Com a corrupção morre o corpo, com a impiedade morre a alma.
Amauri Nolasco Sanches
Júnior
Dias desses eu estava lendo um
artigo do filosofo Luiz Felipe Pondé, onde ele falava da concupiscência como
vicio daquilo que é material. Começou com Santo Agostinho (354-430), quando ele
examina sua vida e começa a achar que aquilo era errado – principalmente, seu
vicio por sexo – e começa a introduzir isso dentro da igreja católica. Tanto é,
que a igreja transforma esse pensamento do bispo de Hipona (hoje Annaba), como
um ponto importante dentro da sua doutrina: a castidade. Embora, que Juliano de
Eclano (380-454) acuse Santo Agostinho de nunca ter deixado de ser maniqueísta –
filosofia religiosa que foi fundada na Pérsia por Maniu Maquineu (século III) que
acreditava em duas forças opostas: o bem e o mal – e ter forjado o conceito de concupiscência
em cima dessa filosofia religiosa. Porque tem a ver na visão do bispo de Hipona,
o sexo como um mal a ser expurgado da fé católica – que várias outras igrejas,
posteriormente, vão adotar – pois, atrapalha seu trabalho de elevação para a
verdade.
Mas, além da luxuria – que é um
pecado capital – a concupiscência tem a ver com toda tentativa de obter bens e
poder e isso, também, envolve a corrupção. A questão da corrupção, depois de
muitas leituras, pode ter começado dentro do império romano, no qual, somos herdeiros
diretos. Muitos papas medievais tinham essa prática de quererem tanto as
riquezas de se viver com conforto, e depois da coração de Carlos Magno (742-814)
no ano 800 – criando o Sacro Império Romano Germano – se começou querer o poder.
Imagina a igreja herdar todo império romano mais os reinos germânicos e o papa
ser o imperador, é um poder muito grande e poderia significar o imperador do
ocidente inteiro. Mas, ao que parece, não funcionou e se fragmentou em vários reinos.
Só terminou no fim da primeira guerra mundial, criando nações que hoje conhecemos.
Aliás, desde o império romano, as coisas sempre foram muito mais dirigidas ao
poder do que ao dinheiro, mesmo o porquê, a nobreza sempre foi a nobreza em status
e em riquezas insuperáveis, então, o negócio era mesmo o poder. E poder consiste
em acordos – que envolviam casamentos arranjados – consistiam em política suja e
consistia em dominação popular pela espiritualidade.
O Brasil como herdeiro de uma nação,
pelo menos na época, totalmente, católica, como Portugal – que nos tempos de Roma,
era o porto onde escoavam a produção e entrava mercadoria – onde muitas coisas
foram herdadas e muito bem aprendidas, como vimos em toda colonização da nossa nação.
Ninguém pode negar que o Brasil foi colonizado meio na marra, pois as outras nações
que estavam nessas de navegação, já estavam de olho no Pindorama (como os índios
chamavam aqui). Também tinha o Tratado de Tordesilhas – que parte do Brasil foi
roubado da Espanha – e quem veio foram os condenados e nobres falidos, ou seja,
eram primos do rei que não souberam guardar seus tesouros. Ou, até mesmo, eram
nobres menores que queriam mais posses para aumentar seu prestígio. Somos uma nação
construída por nobres falidos e gananciosos que não mediram nenhum esforço,
para encontrar o que tanto almejava.
Portugal foi uma grande herdeira
de Roma, assim como nações germânicas e nasceu de uma desavença entre mãe e
filho. O infante Dom Henrique libertou “Portugale” da “hispânica” e declarou o
porto – desde os tempos romanos – como uma nação, que desde então, lutou para
ter uma identidade. Talvez, os nobres portugueses sempre se espelharam nos
nobres franceses (não é a toa, que somos herdeiros da cultura francesa), e toda
aquele luxo, toda aquela pompa, não chegava tanto. A nobreza portuguesa era
gananciosa porque não conseguia juntar nada, se gastava muito – no qual, herdamos
também, porque o governo gasta demais e faz muito pouco – não a toa, que a
nobreza veio para cultivar as coisas asiáticas aqui. A cana de açúcar é asiática.
A gana de conseguir mais dinheiro fez escravizar africanos – que eram vendidos
para os americanos do norte – que vinham alimentar essa ganância. Ou seja,
mesmo devotos da igreja católica, sempre nossas origens flertaram com a concupiscência.
O Brasil sempre foi uma nação que
gosta de uma vantagem e uma gambiarra, pois, até mesmo das ideologias e nas religiões
– quase tudo – metemos coisas que não existem. As religiões cristãs, no geral,
sempre tiveram um ar católico, como evangélicos terem aversão de estudo e
riqueza – Lutero iria abominar o protestantismo brasileiro – como colocaram no
conservadorismo o liberalismo que não existe. Além, claro, que brasileiro nunca
foi conservador e sim, tradicionalista. Ou a maioria só olha coisas antigas por
quê? Porque brasileiro gosta da tradição, mas não segue toda ela. Gosta de leis
e ordem, mas não segue toda ela. Há um hiato, bastante interessante, entre
querer que a lei seja dada para os outros e não para si e para os seus. Que a
ordem sempre é para os outros e não para si. Barulho de música alta incomoda do
mesmo jeito, uma igreja com orações altas e música alta pode incomodar.
Essas notícias de corrupção não me
é estranha, porque ao longo da minha vida sempre escutei que a pessoa faria o
mesmo. Não é só uma questão de concupiscência, é uma questão cultural e única. Afinal,
somos filhos de reinos que seguiam o cristianismo, mas não atuavam nele.
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