terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Chomsky e a liberdade de expressão

 




Noam Chomsky – filósofo da linguagem – disse em uma das suas obras:


"Goebbels era a favor da liberdade de expressão para os pontos de vista que ele aprovava. Assim como Stalin. Se você é realmente a favor da liberdade de expressão, então você é a favor da liberdade de expressão precisamente para as opiniões que você despreza. Caso contrário, você não é a favor da liberdade de expressão."

 

Esse é um conhecido paragrafo de Chomsky para os defensores da liberdade de expressão – e se eu não me engano, até mesmo, o Monark citou Chomsky em um podcast – e os argumentos que eles usam para interpretar esse parágrafo, é bastante problemático. Nitidamente, Chomsky esta dizendo como a liberdade de expressão passa por valores que se acredita e o que não se concorda, achamos que aquilo não se pode ser dito. Por isso mesmo – podemos usar esse parágrafo do filósofo – tem a questão da notícia falsa, porque qual iria ser o critério disso dentro daquilo que se chama de mentira ou verdade? Porque tudo que passa na sua linguagem, são os valores que você acredita e Chomsky mostra isso muito bem quando ele usa o exemplo do Goebbels e do Stálin.

Goebbels era nazista e como nazista, não podia achar bacana, uma pessoa virar e dizer que era contra a matança de judeus ou outras minorias. Como chegar num Stálin, e dizer que não concordava com o jeito que ele governava a URSS – que aliás, aconteceu com Trotsky e outros do partido dele – você acabaria num gulag. E não pense que nas democracias não tinham esse tipo de coisa, tinham e tem muito disso. Só porque eu fui contra uma determinação do serviço de vans adaptadas aqui de São Paulo – na gestão Fernando Haddad (PT) – e eu e minha noiva fomos perseguidos políticos até acabar a gestão dele. Vans quebradas, motoristas que não esperavam, minha noiva teve pneumonia porque ficou na garoa e outras coisas que aconteceu. Será que concordam com a política de Stálin? Não sei. Mas, minha noiva teve consequências até hoje onde as pessoas ainda acham que os extremos são importantes, porque há um interesse naquilo e a agenda segue, independente, daquilo que podemos ou não falar.

Daí cairmos em Popper e seu Paradoxo da Tolerâncias, porque sendo tolerantes com os intolerantes, eles vão usar essa tolerância para caça meu direito de me expressar. Por que eu não poderia concordar com a gestão petista? Por que eu não posso ser contra o governo Bolsonaro? O próprio povo acaba sendo o próprio carrasco, cancelando ou até mesmo, escrevendo comentários que no fundo não sabem o que estão dizendo. O nazismo matou pessoas como eu em câmaras de gás, sem acharem que iriam morrer. Assim como o socialismo dos sovietes, pessoas como eu eram mortas ou viviam na pobreza extrema e morriam. Claro, quando você estuda, você faz algumas distinções importantes. O nazismo era um projeto de extermínio genocida, o socialismo são consequências daquele governo.

 Ora, e o tolerante que tolerou o intolerante, devemos tolerar ele? Alguns chamaram o Monark de nazista, outros disseram que ele era só um moleque burro. Vendo a educação como eu vejo – a esquerda não pode dizer nada porque foi governo e não fez nada – não me surpreende falas como do Monark ou essas falas que povoam a internet, porque temos uma escolarização vagabunda e que é tecnocrata que pensa em “ser alguma coisa”. Daí não temos ética, não temos pessoas que conhecem nossa cultura ou a cultura humana, não conhece nada histórico. Porque não formamos cidadãos, formamos técnicos e a escola fica chata. Todas as nossas figuras históricas ficam desnudas, toda a nossa cultura prezou tanto a verdade, que entramos num niilismo completo. Ai Nietzsche alertou como seria o povo alemão e deu no que deu, porque tiraram a religião, tiraram os valores milenares e não restou nada. E assim, o nazismo preencheu esse buraco.

Como diz no filme Matrix – se eu não me engano, é uma fala de Morpheus – nem todo mundo está preparado para ver a verdade. Nem todo mundo está pronto para sair da caverna. Jesus mesmo disse, muitos serão chamados, mas poucos serão os escolhidos. Esses escolhidos eram os preparados para sair desse mundo ilusório sem entrar nesse niilismo, foi essa mesma coisa, que Nietzsche chamou de “além do homem”. Aquele que ama a vida e passa por ela sem maiores problemas.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior 

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