"A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro."
Herbert Spencer
Nessa altura, todo mundo sabe que um apresentador de um dos
maiores podcast do Brasil, Flow podcast, disse que se deveria existir um partido
nazista no nosso país. Já é muito problemático nosso povo acreditar que exista
uma suposta raça humana – suposta porque biologicamente somos uma espécie única
– superior de outras, tanto mais achar que não se é fruto de várias etnias.
desde os negros – que de lá começou a humanidade – até os índios ou indígenas,
passando por europeus e asiático, somos uma etnia ainda em construção. Mas, não
dá para tolerar pessoas que pensam que pessoas sejam mortas porque você não concorda
ou com as ideias, ou com a maneira que ela se comporta, apenas eliminando elas.
Seja num regime nazista, seja num socialismo. Mas, ainda sim tem uma certa diferença,
pois, o socialismo é uma ideologia social – que, talvez, só fosse uma ideia – o
nazismo foi um projeto de extermínio e é perigoso que tenha adesão. Pois, não matou
só judeus, mas outras etnias e pessoas como eu, com alguma deficiência. Quantas
vezes no Orkut, tínhamos que bloquear essa gente dizendo que deveríamos ser
trancados nas Apaes da vida?
Por muito tempo – um tempão mesmo – eu acreditava que as
pessoas deveriam ter liberdade e eu vi um problema: as pessoas não sabem ter
liberdade, pois querem ser comandadas. Ainda mais a nossa cultura – que não tem
nenhuma escolarização de qualidade – acreditar que as coisas se resolvem imediatamente.
As coisas não são tão simples assim. Na verdade, ninguém tem a menor ideia como
o socialismo e nem o nazismo começaram, porque são ideias coletivistas e
esquecem o indivíduo. Só que tem uma pequena diferença: primeira coisa, que o
socialismo é uma ideologia e o nazismo é um projeto de extermínio. O extermínio
e as fomes que tiveram nos regimes socialistas – que aconteceu – são uma
consequência de um regime que errou e criou ditaduras que não virou um comunismo.
Não se teve sociedade comunista. E existem vários tipos de comunismo, o nazismo
é uma ideia só.
Nossa cultura já foi construída em cima de racismo e formas
de supremacia – mesmo que os portugueses tinham certa tolerância, até aquilo
que interessavam a eles – como tratar negros e indígenas como inferiores, que ainda
acontece, a questão sempre é delicada. Mesmo o porquê, o Brasil sempre foi uma nação
contraditória que, de um lado pode acontecer um pancadão (funk carioca), de outro
pode ter um pastor pregando e isso faz da sociedade brasileiro algo peculiar e
ao mesmo tempo, cria intolerância de grupos que acham que a sua moral tem que
prevalecer. A meu ver, essa adaptação não é espontânea no sentido de aceitação voluntária,
mas, uma imposição de grupos que tomaram poder onde o estado deixou brechas. E essas
brechas – como poder comunitário – se tornam imposições.
Ora, em várias vezes, vi que essas imposições não são diferentes
do que ditaduras e essas ditaduras se impõem. Como a algum tempo, temos notícias
que traficantes evangélicos não toleravam outras matrizes de religiosidade na
comunidade, como uma ditadura. Como em outras ocasiões, pessoas impunham religiosidade,
ideologias (seja de esquerda ou direita) – como uma pessoa entra numa livraria
e joga no chão uma prateleira de livros da biografia do ex-presidente Lula ou
petistas invadindo uma igreja católica em menção a morte do congolês do Rio de Janeiro – ou até mesmo, o fenômeno de impor um conceito científico. Porque o Brasil
é carente de alguma coisa – que ainda não identifiquei – que fazem o brasileiro
querer sempre seguir um grupo ou um líder. E isso é muito notório. Só vê nas
redes sociais.
E nessa gama de seguir ideologias e algo, as pessoas
escolhem – principalmente, os mais jovens – em escolher ideologias que seguem
um padrão de liberdade total. Os ANCAPs (anarcocapitalistas) pregam – quase como
uma seita – que a liberdade tem que ser total, que, a meu ver, não existe hoje
e esse é o ponto. Se os libertários têm como base a ética e pode diferenciar
daquilo que é ideal e aquilo que é real, um ANCAP não diferenciam daquilo que é
ideal e aquilo que é o real. Acontece o que aconteceu com o Monark, ele troca
aquilo que ele como ideal aquilo que é real. Mesmo libertário, eu sei que não estou
num mundo libertário e sei que não devemos incentivar nenhuma ditadura, nenhuma
ideologia nociva e nada que possa ameaçar comunidades inteiras, que como disse,
já são ameaçadas.
Para terminar o Paradoxo do Tolerante de Karl Popper:
"A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles. —Nessa formulação, não insinuo, por exemplo, que devamos sempre suprimir a expressão de filosofias intolerantes; desde que possamos combatê-las com argumentos racionais e mantê-las em xeque frente à opinião pública, suprimi-las seria, certamente, imprudente. Mas devemos-nos reservar o direito de suprimi-las, se necessário, mesmo que pela força; pode ser que eles não estejam preparados para nos encontrar nos níveis dos argumentos racionais, ao começar por criticar todos os argumentos e proibindo seus seguidores de ouvir argumentos racionais, porque são enganadores, e ensiná-los a responder aos argumentos com punhos ou pistolas. Devemos-nos, então, reservar, em nome da tolerância, o direito de não tolerar o intolerante. Devemos exigir que qualquer movimento que pregue a intolerância fique fora da lei e que qualquer incitação à intolerância e perseguição seja considerada criminosa, da mesma forma que no caso de incitação ao homicídio, sequestro ou tráfico de escravos".
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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