Existem vários opositores ao socialismo comunista – porque, sim, a meu ver, houve socialismos de extrema direita – que colocam a culpa em Karl Marx para opinar aquilo que não são. Ora, não há como culpar um filósofo por aquilo que fizeram com seu livro, como se fosse um manual. Livros de filosofia são livros e não manuais de conduta ou, “balas de prata” (formas rápidas) de se mudar o mundo e a sociedade, como se houvesse uma maneira rápida e simples de entender uma época. Talvez, Marx não tenha podido analisar as mudanças que o capitalismo poderia mudar ao longo do futuro (dele e da sua época), como avanços tecnológicos e econômicos. Politicamente, a questão de revoluções é desastrosa no sentido de mudanças drásticas de coisas que você só muda por meios educacionais. O que seria educar? Será que, ao invés, de se podar as crianças de perguntar, não se deveria incentivar elas a isso?
Nas Teses sobre Feuerbach, Marx termina com a frase que <<
Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas.
O que importa é transformá-lo.>>. Para analisar essa frase, primeiro
temos que explicar o que é um conceito. Conceito
é uma definição, concepção ou caracterização. É uma formulação de uma ideia por
meio das palavras ou de algum recurso visual. Na filosofia, podemos dizer que,
conceito é uma representação mental e linguística de um objeto concreto ou
abstrato, significando para a mente esse mesmo objeto no processo de identificação,
classificação e descrição dele. Ora, quando esse conceito tem uma contemplação como
essência, um conceito pode definir a natureza de uma entidade. Gosto da definição
de Deleuze que, a meu ver, volta na questão platônica de “idea”. Deleuze considera
conceito como um contorno, a configuração, a constelação de um acontecimento
por vir. Isso é evidente ser um conhecimento, mas, é um conhecimento de si, e o
que ele conhece, seria o puro acontecimento que não se confunde com o estado de
coisas nas quais se encarna.
Assim, quando lemos a frase de Marx e refletimos, podemos
ver que ele reflete sobre o papel do filósofo dentro da sociedade. Esse “interpretar
o mundo” me faz ver que ele tinha uma visão do filósofo como se ele interpretasse
de forma teórica temas que, na sua visão, seriam práticas. Ora, voltamos aos
primeiros filósofos e podemos dizer que estamos falando de uma amizade do
saber, e como amigo, se tem conversas e tem um conhecimento do outro como
afinidade de amizades. Os gregos, ainda, consideravam amigo como um potencial
amante, pois, o homossexualismo não era, moralmente, repreendido. No caso da
filosofia (philiasophia), poderemos dizer, que essa amizade pode virar amante. Marx
se esqueceu que um filósofo não interpreta nada, porque ele faz uma reflexão de
fatos e não de não-fatos, ou seja, o “os filósofos se preocuparam em
interpretar o mundo” é uma visão pratica da filosofia.
Filosofia não pode ser só teórica ou só prática – remontando
o argumento aristotélico – se deve teorizar o problema em exercícios mentais
(conceitos) e depois escrever essas ideias (dar forma) para passar o que você pensou
e até mesmo, usar do discurso para demonstrar. Acontece, que não se preocupamos
em interpretar nada, nós usamos os fatos e os conceitos, ora para deliberar um
problema para solucionar ele (num modo amplo), ora para criar conceitos para modificar
aquilo que não está certo dentro da moral vigente. Não estamos interpretando a
realidade, estamos tentando entender – como ele próprio fez – a mesma realidade
que todo mundo nem raciocina direito. Ora, a filosofia assim como o filósofo, não
tem que mudar nada, mesmo o porquê, as mudanças só acontecem no modo de educação
e mudança de paradigma de algum pré-conceito ou de algum conceito que ainda,
fora de época, permeia o debate público. As mudanças não vêm com armas ou com convulsões
sociais radicas, vem com a conscientização de uma determinada classe dentro do
escopo social onde estamos inseridos.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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