O cantor e sobrinho do Tim Maia – mais sobrinho do que cantor – Ed Motta, fez uma live onde falou em 6 horas vários assuntos, um deles falou que Raul Seixas era “mal caráter” e muito ruim, musicalmente. Quando se fala em música – em arte, no geral – se fala em estética e como elas são tecnicamente. Ed não fez isso, ele como uma pessoa estudada no assunto – se não me engano, ele é maestro – deveria ter analisado tecnicamente Raul e feito uma análise muito mais apurada. Não fez. Preferiu causar polemicas vazias sem sentido nenhum, só no intuito, de querer ser “cult”. Que, aliás, ele sempre fez. Ele é um sujeito estudado, mas tem uma coisa ressentida de não ser um cantor popular e, talvez, essas polemicas são uma tentativa de ficar popular.
Mas além de Raul, Ed Motta detonou Jonny Cash e Elvis
Presley. Tecnicamente, as músicas de Raul Seixas são músicas fáceis e de
bordões, que muitas pessoas, não entenderam. Vamos pegar exemplos de músicas
mais conhecidas e ouvidas – pois, eu ouço outro tipo de música do Raulzito –
como Gita (escrita por Paulo Coelho), quem percebeu que aquilo que ele fala é Deus
na visão de Krishna? Do mesmo modo – isso é verdade – a música Pais e Filhos da
banda Legião Urbana (escrita por Renato Russo), é sobre suicídio e ninguém sabe
ou finge não saber. Ora, Raul, como um pensador musicado, não seria uma música que
você poderá entender na primeira ouvida. Tem pessoas que ate hoje não entendeu.
Críticas vorazes dentro de uma sociedade complexa – pois, Raul entendeu isso
muito cedo – que só o rock poderia criticar numa forma acida. Não era só músicas
de duplo sentido, ou músicas para dançar – como a Anitta disse que o rock era
chato por não poder dançar – e sim, uma crítica acida para chocar. Rock não faz
carinho, ele chacoalha, mexe com a ferida social e sua moral.
O grande problema de Ed Motta é o problema da nossa cultura,
a mesquinharia de achar que só porque não faz sucesso, o outro não pode ganhar.
Vimos isso em muitos casos, como na internet, como nas redes sociais que vimos
que as pessoas querem ferrar as outras. Nunca se fica feliz com o sucesso do
outro. Fui educado em sempre querer que a firma que você trabalhe prospere para
empregar mais gente, para continuar te pagando e prosperando onde você mora ou
mora os vizinhos daquela firma. Isso se dá na padaria, se dará em todas as
empresas que estão no seu bairro. No caso do Ed Motta, ele não fez sucesso
porque não tem sucessos populares e nem a gravadoras lhe viram como uma música
comercial.
Exemplo mais ressente é a Luiza Sonsa – que conheci tocando
violão como a Mariana Nolasco – ela cantava de uma maneira e num outro momento,
evidentemente, sucumbiu a modinha e começou a catar músicas fáceis e rebolativas.
Por quê? Porque, como toda América Latina, fracassa culturalmente por serem colonizados
por republiquetas – reinados vassalos ingleses e franceses – que viam o
catolicismo uma força espiritual e transformou nossa nação em um grande feudo. Claro,
mesmo Portugal tendo todas as riquezas que pegava daqui, não conseguiu
prosperar porque deixaram tudo para os ingleses. Depois, não deixaram nem
construir escolas e nem construir indústrias, que atrasou o progresso
brasileiro. O que mais exportamos de propaganda vinda daqui? Carnaval, samba,
florestas e comunidades dos morros cariocas. Não é uma questão de direita ou
esquerda, é uma questão de gostar de onde você nasceu e viveu a sua vida
inteira. As meninas latino-americanas aprenderam desde cedo a serem famosas
pelo corpo, a serem pessoas que não gostam de estudar ou de ler nada.
Raul criticava isso, criticava um Brasil que não ia e não acordava.
Qual crítica musical Ed Motta fez? O tio dele passaria vergonha.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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