A muito tempo – não sei o porquê – meu pai sempre me pergunta: por que professores, na sua grande maioria, é da esquerda comunista? Talvez, essa pergunta é endereçada para mim, porque ele sabe que gosto de filosofia e sabe que eu gosto de ler (inclusive, nesse mesmo momento estou estudando Karl Marx por causa da matéria desse mês do meu bacharelado), e tento responder. Mesmo o porquê – segundo alguns biógrafos e os livros do próprio – quando se lê Marx, você não vê uma menção muito clara daquilo que todo mundo repete em exaustão. Marx não falou em comunismo. Aliás, os que falaram de socialismo/comunismo são o amigo de Marx, Engels, e os marxistas, o próprio nem desenvolveu uma doutrina definitiva do estado. Que dentro dos estudos marxianos, são um grande buraco em sua obra.
Mas, como responder
uma pergunta dessas com atos, totalmente, subjetivos? Eu estudei a fundo as
obras de Marx e continuo não marxista – como o próprio Marx disse que não era
para seu genro – mas, entendi muitas coisas que nem mesmo os marxistas não entenderam.
Superar o capitalismo não seria o mesmo que aniquilar o capitalismo, pois,
superar não é sinônimo de acabar. Superar seria uma transcendência daquilo que representa
para uma grande maioria, porque, nem sempre o que a grande maioria acredita ser
verdade, é com certeza um fato. Na essência, superar seria vencer alguma coisa
ou uma dificuldade, alcançar a vitória sobre algo a ser superado. Portanto,
superar o capitalismo é vencer o que o capitalismo impõe como condição daquilo
que ele é em sua essência. Ou seja, o capitalismo tem que ser superado na sua
individualidade – que herdou do cristianismo – e ser comunitário em ser social
em uma responsabilidade dentro da sociedade. Como disse, Marx nunca explicou o
que seria seu comunismo e nem a teoria do Estado, como seria instalar o
comunismo. Mas, sabia muito bem, que o socialismo seria uma ditadura do
proletariado. Porém, nunca soube, que o proletariado nesse caso, seria o exército.
No fundo – indo muito além do que fizerem os sovietes russos
– o comunismo seria uma democracia direta com assembleias que decidiriam tudo pelo
voto direto, sem representantes e sem intermediários. O modo de produção seria
por necessidade e não por acúmulo – como acontece no capitalismo – e as pessoas
seriam educadas para usarem aquilo que precisam e não aquilo que seria um mero
desejo. Essa discussão – desde Rousseau – seria, na verdade, sobre liberdade.
nada tem a ver com poder ou o estado, mas, tem a ver com o desejo humano de
querer fazer aquilo que se tem vontade. Marx e os outros partiram da premissa,
que a grande maioria é frágil e não pode escolher sendo levados a terem desejos,
que na verdade, são desejos induzidos. Duvido dessa visão. Mesmo o porquê, já vi
gente exposta a milhares de propagandas e não quiseram aquilo. Eu mesmo, mesmo
exposto a “meque” da vida, sempre comi aquilo que eu quis e aquilo que eu gosto.
O gosto – já foi comprovado cientificamente – é subjetivo.
Mas, onde saiu essa visão? Do homem bom de Rousseau. A discussão
entre liberais e comunistas, são, na maioria, aqueles que dão razão para Rousseau
ou não. O fato é que não existe bem ou mal, existem meios de tratar as outras
pessoas com respeito do mesmo modo, que você mesmo queira ser tratado. Isso é
um ensinamento logico de vários ângulos. De fato, a questão do desejo esta na
escolha da pessoa ir ou não atras da maioria – isso tem a ver com a educação familiar
e os valores passados – porque valores tem a ver com que você quer fazer com eles.
Por outro lado, os valores podem ser mudados e você vê que eles não cabem mais
naquela realidade – quando não causam sofrimento ou outro dano ao outro, como traição
etc. – porque, nem sempre, podemos ser aquilo que os outros projetaram para nós.
Isso se chama: sentimento de culpa. Culpa de não ser um pai que a sociedade
espera, culpa de não ser uma pessoa que a sociedade espera, culpa de não trabalhar
como a sociedade espera e por aí vai. E isso sempre foi muito explorado pelo
poder (leia-se Estado) como um meio de convencer a grande maioria que o trabalho
enobrece o homem. Daí fica a questão: quem gosta de trabalhar sem ganhar aquilo
que é justo? Por que trabalhos enobrecem? A sobrevivência e viver eticamente –
sem ser violento atacando as pessoas ou ferindo – e sem depender de opiniões ou
o que as pessoas pensam ou dizem.
Então, para responder a essa pergunta, temos que responder
se o professor acredita em uma idealização da igualdade – por conviver,
diretamente, com a pobreza – ou se ele acredita que há algo a ser conservado. Acho
que essas duas vertentes – comunismo e conservadorismo – cabem em países conservadores
que tem algo a serem conservados ou mudados. Aqui no Brasil a coisa é bem complexa
e delicada, porque, pior que pareça, nós temos uma cultura peculiar e que
precisa de uma outra coisa para dar certo.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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