sexta-feira, 8 de março de 2019

#SerMulherComDeficiênciaé







Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu acho que nesse Dia das Mulheres veio a calhar um tema bastante complexo que é ter deficiência. Há negros com deficiência. Há homossexuais com deficiência. Até mesmo hoje, há transexuais com deficiência que querem o mesmo respeito que as pessoas transexuais sem deficiência. Mas, há também as mulheres com deficiência que querem respeito e não são anjos e sim, seres humanos que tem seus desejos e seus sonhos. Não é que uma pessoa tem deficiência que ela não vai ser um ser humano e não vai ter seus desejos e sonhos. Afinal, todos os seres humanos tendem a felicidade, nós pessoas com deficiência, mesmo com nossos limites, tendemos a essa felicidade.

Eu nada tenho contra o cristianismo, até gosto de muitos ensinamentos de Jesus e acho os Dez Mandamentos de Moisés, um ponto chave para o êxito ético (não essas interpretações vagabundas), mas, sejamos verdadeiros, a maioria dos preconceitos tiveram o aval da igreja cristã. Contra negros inventaram que a África era o território do filho de Noé amaldiçoado. Contra os homossexuais começaram a ler as epistolas de Paulo de Tarso literalmente – ainda, eram machistas porque achavam que só os homens eram gays. Começaram a pegar a filosofia de Platão e Aristóteles sobre perfeição, e começaram a catalogar o que era perfeito e aquilo que não era perfeito. Além disse, já havia rejeição das pessoas com deficiência. Os espartanos matavam os meninos com deficiência. Os atenienses deixavam ao relento para animais comerem os bebes com deficiência. Até a idade média – já que os germânicos também tinham esse tipo de pratica – muitas crianças com alguma deficiência, eram recolhidas pela igreja (aquelas que não eram queimadas como demônios), muitas eram usadas como pedinte de esmolas por outras pessoas. Sempre fomos explorados, porque as outras pessoas sempre nos colocaram como paias do mundo.

Há vários relatos de pessoas com deficiência, dentro da história humana, que foram sim importantes. Como Claudio I – padastro de Nero – que, além de ter uma habilidade militar muito boa, também foi imperador e indícios mostram que ele tinha paralisia cerebral. O filho de um dos reis Vikings, Ragnar Calças Peludas (por causa das calças que usava de pele de animal), Ivar o Desossado, que era pessoa com deficiência e invadiu a Inglaterra. Temos, como mulher, Helen Keler, que era cega e surda e fazia poesias e escreveu vários livros. Essa visão, meio vagabunda, de pessoas com deficiência que são diferentes das outras pessoas, sempre fomos estigmatizados como assexuados e pessoas sem alma. Não andamos, porque não temos fé. Não podemos namorar porque não podemos prover. Não podemos andar por aí porque não podemos atrapalhar. Não podemos nem sentir desejo, porque as pessoas acham que nós não desejamos nada.

Acontece, que hoje em dia, sabemos que as mulheres com deficiência são assediadas, são estupradas, recebem vários assédios psicológicos da família, dos homens. Existem violência sim, contra todo tipo de mulheres com deficiência que as feministas não falam – existe um texto chamado “Feministas comdeficiência: onde estão? ” – e ainda, são dominadas por causa da sua dependência. Será mesmo que essas mulheres não merecem respeito?

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