quinta-feira, 7 de março de 2019

Da lava jato do MEC ao vídeo pornográfico do Twitter presidencial



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Amauri Nolasco Sanches Junior


A educação sempre teve uma ligação com a política. No ocidente, se começa a ter uma educação a partir das polis gregas que, em pontos específicos, se construíam uma maneira de ensinar suas crianças. As maiores potencias gregas na antiguidade eram Esparta e Atenas, que disputavam a liderança das polis politicamente e economicamente. Na verdade, a Grécia antiga (Hellás), eram um conjunto de cidades-estados que falavam a mesma língua e, mais ou menos, tinha a mesma cultura (com diferenças pequenas). A cidade-estado de Esparta, por exemplo, toda a educação e o bem-estar do cidadão ficava a cargo do Estado (o governo e as instituições que fazem parte, como o judiciário e o legislativo, como já existia na Grécia), onde ao nascer, o menino passava por um exame no alto de um abismo. Se ele fosse fraco ou tivesse qualquer indicio de deficiência, era jogado sem pena nenhuma no abismo. Aos 7 anos de idade era largado nas florestas, tinha que apanhar sem reclamar e assim, nasciam guerreiros. Essa educação se chamava agogê. Já em Atenas, existia um sistema de educação chamado de Paideia, onde só os meninos eram alfabetizados e a elite dominante, tinha o direito.

 Desde muito tempo, a educação sempre procurou perpetuar uma cultura social as crianças. No mundo grego – principalmente, em Atenas – esses valores eram valorizados dentro do Ethos, que seria a alma e a essência do que era ser grego. Porém, a morte de Sócrates por envenenamento por cicuta – mesmo Alberto Camus dizer que a filosofia começa ali – mostra que o Ethos grego, já estava perdendo seu significado. A estagnação do Ethos ateniense – que dominava a maioria das cidades-estados da época – é um reflexo daquilo que se acostumou como educação. Mas, também somos herdeiros da cultura romana, pois, a cultura latina dominou vários séculos uma boa parte da Europa e por isso mesmo, deveria educar suas crianças para serem cidadãos (herança mais que direta da cultura grega). Só que o Educare romano era muito mais universal dentro do império, pois, os cidadãos romanos herdariam a honra de serem romanos, os civilizados (mesmo tendo lutas de homens até a morte como entretenimento e cristão, mais tarde, serem comidos por animais). Mais tarde, eles vão ter o mesmo orgulho como cristãos e acharem que eram mais civilizados, porém, queimavam pessoas só por causa de ataques epilépticos.

Os gregos nos deram a filosofia, a política (a democracia e o termo político que veio do politikon que significava cidadão da Polis, por isso mesmo, a expressão de Aristóteles), os romanos nos deram o direito que, até hoje, usamos. Os latinos nunca foram bons em inventar, sempre pegaram as filosofias ou as religiões que gostavam – tanto que pegaram várias coisas da cultura etrusca ou grega, como a filosofia estoica – e empregavam como meio de vida. Isso se pode ver, também, quando eles se apropriaram da religião cristã, para tentarem sustentar seu império que não deu muito certo. O caso tem várias controvérsias. Mas, a questão, que antes da idade média – no meio das inúmeras invasões dos povos germânicos, dos hunos (mongóis), dos povos escandinavos (viking) – a política vinha num viés bastante ligado a educação. Ainda hoje, a questão educacional em muitos países, elas se tornam prioridade por casa da cidadania popular. Não se pode discutir qualquer pauta se você não tiver o mínimo de instrução para poder discuti, se não, fica uma pauta dos problemas seus e não da maioria.

Hoje, com os governos contemporâneos, a educação tem uma grade analisada (que há uma suspeita de manipulação desse conteúdo) por comissões governamentais, que por vários momentos, muda ou renova aquilo. A pergunta é: para que, por exemplo, se ensina o teorema cartesiano? Ou porque ensinar matérias que só vão fazer gastar tempo e dinheiro de análise? Acho, que as pessoas aprendem a Fórmula de Bhaskara (quando se aprende), e não aprendem noções básicas de ética, noções básicas de comportamento (talvez, uma noção da etiqueta verdadeira), noções básicas de convívio social. Se você tiver um convívio com pessoas diferentes do padrão – imposto pela tradição e pela mídia a anos – você vai aprender que ela é assim, mas, ela pode ter a mesma opinião que você, ela pode pensar igual você. Os governantes do PSDB, são cheios de implantar cursos técnicos de capacitação tecnológica ou de outra aérea, mas, se você não ter noção de ética dentro de um curso de Técnico de Informática ou Administração, isso tira a importância do curso. Porque a ética vai te dar o limite necessário de respeito do outro, sendo da tecnologia, ou sendo da administração, que está fazendo falta.

O que está acontecendo é que o conhecimento está sendo uma mercadoria – não sou a favor do socialismo e suas nuances pejorativas – e as universidade (aprende na pratica) e as faculdades (aprendem na teoria), perderam a sua essência. Porque o sujeito não vai lá aprender aquilo porque gosta ou porque quer o conhecimento, ele vai lá aprender apenas porque tem que ter uma profissão. Eu, quando fiz meus supletivos e depois, fiz um ano e meio de universidade, eu ia nas bibliotecas ler livros (mesmo não sendo da matéria). Meus colegas liam o básico e ainda, ficavam ouvindo funk, comentando Big Brother Brasil, conversando de carros e outras coisas. Na verdade, não é a escola que deve ser boa ou ruim, mas, as pessoas deveriam ser educadas a serem dedicados aos estudos. Outras pessoas só veem e ensinam para o filho, que ele deve ter uma profissão para ganhar dinheiro, para ser bem-sucedido. As grandes companhias de informática do Vale do Silício, não terminaram a universidade. Porque é o dom, é a maneira de fazer aquilo que gosta e sente prazer e não um escravo das empresas.

Nesse processo tem sim gastos desnecessário de educação, gastos que poderiam ser menores se a grade fosse básica. Uma das mais mitológicas academias do mundo, que é a Academia de Platão, só fazia uma exigência: "Que ninguém exceto os geômetras entrem aqui". A geometria era a matemática da época (já que a álgebra, entrou no ocidente por causa dos islâmicos durante a idade média e até mesmo, obras do Aristóteles e Platão) e era importante como um pensamento lógico (será que Aristóteles sabia geometria?). O mundo ficou burocrático e complicado porque se institucionou o conhecimento, para a quantidade ser mais importante do que a qualidade. Hoje o jovem começa uma universidade não tendo a consciência que aquilo é um ensino superior, não dá mais para ouvir um funk ou ficar vendo porcaria na TV, porque o conhecimento te dá, naturalmente, uma noção dentro da ética. Você não é mais adolescente. Você não tem mais a visão do que você tinha. Eu, por exemplo, depois que eu fiz o curso de técnico de informática, vejo os softwares de outro modo, eu já entendo seu funcionamento.

Por outro lado, as pessoas jogam para a escola o que é responsabilidade da família. Um menino encouchar uma menina da escola, não é A Lava Jato da Educação que vai resolver, a investigação vai investigar a parte dos gastos. Existe a ordem moral, que é familiar, e existe a ética, social. Existe a escolaridade que dará uma visão ética social (que os gregos clássicos chamaram de ETHOS), porque há um convívio social muito maior. A educação é moral, porque tem a ver com os valores que a sociedade valoriza. A educação sempre foi uma continuação de valores que a sociedade tem como prioridade. Claro, que existe valores que não cabem mais dentro do momento que se vive.


Quais nossos valores? Será que no Brasil temos mesmo valores ou são tudo maria-vai-com-as-outras?


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