesmo
que, milhões serem roubados dentro de inúmeros órgãos do governo.
Como respondi no post do Instagram do Dr Paulo, o governo
teve 40 anos para fazer melhoras da educação escolar para todo mundo e os
deficientes terem uma escolarização inclusiva, então, realmente, que se dane se
há ou não estrutura. E ai mora o perigo, se transferimos ou “abafamos” esse tipo
de problema, só vai agravar ainda mais. Fora que como estudante de escola
especial, sei muito bem os traumas que ficam de não poder ser uma criança humana
dentro de um mundo que quando se impõem em verdade, te assusta e questões alarmistas
(não pode isso ou aquilo) que essas entidades sempre fizeram e fazem. Pelo que
eu sei – posso estar enganado – há mecanismos na própria lei que separa as deficiências
graves com as deficiências leves.
<<<<As escolas especiais se apresentam,
nesse contexto, não como um retrocesso, mas como uma resposta ética, técnica e
humana à diversidade das necessidades educacionais
Elas oferecem recursos específicos, estrutura adaptada
e profissionais capacitados para lidar com situações que exigem atenção
individualizada e estratégias pedagógicas específicas.
Em muitos casos, são o único espaço em que certos
alunos podem desenvolver habilidades básicas de comunicação, autonomia e
socialização com dignidade e segurança.>>>
O problema não é a estrutura chamada escola especial, mas o
conceito que se firmou em cima dela e sim, é um retrocesso. Como dissemos, há na
própria na LBI (Lei Brasileira de Inclusão), mecanismos que são biopsicossociais
que separam das deficiências graves com as deficiências leves. Se a criança com
deficiência tende a ter uma deficiência grave, se tem escolas ou instituições que
existem tudo isso que disse na segunda linha. No mais, as deficiências leves
como a minha (paralisia cerebral), tendem a ter consciência dentro de uma
realidade. portanto, se colocarmos em uma escola regular, vai estudar como
qualquer aluno. Ou não? Ora, muitas pessoas com deficiência nem tiveram contato
com outras deficiências até entrarem em movimentos em prol de deficientes.
Até onde sabemos, a consciência dentro de uma realidade vai além
do corpo e suas condições e temos que tomar cuidado com esses “recursos
especiais” viciarem muitas pessoas a facilitarem essa coisa de adaptação. Uma coisa
é aquilo que vivemos (como forma subjetiva) outra coisa é aquilo que é em uma
realidade muito mais do que o Dr trabalha.
É um equívoco imaginar que todos os alunos se
beneficiarão igualmente da mesma estrutura escolar.
O princípio da equidade, que busca oferecer a cada um
aquilo de que realmente precisa, deve prevalecer sobre uma inclusão que seja
meramente simbólica.
Inserir o aluno com necessidades complexas em uma
escola regular sem os apoios necessários, além de comprometer seu
desenvolvimento, pode expô-lo à negligência, à exclusão velada e até à
violência.
O único equívoco é esse texto para defender algo que irá
ferir até a nossa constituição (educação escolar para todos). Porque se
trancarmos todas as crianças com deficiência em escolas especiais de APAEs da
vida, vamos criar uma sociedade mais apática e isso, sem dúvida nenhuma, é
quase uma ação nazifascista eugenista de trancar aquilo que não se adequa a
sociedade. Criando crianças incapazes de viver em sociedade, criando adultos
incapazes de viverem por si mesmo, tendo mais gastos para o ESTADO e ainda por
cima, criando uma sociedade incapaz de olhar o corpo com deficiência e não ter
asco. Se nós convivemos em sociedade já somos atropelados em shoppings, imagina
não convivendo em sociedade.
Além de colocar esse tema em discussão em um tom alarmista
como <<<comprometer seu desenvolvimento, pode expô-lo à negligência, à
exclusão velada e até à violência>>, ignorando que sim, escolas especiais
tendem a ter uma violência silenciosa e que muitas vezes, há uma violência psicológica
até mesmo familiar. Ou seja, a escola especial não vai trazer uma segurança completa
como se houvesse uma redoma igual a israelita, segurando os misseis lançados
pela sociedade.
As escolas especiais não excluem, elas incluem de forma
apropriada. São espaços de acolhimento, pertencimento e cuidado, onde o
currículo é adaptado à realidade de cada aluno, respeitando seu tempo, suas
formas de expressão e seu potencial real de aprendizagem.
Elas também promovem, muitas vezes, a integração com a
comunidade, com escolas regulares e com projetos sociais, permitindo formas
híbridas e mais sensíveis de inclusão.
Sartre diz no seu ícone livro (O Ser e o Nada) que quando
negamos alguma coisa, nadificamos uma realidade para colocarmos outra, Ai esta
uma prova cabal disso, onde se coloca uma realidade em cima de uma outra
realidade que a que colocou não existe. Quando o Dr Paulo diz que “as escolas
especiais não excluem” fico comparando meu pai dizer que o regime militar matou
só comunista, era só ficar quieto e esta tudo certinho. Ou em outras palavras, as
crianças com deficiência vão ficar em um suposto lugar gostosinho e sem
problemas para outras mães não se preocuparem em suas crianças terem que
conviver com essas “coisas estranhas” dentro das escolas. E se ele trabalhou 20
anos em uma escola especial, eu fiquei quase o mesmo período na AACD sendo
bolinado pela instituição todo o momento como se déssemos prejuízo.
E ai? Será que não temos violência dentro dessas escolas
especiais?
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