Amauri Nolasco Sanches Junior
Lendo o livro do jornalista Franklin Martins “Quem inventou
o Brasil? ”, que fala das músicas politizadas da história da nossa republica, vi
que a política não mudou nada. Se no começo da nossa republica (velha
republica), havia a política do café com leite (São Paulo e Minas Gerais),
depois da Era Vargas, a questão ficou mais no desenvolvimento do Brasil. Eu vejo
que o Brasil, em toda a sua história, se sabota, seja proposital ou seja não intencional,
mas, quando o Brasil começa a se desenvolver, a política faz algo para não acontecer
esse desenvolvimento. Eu não acho que há uma polarização dentro da política – a
tradição brasileira sempre gostou que o Estado interferisse em certos assuntos
(progressismo) e sempre quis liberdade de cultuar, comprar, fazer o que quiser
(liberalismo) – porque há medidas que poderíamos chamar de esquerda, há medidas
que poderíamos chamar de direita. Na verdade, os dois lados (esquerda e
direita), começaram a se “aproveitar” da revolta de 2013 para difundir as suas políticas
e isso, para quem olha acima da montanha, fica bastante claro.
Com a queima do Museu Nacional (que a comoção não durou dois
dias), e na mesma semana, a facada ao deputado Bolsonaro, podemos ver a quão
errada está a política do nosso país em dicotomizar assuntos que deveriam ser
um só. Quando o museu pegou fogo e suas cinzas ainda chamuscavam, os alunos e funcionários
da UFRJ (responsável pelo museu), faziam atos em nome do que estava lá dentro. Lembrando,
que partes da própria universidade pegou fogo anos atrás e que era questão de
tempo até o museu virar cinzas. Foi um ato de esquerda. Porém, manifestações da
direita (ridículas), comparando o Museu Nacional com a exposição, “Queermuseu”
é forçada, ainda mais, usar isso para criar uma oposição a Lei Rouanet. Pelo que
eu sei, nenhum político ou o pessoal da direita fundou uma fundação para cuidar
do Museu Nacional. Usar como meio político é um grande atentado a arte. Por outro
lado, quem vai determinar o que é ou não arte? O povo não lê nem os links que
compartilhamos. Na verdade, o povo não lê nem a bíblia que tanto falam, tudo
que repetem é o só a interpretação do pastor.
Os conservadores não sabem nem o que estão falando. Não existe
conservadorismo com liberalismo e não venham dizer que no Brasil é diferente,
pois, o pessoal daqui sempre fica fazendo “gambiarra” para caberem no seu
discurso. Errado. Liberalismo é uma forma de mudança, seja econômica ou
cultural, para o Estado interferir menos na economia e na sociedade em geral. Você
acreditar numa moral cristã, não necessariamente, te fará um conservador e sim,
um adepto a moral cristã. A moral cristã não é universal, só é adepta quem
segue a religiões cristãs que povoam nosso Brasil. O Brasil é laico. Ser laico não
é ser ateu, ser laico é assegurar que seu povo pode manifestar sua
religiosidade sem ser censurado. Israel, por exemplo, é um Estado laico e democrático.
Mesmo abrigando três maiores religiões do mundo.
A facada que o Bolsonaro recebeu, é o reflexo de tudo isso. O
indivíduo ao mesmo tempo que tinha medo da Maçonaria – tenho bastante adeptos
no meu Facebook, aliás – e medo do discurso do deputado, segundo seu
depoimento. Vamos falar do medo. Lembro quando uma senhora entrou no Congresso
Nacional e viu uma bandeira do Japão e disse que o Brasil já estava virando
comunista (como se houvesse algum país comunista no mundo), mostrando como o pânico
junto com a ignorância, podem ser coisas bastante letais. A questão do medo são as questões das próprias
crenças que temos com a realidade que nos cercam. Meu avô materno sempre teve
medo de lobisomem, vivia com as luzes acesas na época (quando o bairro era um
matagal só), porque eram as crenças dele que o lobisomem existia alimentada,
talvez, por programas de rádio. Nada justifica uma facada, um tiro ou qualquer
coisa do tipo, mas, há uma reflexão por traz muito maior do que isso. Adélio
Bispo tem as crenças da maioria religiosa (seja de partidos ou religiões), que
carregam crenças de muito tempo, só que, ele é um maníaco que levou a cabo a ação
que levou o deputado ao quase, morte. Quantos “loucos” podem ter no Brasil que
acreditam nesse discurso de ódio e de eliminar o adversário político?
A esquerda tem a dicotomia de pobres e ricos. A direita tem
a dicotomia de conservador e não conservador. Na verdade, as ideologias aqui no
Brasil se confundem por causa do pouco estudo que temos e por ainda, sermos uma
democracia bastante recente. Como disse, se confunde moral com conservadorismo político,
que são coisas extremamente, distintas. Como essa coisa de rico e de pobre, que
no mais, ajuda a difundir o discurso do poder que você nunca crescera e mesmo
com estudo, nunca vai alcançar nada. A modernização do Brasil (a verdadeira), só
vai ser alcançada quando realmente, tivemos um investimento na educação. Mas não
é só isso, o pessoal tem que entender que se polarizarmos tudo aqui, não conseguiremos
entender nada da situação do Brasil. A questão de corrupção não é só de
esquerda e também, não é só aqui no Brasil, não somos o único país que tem corrupção.
A ignorância e o desprezo ao conhecimento e ao estudo, leva ao ato de fazer
coisas que não se podem fazer. Podem ter diploma, mas, se não tiverem ética, a educação
não será completa.
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