Dois lados de uma mesma moeda |
Amauri Nolasco Sanches
Junior
Nem Haddad e nem Bolsonaro. Acho que deveríamos repensar essa
polaridade, porque o país não precisa dessa direita (os neoconservadores são,
na verdade, trotskistas) que não sabe o que defende e nem sabe o que está
dizendo, e uma esquerda burra e chata, que vem sempre com esse discurso de
merda que não engana ninguém. Claro, engana os ignorantes e aqueles que querem
“mamar” nas tetas do governo. Posso mostrar milhares de textos que escrevi
relatando a gestão do ex-prefeito, Fernando Haddad aqui em São Paulo, que
destruiu a cidade literalmente e ainda, pousava de hippie de butique tocando
violão e dizendo não gostar na Vila Madalena no centro da cidade. Inúmeros
problemas na cidade e o cara achou que o problema mor era fazer ciclovias e
gastando milhões, como a cidade de São Paulo, fosse uma Paris ou uma Amsterdã. Síndrome
de Marta Suplicy que achava também, que São Paulo ficava da Europa. Mas, as
periferias foram abandonadas, as entregas de remédio suspensas (que o PSDB não
retomou como deveria) para pessoas com deficiência e idosos, o transporte
acessível sucateado, porque colocaram um gerente indicado do partido, tudo um
tremendo caos. Se ele foi um prefeito desse porte, imagina ele presidente?
O PT (Partido dos Trabalhadores) produziu um discurso de
igualdade, que ao separar por segmentos, geram uma polaridade que deveria não
existir. Se você quer a inclusão de pessoas com deficiência, por exemplo, tem
que pensar que somos pessoas que temos limitações e que somos humanos e sociais,
tendo direitos e deveres. Quando a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência
da ONU foi criada e retificada, vários países se conscientizaram e
acessibilizaram as cidades sem considerar se é uma minoria ou não, mas, seres
humanos com deficiência que estão na sociedade. Não podemos achar que temos que
criar guetos para se cobrar, porque é uma obrigação do governo acessibilizar e
criar conscientização que as pessoas com deficiência. Isso vale para todas as
minorias. O que se deve, urgentemente, se investir em educação escolar e
incentivo à leitura que abre a consciência para não ter o preconceito. Não se conscientiza com “patrulha” do
politicamente correto, mas, ensinar que aquilo é errado e aquela piada é uma
merda e não tem graça nenhuma. Não por tirar uma dos defeitos ou sobre sei lá
mais o que, o que tem que ser conscientizado, que esse tipo de coisa não cabe
mais nesses tempos.
Todo pré-conceito é um medo daquilo que pode acontecer ou a insegurança
sexual, mas também, é medo da mudança daquilo que é cômodo. Por outro lado, tem
também o fator da escolarização que é fraquíssima aqui no Brasil, as redes
sociais são o espelho nato disso de pessoas que não escrevem direito, não interpretam
o texto coerentemente, não sabem o que dizem. A esquerda e a direita em todo o
mundo já não têm muita importância como tem aqui, então, começam a dizer coisas
que já não existe mais. O PT usou isso (ignorância) a anos para vender a imagem
de guerra de classes que não existe, porque sem as empresas e sem o
empresariado, não existe emprego e o emprego é a venda do seu serviço. Se é
pouco, se muda de emprego. Se aquela calçada não tem acessibilidade, se
denuncia para o Ministério Público ou se cobra do vereador que você elegeu. Se há
desrespeito contra a mulher, se denuncia a polícia especializada. Se uma
empresa se paga menos, se tem a liberdade de mudar de empresa ou se
especializar para exigir salários melhores. Eu, sendo anarquista, acredito na
liberdade de escolha e ninguém é obrigado de nada.
E o pessoal não sabe o que é conservadorismo (ridículo um
anarquista ensinar o que é conservadorismo). Ser conservador não é ser contra mudanças,
mas, a velocidade dessas mudanças e o porquê delas. Por exemplo, um conservador
seria contra como a República foi proclamada, porque foi de uma forma de revolução
de derrubar um imperador. Um conservador defende uma construção de consciência de
uma visão republicana, aí depois, se pode pensar em uma mudança do império para
um governo republicano. Não defender um império (já que precisávamos de um
governo mais libertador), que por mais que alguns defendam, que Dom Pedro II
trouxe mais cultura para cá, um país como o Brasil e seu tamanho, não daria
para ter um império. E o José Bonifácio sendo um herói (que fez uma intriga
entre o imperador e o Barão de Mauá, não deixando ser construídas estradas de
ferro, que até hoje, fazem falta para o Brasil). Ridículo e risível, porque um
verdadeiro conservador, não iria ser um liberal. E como disse no começo do
texto, os neoconservadores (NEOCONS), são na verdade, são uma “aberração” que
nasceram dentro da política norte-americana vindo dos trotskistas, que
defendiam mais ESTADO na sociedade, invasões militares e etc.
Portanto, quando você tem uma narrativa e essa narrativa se
estagna em uma só fala, se começa a aparecer uma narrativa contraria. Isso se
chama de dialética. Existe uma tese, uma antítese e uma síntese. Existe uma
tese (preconceito), existe uma antítese (livre-arbítrio) e chegamos uma síntese
(respeito). No mesmo modo, podemos dizer dos outros segmentos de minorias. E assim,
foi construído a narrativa de candidatos como o Bolsonaro, porque as pessoas não
querem uma mudança por medo, por inseguranças dentro de um conceito de anos a
fio. Se for religioso, de séculos atrás. O que faz diferença na nossa vida se o
outro é homossexual? O que vai fazer diferença na nossa vida se o outro não é
cristão, ou o outro não pensa igual você? Nada. Mas um país bom para se viver,
com uma economia boa para gerar trabalho ou comprar o que se precisa. Não faz diferença
de o importante é andar de bicicleta numa cidade, mas, ter saneamento básico,
ter uma cidade acessível, ter uma cidade com transporte digno e depois, muito
depois, podemos pensar em educar o cidadão em andar de bicicleta. A esquerda
trabalha em um discurso velho e a direita não sabe o que dizer, as narrativas
ficam confusas. Isso, definitivamente, não é política.
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