sexta-feira, 16 de maio de 2025

ESCOLAS ESPECIAIS – AINDA ESSA DISCUSSÃO?

 





Para defender uma “escola especial” ou não, temos que investigar o conceito de deficiência dentro da questão social e não uma questão médica. Porque, se não, cairmos em um limbo de ignorância que recai dentro da essência do capacitismo. E ai que mora o cerne do termo “capacitismo”, o que seria ou não capaz de fazer uma atividade? As indagações do Dr Paulo Liberalesso são até interessantes no sentido de uma discussão séria, mas o grande problema é a questão da generalização dessa questão da escola. A meu ver, escolas deveriam ser neutras em todos os sentidos, dando uma escolaridade de base e tendo como base, uma questão mais de vivência do que clínica.

O intuito do texto é firmar respostas ao Dr Liberalesso para entendemos a questão da discussão da escolaridade desde a infância até adulta. 

 

 A defesa da inclusão escolar é, sem dúvida, um avanço civilizatório. No entanto, quando tratamos de alunos com deficiências graves é fundamental reconhecer que a inclusão plena em escolas regulares, apesar de desejável, nem sempre será a mais adequada ou efetiva para garantir o direito fundamental à educação de todos.

Vamos pensar nesse parágrafo. Sem dúvida nenhuma, quando pensamos em uma inclusão dentro de uma escola, sempre há um avanço muito grande dentro do processo civilizatório. Segundo Platão, o conhecimento nos faz humano e nos caminha até a verdade (que seria, grosso modo, a realidade). E quando houve um sistema onde teria que dar educação para todos, ainda não se deu educação para todos e há outras questões. Aqui no Brasil há uma cultura de escravocratas onde a educação não se deve ser dada ao mais pobre, afinal, por que pobre tem que estudar? Por isso mesmo, escolas tem estruturas podres, caindo aos pedaços e virou reduto de crianças pobres comerem e não aprenderem uma matéria, mesmo que, milhões serem roubados dentro de inúmeros órgãos do governo.

Como respondi no post do Instagram do Dr Paulo, o governo teve 40 anos para fazer melhoras da educação escolar para todo mundo e os deficientes terem uma escolarização inclusiva, então, realmente, que se dane se há ou não estrutura. E ai mora o perigo, se transferimos ou “abafamos” esse tipo de problema, só vai agravar ainda mais. Fora que como estudante de escola especial, sei muito bem os traumas que ficam de não poder ser uma criança humana dentro de um mundo que quando se impõem em verdade, te assusta e questões alarmistas (não pode isso ou aquilo) que essas entidades sempre fizeram e fazem. Pelo que eu sei – posso estar enganado – há mecanismos na própria lei que separa as deficiências graves com as deficiências leves.

 

<<<<As escolas especiais se apresentam, nesse contexto, não como um retrocesso, mas como uma resposta ética, técnica e humana à diversidade das necessidades educacionais  

Elas oferecem recursos específicos, estrutura adaptada e profissionais capacitados para lidar com situações que exigem atenção individualizada e estratégias pedagógicas específicas.

Em muitos casos, são o único espaço em que certos alunos podem desenvolver habilidades básicas de comunicação, autonomia e socialização com dignidade e segurança.>>>

O problema não é a estrutura chamada escola especial, mas o conceito que se firmou em cima dela e sim, é um retrocesso. Como dissemos, há na própria na LBI (Lei Brasileira de Inclusão), mecanismos que são biopsicossociais que separam das deficiências graves com as deficiências leves. Se a criança com deficiência tende a ter uma deficiência grave, se tem escolas ou instituições que existem tudo isso que disse na segunda linha. No mais, as deficiências leves como a minha (paralisia cerebral), tendem a ter consciência dentro de uma realidade. portanto, se colocarmos em uma escola regular, vai estudar como qualquer aluno. Ou não? Ora, muitas pessoas com deficiência nem tiveram contato com outras deficiências até entrarem em movimentos em prol de deficientes.

Até onde sabemos, a consciência dentro de uma realidade vai além do corpo e suas condições e temos que tomar cuidado com esses “recursos especiais” viciarem muitas pessoas a facilitarem essa coisa de adaptação. Uma coisa é aquilo que vivemos (como forma subjetiva) outra coisa é aquilo que é em uma realidade muito mais do que o Dr trabalha.

É um equívoco imaginar que todos os alunos se beneficiarão igualmente da mesma estrutura escolar.

O princípio da equidade, que busca oferecer a cada um aquilo de que realmente precisa, deve prevalecer sobre uma inclusão que seja meramente simbólica.

Inserir o aluno com necessidades complexas em uma escola regular sem os apoios necessários, além de comprometer seu desenvolvimento, pode expô-lo à negligência, à exclusão velada e até à violência.

O único equívoco é esse texto para defender algo que irá ferir até a nossa constituição (educação escolar para todos). Porque se trancarmos todas as crianças com deficiência em escolas especiais de APAEs da vida, vamos criar uma sociedade mais apática e isso, sem dúvida nenhuma, é quase uma ação nazifascista eugenista de trancar aquilo que não se adequa a sociedade. Criando crianças incapazes de viver em sociedade, criando adultos incapazes de viverem por si mesmo, tendo mais gastos para o ESTADO e ainda por cima, criando uma sociedade incapaz de olhar o corpo com deficiência e não ter asco. Se nós convivemos em sociedade já somos atropelados em shoppings, imagina não convivendo em sociedade.

Além de colocar esse tema em discussão em um tom alarmista como <<<comprometer seu desenvolvimento, pode expô-lo à negligência, à exclusão velada e até à violência>>, ignorando que sim, escolas especiais tendem a ter uma violência silenciosa e que muitas vezes, há uma violência psicológica até mesmo familiar. Ou seja, a escola especial não vai trazer uma segurança completa como se houvesse uma redoma igual a israelita, segurando os misseis lançados pela sociedade.

 

 

As escolas especiais não excluem, elas incluem de forma apropriada. São espaços de acolhimento, pertencimento e cuidado, onde o currículo é adaptado à realidade de cada aluno, respeitando seu tempo, suas formas de expressão e seu potencial real de aprendizagem.

Elas também promovem, muitas vezes, a integração com a comunidade, com escolas regulares e com projetos sociais, permitindo formas híbridas e mais sensíveis de inclusão.

 

 

 

Sartre diz no seu ícone livro (O Ser e o Nada) que quando negamos alguma coisa, nadificamos uma realidade para colocarmos outra, Ai esta uma prova cabal disso, onde se coloca uma realidade em cima de uma outra realidade que a que colocou não existe. Quando o Dr Paulo diz que “as escolas especiais não excluem” fico comparando meu pai dizer que o regime militar matou só comunista, era só ficar quieto e esta tudo certinho. Ou em outras palavras, as crianças com deficiência vão ficar em um suposto lugar gostosinho e sem problemas para outras mães não se preocuparem em suas crianças terem que conviver com essas “coisas estranhas” dentro das escolas. E se ele trabalhou 20 anos em uma escola especial, eu fiquei quase o mesmo período na AACD sendo bolinado pela instituição todo o momento como se déssemos prejuízo.

E ai? Será que não temos violência dentro dessas escolas especiais?



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