quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Bunda metafisica e os filósofos críticos do Instagram

  




 

As pessoas lhe pedem críticas, mas elas somente querem elogios.
W. Somerset Maugham

 

Existem milhares de perfis no Instagram de filosofia – embora, a meu ver, não existe um filosofar em memes – que fazem o que, na maioria dos casos, todo mundo faz: criticar a mídia social nela mesmo. Quem não criticou o Facebook fazendo críticas no Facebook? Mas, como um bom estudante de filosofia, deveria saber que uma crítica não é como a maioria acha que é, mas, o que a filosofia coloca como uma análise profunda sobre aquilo. Daí – isso me fez refletir bastante – vi uma imagem de uma desses perfis e que mostrava um robô com a face com a logomarca do Instagram, distribuindo corações, e jovens sedentos desses corações. Duas coisas me motivaram esse texto: primeiro, não acredito em uma crítica por meme, já que as coisas não são bem assim tão rasas. E em segundo, todo mundo quer like, mesmo aqueles que criticam.

O meu ponto é, você pode deixar aquela rede social com conteúdo se você quiser, mesmo o porquê, as pessoas – na medida do possível – livres para postarem. Podemos postar, por exemplo, a biografia de filósofos brasileiros ou outros filósofos que ninguém conhece, transformando o algoritmo a mostrar essas coisas. O grande problema é que esses perfis querem o mesmo like das bundas do Instagram, eles não querem só criticar, e no mais, sabemos que nem tudo é apto a crítica. Como eu disse, eles deveriam saber que critica dentro da filosofia é muito mais do que falar mal, mas, fazer críticas dentro de situações. Por que o Instagram não presta? Por que as mídias sociais não fazem as pessoas pensarem? Por causa de carimbo de pensamento? Ora, isso eles também fazem.

As pessoas sempre preferiram coisas fáceis e sempre vão preferir, porque refletir e achar meios de reflexão sempre vão ser difíceis. Quem crítica a Wikipédia foi lá e arrumou o artigo que disse estar errado? Quem fez vídeos mais de conteúdo no Tik Tok para mudar a mentalidade das pessoas? Mesmo aqueles que leem, acham que criticando você vai mudar a mentalidade do outro e só vai, muitas vezes, engajar seu vídeo. Ora, você critica e quer o mesmo do que o outro? Então não é sobre mudança, é sobre o gosto das pessoas e querer ficar filosofando com carimbos de pensamento que nada tem de filosofia. Reflexão? Nenhuma. Acho que o pior que esses perfis fazem é propagar esse tipo de imagem, porque as pessoas não vão ler o texto. As pessoas têm o péssimo hábito de acharem mais fácil se informarem com memes, do que abrirem um texto e lerem. Sei disso, porque escrevo notícia. As pessoas comentam o nome da notícia.

Como aqueles caras que lerem uma frase de Nietzsche – o filósofo alemão do século dezenove – e se acham catedráticos dele, mas, Nietzsche é muito mais do que meras frases. Do mesmo modo, os caras que ficam olhando as fotos das moças mostrando a bunda e acham que elas querem alguma coisa ou podem ter com eles. Pedem WhatsApp, ou outros aplicativos de mensagens para se comunicarem, mas, aquela bunda não existe. aquela bunda não está na sua frente e tem um outro problema, a moça pode não querer que você toque na bunda dela. Daí o “ganhão da Matrix” pode perguntar: mas, por que ela mostra se não quer nada? Elas querem “biscoito”. Elas querem ser bajuladas e sabem como conseguir isso de você. Então, aquilo só é uma sombra, uma ilusão que você alimenta com esse tipo de consumo. Por que será a indústria do pornô ganha tantos bilhões?

Isso é uma crítica de conteúdo e não um meme vagabundo que só alimenta carimbos de pensamentos.

Amauri Nolasco Sanches Júnior 

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