sábado, 10 de julho de 2021

O existencialismo e o Facebook

 



Um homem não é outra coisa senão o que faz de si mesmo.


Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

Fui bloqueado do Facebook por causa de uma brincadeira que fiz com meu amigo de ir “espancar” ele só porque brincou que ia colocar um cara xarope na moderação do grupo, mas era tudo uma brande brincadeira. Ele não ia colocar o xarope e eu não ia espancar ele. O grande problema de algumas plataformas é a questão de automação. A automação é bastante prática, mas deixa lacunas entre a intenção do autor daquela frase ou texto. Esse é o cerne do existencialismo: escolhas. E, a meu ver, as escolhas são, totalmente, humanas. Até o momento, não se há nenhum registro de inteligências artificiais conseguindo fazer alguma escolha e fazendo uma seleção da intenção tanto daquele que executou, como a intenção da sua própria intenção de executar. Daí a frase de Sartre faz todo sentido.

Jean-Paul Sartre (1905-1980) dizia que as escolhas faziam do ser humano aquilo que ele era, ou seja, primeiro ele passa a existir como consciência e depois ele passa a definir como ser. O ser aparece do nada. A frase que coloquei acima, mostra muito bem, a questão da construção do seu próprio caráter só tem a ver com você e por isso mesmo, Sartre vai dizer que somos condenados a sermos livres. E nessas escolhas podemos dizer que há as consequências. Então, a interpretação humana, pode definir se alquilo é ofensivo ou não conforme o caráter de cada um for definido.

Essa é a discussão quando discutimos a inteligência artificial: como confiar nas decisões? Porque, esse tipo de inteligência pode operar com decisões logicas, mas nem sempre as decisões logicas podem resolver problemas. Existem as escolhas morais e éticas. Um policial androide pode estar na rua e então vê dois jovens com agressões: como sabe se aquilo ou não é uma agressão de verdade? Como saber se na pior das hipóteses, aquilo não vai resultar em uma morte? Isso mostra que o sonho iluminista de livrar o homem da superstição levando ao pensamento logico racional, pode levar as outras atrocidades. O ser humano se define também com o sentimental e com a capacidade de ter empatia com o outro. De saber onde ou quando agir ou não. Um algoritmo é uma definição muito logica e não existe escolhas, ou sim (dentro de definições estabelecidas) ou não (dentro dessa mesma regra). Nem sempre a escolha é feita de sim ou não. As vezes, as escolhas são feitas de interpretações e nada tem a ver com motivos lógicos.

A ética, por exemplo, tem a ver com essa construção da consciência do que somos e o que fazemos no mundo. Esse é o problema, inteligências artificiais não tem consciência. Não escolhem (não como uma terceira via), não percebem, não tem empatia. Qual o limite do algoritmo mesmo?

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