quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A polarização da velha política brasileira




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Lendo o livro do jornalista Franklin Martins “Quem inventou o Brasil? ”, que fala das músicas politizadas da história da nossa republica, vi que a política não mudou nada. Se no começo da nossa republica (velha republica), havia a política do café com leite (São Paulo e Minas Gerais), depois da Era Vargas, a questão ficou mais no desenvolvimento do Brasil. Eu vejo que o Brasil, em toda a sua história, se sabota, seja proposital ou seja não intencional, mas, quando o Brasil começa a se desenvolver, a política faz algo para não acontecer esse desenvolvimento. Eu não acho que há uma polarização dentro da política – a tradição brasileira sempre gostou que o Estado interferisse em certos assuntos (progressismo) e sempre quis liberdade de cultuar, comprar, fazer o que quiser (liberalismo) – porque há medidas que poderíamos chamar de esquerda, há medidas que poderíamos chamar de direita. Na verdade, os dois lados (esquerda e direita), começaram a se “aproveitar” da revolta de 2013 para difundir as suas políticas e isso, para quem olha acima da montanha, fica bastante claro.

Com a queima do Museu Nacional (que a comoção não durou dois dias), e na mesma semana, a facada ao deputado Bolsonaro, podemos ver a quão errada está a política do nosso país em dicotomizar assuntos que deveriam ser um só. Quando o museu pegou fogo e suas cinzas ainda chamuscavam, os alunos e funcionários da UFRJ (responsável pelo museu), faziam atos em nome do que estava lá dentro. Lembrando, que partes da própria universidade pegou fogo anos atrás e que era questão de tempo até o museu virar cinzas. Foi um ato de esquerda. Porém, manifestações da direita (ridículas), comparando o Museu Nacional com a exposição, “Queermuseu” é forçada, ainda mais, usar isso para criar uma oposição a Lei Rouanet. Pelo que eu sei, nenhum político ou o pessoal da direita fundou uma fundação para cuidar do Museu Nacional. Usar como meio político é um grande atentado a arte. Por outro lado, quem vai determinar o que é ou não arte? O povo não lê nem os links que compartilhamos. Na verdade, o povo não lê nem a bíblia que tanto falam, tudo que repetem é o só a interpretação do pastor.

Os conservadores não sabem nem o que estão falando. Não existe conservadorismo com liberalismo e não venham dizer que no Brasil é diferente, pois, o pessoal daqui sempre fica fazendo “gambiarra” para caberem no seu discurso. Errado. Liberalismo é uma forma de mudança, seja econômica ou cultural, para o Estado interferir menos na economia e na sociedade em geral. Você acreditar numa moral cristã, não necessariamente, te fará um conservador e sim, um adepto a moral cristã. A moral cristã não é universal, só é adepta quem segue a religiões cristãs que povoam nosso Brasil. O Brasil é laico. Ser laico não é ser ateu, ser laico é assegurar que seu povo pode manifestar sua religiosidade sem ser censurado. Israel, por exemplo, é um Estado laico e democrático. Mesmo abrigando três maiores religiões do mundo.

A facada que o Bolsonaro recebeu, é o reflexo de tudo isso. O indivíduo ao mesmo tempo que tinha medo da Maçonaria – tenho bastante adeptos no meu Facebook, aliás – e medo do discurso do deputado, segundo seu depoimento. Vamos falar do medo. Lembro quando uma senhora entrou no Congresso Nacional e viu uma bandeira do Japão e disse que o Brasil já estava virando comunista (como se houvesse algum país comunista no mundo), mostrando como o pânico junto com a ignorância, podem ser coisas bastante letais.  A questão do medo são as questões das próprias crenças que temos com a realidade que nos cercam. Meu avô materno sempre teve medo de lobisomem, vivia com as luzes acesas na época (quando o bairro era um matagal só), porque eram as crenças dele que o lobisomem existia alimentada, talvez, por programas de rádio. Nada justifica uma facada, um tiro ou qualquer coisa do tipo, mas, há uma reflexão por traz muito maior do que isso. Adélio Bispo tem as crenças da maioria religiosa (seja de partidos ou religiões), que carregam crenças de muito tempo, só que, ele é um maníaco que levou a cabo a ação que levou o deputado ao quase, morte. Quantos “loucos” podem ter no Brasil que acreditam nesse discurso de ódio e de eliminar o adversário político?

A esquerda tem a dicotomia de pobres e ricos. A direita tem a dicotomia de conservador e não conservador. Na verdade, as ideologias aqui no Brasil se confundem por causa do pouco estudo que temos e por ainda, sermos uma democracia bastante recente. Como disse, se confunde moral com conservadorismo político, que são coisas extremamente, distintas. Como essa coisa de rico e de pobre, que no mais, ajuda a difundir o discurso do poder que você nunca crescera e mesmo com estudo, nunca vai alcançar nada. A modernização do Brasil (a verdadeira), só vai ser alcançada quando realmente, tivemos um investimento na educação. Mas não é só isso, o pessoal tem que entender que se polarizarmos tudo aqui, não conseguiremos entender nada da situação do Brasil. A questão de corrupção não é só de esquerda e também, não é só aqui no Brasil, não somos o único país que tem corrupção. A ignorância e o desprezo ao conhecimento e ao estudo, leva ao ato de fazer coisas que não se podem fazer. Podem ter diploma, mas, se não tiverem ética, a educação não será completa.

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