Noam Chomsky – filósofo da linguagem – disse em uma das suas obras:
"Goebbels era a favor da liberdade de expressão para os pontos de vista que ele aprovava. Assim como Stalin. Se você é realmente a favor da liberdade de expressão, então você é a favor da liberdade de expressão precisamente para as opiniões que você despreza. Caso contrário, você não é a favor da liberdade de expressão."
Esse é um conhecido paragrafo de Chomsky para os defensores
da liberdade de expressão – e se eu não me engano, até mesmo, o Monark citou Chomsky
em um podcast – e os argumentos que eles usam para interpretar esse parágrafo,
é bastante problemático. Nitidamente, Chomsky esta dizendo como a liberdade de expressão
passa por valores que se acredita e o que não se concorda, achamos que aquilo não
se pode ser dito. Por isso mesmo – podemos usar esse parágrafo do filósofo –
tem a questão da notícia falsa, porque qual iria ser o critério disso dentro
daquilo que se chama de mentira ou verdade? Porque tudo que passa na sua
linguagem, são os valores que você acredita e Chomsky mostra isso muito bem
quando ele usa o exemplo do Goebbels e do Stálin.
Goebbels era nazista e como nazista, não podia achar bacana,
uma pessoa virar e dizer que era contra a matança de judeus ou outras minorias.
Como chegar num Stálin, e dizer que não concordava com o jeito que ele
governava a URSS – que aliás, aconteceu com Trotsky e outros do partido dele – você
acabaria num gulag. E não pense que nas democracias não tinham esse tipo de
coisa, tinham e tem muito disso. Só porque eu fui contra uma determinação do
serviço de vans adaptadas aqui de São Paulo – na gestão Fernando Haddad (PT) –
e eu e minha noiva fomos perseguidos políticos até acabar a gestão dele. Vans quebradas,
motoristas que não esperavam, minha noiva teve pneumonia porque ficou na garoa
e outras coisas que aconteceu. Será que concordam com a política de Stálin? Não
sei. Mas, minha noiva teve consequências até hoje onde as pessoas ainda acham
que os extremos são importantes, porque há um interesse naquilo e a agenda
segue, independente, daquilo que podemos ou não falar.
Daí cairmos em Popper e seu Paradoxo da Tolerâncias, porque
sendo tolerantes com os intolerantes, eles vão usar essa tolerância para caça
meu direito de me expressar. Por que eu não poderia concordar com a gestão petista?
Por que eu não posso ser contra o governo Bolsonaro? O próprio povo acaba sendo
o próprio carrasco, cancelando ou até mesmo, escrevendo comentários que no fundo
não sabem o que estão dizendo. O nazismo matou pessoas como eu em câmaras de gás,
sem acharem que iriam morrer. Assim como o socialismo dos sovietes, pessoas
como eu eram mortas ou viviam na pobreza extrema e morriam. Claro, quando você estuda,
você faz algumas distinções importantes. O nazismo era um projeto de extermínio
genocida, o socialismo são consequências daquele governo.
Ora, e o tolerante
que tolerou o intolerante, devemos tolerar ele? Alguns chamaram o Monark de
nazista, outros disseram que ele era só um moleque burro. Vendo a educação como
eu vejo – a esquerda não pode dizer nada porque foi governo e não fez nada – não
me surpreende falas como do Monark ou essas falas que povoam a internet, porque
temos uma escolarização vagabunda e que é tecnocrata que pensa em “ser alguma
coisa”. Daí não temos ética, não temos pessoas que conhecem nossa cultura ou a
cultura humana, não conhece nada histórico. Porque não formamos cidadãos,
formamos técnicos e a escola fica chata. Todas as nossas figuras históricas ficam
desnudas, toda a nossa cultura prezou tanto a verdade, que entramos num niilismo
completo. Ai Nietzsche alertou como seria o povo alemão e deu no que deu,
porque tiraram a religião, tiraram os valores milenares e não restou nada. E assim,
o nazismo preencheu esse buraco.
Como diz no filme Matrix – se eu não me engano, é uma fala
de Morpheus – nem todo mundo está preparado para ver a verdade. Nem todo mundo está
pronto para sair da caverna. Jesus mesmo disse, muitos serão chamados, mas poucos
serão os escolhidos. Esses escolhidos eram os preparados para sair desse mundo ilusório
sem entrar nesse niilismo, foi essa mesma coisa, que Nietzsche chamou de “além do
homem”. Aquele que ama a vida e passa por ela sem maiores problemas.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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