terça-feira, 19 de março de 2019

Terça Livre e a mídia canalha que deseduca e colabora com a ignorância






Amauri Nolasco Sanches Junior

Lendo a última postagem do Terça Livre – um site “jornalístico” olavista – no Twitter, monstra como as pessoas ainda acreditam que toda a esquerda do mundo é comunista. Claro, que em resposta ao post do Alan dos Santos – aquele que disse que a masturbação mata neurônios – o jornalista e editor, Carlos Andreazza, foi irônico em dizer “Fox News Comunista”. Por que? Porque todo mundo sabe que a Fox é de direita e nem toda a esquerda é comunista, porque nem toda a esquerda é comunista e não temos nenhuma conspiração comunista em curso. Se teve alguma conspiração comunista algum dia, ficou nos escombros do Muro de Berlim que está numa sala de algum colecionador.

Em primeiro lugar, quem faz criticas a alguma coisa nem sempre quer destruir aquilo. A crítica jornalística não é uma crítica do senso comum (vulgo achismo), que é só falar mal e quer destruir, não se quer destruir. Em qualquer trabalho tem que ter um contraponto, porque é assim que tudo é e sem crítica, as pessoas acham que estão certas. Isso vale para o presidente Bolsonaro, sem a crítica ele não tem um contraponto, não terá uma boa governança. Já na filosofia – mesmo eu sendo formado em publicidade e TI, eu também sou filósofo e é minha área – a crítica vai muito além do apenas falar mal (juízo de valor), de uma pessoa ou de um governo e sim, uma análise mais profunda. Mas, como podemos cobrar profundidade se nem o mestre do Allan dos Santos e do Terça Livre, Olavo de Carvalho, tem essa profundidade? Há algumas nuances na arte filosófica que o Olavo não entendeu e nunca vai entender, porque ele odeia que critiquem ele e seus discípulos mais fieis – devo confessar que aprendi muitas coisas lendo os textos dele – também odeiam que o critiquem.

A questão do Olavo de Carvalho não é tanto ele achar que Descartes foi um filósofo subjetivo e não era um filósofo digno da igreja católica ou que Epicuro era um filósofo hedonista (todas lendas criadas pela igreja católica até mesmo, a masturbação mata neurônios do Allan dos Santos), nas, ele se apegar a pratica do Troll clássico. Um troll clássico (o hater é uma evolução desse troll), é na verdade, é uma gíria virtual e é designado a pessoas cujo o comportamento ou comentário desestabiliza uma única discussão. No mundo virtual, o troll é sempre aquele usuário que vai provocar e enfurecer as outras pessoas evolvidas em uma discussão sobre determinado assunto, com comentários bastante injustos e ignorantes. Já o hater, é um termo usado para descrever aqueles que não apoiam os outros e sim, tem inveja ou até mesmo, torcem contra para dar tudo errado o sucesso dos outros. Por isso, o Olavo de Carvalho adota como uma defesa, uma linha de trollagem, para atacar a pessoa e não as ideias, porque ele quer irritar e dizer: “está vendo? Ele perdeu a razão e fugiu do debate”. Ou, ele adota a linha, se a pessoa não sabe nada de mim, eu não vou debater.

A questão é: a imprensa não explica essas coisinhas básicas, elas ficam alimentando preconceitos ideológicos que a grande maioria – o senso comum – fica repetindo nas redes sociais. A verdade é uma só, Olavo de Carvalho (assim como seu arqui-inimigo, Paulo Ghiraldelli Jr) tratam suas redes sociais e suas plataformas de estudo, como uma imensa sala de aula e ponto. Descordo dele ou deles, ou você é chamado de burro (conheço o Olavo a bastante tempo), ou você é bloqueado. Os filósofos que estão na grande mídia, que realmente debatem, conversam com pessoas que tem o que debater e não tentar doutrinar as pessoas e eles (Olavo e o Ghiraldelli), não entenderam a filosofia (nem mesmo, a grande imprensa). Porque filosofia, no básico, é confrontar aquilo que é contrário e assim, fazemos a dialética (tese, antítese e síntese), que leva a ideia central daquele debate. Não existe debate filosófico sem ao menos, um confronto de ideias, senão, se torna verdades absolutas. Dentro do meio filosófico – desde Tales de Mileto, falando em um modo bem daqui do ocidente – a questão do contraponto é necessária, mas, não neutraliza a ideia contraria. Tales ao questionar a mitologia grega e dizer que a origem de tudo é o húmido, não eliminou o mito de Zeus e todo seu panteão. Olavo de Carvalho ataca o cartesianismo sem saber que o próprio Rene Descartes era católico devoto e cunhou o pensamento: “eu penso, logo existo”, por, exatamente, defender a existência de Deus. Isso mostra a sua ignorância.

Sites como da Terça Livre mostram uma tática rasteira de trollagem e exagerar para, exatamente, chamar atenção e polemizar. O olavismo cultural se instala dentro dessa tática e no pensamento de hoje.

Nenhum comentário:

Postar um comentário