Um homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Fui bloqueado do Facebook por
causa de uma brincadeira que fiz com meu amigo de ir “espancar” ele só porque brincou
que ia colocar um cara xarope na moderação do grupo, mas era tudo uma brande
brincadeira. Ele não ia colocar o xarope e eu não ia espancar ele. O grande
problema de algumas plataformas é a questão de automação. A automação é bastante
prática, mas deixa lacunas entre a intenção do autor daquela frase ou texto. Esse
é o cerne do existencialismo: escolhas. E, a meu ver, as escolhas são,
totalmente, humanas. Até o momento, não se há nenhum registro de inteligências artificiais
conseguindo fazer alguma escolha e fazendo uma seleção da intenção tanto
daquele que executou, como a intenção da sua própria intenção de executar. Daí a
frase de Sartre faz todo sentido.
Jean-Paul Sartre (1905-1980) dizia
que as escolhas faziam do ser humano aquilo que ele era, ou seja, primeiro ele
passa a existir como consciência e depois ele passa a definir como ser. O ser
aparece do nada. A frase que coloquei acima, mostra muito bem, a questão da construção
do seu próprio caráter só tem a ver com você e por isso mesmo, Sartre vai dizer
que somos condenados a sermos livres. E nessas escolhas podemos dizer que há as
consequências. Então, a interpretação humana, pode definir se alquilo é
ofensivo ou não conforme o caráter de cada um for definido.
Essa é a discussão quando
discutimos a inteligência artificial: como confiar nas decisões? Porque, esse
tipo de inteligência pode operar com decisões logicas, mas nem sempre as decisões
logicas podem resolver problemas. Existem as escolhas morais e éticas. Um policial
androide pode estar na rua e então vê dois jovens com agressões: como sabe se
aquilo ou não é uma agressão de verdade? Como saber se na pior das hipóteses,
aquilo não vai resultar em uma morte? Isso mostra que o sonho iluminista de livrar
o homem da superstição levando ao pensamento logico racional, pode levar as
outras atrocidades. O ser humano se define também com o sentimental e com a
capacidade de ter empatia com o outro. De saber onde ou quando agir ou não. Um algoritmo
é uma definição muito logica e não existe escolhas, ou sim (dentro de definições
estabelecidas) ou não (dentro dessa mesma regra). Nem sempre a escolha é feita
de sim ou não. As vezes, as escolhas são feitas de interpretações e nada tem a
ver com motivos lógicos.
A ética, por exemplo, tem a ver
com essa construção da consciência do que somos e o que fazemos no mundo. Esse é
o problema, inteligências artificiais não tem consciência. Não escolhem (não como
uma terceira via), não percebem, não tem empatia. Qual o limite do algoritmo
mesmo?
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