"Hoje foi o Renan [Calheiros], o Omar [Aziz] e o saltitante, fizeram uma festa lá embaixo, na Presidência, entregando um documento para eu responder. Sabe qual a minha resposta, pessoal? Caguei"
Bolsonaro (fazendo palhaçada)
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Essas falas são de um presidente
da república, que como tal, deveria ter caído a fixa a muito tempo, que não é
mais um deputado do baixo clero. Aliás, estamos vendo uma palhaçada atras da
outra dentro do cenário político como se eles não estivessem levando a sério
todas as crises que o Brasil vem passando todo esse tempo. Não há como negar o
descaso e as questões importantes que foram deixadas de lado, por causa de uma política
rasteira e populista que estamos vivendo. Bolsonaro – assim como foi construída
a imagem do Lula – faz parte da política populista que sempre houve no Brasil,
desde quando, o Getúlio Vargas subiu ao poder. Resoluções rasas, obras
populistas, soluções fáceis para garimpar a ralé moderna que não quer um governo
de verdade, quer um líder forte, um homem que vai resolver todos os problemas
do país. Mas, não vai. A ralé não discute política, não gosta de política, não se
interessa por política. Só que questões importantes passam pela política e não adianta
fugir.
Estou lendo Hannah Arendt (1906-1975),
e estou aprendendo bastante – aliás, quem quer entender esse fenômeno hoje no
país deveria de ler “Origens do Totalitarismo: Antissemitismo, imperialismo, Totalitarismo”
– na qual, ela explica todo o processo que levou a ascensão do fascismo
italiano e o nazismo alemão no começo do século 20. A questão é sempre em volta
de nichos que são usados como bode expiatório por governos que querem se
perpetuar no poder, como os judeus foram por muito tempo na Europa. E isso
sempre é levado a diante por uma leva que Arendt chamou de ralé moderna. A ralé na modernidade é muito diferente do termo
no modo clássico, porque a ralé para a filosofa – mesmo que ela não gostava de
ser chamada como tal – era indivíduos que não sabiam e nem queriam discutir política.
Pois, se a massa quer achar um governo forte e que resolva os problemas do país,
a ralé coloca as esperanças em um único sujeito forte. E a ralé não tem nenhuma
classe, porque ela está em todas as classes sociais.
O populismo é feito dessa ralé,
pois querem uma resolução fácil e rápida. Porque não entendem o processo político
que passa cada governo, cada ato de não ser únicos dentro da sociedade. Essa fala
do presidente da República mostra como estamos atrasados dentro da modernidade
no Brasil, mesmo o porquê, nunca houve uma vontade política de fazer essa modernização.
Somos o curral do mundo, onde o mundo busca onde comer e onde plantar o que
precisa. Para que modernizar nossa nação? Para que achar que brasileiro serva
para outra coisa a não ser, plantar? Por outro lado, há uma vontade de se
modernizar e achar meios para melhor desenvolvimento de uma nação que 500 anos
é explorada e nada cresce a não ser na corrupção. Não há nação mais descarada
em matéria da corrupção como o Brasil. Infelizmente, parece que temos essa característica
no nosso DNA, mas, podemos ver uma grande parte ainda honesta e que trabalhe
para ganhar dinheiro. A questão é bem outra.
A questão é a crença do “homem
forte”, a crença de um “messias” que nos levara ao paraíso sobre a terra. Não há
paraíso nenhum. Há uma esperança vendida e que não existe. Nada diferente dos remédios
enganadores medievais – que caracteriza muito o Brasil – das curas milagrosas, do
rei vindo da divindade para fazer o que o corpo político deveria fazer. Esse corpo
político é o povo. A grande massa popular que elege e deveria cobrar mais eficiência,
mas eficácia política. Mas, como tudo aqui, falta vontade política de dar educação
e o povo melhor cobrar e ter uma visão crítica. Visão importante dentro da política.
E pensam ser conservadores, pois, o conservadorismo tem a característica de ser
cético e centrado numa única coisa, a conservação das instituições políticas.’ Ora, questões morais também entram na pauta,
mas, não é avesso a mudança. Para um conservador, a mudança tem que ser
cuidadosa. Há ainda uma outra confusão entre o tradicionalismo e o
conservadorismo, pois, aqui se defende muito a tradição e não o conservadorismo.
Só que mesmo no tradicionalismo, há uma confusão também. O Brasil foi
colonizado pelos jesuítas da Companhia de Jesus, ou seja, nossa tradição como
costume é católica e não protestante.
E outra coisa, que tradição tem
que ser defendida? A católica italiana? A protestante alemã? A portuguesa? Qual?
Não temos tradições consolidadas e nem costumes únicos, porque nosso território
é muito vasto. Somos uma nação continental. Como fazer? Cobrar, cobrar.
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