quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Nós deficientes precisamos de qualificação e o pessoal falando asneira nos jornais





Resultado de imagem para lei de cotas deficientes




leiam primeiro (aqui)


Amauri Nolasco Sanches Junior

Num desabafo, uma amiga disse que há pessoas com deficiência que não a favor da lei de cotas – que obrigam as empresas a contratarem 5% de pessoas com deficiência entre seus funcionários – porque acham que há uma diferenciação de um trabalhador com deficiência e sem a deficiência. Claro, se fomos bem racionais, nós estamos fazendo com que as empresas nos olhem como pessoas incapazes de assegurar e competir num mercado de trabalho, extremamente, competitivo. Só que, tem um outro lado (sempre existe um outro lado), as empresas ainda trabalham com conceitos arcaicos que não cabem mais nos dias atuais, como não se adequarem as pessoas com deficiência, acharem que por serem deficientes, são um “problema”. Porém, existe uma outra coisa, quando você não tem diploma universitário, as empresas ligam mais para você, elas contratam mais, elas se interessam mais. Mas lá, no órgão governamental (onde deveria ter uma fiscalização rígida), as mesmas empresas alegam não haver qualificação dentro da área. Não é uma contradição? Será mesmo que eles querem pessoas com deficiência qualificados ou não querem para pagar menos ao que pagam para pessoas sem nenhuma deficiência?

leiam também: a liberdade de Lula

Respondi a essa amiga que quem é contra, na sua maioria, trabalha numa empresa de um conhecido ou da própria família. Então, para essas pessoas, é algo extremamente fácil porque existe alguém que sempre vai arranjar trabalho para ele e ele não vai ficar sem emprego. O que falta nesse caso, é a empatia de ver que existe outras pessoas com deficiência que tem deficiências severas, que as empresas – dentro de uma lógica arcaica – enxergam com um problema e não como uma pessoa em potencial. Mas, é um segmento (pessoas com deficiência) muito estranho, ao mesmo tempo que escrevem verdades, não querem se comprometer com nada. Eu sou uma pessoa verdadeira, se falo é para valer, se é para só fazer um “desabafo”, prefiro não escrever. Enfim. A questão fica em torno de qualificação num país – oitava economista mundial – que não investe em nada, o ensino escolar e quando tem que cortar, cortam a verba da educação e da pesquisa cientifica. Como fica? Como se vai exigir em qualificação das pessoas com deficiência se não tem nem educação de verdade?

Isso está acima de ideologias políticas. Porque a deficiências estão além das crises, e com as crises, são convites para mudanças. Mas, as pessoas são muito resistentes a mudança e as mudanças, são retardadas por causa disso. Eu te garanto que em toda a história da humanidade, a questão da mudança tem tanta importância, que se não acontecesse, ainda estávamos morando nas cavernas. Acontece, que as pessoas se acostumam daquilo que é mais cômodo. A deficiência, voltando ao assunto, não vai ser revertido e não vamos desaparecer por conta que a sociedade nos trata como um problema secundário. Mesmo o porquê, a previdência que foi criada como um modelo ideal, está ruindo por conta de anos de corrupção. Não vai adiantar todo mundo – dentro do Brasil – querer ter um benefício e esse benefício trará dor de cabeça, não dará o poder aquisitivo nem para comprar uma cadeira de rodas. E uma questão fica no ar: se nós estudamos, nos especializamos, pagamos livros, pagamos cursos, por que temos que ganhar menos que uma pessoa que o pai pagou todo o curso? Não adianta fazer média, a maioria das pessoas que estão nas áreas mais bem pagas do mercado (como publicidade e TI), o pai ou o governo pagou todo o curso, o retorno para as pessoas com deficiência, é zero.


Umas das coisas que temos que parar de argumentar é que queremos uma chance, não queremos só uma chance, foi todo um investimento dentro da nossa capacitação. Dentro da escrita, por exemplo, investi pesado para aprender a nova ortografia, investi em livros para fazer textos melhores, investi numa internet melhor (sim, eu pago internet), então não dá para ter esse papinho de bobo e achar que estamos, eternamente, ajudando a humanidade. Claro, que podemos colaborar com a humanidade. Mas, não vamos ser hipócritas, queremos um salário e uma oportunidade boa. Todo mundo quer, por que nós seriamos diferentes? Por que não podemos ser bem-sucedidos profissionalmente? Percebemos, também, que há uma cobrança muito grande por causa da deficiência. Nomes como Stephen Hawking – morto sesse ano – nos remetem a essa cobrança de sermos exemplos e não reclamarmos.



Mas, se nós temos que ser qualificados, por que será que vejo vários erros em matérias de jornais? Por que temos que ter qualificação, se vejo várias pessoas que nem sabem escrever? Não esquecemos – que já disse nesse texto – que não há uma educação de verdade, ao ponto, de pessoas nem saberem escrever a própria língua. Ora, se há jornalistas que erram na escrita, se existem pessoas que escrevem errado nas redes sociais, então, não há razão de existência. E outra coisa, estão pedindo laudo médico junto com o currículo, que é errado. Por que temos que provar nossa deficiência? Por que temos que ser aquilo que não somos, para agradar setores que não exigem qualificação?

Nenhum comentário:

Postar um comentário