segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Brasileiros querem ensinar os alemães o que era o nazismo







Amauri Nolasco Sanches Junior

As coisas estão ficando doidas e eu estou vendo que não há dialogo nenhum. No mundo virtual, na maioria das vezes, não existe dialogo e pior ainda, não há diálogos maduros e produtivos. Aliás, quando clackers destroem um grupo que é contra tal coisa ou contra tal candidato, chegamos num ponto de imposição de uma opinião sem nenhuma discussão. Ser democrático é ser a favor de um diálogo para convencer o outro da sua posição. Estamos assistindo os horrores de uma geração de mimados e perigosos, que não sabem dialogar. Mas, pior de tudo, porque além desses mimados que não podem ser contrariados, existem uma outra geração que não sabe que tudo aquilo que te falaram era uma tremenda, mentira. Não, o povo não colocou os militares lá. Não, os americanos não são os heróis da história. Não, o nazismo não é da esquerda. O socialismo do partido nazista é um socialismo como união, e não, um socialismo marxista de estatização e uma reeducação social de implantação do comunismo.

Leiam também >>> Bolsonaro fala 


Entre tragédias como o incêndio do Museu Nacional (que dizem ter bastante chance de ser um ato criminoso), a facada no candidato do PSL, Bolsonaro, clacker derrubaram um grupo de mulheres contra o Bolsonaro no Facebook e agora, num vídeo da embaixada da Alemanha, houve quem ensinassem os alemães o que era o nazismo. Ensinar o povo alemão o que é o nazismo, foi o extremo da insanidade que beira a demência mental. Ser mimado não teria tanto problema (somente, se for ver na matéria da chatice), o problema é você transformar o Facebook em uma grande discussão de bairro de periferia das cidades do Brasil. Sabe aquelas discussões que acabam em puxões de cabelo e tapas? Mais ou menos o que acontece com as postagens do Facebook. As pessoas não têm argumentos, as pessoas têm meras opiniões e nem sabem o que estão dizendo. Platão dizia que as opiniões (doxa), não eram o verdadeiro conhecimento (episteme), porque se tratava do senso comum. O problema (outro), é que estamos importando teorias conspiratórias e senso comuns dos Estados Unidos, e isso, é ser muito crédulo (sim, muitos religiosos estão adotando).

Quem acreditaria que a Hillary Clinton ou a Rainha Elisabeth, na verdade, são uma raça de seres reptilianos que querem dominar o mundo? Ou que existem apenas 13 famílias no mundo que dominam toda uma cultura para continuar dominando o mundo por milhares de anos? Ou outras teorias do mesmo teor. A questão que a realidade sempre é muito mais complexa do que se pensa. O nazismo é sim de extrema direita porque, por exemplo, tirou muitas empresas do controle dos judeus para dar a ricos alemães. Incentivaram a indústria alemã, tanto é, que nesse período a Mercedes e a Volkswagen produziram muito (inclusive, carros de guerra e turbinas dos novos aviões alemães).  No mais, nem todas as vertentes que criticam o liberalismo são de esquerda, porque há varias vertestes da direita. A esquerda não só é a vertente socialista, existem outras vertentes que são de esquerda. Não é porque o nazismo é de direita (extrema), que você vai deixar de ser da direita, no mesmo modo, as pessoas não vão deixar de ser de esquerda.

O problema não é você achar alguma coisa, todo mundo acha alguma coisa a todo tempo, mas, é sempre achar que você está sempre com a verdade. Mas, não existe uma verdade absoluta de tudo. Chega a ser risível (se não for ridículo), você querer ensinar alguém que estudou anos, você chegou a viver isso, você leu livros e fez uma pesquisa minuciosa. Você querer ensinar o que é o nazismo para os alemães – um país que as escolas estão sucateadas – é num tanto, achar que as coisas não são como você quer. Exato. O nazismo não é da esquerda porque você acha que o nazismo deve ser da esquerda. O nazismo ser da extrema direita não quer dizer que a direita toda é autoritária – mesmo o porquê, o autoritarismo sempre são os oprimidos querendo ser opressores – do mesmo modo, não é porque o governo bolchevique ser de esquerda, o stalinismo matou muitas pessoas, toda a esquerda tem o mesmo viés. Há diferenças em todo processo ideológico, religioso e em todo processo social. A moral muda a todo tempo por causa de valores de uma época.

 Num valor linguístico, as ideologias brasileiras não se encaixam em nenhuma que tenham as ideologias mestras são. Nem sempre todos os partidos que tem liberal no nome são liberais, porque no Brasil, há uma tradição que o Estado tem que intervir na sociedade. Por que? Temos, ainda, uma cultura de tratar o presidente como se fosse um imperador, porque temos uma cultura monárquica. Sim. Não somos no fundo, uma cultura monarquista porque não houve uma conscientização democrática republicana. A república foi um golpe contra Dom Pedro II por “birrinha” dos fazendeiros por causa da Lei Aurea, não houve apoio popular, não houve apoio de nada. Foi uma imposição. Então, nunca houve uma educação política para escolher um governante. Aliás, não houve nenhum modo de educação para educar os cidadãos a serem cidadãos, não estamos sendo cidadãos. Mas, não abrem nada, não pesquisam nada, não dizem nada.


Matéria sobre do El País Brasil >>> AQUI

Nenhum comentário:

Postar um comentário