Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Quando se fala de música, se fala de estética e quem começou com a análise da arte foi Aristóteles. Mas, indo mais afundo dentro da nossa cultura e da nossa própria arte – construída por elementos vindo da colonização e vindo das outras migrações – podemos dizer que temos uma arte eclética no sentido de caber elementos mundiais. Como o samba e afins terem vindo com os africanos, a viola e o sertanejo ter vindo com a cultura dos trovadores medievais portugueses. A América, num modo geral, tem elementos de outras culturas por causa de sua colonização – como tem uma cultura própria com os indígenas que aqui se encontravam, e muito, se mesclaram com nossa própria cultura – e assim, nasce as músicas, a literatura e outros modos de se expressar dentro de um povo. Mas o Brasil sempre foi uma cultura a parte, ou por ter um território quase continental, ora por ter vários povos dentro de uma nação só. Isso ajudou a ter elementos diversos e de caráter único dentro de uma cultura – como, também, aconteceu com o império romano na Europa ou nas invasões germânicas.
Mas, como disse, elementos começaram germinar uma outra
coisa dentro da cultura brasileira. Anos 70 com a liberação sexual – que,
parcialmente, chegou no Brasil de um jeito escondido – deu ao mundo muito mais
liberdade dentro da arte e da música. Dentro do rock – uma mistura de folk e blues
com pitadas de jazz – as batidas começam a ter mais agressividade e a questão das
letras são muito mais de quebrar alguns tabus. Outras formas musicais vão surgindo
como a discoteca, como o eletrônico e como o funk. Só que esse funk não é o
funk que temos – como nos foi apresentado – o funk norte-americano, talvez,
tenha sido uma outra vertente criada pelos negros americanos para reagirem ao
rock ou é um derivado dele. Hoje – ironicamente – o rock tem cara de burguês e de
tiozinho reaça da piada do pavê, segundo os jovens de hoje do “todes”. Por outro lado, não é uma crítica dentro do
espectro só dos jovens – sendo o João Gordo muito mais velho ou muito amigos
meus roqueiros e metaleiros – também é uma crítica aos roqueiros que tem como
base, a essência crítica e libertadora do rock dentro do cenário musical. Sobre
isso temos que fazer uma análise.
O rock foi inventado dentro das comunidades pobres negras do
subúrbio das grandes cidades dos Estados Unidos e eram músicas que questionavam
o sistema, seja ele qual for. Portanto, não interessa o sistema que esteja
vigorando, ele vai ser contra e questionador e se for de esquerda e não estiver
como pauta ajudar e melhorar o povo, ele vai questionar. Essa coisa de “tiozinho
reaça” ou “tiozinho revoluça” é besteira, porque na essência, o rock nasce antissistema
na origem e é anarquista. Ponto. Mesmo que alguns não sejam em suas vidas
pessoais, no palco é uma outra coisa acontece, uma catarse de expressar a revolta
contra o sistema. Qual o sistema vigente? O politicamente correto. O falso
moralismo. A falta de ética e moral.
Aí está a fronteira entre a crítica e a banalização. A crítica
não tem como apelação o modo visual ou palavras de cunho pejorativo explicito,
outra coisa, a crítica nunca vem do que o povo (a grande maioria) acredita. Ou seja,
uma Pitty colocar “o homem é o lobo do homem” numa música é diferente da outra
mocinha colocar “minha periquita”. Qual está criticando a questão hipócrita humana?
Talvez, há e havia trovas e poesias que fossem de duplo sentido, ou que faziam
duras críticas do poder, mas, hoje houve uma banalização e uma comercialização da
crítica social. Músicas fáceis para dar um ar de felicidade, um ar de facilidade
num mundo que não admite coisas difíceis ou coisas complexas, não faz mais. Dentro
da filosofia chamamos isso de desconstrução – que são filósofos que desconstroem
conceitos filosóficos e culturais para analisá-los – porque existem coisas que não
fazem sentido dentro da própria cultura inserida ali. Desconstruir um conceito
para construir outro. Ai que esta, conceitos são construídos a partir de outras
coisas além das críticas e além das visões da realidade.
Qual relevância tem uma Anitta, por exemplo, dentro da nossa
cultura? Muitos vão dizer que música é para divertir, até concordo em certo momento,
mas, devemos nos divertir o tempo todo? Não tem um momento de reflexão onde você
começa questionar certas posições dentro da conduta sua dentro da sociedade? Não
é a toa que muitas músicas são criticadas não só por causa de posições morais reacionárias
(como se o rock não amasse a liberdade sexual), mas que ali não há nenhuma
crítica dentro da realidade da grande maioria. Muitos da esquerda marxistas e
dele no geral, vai chamar esse elemento da arte de arte burguesa. Arte burguesa,
segundo eles, é uma arte feita para alienar a grande classe trabalhadora e começar
a ditar visões da realidade. Eu chamo de “bundalismo”. Mas, o que seria o
bundalismo? A meu ver, bundalismo é uma banalização da verdadeira arte de persuadir
e fazer a grande maioria pensar, debater e trazer o conhecimento de uma
realidade muito além daquilo que a música se propõem. Transcendemos o sexo. Por
outro lado, o sexo sempre foi um tabu a ser quebrado, e se tabus devem ser
quebrados, a grande maioria tem sérios problemas de prazer. O funk pancadão
mostra como o prazer desmedido pode trazer a banalidade da arte.
Sim, Freud explica.
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Amauri Nolasco Sanches Júnior
A muito tempo – não sei o porquê – meu pai sempre me pergunta: por que professores, na sua grande maioria, é da esquerda comunista? Talvez, essa pergunta é endereçada para mim, porque ele sabe que gosto de filosofia e sabe que eu gosto de ler (inclusive, nesse mesmo momento estou estudando Karl Marx por causa da matéria desse mês do meu bacharelado), e tento responder. Mesmo o porquê – segundo alguns biógrafos e os livros do próprio – quando se lê Marx, você não vê uma menção muito clara daquilo que todo mundo repete em exaustão. Marx não falou em comunismo. Aliás, os que falaram de socialismo/comunismo são o amigo de Marx, Engels, e os marxistas, o próprio nem desenvolveu uma doutrina definitiva do estado. Que dentro dos estudos marxianos, são um grande buraco em sua obra.
Mas, como responder
uma pergunta dessas com atos, totalmente, subjetivos? Eu estudei a fundo as
obras de Marx e continuo não marxista – como o próprio Marx disse que não era
para seu genro – mas, entendi muitas coisas que nem mesmo os marxistas não entenderam.
Superar o capitalismo não seria o mesmo que aniquilar o capitalismo, pois,
superar não é sinônimo de acabar. Superar seria uma transcendência daquilo que representa
para uma grande maioria, porque, nem sempre o que a grande maioria acredita ser
verdade, é com certeza um fato. Na essência, superar seria vencer alguma coisa
ou uma dificuldade, alcançar a vitória sobre algo a ser superado. Portanto,
superar o capitalismo é vencer o que o capitalismo impõe como condição daquilo
que ele é em sua essência. Ou seja, o capitalismo tem que ser superado na sua
individualidade – que herdou do cristianismo – e ser comunitário em ser social
em uma responsabilidade dentro da sociedade. Como disse, Marx nunca explicou o
que seria seu comunismo e nem a teoria do Estado, como seria instalar o
comunismo. Mas, sabia muito bem, que o socialismo seria uma ditadura do
proletariado. Porém, nunca soube, que o proletariado nesse caso, seria o exército.
No fundo – indo muito além do que fizerem os sovietes russos
– o comunismo seria uma democracia direta com assembleias que decidiriam tudo pelo
voto direto, sem representantes e sem intermediários. O modo de produção seria
por necessidade e não por acúmulo – como acontece no capitalismo – e as pessoas
seriam educadas para usarem aquilo que precisam e não aquilo que seria um mero
desejo. Essa discussão – desde Rousseau – seria, na verdade, sobre liberdade.
nada tem a ver com poder ou o estado, mas, tem a ver com o desejo humano de
querer fazer aquilo que se tem vontade. Marx e os outros partiram da premissa,
que a grande maioria é frágil e não pode escolher sendo levados a terem desejos,
que na verdade, são desejos induzidos. Duvido dessa visão. Mesmo o porquê, já vi
gente exposta a milhares de propagandas e não quiseram aquilo. Eu mesmo, mesmo
exposto a “meque” da vida, sempre comi aquilo que eu quis e aquilo que eu gosto.
O gosto – já foi comprovado cientificamente – é subjetivo.
Mas, onde saiu essa visão? Do homem bom de Rousseau. A discussão
entre liberais e comunistas, são, na maioria, aqueles que dão razão para Rousseau
ou não. O fato é que não existe bem ou mal, existem meios de tratar as outras
pessoas com respeito do mesmo modo, que você mesmo queira ser tratado. Isso é
um ensinamento logico de vários ângulos. De fato, a questão do desejo esta na
escolha da pessoa ir ou não atras da maioria – isso tem a ver com a educação familiar
e os valores passados – porque valores tem a ver com que você quer fazer com eles.
Por outro lado, os valores podem ser mudados e você vê que eles não cabem mais
naquela realidade – quando não causam sofrimento ou outro dano ao outro, como traição
etc. – porque, nem sempre, podemos ser aquilo que os outros projetaram para nós.
Isso se chama: sentimento de culpa. Culpa de não ser um pai que a sociedade
espera, culpa de não ser uma pessoa que a sociedade espera, culpa de não trabalhar
como a sociedade espera e por aí vai. E isso sempre foi muito explorado pelo
poder (leia-se Estado) como um meio de convencer a grande maioria que o trabalho
enobrece o homem. Daí fica a questão: quem gosta de trabalhar sem ganhar aquilo
que é justo? Por que trabalhos enobrecem? A sobrevivência e viver eticamente –
sem ser violento atacando as pessoas ou ferindo – e sem depender de opiniões ou
o que as pessoas pensam ou dizem.
Então, para responder a essa pergunta, temos que responder
se o professor acredita em uma idealização da igualdade – por conviver,
diretamente, com a pobreza – ou se ele acredita que há algo a ser conservado. Acho
que essas duas vertentes – comunismo e conservadorismo – cabem em países conservadores
que tem algo a serem conservados ou mudados. Aqui no Brasil a coisa é bem complexa
e delicada, porque, pior que pareça, nós temos uma cultura peculiar e que
precisa de uma outra coisa para dar certo.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
@amaurinolascos.ju #anarquia #liberdade #cadeirantenotiktok ♬ Anarquia - Pescozada
Concordo com Deleuze – filósofo francês do século passado – dizia que não existe nenhum governo de esquerda, porque não há nenhum governo dentro da esquerda. A esquerda é uma oposição daquilo que está vigente – isso é histórico – e se for governo, ou vira uma ditadura quebrando o estado de direito democrático, ou começa a ser situação. O problema do conceito de direita e de esquerda, é colocar como uma coisa institucional numa solução da assembleia da revolução francesa. Lá teria que ser assim, mas, será que deveríamos adotar como padrão de governo? Será que deveríamos adotar filosofias como soluções? Mas, não é só isso que eu concordo com Deleuze, eu concordo na questão de conceitos e eu gosto dessa definição.
Para ele, conceito é um contorno daquilo que queiramos definir,
seja na realidade imanente (objetiva) ou objetos transcendentes (fenômenos da
consciência imaginativa), que defina uma explicação da realidade que percebemos
e analisamos. Mas, o contorno não seria para dar um destaque a forma? Parece
muito a questão platônica – de Platão – de transforma o termo “idea” – que
queria dizer contorno – e transforma como uma percepção das formas dos seres. Ou
seja, a questão conceitual sempre será uma questão de contornar um objeto para
saber se a análise do problema que ele traz. Uma vaca sagrada é um ser chamado
de vaca – fêmea do touro ou boi – que pode ser considerada sagrada (coisa
santa) por algumas culturas. A demarcação do objeto sagrado é uma demarcação de
conceito sagrado, daquilo que é considerado divino. Assim, podemos dizer, que sagrado
seria um conceito porque contorna aquilo que se chama vaca é um ser sagrada em
determinada cultura.
O conceito esquerda e direita só seria uma demarcação da
questão de ser contra aquele sistema ou ser a favor daquele sistema, que no
geral, não é uma demarcação definitiva. Então, tantos outros conceitos que se
colocam em adversários políticos – que não são inimigos, pois, na democracia
todos deveriam dialogar com todos em debate – que, somente, são contornos para
dar forma aquilo que queremos dizer. Não há em nenhum momento, uma fronteira
que possamos dar por definitivo, que algumas definições de Karl Marx sejam
totalmente erradas ou totalmente certas. Mesmo o porquê, quem estuda filosofia
sabe, que filosofias não são manuais de conduta que deveriam seguir a risca
aquilo ou assado. São análises de uma realidade que pode acontecer
(virtualização), e não pode acontecer. Ou, até mesmo, aquilo pode ser um
desvaneio filosófico. O grande problema – talvez, o maior deles – foi dizer que
tudo tem uma utilidade pratica, que na filosofia, não pode ser uma rotina.
Seria ético modificar a genética de um cavalo só para produzir um unicórnio?
Seria ético trazer de volta a eugenia e produzir o ser humano perfeito, como
queria os nazistas?
A direita sempre me passou uma imagem de pessoas hipócritas
que queriam ser éticas e morais, mas, por outro lado, tinham conceitos errados
sobre as coisas e moralizavam aquilo que não seguiam (traições e putarias
rolavam solto). Por outro lado, a esquerda trata os seres humanos de uma forma
infantil que eles somente, podem livrar a grande maioria do grande mal
capitalista. Porém, eles também consomem e fazem igual a direita faz no
governo. Por isso mesmo, não existe um governo de esquerda e tão pouco,
governos de direita. No Brasil, pelo menos, o sistema corrompe os dois porque
não faz diferença nenhuma. Para o sistema, o importante é o governo alimentar ele
e sempre seguir o algoritmo da pobreza, ignorância e corrupção, pois, um dos
maiores males da nossa cultura foi engendrar a ideia da “vantagem” dentro da
nossa cultura. Eu sei muito bem que o caro leitor não vai gostar – porque nosso
povo não gosta da verdade – mas, não há como mudar se não rompermos muitas
coisas que ora jogamos em um lado, ora jogamos em um outro lado.
Banalizaram tanto o termo comunista (sabem o que é?) quanto
o termo fascista (sabem?). Fora que anarquistas – como João Gordo e afins –
colocaram todo mundo no mesmo patamar dos nazistas, como se todo mundo que
fosse militar (trabalha ou é soldado do exército) fosse nazista ou fascista,
mas, não é verdade. Conheço um monte de pessoas que foram soldados – como o
marido da minha prima – que não me parece que ele seja um nazista ou fascista.
Ai entra o nosso aprendizado histórico mostrando que mesmo os professores de
esquerda, não aprenderam muito sobre o materialismo histórico. Se generais
erraram em achar que fazendo uma intervenção militar, isso não significa, que
todos concordam. Isso se chama generalização de gente mimada e ressentida.
Pessoas que estão bem e procuram informações sabem, que discussões de verdade e
dentro do jogo democrático não se fazem com “apelidinhos” como adolescentes do
ginásio na quinta seria (sim, eu sei que agora é o fundamental).
Como Deleuze disse, não há conceitos fáceis e não há um eu
sem suas circunstâncias, como disse Gasset. Somos a circunstância que nos
cercam, porque somos parte da realidade que nos cerca, sem amarras de outras
coisas. Não somos as outras coisas, somos as circunstâncias que nos cercam. Circunstância
é uma situação, condição ou estado de alguém ou algo em um dado momento,
conjunto de fatos, elementos, qualidades que tem ou se pode ter efeito sobre
uma ação ou o pensamento de alguém. Assim, somos os fatos que acontecem, porque
eles acontecem a partir das nossas ações deliberadas. No fundo concordo ao
mesmo tempo com Gasset e Camus, somos circunstâncias absurdas porque a
realidade são eventos únicos que só nós somos capazes de perceber.
Por que temos que aceitar conceitos de outras pessoas? Por que
temos que ter um lado dentro de tudo? Nem sempre o mundo é feito dos dois lados.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
@amaurinolascos.ju
No último sábado (2/4), se comemorou o dia do espectro autista e houve várias postagens sobre. Num site de notícia, noticiou que o apresentador Marcos Mion, bloqueou uma autista porque não concordou com os dizeres dele sobre o autismo. E, segundo quem segue seu grupo sobre o tema e quem segue ele, não é o primeiro bloqueio que sofrem. Várias pessoas com autismo têm relatado que só discordar dele, começam ser bloqueados e isso me faz lembrar, que já levantei várias vezes o tema sobre a Síndrome da Mãe Especial. O que seria isso? Por vários anos – isso venho vendo desde quando eu era jovenzinho – muitas mães demonstraram quase uma coisa neurótica de proteção que beira a esquizofrenia. Talvez, proteger seja uma coisa, achar que seu filho é uma coisa sua e que você sabe o que é melhor – ninguém sabe, nem nós mesmos – para ele, mas, não sabe não. Muitas vezes, para ele não sofrer – como se o sofrimento fosse uma coisa fora da realidade – mas, o sofrimento faz parte do amadurecimento de cada um.
Inúmeras vezes eu escrevi e disse em vídeo – até mesmo,
tenho um livro a respeito – que isso começa com o médico, com um ambiente de velório
(bem do naipe de um poema do Edgar Allan Poe), que o filho vai depender deles o
resto da vida. Deve ter a matéria “bola de cristal” no curso de medicina, mesmo
o porquê, a ciência não funcionam assim. Não tem que prever nada, só dar o diagnóstico.
Muito pior que a Síndrome da Mãe Especial é a Síndrome do Coitado, morreu virou
“Santo”, nasceu com deficiência virou coitado, perdeu os movimentos virou
coitado, e por aí vai. E muitos gostam, porque somos esquecidos em todo tempo, e
a vaidade bate em nossa porta o tempo todo quando, por um momento, somos
reconhecidos. Mion não é um deus do Olimpo, tem seus defeitos, tem suas inseguranças
e tem que lhe dar com essas inseguranças a todo tempo. Mas, se esconde da
realidade e da diversidade não só do autismo, mas de toda deficiência (na
minha, paralisia cerebral, existe vários graus).
Por outro lado, Mion tem que ir além do grau de autismo do
seu filho e entender que as opiniões não são unanimes e que na diversidade do
mundo PCD, não há lugar para heroísmo e sim, para sermos tratados como pessoas.
Por isso mesmo, colocaram PESSOAS com deficiência. Mais do que isso, somos
seres humanos como qualquer ser humano – temos todos os atributos genéticos da espécie
homo sapiens – então, a questão da deficiência não vai fazer que sejamos diferentes
geneticamente, só com características diferentes. Mesmo com as síndromes como a
síndrome de down (dois cromossomos 23) e outras síndromes, não faz deles outra espécie
de hominídeo ou símio. A questão é: esse tipo de visão é uma visão biológica (como
enxergar aquele ser como um diferente da espécie) ou é uma visão construída dentro
da cultura humana? Um pré-conceito sempre é construído através de medos de
coisas diferentes daquilo que estamos acostumados – como se encontrarmos ou
mantermos contato com outros seres inteligentes, daí o medo de invasões – e se
coloca como uma rejeição legitima. Como já acontece e isso a séculos.
Estamos vivendo em círculos e não estamos evoluindo enquanto
cultura, porque ficamos acomodados em uma era que pensamos ter liberdade. Chamarei
de Era da Bunda ou o Bundalismo selvagem, onde se começa a glorificar o que é
banal em nome da ostentação daquilo que não é e aquilo que não tem. Penamos para
tirar o monopólio da informação das grandes mídias, mas, transformaram a
internet numa grande televisão anos 80 ou 90. Uma grande banheira do Gugu ou um
grande Programa do Ratinho, onde as pessoas fazem de tudo para terem likes e
para adorar os mesmos ídolos que sempre alertamos que são só imagens daquilo que
não são. Mion não é um ser espiritual ou um deus, como já disse, ele mostrou
que ele é pai de uma pessoa com deficiência como todo pai, quer proteger ele,
quer que ele não veja o que ele não vai poder fazer. Não quer que ele sofra,
mas, inevitavelmente, ele vai sofrer. Como toda pessoa com deficiência sofre e
ainda, sofre mais com a superproteção exagerada e quase psicopata da família das
pessoas com deficiência.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
A questão de ser influencer – segundo nossa imprensa – não há
problema. O problema é o tipo de discurso que se opera e se quer compartilhar –
no sentido de passar alguma coisa – que, em resumo, se limita em fofoca, desgraça
alheia e bundas e peitos (além de ostentação de coisas que, talvez, nem seja
deles). Acabo, nesse momento, de gravar uma barata morta no meu quarto – que de
dia se transforma em meu escritório – e disse que aquilo não era uma barata e
sim, um dinossauro. Será que viraliza? Claro que não. Se um youtuber do naipe
do Felipe Neto fizesse, iria bombar e no outro dia a imprensa diria: “Felipe Neto
reclama da barata em sua casa” ou, “barata invade casa de Felipe Neto, entenda!”.
A questão não é o que falam, mas, quem está falando e como está falando. A minha
barata não tem valor nenhum, por outro lado, a barata de alguém famoso tem.
Esse experimento – que adoro fazer – mostra que as pessoas gostam
de ostentar até mesmo quem elas assistem. Temos uma cultura que adora ter uma
turminha e pertencer de algum lado da história e isso, percebo desde quando me conheço
como gente. Desde muito novinho as pessoas diziam que nós com deficiência
deveríamos casar-nos com pessoas como nós – existem famílias que não aceitam
nem isso – pois, cada aparência tem que combinar com aquilo que aparenta alguém.
Amigos meus se casaram com pessoas sem deficiência, com deficiência e se
divorciaram e nem por isso, deixaram de ser pessoas subjetivas e individuais. Aí
eu tenho uma dúvida que não me sai da cabeça a muito tempo: o porquê se tem
tanta necessidade de pertencer a uma turminha? O porquê a necessidade de
pertencer a uma ideologia ou religião, ou, até mesmo, uma posição? Eu não sou
de esquerda ou de direita porque entendo a política como uma contradição de
interesses, devido ao fato das exigências sociais do momento. E religião –
mesmo lendo e respeitando o espiritismo, budismo ou o yoga – não tenho nenhuma,
pois, acho que há uma diferença enorme entre religião e espiritualidade (que a
grande maioria não enxerga).
Na verdade, a questão do mendigo pop, sempre foi por causa da
nossa cultura católica. Sempre ter “pena” daqueles mais pobres, mas, pobreza ou
não, nunca foi medida de caráter. Como deficiência e tal, pois a questão
do caráter sempre foi uma questão além das aparências e sim, está nas atitudes
e nas intenções. As intenções – sendo kantiano ou não – são a medida perfeita
para medir o caráter das pessoas, que, talvez, tenham intenções além daquilo
que dizem. Mas, por outro lado, tem a ver com os valores que recebeu. Isso se
chama educação e a educação – não a escolarização – vem da nossa cultura. Ou os
políticos vieram de Marte? Ou a grande elite veio de outras culturas?
A grande bobagem que fizeram é fazerem aquela propaganda que
o jogador enfatizava a vantagem, pois, crescemos com uma cultura que até mesmo pertencer
em determinado grupo, se ostenta. No século dezenove a nossa elite que fazia
isso, era chamada de rastaquera pelos franceses, porque ostentava o luxo,
pensavam que eram europeus e nem sabiam falar (como até hoje). Por outro lado,
o trágico-cômico dessa história que não estamos falando da elite e sim, pessoas
que ostentam aquilo que não são ou não tem. Quem tem dinheiro para viajar toda
hora? Quem tem dinheiro para se encher de bugigangas que nem vão usar? Não vi
nenhum desses influencers lerem um livro ou dizendo coisas importantes para
alertar de verdade ou jovens e sim, só a gana de ficarem famosos e não serem
diferentes daqueles mesmos artistas que tanto criticam. Reinaldo Gianechini não
errou em dizer que o pessoal não gosta de estudar, porque não gostam, não leem,
não fazem nada para aumentarem seu conhecimento. Também culpa da nossa cultura,
culpa da nossa educação que não incentiva a leitura. Incentiva ao povo serem medíocres
e quererem coisas que não serve para nada, não pensar, não fazer uma reflexão de
verdade no seu próprio mundo.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
@amaurinolascos.ju #barata #dinossauro #tiktok #cadeirante #socorro ♬ som original - Amauri Nolasco S. Ju
Existem vários opositores ao socialismo comunista – porque, sim, a meu ver, houve socialismos de extrema direita – que colocam a culpa em Karl Marx para opinar aquilo que não são. Ora, não há como culpar um filósofo por aquilo que fizeram com seu livro, como se fosse um manual. Livros de filosofia são livros e não manuais de conduta ou, “balas de prata” (formas rápidas) de se mudar o mundo e a sociedade, como se houvesse uma maneira rápida e simples de entender uma época. Talvez, Marx não tenha podido analisar as mudanças que o capitalismo poderia mudar ao longo do futuro (dele e da sua época), como avanços tecnológicos e econômicos. Politicamente, a questão de revoluções é desastrosa no sentido de mudanças drásticas de coisas que você só muda por meios educacionais. O que seria educar? Será que, ao invés, de se podar as crianças de perguntar, não se deveria incentivar elas a isso?
Nas Teses sobre Feuerbach, Marx termina com a frase que <<
Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas.
O que importa é transformá-lo.>>. Para analisar essa frase, primeiro
temos que explicar o que é um conceito. Conceito
é uma definição, concepção ou caracterização. É uma formulação de uma ideia por
meio das palavras ou de algum recurso visual. Na filosofia, podemos dizer que,
conceito é uma representação mental e linguística de um objeto concreto ou
abstrato, significando para a mente esse mesmo objeto no processo de identificação,
classificação e descrição dele. Ora, quando esse conceito tem uma contemplação como
essência, um conceito pode definir a natureza de uma entidade. Gosto da definição
de Deleuze que, a meu ver, volta na questão platônica de “idea”. Deleuze considera
conceito como um contorno, a configuração, a constelação de um acontecimento
por vir. Isso é evidente ser um conhecimento, mas, é um conhecimento de si, e o
que ele conhece, seria o puro acontecimento que não se confunde com o estado de
coisas nas quais se encarna.
Assim, quando lemos a frase de Marx e refletimos, podemos
ver que ele reflete sobre o papel do filósofo dentro da sociedade. Esse “interpretar
o mundo” me faz ver que ele tinha uma visão do filósofo como se ele interpretasse
de forma teórica temas que, na sua visão, seriam práticas. Ora, voltamos aos
primeiros filósofos e podemos dizer que estamos falando de uma amizade do
saber, e como amigo, se tem conversas e tem um conhecimento do outro como
afinidade de amizades. Os gregos, ainda, consideravam amigo como um potencial
amante, pois, o homossexualismo não era, moralmente, repreendido. No caso da
filosofia (philiasophia), poderemos dizer, que essa amizade pode virar amante. Marx
se esqueceu que um filósofo não interpreta nada, porque ele faz uma reflexão de
fatos e não de não-fatos, ou seja, o “os filósofos se preocuparam em
interpretar o mundo” é uma visão pratica da filosofia.
Filosofia não pode ser só teórica ou só prática – remontando
o argumento aristotélico – se deve teorizar o problema em exercícios mentais
(conceitos) e depois escrever essas ideias (dar forma) para passar o que você pensou
e até mesmo, usar do discurso para demonstrar. Acontece, que não se preocupamos
em interpretar nada, nós usamos os fatos e os conceitos, ora para deliberar um
problema para solucionar ele (num modo amplo), ora para criar conceitos para modificar
aquilo que não está certo dentro da moral vigente. Não estamos interpretando a
realidade, estamos tentando entender – como ele próprio fez – a mesma realidade
que todo mundo nem raciocina direito. Ora, a filosofia assim como o filósofo, não
tem que mudar nada, mesmo o porquê, as mudanças só acontecem no modo de educação
e mudança de paradigma de algum pré-conceito ou de algum conceito que ainda,
fora de época, permeia o debate público. As mudanças não vêm com armas ou com convulsões
sociais radicas, vem com a conscientização de uma determinada classe dentro do
escopo social onde estamos inseridos.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Givaldo ganhou uma tatuagem em sua homenagem — Foto: Reprodução/TV e Facebook |
Segundo seu discípulo, Epicteto teria dito: "não são acontecimentos que perturbam as pessoas, são seus julgamentos a respeito deles". Ou seja, o julgamento moral que se faz de um acontecimento pode te atormentar muito mais, do que o acontecimento em si mesmo. O tatuador de Mogi das Cruzes, tatuou na sua perna o rosto do morador de rua – mendigo pegador para outros – Givaldo Alves, por ele ser pego no carro com a esposa do personal treinner. A questão que se levanta é: por que não se fala da mulher que, com seus transtornos psicológicos – que claro, especialistas de redes sociais não acreditam – está sendo exposta com essa história toda? A questão que o Givaldo errou em expor ela, expor a situação e o tatuar incentiva uma coisa errada ser a certa. Muitas vezes, acho que a “chave” moral do Brasil é invertido ou temos um povo ressentido, onde não se pode estudar e nem ser algo na vida e ficam achando representações da classe pobre num suposto poder.
Acredito que o termo “representação” resume muito a questão que
vamos avaliar. Porque, numa ideia de se sentir representado, muitos membros das
minorias, acabam caindo na armadilha do populismo achando que estão sendo
representadas. Será mesmo que estão? A frase: “uma mão no volante e outra no
carinho” conota uma forma poética num ato cafajeste da forma que o carro tem
uma conotação de poder, pois, uma “mão no volante” tem a denotação de direção,
de saber o caminho e como mudar a direção. Mas, que direção? Direção que
conseguiu ter uma mulher que nunca conseguiria? Daí vamos numa outra consideração,
porque a imagem do morador de rua, transando com uma mulher bonita e mulher de
um sujeito que é a imagem majoritária do homem desejado. Aí cai a pergunta:
desejado por quem? Por homossexuais? Porque, pelo que eu estudei – não sei se
os estudos batem – mas, as mulheres não têm nenhuma conotação visual. A mulher
tem que ser convencida e não vai no modo visual, no modo que os homens vão.
Isso me fez lembrar de um filósofo da escola cínica – além de
Epicteto o estoico – o Diógenes de Sinope (ou O Cão), que ficava nas ruas
gregas morando num vaso grande (que alguns chamam de barril). Ele se masturbava
na rua (seu mestre transava com a mulher
na rua), ele cuspia na cara dos ricos, adorava ficar refutando Platão, e até
mesmo, pediu para Alexandre Magno sair da frente do seu sol. Diógenes tinha uma
filosofia peculiar que era o cinismo (que se definiu como um dos braços da
filosofia socrática), que via as coisas mundanas como problemas e viviam na rua.
Há uma diferença – falando do mundo contemporâneo – entre mendigo e morador de
rua, porque morador de rua tem a escolha, mendigo não. Diógenes morava nas ruas
porque sua filosofia assim dizia – muito parecida com os brâmanes hindus ou os cristãos
primitivos – e assim, poderia dizer que não poderia se apegar a nada. Hoje,
temos o estoicismo moderno onde o desapego tem uma outra conotação – mais ou
menos, de não ficar ansioso – e nada tem a ver com o desapego.
Muito se especula se tais filosofias não vieram do oriente, já
que a Grécia mantinha bastante comercio de produtos do oriente e muito filósofos
– dizem ate Platão – foram até o oriente. Porque suas doutrinas parecem muito
com a noção do budismo indiano e o taoismo chines, que temos que desapegar das
coisas materiais e se ligar nas coisas do próprio ser. Afinal, não haveria nenhuma
separação entre mim e a realidade onde estou, assim, cada coisa nessa realidade só
é um simbolismo para definirmos o que seria aquilo. Não há, para os taoístas, diferença
entre mim e uma maçã, porque ela só é um símbolo para definir aquilo que estou comendo.
Assim, como, não há diferença se Deus existe ou não, porque não vou conseguir
provar e ao mesmo tempo, ele pode ser tudo ou nada. O nada não existe, pois, tudo
está contido em tudo.
Essas noções fazem sentido? Não sabemos. Mas, o caminho da
felicidade e da verdade sempre foi o caminho da preponderância e equilíbrio,
porque tudo que é demais faz sempre mal. A natureza consiste em equilíbrio,
como pétalas certas para uma flor, asas certas para o inseto, patas certas para
um cachorro e temos capacidade de perceber isso. Quando foi que o ser humano
perdeu isso? Me parece que o mundo pós-moderno perdeu a noção ética em nome do
dinheiro, em nome de se construir um nome e um ser que não existe. a existência
se limitou na racionalidade cartesiana, mas, a consciência vai muito mais além do
que a racionalidade. Somos um conjunto de sentimentos, desejos etc., que nos
fazem tomar decisões. O grande problema, me parece, é a ilusão moral e realista
de uma realidade que não existe. Como no filme Matrix.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
A primeira pergunta que a filosofia tentou e ainda tenta, responder, foi: o que é a realidade? Porque, é muito estranho animais não tenham nenhuma noção do mundo que vivemos e nós, temos essa noção. As primeiras tentativas de interagir com a realidade foi através de pinturas nas cavernas – muito pesquisadores, teorizam ser primeiras tentativas de religiosidade e outros, claro, contestam – e assim, mostrar que aquela visão ou aquelas lembranças, ficariam marcadas naquelas paredes para sempre (ou até nosso planeta durar). Depois se criou mitos e deuses que eram os fenômenos da natureza, mas, não satisfeito, o ser humano sempre buscou conhecer essa realidade e saber se ela teria uma finalidade. No ocidente se viu e se imaginou que teria uma explicação racional, no oriente, não há separação entre essa realidade e nós. Que, particularmente, eu concordo. A realidade pode ser feita dentro daquilo que decidimos fazer, nossas ações sempre vão ter as consequências delas e isso é tudo na natureza.
Hoje, com nosso mundo virtual, as pessoas se tornaram especialistas
daquilo que eles não leram. E entramos na política como meio de realidade de
uma vida, essencialmente, mais prática e menos teórica. Ou a arte da demagogia?
Filósofos gregos já diziam isso, pois, depois da morte de Sócrates por indução ao
suicídio (fizeram tomar uma taça de cicuta) muitos deles desacreditaram da política.
Mas, há vários problemas ai. Primeiro, a pergunta teria que ser: se a política
administrativa – não a socialização humana de construir sociedades – não é uma
coisa natural, por que ela foi inventada? Porque, muito antigamente quando o
ser humano era nômade, não tinha reis e nem governantes para reger as várias
sociedades, e não se sabe o porquê – existem várias hipóteses – isso aconteceu.
Muitos começaram a analisar reinados e governo, mas, não se tem uma análise de
um possível começo. Mesmo o porquê, é muito estranho seres humanos preferirem
perda de liberdade a não ser, a liberdade de um ser humano mais consciente dos
seus atos.
Segundo, nosso povo não teve uma educação histórica muito bem-feita.
Uma: sendo um país que gosta de praticar e não estudar – a maioria brasileira
detesta ler – não se tem paciência de analisar programas políticos e procurar
as coisas na internet. Duas: não há alma viva que tenha lido todos os autores
que tanto criticam (incluindo, Paulo Freire), porque detestam estudar e por
detestarem estudar ficam dizendo que é melhor ler a bíblia do que ir para uma
universidade. Só que, ouvi o evangelho de um pastor ou padre, é muito diferente
do que ler diretamente ele. Vivemos na era da ignorância com uma ferramenta de
conhecimento gigantesca e ainda, as pessoas querem ficar nas catacumbas da ignorância.
E nem acho, como muitos intelectualóides, que é um problema da religião e sim,
da tomada de consciência do próprio povo. Afinal, acredito muito nos dizeres,
que quem faz a escola é o aluno, pois, ele teria que ser o maior interessado.
As pessoas não sabem nem porque peidam, porque estão com
diarreia, porque não dormem, porque não comem. Atenção consigo mesmo acabou,
porque vivemos numa sociedade doente de ritmo louco, de inconsciência daquilo
que querem, daquilo que são. Uma amiga escreveu uma verdade, o povo não sabe
votar e passa 4 anos reclamando e discutindo com as pessoas por causa de política
e não viu ainda, um presidente descente. Ela não tem razão? Não se sabe nem quem
votou nas outras eleições, vai querer discutir nas mídias sociais o que? Na verdade,
aqui em sua maioria, se vota em seu próprio interesse, como se o presidente
fosse governar só para ele. Isso são atos políticos?
Mas, o porquê isso acontece? as pessoas acham que a
realidade tem a ver com aquilo que nossos sentidos captam e assim,
desenvolvemos a tese da subjetividade. Por outro lado, a meu ver, as pessoas
gostam do que muitos gostam e alguns tem pensamentos a frente do seu tempo, que
se coloca em xeque essa tese. Se não há uma realidade, então, um bule teria que
ser um objeto para cada um, sendo que, o objeto bule, tem um padrão. Embora, se
fomos mais além, a maneira de ver um objeto dentro de uma linha do tempo
diferente, pode ser de um outro jeito. Isso me faz pensar que num modo histórico
– como Marx teorizou – a subjetividade sempre existiu e vais existir, mas, em
uma forma de enxergar cada objeto, essa visão muda.
Como disse em outros textos, o grande problema – ou os
grandes problemas – sempre recaíram, ou na liberdade, ou na felicidade. O problema
– mais um – é que a felicidade pressupõe liberdade, e nem sempre, somos felizes
ou livres. Aliás, nesses últimos tempo, tenho desconfiado que o ser humano
goste da liberdade ao ponto de apoiar governos autoritários e corruptos. Qual a
logica disso? Me parece que a dinâmica humana
é sempre seguir um outro e não pensar por si mesmo.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Vendo um vídeo do Nando Moura – sim, vejo alguns vídeos dele – ele disse algumas verdades do gosto musical do brasileiro e do mundo. Claro, algumas posições dele sou contra – achar que só a estética antiga é um modo de arte, é uma delas – o que sou a favor, é a questão que se diz respeito ao gosto musical. Venho notando muito – desde o final dos anos 80 – que o gosto musical brasileiro vem sendo de músicas fáceis e ninguém quer discutir a letras das músicas. Lembro nos anos 90, que eu e meus amigos ficavam discutindo as letras da Legião Urbana sempre (e de outras bandas). Mas, a grande maioria não questiona, a grande maioria não fica perguntando: por que estou ouvindo essa merda?
Nando Moura comentou do pianista Nelson Freire – que faleceu
recentemente – que desde os anos 40, toca músicas clássicas e mostrou que
brasileiro não é feito de bundas e carnaval. As bandas Angra, Sepultura, Sarcófago,
Ratos de Porão, e outras, também mostraram e mostram que o brasileiro nada
tem a ver, só, com bundas e carnaval. Eu vou além – mesmo o porquê, não sou conservador
a esse ponto – porque, desde o surgimento da lambada, o brasileiro vem emplacando
sucessos fáceis e temporários que as pessoas não precisam analisar. A questão é:
o porquê? Por que que as pessoas pararam de gostar de coisas belas e que tocam
o coração e passaram a gostar de coisas de traição, de cafajestagem ou de
putaria, sem ao menos, questionar se isso traz alguma coisa para a sua vida? Porque
as pessoas vendem a ideia de que a prática é muito melhor do que a teoria, mas a
tragedia é que nem sempre a prática tem que ser praticada sem ao menos, tiver
um planejamento. Muito lindo esse discurso, porém, as melhores letras de música,
são as letras trabalhadas e harmonizadas com a melodia.
Não que só ouça rock – muitas vezes, eu ouça também de
Gloria Groove a Lana Del Rey – mas, se tem que ter bom senso de questionar
alguns gostos que, muitas vezes, são introjetados dentro da cultura por questões
financeiras de gravadoras, empresário e essa coisa toda. Daí inventaram que
gostos são subjetivos, relativizando certas coisas. Mas, se gostos são subjetivos,
então, o porquê tantas pessoas passam a gostar daquele tipo de música ou daquele
tipo de coisa? gostos são subjetivos, dizem. Eu desconfio de pessoas que tem o
mesmo gosto, gostam das mesmas músicas e dançam em micaretas porque gostam
daquilo, me dá um ar de falsidade do mesmo modo de quem vai para a balada. Isso
me lembra o seriado Família Dinossauro – eu passei a minha adolescência assistindo
– onde existia a dança do acasalamento e ninguém questionava o porquê existia aquilo.
Micaretas e baladas são danças do acasalamento que ninguém questionam, porque você
passa a ser o chato, aquele que se esconde.
Gosto de festa, mesmo o porquê, festa não é balada que você mexe
a bunda sem parar. Festa você conversa, você ri, você abraça, vê e conhece
pessoas como são, conhecidas ou passam a conhecer (muitas vezes, seu parente traz
um amigo). Diálogos de Platão não aconteciam em micaretas ou baladas – muito menos
em pancadões de funk – aconteciam em banquetes (simpósios), onde as pessoas
conversavam. Não somos pavões ou animais irracionais que precisamos de danças,
no máximo, colocamos adornos para nos sentimos mais bonitos. Nos exercitamos –
os filósofos gregos antigos eram famosos pelos seus corpos atléticos – para cuidar
do corpo, queimar as gorduras a mais. Por outro lado, por que não, não fazer
nada? O ócio era muito valorizado pelos gregos e pelas escolas gregas (a lição de
casa foi inventada como um castigo por um professor italiano na era moderna).
A questão sempre envolveu o sexo. O sexo é o impulso da sobrevivência
e da reprodução, já que, o ser humano faz as coisas a partir das vantagens e
desvantagens sexuais. Nada tem a ver com o instinto animal da copula – não menos
importante – e sim, com o impulso de um passarinho fazer o ninho, os betas
fazerem a espuminha nas águas do aquário, os cavalos marinhos carregarem os
filhotes. E esse impulso vem sendo controlado a milênios para o trabalho, para o
poderio militar, para as outras coisas que o Estado acha mais importante. Até mesmo
a liberação sexual foi sempre usada por empresas e corporações que ganham com
isso – as empresas de preservativo sempre são as que mais ganham, mas, logico,
usem se forem transar – e sempre se acha um meio para isso. Por exemplo, não se
podia fazer amor em dia santo na era medieval, e quase todo dia era dia Santo. Porque
não se podia ter tantos filhos nas aldeias medievais.
O ser humano sempre quis achar meios para terem força e
dominar outros seres humanos para terem poder e dinheiro. Existem milhares de
teorias que dizem que quem descobriu que existia medos, existia necessidade de proteção
e que existia a necessidade de controlar aquelas aldeias (como botar ordem), tenha
descoberto o poder. Mas, será mesmo vantajoso para a sociedade viver em jaulas institucionais?
Será mesmo que o ser humano inventou uma coisa boa para a sociedade? Pelo menos
os estados modernos me mostram que não, não foi uma vantagem para nossa espécie
ter inventado uma instituição burocrática que nos diz o que fazer, inventam culturas
para melhor governar e se recusam dar para nós, o básico para viver. Ou acham
mesmo que esse besteirol todo nas mídias não tem nada a ver com os governos? Esse
besteirol na indústria cultural não é do governo americano? Se temos bundas e
carnaval, os yanques tem tiros e bombas. E assim, os pianistas como Nelson Freire
e outros artistas de verdade, são ofuscados.
Amauri Nolasco Sanches Júnior