Por Amauri Nolasco
Sanches Junior
No século dezesseis, havia em Portugal, um rei, chamado
Sebastião, que tinha o apelido de “O Desejado”, por ser um rei justo, foi um
rei bem “amado” pelos lusos. O rei Sebastião assumiu o trono aos catorze anos
de idade em 1568, sendo a favor, das matérias religiosas e militares. E por ser
motivado para reviver as glorias da Reconquistas, decidiu montar um bom esforço
em Marrocos em uma “cruzada”. A questão foi que Portugal perdeu o combate e o
rei Sebastião desapareceu, que deixou seu trono para seu tio, rei da Espanha. Os
portugueses não aceitaram e sempre diziam que o rei “O Desejado”, iria voltar e
iria tirar o povo da pobreza e reinar com justiça. O sebastianismo é criado
como uma esperança de um governante justo, um governante que volte e resolva todos
os problemas da nação e ponha o povo onde merece. Sabemos das intenções de Dom
Sebastião de ir ao Marrocos e deu errado, além, de colocar Portugal na regência
da Espanha e todas as suas colônias. Ora, um herói máximo de uma nação que só ficou
rica e poderosa, graças ao ouro e as pedras preciosas de suas colônias – não adianta
vim me xingar, mas, uma igreja todinha foi construída na Espanha com o ouro
Inca – gastando coisas luxuosas com a Inglaterra, trazendo (roubando?), animais
e objetos de suas colônias. Herdamos da cultura lusa, esse sebastianismo e
colocamos na figura de um herói, um salvador que colocara o Brasil dos “eixos”.
Não interessa se você escreve “#lulalivre” ou “#bolsonaro2018”,
você acredita que a solução dos seus problemas é o fato de um homem, que vai
assinar um documento e vai salvar o país. Pois, ele não vai. O Lula, se fosse legível,
estaria fadado a fazer as mesmas alianças que ele fez no seu governo lá em
2002. As oligarquias brasileiras são fortes e não admitem que quebrem o seu
esquema. Se o Bolsonaro ganhar, ou ele faz um esquema bem definido de alianças,
ou ele não vai conseguir governar, porque não se governa sozinho numa democracia
como a nossa. O que o público não sabe – deveria saber, muito bem – que não estamos
num regime de monarquia absolutista, e nem se tivesse, o rei eleito não seria o
Lula e não seria o Bolsonaro. Há um legislativo “voraz” que governa muito mais
o país, do que o misero presidente que só assina. Mas podem dizer: “estão, que
se feche o congresso”. Daí se cria um outro problema (isso é uma análise de
gente madura, tá? Sem birrinhas), porque institutos internacionais podem fazer
boicote e até, nas piores das hipóteses, poderemos até sofrer sansões. Economias
fechadas não se sustentam e tendem a afundar. O exemplo da URSS é claro, a Rússia
é um país com muitos recursos, tinham na época vários países com várias fabricas,
mas, a economia do país não girou e não vingou dentro de uma economia de
mercado. O Brasil tem vários recursos, mas, depende do investimento que vem de
fora, também. Portanto, seria uma insanidade total, achar que o Brasil se
sustenta sozinho no mundo.
Esse sebastianismo não cabe para o Brasil e nem tivermos
monarcas que governassem por eles mesmos. Mesmo o porquê, nós vivemos num
governo democrático e temos mais de um representante no congresso nacional. Claro,
que o regime democrático que temos, há várias falhas, mas, é o melhor que
temos. Podemos acessar as redes sociais. Podemos ir em baladas. Podemos até
mesmo, votar em “lulas” ou “bolsonaros”, mas, que escolhemos em quem devemos
acreditar, escolhemos as ideologias (por mais maluca que seja), possam reger
nossos princípios morais e não seguir um líder que só quer o poder. Sim, não interessa
o dinheiro, o poder é mais importante. Então, por que os impérios caíram? Corrupção.
Podemos ver que impérios caíram e hegemonias foram destruídas, por causa de
ganancia de querer o poder sempre focado em si mesmo. Foi assim com o império romano,
foi assim com a igreja apostólica romana, foi assim em qualquer grande poderio.
Porque a questão não é tão o dinheiro em si, mas, a sensação de milhares de
pessoas estarem sob sua tutela como se você fosse, uma espécie, de deus. O rei
Salomão disse isso em Eclesiastes, tudo é vaidade. Afinal, tudo vai voltar a
sua origem e nada ficará eterno (nem mesmo, esse mundo), portanto, a vaidade destrói
a nossa noção de realidade que ainda temos.
Uma boa pergunta pode ser feita: o que seria a realidade? Será
que realmente, tal candidato quer o bem do Brasil? Não estão na realidade,
porque se pensa que a realidade é o que se pode ter e não o que se pode ser. Não
importa o quanto temos de valor monetário, sem o verdadeiro eu (que Jung
chamava de self), pode governar a si mesmo. O problema não é o senhor de
escravo – porque ele é mais preso do que o próprio escravo – mas, as narrativas
que nos prendem como sinópticos que nos vigiam por todos os lados. Prefiro repetir
sempre o que Gautama Buda disse, que quando encontrar um buda na sua frente,
mate-o.