quinta-feira, 15 de maio de 2025

VIRGINIA FONSECA NO PAÍS DAS MARAVILHAS

 



A filosofia sempre se propôs em desvendar o lado mais racional dentro da realidade, sendo essa realidade, um numero muito grande de linguagens e objetos de significado. Com o fenômeno da internet – como fenômeno virtual – poderíamos ampliar essa realidade em muito bits de informação que o cérebro, muitas vezes, não consegue processar. Mas, nossa consciência só é consciência se tiver um objeto dessa consciência, seja concerto (res extensa) seja abstrato (res cogitan) que perfaz, segundo Sartre, a imaginação.

Quando vivemos em uma negação do processo da consciência dentro da perspectiva do nada, chamamos de ignorância por ignorar a realidade. E quando ignoramos a realidade se autoenganamos para caber em uma das nossas crenças que aquilo que vivemos ou pensamos viver, tem um fundo de verdade. Mas não tem. Ainda sim poderíamos perguntar: ao ampliar o numero de linguagens e objetos de significados disponíveis, será que a realidade se expande ou apenas nossa percepção dela? Responderia que não. Quando o cérebro não tem informações conexas dentro de uma perspectiva de nexo (ligação), o cérebro processo só informações fáceis. O conhecido “cérebro podre” (brainrot).

Ídolos são esse autoengano e idealizamos pessoas que não agregam nada em nossa vida. Essa negação do aprendizado mais profundo – como um conteúdo mais pasteurizado – tende a ampliar a crítica da indústria cultural. O problema se amplia por causa que o “cultural” não se aplica em uma geração do fútil, uma geração que se orgulha de ser emburrecida. Virginia Fonseca quando foi depor na CPI das BETs, além de quebrar decoro indo de moletom comum e calças jeans, ainda demostrou nossa cultura da ignorância e do patrimonialismo. Só por ela ser uma influenciadora de renome e nora de cantor sertanejo – grande coisa – demonstra a questão mediática que a questão tomou no espetáculo. E sim, se o influencer ganha com a perca do jogador, isso é antiético.

O que seria ética? Ética na etimologia, vem do grego ETHOS que era o caráter do povo grego e o que era ser grego, mas ao traduzir ETHOS para MOS ou no plural MORES, os romanos modificaram por costumes. Hoje dissemos que moral é os costumes sociais e ética é o estudo da moral, e tem ainda outro problema, muitos ainda acham que moral é o mesmo que ética. Não é. A simplificação, exatamente, tem a ver com a ignorância e tem a ver como já vimos, ignorar a realidade. Mas, antes de tudo, existe a má-fé que é um autoengano dentro de uma realidade que se aceitou como verdade. A maioria não quer ter o suficiente, quer o máximo possível para ostentar ao outro.

E isso recai nas mídias sociais como se todo mundo quer dar opinião daquilo que não sane e pior ainda, acham que a vida delas é conteúdo para ser consumido. Isso daria um livro inteiro. Sociedade do espetáculo de Debord? Mesmo não sendo marxista, a crítica marxista dentro da mídia com filósofos marxistas – aqui há varias correntes – pode ser usada com esse caso (bets) ou ate mesmo, se adentrarmos as “web putas” (ou web Jobs), quando você é o produto dentro do ganho. Você vê uma foto ou ver um vídeo pago e você jogar em um site de aposta não seria o mesmo? Você perde muito mais do que você ganha? Debord diz – isso em 1967 – tudo acaba sendo uma imagem e isso reflete muito mais o vazio de significado, dentro da sua vida cotidiana, dentro da sua vida online.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior

(bacharelado de filosofia)

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