Amauri Nolasco Sanches
Junior
Eu tinha acabado de assistir ao filme Coração Valente – onde
Mel Gibson dirigia a atuava – e queria saber o que vinha antes da idade média. Porque
eu, nessa época, só tinha a quarta série e ia numa oficina abrigada numa
entidade famosa aqui em São Paulo. Descobri que antes da idade média veio a
idade clássica, onde se começa com os gregos e termina com os romanos. Eu tinha
acabado de ganhar uma coleção de livros Os Pensadores – que vinham com o jornal
Folha – do meu pai e lia muito entretido aquilo e comecei a pesquisar sobre o
assunto na internet. Filósofos que interligavam tudo que eu ouvia falar e
comecei a ter acesso a textos. Isso era internet discada e eram limitadas as
minhas entradas na internet, ou eram nas madrugadas solitárias ou eram nos
finais de semana.
Lógico, com a banda larga que chegou em 2002, o acesso à
internet ficou mais livre e o conteúdo amentou monstruosamente. Com a internet
irrestrita, com vários conteúdos variados, o sonho de liberação do conhecimento
ficou muito mais restrito. Educamos os jovens a ter uma rapidez das suas
vontades. Ninguém quer mais esperar. Aliás, construímos um mundo liquido que não
tem mais uma solidez de valores sérios e de um olhar crítico dentro das informações
que estamos recebendo. Eu passava horas lendo um texto em websites, porque eu
fui educado a ler, incentivado a procurar o conhecimento. Não coisas fúteis. Mas,
não sou santo não, vi muitas mulheres na internet, vi muito vídeo pornográfico e
essas coisas, mas, não coisas destrutivas. A internet é uma coisa vasta que
merece nossa atenção mais plena.
Vamos falar do conhecimento – num modo até mesmo,
espiritualista – porque acho que não ficou tão claro. O que faz uma informação virar
um conhecimento? O entendimento. Não adianta você vê uma rosa vermelha sem entender
o que é uma rosa e o que é ser vermelha, além disso, nós aprendemos na escola,
que na biologia a rosa é uma flor e a flor é o órgão reprodutivo dessa flor, ou
se for uma árvore, além da flor tem um fruto. Na gramatica, rosa é um substantivo
que dá nome em uma espécie de flor, e vermelho é um adjetivo, porque cor é uma
qualidade. Eu sei disso porque eu li e entendi. Entendi lendo com atenção, saber
ouvi os outros, porque a maioria não dá atenção para o outro. Eu quero ter
aminha opinião, não tenho tempo de pesquisar e ponto. Posso ser mal-entendido,
mas, eu vou escrever mesmo assim. Se você
não incentiva seu filho da leitura e se ele não se interessa por nada, ele não está
preparado para ir na escola porque escola é para estudar. No mesmo modo,
podemos dizer, numa universidade. Numa universidade você vai ter um ensino
superior, porque não é só restrito em uma sala de aula, é amplo. Não podemos
achar que se eu faço publicidade, eu só vou ler sobre publicidade. E se você não
ler, pior ainda, porque você sempre vai ser um publicitário menor. Se você chega
ouvindo funk, ou só falando de banalidades na TV, você não é um universitário.
Um engenheiro, por exemplo, tem que saber que pedra, areia e
cimento, faz o concreto e sem o concreto, as estruturas de um prédio não se
sustentam. Como já aconteceu de um prédio cair, porque as estruturas foram
feitas de areia e pior, areia de praia que corrói os ferros do alicerce da viga
(por causa do sal do mar, que é rico de sódio). Na publicidade – que é uma das
minhas áreas – se você não tiver uma vasta leitura de onde vão tirar inspiração
para as peças (chamamos as propagandas de peças)? Na engenharia urbana, se sabe
(ou podemos achar, que se presume), que para recapar um asfalto tem que quebrar
toda a rua e manter o nível (nivelação, na verdade), da via para não causar um
acidente. Acontece, que a juventude está sendo educada – muitas vezes, pela
internet e pela TV – a terem tudo na mão, não ler nada e tudo é copiado e
colado. Muitas vezes, até mesmo por causa da grade escolar e universitária (eu
sei, porque dormíamos 3 horas da manhã para entregar um trabalho), incentivam a
serem copiadores de outros trabalhos. Afinal, em um trabalho escolar não se
pode ter a opinião do aluno, não se pode comentar de forma crítica, atuações e não
se pode ir a fundo. E o mais importante, não temos aula de ética, nem nas
universidades e nem nas escolas. Daí vem o meu lado espiritualista – para mim, há
um lado espiritualista critico que não se amarra na religião.
Nem todo mundo tem uma evolução espiritual para certas matérias.
Existem pessoas que aprendem rápido e estão a frente daquelas que estão aprendendo
mais lentas, então, elas têm mais tendência de desenvolver uma solidão. Vamos imaginar
que você está numa sala de 30 pessoas e só você gosta do Metallica (presumindo
que a maioria conhece a banda de trashmetal), por exemplo, e você comenta para
um seu gosto e esse um não curti, o outro diz que você enche o saco e o funk é
o melhor e mostra a realidade da vida. Você se sente sozinho. Porque o
Metallica, na verdade, é algo subjetivo de quatro homens que são seus ídolos (até
mesmo, a imagem do James, o vocalista, ajuda um pouco), e você queria ser
poderoso e todo “foda” igual eles. Todas as pessoas tiram um barato de você que
gosta de Metallica e diz que os outros gêneros são os melhores, sem namoradas,
porque você é estigmatizado como satanista (o rock e mais o heavy metal, tem
essa imagem no Brasil). As meninas preferem os caras que usam chapéu de Cowboy
e vão nos rodeios (em grande maioria).
Espiritualmente, esse problema é analisado desta forma. Você
já é mandado para um planeta primitivo para ajudar eles a desenvolver a
tecnologia e a forma biológica. Porque, nem todos os espíritos podem habitar o
corpo de um ser humano, eles devem ser modificados geneticamente para isso. E
tem um outro porém, com esse conhecimento todo, podem ter uma tendência assassina
e de má índole para cometer atos brutais. Lógico, isso não é uma “desculpa”
para essa juventude sair atirando em todo mundo, que deve ser corrigida com educação,
mas, devemos ter um olhar muito mais amplo das tendências humanas que são, também,
tendências espirituais. Como pode ser almas daqui mesmo e que, poderiam ser generais
genocidas, guerreiros bárbaros e outros tipos de coisas desse gênero.
Continuando. Você encontra um fórum que gosta e que incentiva
que todo mundo que não gosta do Metallica é o inimigo, que você deve eliminar e
quando isso acontece, eles te veneram. a questão é muito mais ampla até para o
aparecimento desses fóruns chamados chans, porque tem a ver na educação do NÃO
e a narrativa do vitimismo. Tudo é culpa do outro quando não limitamos a nossa
vontade. Todo mundo, pelo menos no ocidente, é assim. Podemos ver em simples
frases. Todo homem é igual, por exemplo, que remete em generalizar uma escolha
sua e que é incentivada na escola. Porque a menina quer o cara fodão que tem várias
meninas e é conhecido, ela não quer o estudioso, o chato que só fala de games
ou coisas desse tipo. Depois, ela começa com esse tipo de narrativa. Claro, eu
acho traição abominável seja por mulher ou por homem. A questão sempre gira em
torno da educação, porque na educação, se ensina limites e regras para a vida.
O melhor terapeuta que temos é o NÃO. Para mim, o NÃO lhe dará
limite dentro das coisas e dentro da vida. Afinal, nem tudo na vida você terá, você
não vai ser cuidado por alguém a vida inteira e não pode certas práticas. Outra
coisa, eu defendo um ensino que é cético e laico, que não tenha religião ou
nenhuma ideologia, assim, saber questionar. Porque, a nossa sociedade é tão fanática,
que ensina as crianças sempre não questionar. Será que se as crianças questionassem
ou criticassem, haveriam esses gurus nesses fóruns? Será que se houvesse um
ensino ético, houvesse alguma coisa desse tipo?
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