Amauri Nolasco Sanches Júnior
Devemos, sempre, apoiar a liberdade. Só que acontece, que
liberdade existe um problema, porque a liberdade é um conceito que tem a ver
com vontades, com escolhas, com aquilo que as pessoas desejam ou não, dentro
dos valores e dentro daquilo que conduz ao objeto desejado. A questão é: será
mesmo que somos libertos ou não? Será que nossos desejos são espontâneos ou são
induzidos? Porque a esquerda socialista –
os marxistas, num modo geral – sempre colocaram, seguindo o pensamento de Marx,
que há um fetichismo dentro daquilo que se consome e que faz você comprar acima
do valor real, ou seja, quando aquilo virar moda, aquilo tende a banalizar e
não ter mais significado. Mas, tem um problema, mesmo com esse suposto
fetichismo, há uma vontade e existem pessoas que não se rendem a moda, e
consomem aquilo que, realmente, gosta.
O gostar é muito daquilo que você é e não, necessariamente,
tem a ver em ser induzido. Há indução? Claro que há, como há indução em tudo
que você não gosta, como o capitalismo, como a religião etc. a meu ver, toda a
realidade te induz a ser aquilo e a gostar das coisas que você gosta e não é
tudo que você escolhe. O próprio Sartre – filosofo francês do século vinte – disse
que toda escolha tem sua consequência e por isso mesmo, somos condenados a
sermos livres. Mesmo o porquê, mesmo que o capitalismo não seja um paraíso – e
não quer ser – o socialismo que induzir o ser humano a ser pobre em nome de uma
igualdade que na realidade, não existe. Como demonstrei, o gosto é uma
propriedade daquilo que se formou enquanto persona, não dá para você achar que
as pessoas vão comer aquilo e não querer outra coisa ou mais comida. Não há
fetichização nenhuma, há uma vontade de comer aquilo.
ÀS vezes, queremos comer no “mequê”, outras vezes queremos
comer um pastel com caldo de cana numa esquina qualquer, e todo mundo tem o
direito de querer isso. A questão é o direito de ser o que somos e não o que
temos que ser. O que somos? Por que fazemos aquilo? Ai que a questão fica mais
interessante, porque se você não sabe quem é e nem a realidade no qual você
vive, a melhora nunca vai vir. A questão nunca foi o capitalismo ou ideologias,
foi as escolhas e sobre a liberdade. Isso não é uma filosofia burguesa, mesmo o
porquê, a burguesia de hoje é tão ou mais alienada, do que a massa. Não sabem a
realidade porque se transformam, no pesar do tempo, em rales que podem eleger pessoas
tirânicas, sejam de direita, ou sejam de esquerda. Que, aliás, atentam contra a
liberdade delas mesmas.
O capitalismo esta certo em tudo? Não. Há várias desigualdades
de oportunidades e preconceitos que são alimentados pelo capitalismo e pelo
mercado da “perfeição”. Então, devemos defender o que, afinal? A liberdade de
fazer e sermos o que queremos ser, se isso é errado, qual o critério de nos
fazer acreditar que isso é errado? Porque, como demonstrei ao longo do texto,
muitas vezes, nossos gostos são reflexo do que somos.
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