Amauri Nolasco Sanches
Junior
A educação sempre teve uma ligação com a política. No
ocidente, se começa a ter uma educação a partir das polis gregas que, em pontos
específicos, se construíam uma maneira de ensinar suas crianças. As maiores
potencias gregas na antiguidade eram Esparta e Atenas, que disputavam a
liderança das polis politicamente e economicamente. Na verdade, a Grécia antiga
(Hellás), eram um conjunto de cidades-estados que falavam a mesma língua e,
mais ou menos, tinha a mesma cultura (com diferenças pequenas). A cidade-estado
de Esparta, por exemplo, toda a educação e o bem-estar do cidadão ficava a
cargo do Estado (o governo e as instituições que fazem parte, como o judiciário
e o legislativo, como já existia na Grécia), onde ao nascer, o menino passava
por um exame no alto de um abismo. Se ele fosse fraco ou tivesse qualquer
indicio de deficiência, era jogado sem pena nenhuma no abismo. Aos 7 anos de
idade era largado nas florestas, tinha que apanhar sem reclamar e assim,
nasciam guerreiros. Essa educação se chamava agogê. Já em Atenas, existia um
sistema de educação chamado de Paideia, onde só os meninos eram alfabetizados e
a elite dominante, tinha o direito.
Desde muito tempo, a
educação sempre procurou perpetuar uma cultura social as crianças. No mundo
grego – principalmente, em Atenas – esses valores eram valorizados dentro do
Ethos, que seria a alma e a essência do que era ser grego. Porém, a morte de
Sócrates por envenenamento por cicuta – mesmo Alberto Camus dizer que a
filosofia começa ali – mostra que o Ethos grego, já estava perdendo seu
significado. A estagnação do Ethos ateniense – que dominava a maioria das
cidades-estados da época – é um reflexo daquilo que se acostumou como educação.
Mas, também somos herdeiros da cultura romana, pois, a cultura latina dominou
vários séculos uma boa parte da Europa e por isso mesmo, deveria educar suas
crianças para serem cidadãos (herança mais que direta da cultura grega). Só que
o Educare romano era muito mais universal dentro do império, pois, os cidadãos
romanos herdariam a honra de serem romanos, os civilizados (mesmo tendo lutas
de homens até a morte como entretenimento e cristão, mais tarde, serem comidos
por animais). Mais tarde, eles vão ter o mesmo orgulho como cristãos e acharem
que eram mais civilizados, porém, queimavam pessoas só por causa de ataques
epilépticos.
Os gregos nos deram a filosofia, a política (a democracia e
o termo político que veio do politikon que significava cidadão da Polis, por
isso mesmo, a expressão de Aristóteles), os romanos nos deram o direito que,
até hoje, usamos. Os latinos nunca foram bons em inventar, sempre pegaram as
filosofias ou as religiões que gostavam – tanto que pegaram várias coisas da
cultura etrusca ou grega, como a filosofia estoica – e empregavam como meio de
vida. Isso se pode ver, também, quando eles se apropriaram da religião cristã,
para tentarem sustentar seu império que não deu muito certo. O caso tem várias controvérsias.
Mas, a questão, que antes da idade média – no meio das inúmeras invasões dos
povos germânicos, dos hunos (mongóis), dos povos escandinavos (viking) – a política
vinha num viés bastante ligado a educação. Ainda hoje, a questão educacional em
muitos países, elas se tornam prioridade por casa da cidadania popular. Não se
pode discutir qualquer pauta se você não tiver o mínimo de instrução para poder
discuti, se não, fica uma pauta dos problemas seus e não da maioria.
Hoje, com os governos contemporâneos, a educação tem uma
grade analisada (que há uma suspeita de manipulação desse conteúdo) por comissões
governamentais, que por vários momentos, muda ou renova aquilo. A pergunta é:
para que, por exemplo, se ensina o teorema cartesiano? Ou porque ensinar matérias
que só vão fazer gastar tempo e dinheiro de análise? Acho, que as pessoas aprendem
a Fórmula de Bhaskara (quando se aprende), e não aprendem noções básicas de ética,
noções básicas de comportamento (talvez, uma noção da etiqueta verdadeira), noções
básicas de convívio social. Se você tiver um convívio com pessoas diferentes do
padrão – imposto pela tradição e pela mídia a anos – você vai aprender que ela
é assim, mas, ela pode ter a mesma opinião que você, ela pode pensar igual você.
Os governantes do PSDB, são cheios de implantar cursos técnicos de capacitação tecnológica
ou de outra aérea, mas, se você não ter noção de ética dentro de um curso de Técnico
de Informática ou Administração, isso tira a importância do curso. Porque a ética vai te dar o limite necessário de
respeito do outro, sendo da tecnologia, ou sendo da administração, que está
fazendo falta.
O que está acontecendo é que o conhecimento está sendo uma
mercadoria – não sou a favor do socialismo e suas nuances pejorativas – e as
universidade (aprende na pratica) e as faculdades (aprendem na teoria),
perderam a sua essência. Porque o sujeito não vai lá aprender aquilo porque
gosta ou porque quer o conhecimento, ele vai lá aprender apenas porque tem que
ter uma profissão. Eu, quando fiz meus supletivos e depois, fiz um ano e meio
de universidade, eu ia nas bibliotecas ler livros (mesmo não sendo da matéria).
Meus colegas liam o básico e ainda, ficavam ouvindo funk, comentando Big
Brother Brasil, conversando de carros e outras coisas. Na verdade, não é a
escola que deve ser boa ou ruim, mas, as pessoas deveriam ser educadas a serem
dedicados aos estudos. Outras pessoas só veem e ensinam para o filho, que ele
deve ter uma profissão para ganhar dinheiro, para ser bem-sucedido. As grandes
companhias de informática do Vale do Silício, não terminaram a universidade. Porque
é o dom, é a maneira de fazer aquilo que gosta e sente prazer e não um escravo
das empresas.
Nesse processo tem sim gastos desnecessário de educação,
gastos que poderiam ser menores se a grade fosse básica. Uma das mais mitológicas
academias do mundo, que é a Academia de Platão, só fazia uma exigência: "Que
ninguém exceto os geômetras entrem aqui". A geometria era a matemática da época
(já que a álgebra, entrou no ocidente por causa dos islâmicos durante a idade média
e até mesmo, obras do Aristóteles e Platão) e era importante como um pensamento
lógico (será que Aristóteles sabia geometria?). O mundo ficou burocrático e
complicado porque se institucionou o conhecimento, para a quantidade ser mais
importante do que a qualidade. Hoje o jovem começa uma universidade não tendo a
consciência que aquilo é um ensino superior, não dá mais para ouvir um funk ou
ficar vendo porcaria na TV, porque o conhecimento te dá, naturalmente, uma noção
dentro da ética. Você não é mais adolescente. Você não tem mais a visão do que você
tinha. Eu, por exemplo, depois que eu fiz o curso de técnico de informática,
vejo os softwares de outro modo, eu já entendo seu funcionamento.
Por outro lado, as pessoas jogam para a escola o que é
responsabilidade da família. Um menino encouchar uma menina da escola, não é A
Lava Jato da Educação que vai resolver, a investigação vai investigar a parte
dos gastos. Existe a ordem moral, que é familiar, e existe a ética, social. Existe
a escolaridade que dará uma visão ética social (que os gregos clássicos
chamaram de ETHOS), porque há um convívio social muito maior. A educação é moral,
porque tem a ver com os valores que a sociedade valoriza. A educação sempre foi
uma continuação de valores que a sociedade tem como prioridade. Claro, que
existe valores que não cabem mais dentro do momento que se vive.
Quais nossos valores? Será que no Brasil temos mesmo valores
ou são tudo maria-vai-com-as-outras?
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