segunda-feira, 15 de abril de 2019

Bolsonaro e o fim do CONADE (minha Opinião)





Uma imagem com o fundo negro escrito CONADE: CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 





Amauri Nolasco Sanches Junior

há um ditado muito antigo – desde quando me conheço como gente eu ouço – que “quem não tem cão, caça com gato” que é uma meia verdade. Claro, que quem cunhou esse ditado deveria estar pensando que se a gente não tem aquilo que precisamos, podemos “quebrar o galho” com outra coisa. Porém, há um problema nesse velho ditado – como todo filósofo raiz vê – que o cachorro é fiel e pode sim caçar para o homem, o gato não, o gato não caça para você e sim, para si mesmo. Não se enganem, o gato não caça o rato por causa de você, ele caça para si mesmo. Por isso mesmo, chamamos pessoas egoístas e que são traiçoeiras, de gatunos. Por que estou falando isso? Porque as pessoas se acostumaram tanto com ditados como esse que se acostumaram em dar um jeito, só que gato são gatos e cães são cães.

Acho estranho as pessoas não façam tais perguntas antes de uma análise muito mais profunda na questão do CONADE (Conselho Nacional das Pessoas com Deficiência), porque as coisas não são bem assim. Duas perguntas são importante: porque existe o CONADE? Porque existe o governo Bolsonaro? Porque de algum modo, as coisas tem uma ligação meia estranha no final. Ora, desde a década de 90 – mais precisamente, no começo – vários conselhos municipais das pessoas com deficiência começaram a se formar. Por causa de um lado, pressão da velha guarda que desde a década de 80 lutava para a inclusão e a sociabilidade das pessoas com deficiência, e por outro lado, partido de esquerda que fazia pressão para a criação desses conselhos. Hoje sabemos – muito infelizmente, eu vi isso quando material de outros partidos eram confiscados pelo presidente do conselho municipal de São Paulo e o próprio tinha um broche do PT (Partido dos Trabalhadores) – que a intenção da velha guarda era até nobre, mas, dos partidos de esquerda não eram. Ali eu vi o aparelhamento dos partidos de esquerda – mais ainda, do PT – para uma tomada do poder pelo voto. Na década seguinte, vimos que isso concretizou. Mas, até em 1999, não se tinha nenhum conselho nacional e por pressão – muito depois, o mesmo PSDB vai criar as secretarias de enfeite – se criou o CONADE (que para mim, não fiscaliza muita coisa não).

Mas, o CONADE – pelo menos, em teoria – vão fiscalizar algumas leis em vigor que defendem os interesses das pessoas com deficiência e que, no governo petista – como sempre disse – estavam no banheiro. Porque as empresas sempre fizeram o que quiseram – continua assim – para não cumprir a lei de cotas, as escolas continuaram não incluindo (tanto é, que existem reportagens com esses acontecimentos), todo o país não tem adaptação e acessibilidade nenhuma – e o CONADE não viu que no próprio Congresso Nacional não estava acessivel – e não viu que o Teleton estava e está ferindo o ECA (Estatuto das Crianças e dos Adolescentes) em usar crianças e adolescentes como imagem para as pessoas doarem dinheiro. Em 2015, quando a prefeitura era do Fernando Haddad (PT), que mudaram o gerente do ATENDE e muitos erros foram relatados não só para o CMPD (Conselho Municipal de Mobilidade e Pessoas com Deficiência), mas, para o CONADE (porque o CMPD não tomava providência), ficaram calados. Hoje, uma pessoa está com uma bronquite crônica por causa da irresponsabilidade do motorista e fora outras coisas, que esse gerente petista fez, e ficaram calados.

Lembra do gato e do cão? Bom, quando achamos que um gato tem o mesmo instinto do cão, você estará sempre na ignorância que um gato não será igual ao cão. Por isso mesmo, o problema – não como uma resolução e sim, como uma coisa com várias variáveis possível – é a ignorância e o conhecimento. Quando temos o conhecimento, podemos até mesmo, fazer uma defesa melhor e uma análise (crítica) melhor. O Bolsonaro disse que existem mais de mil colegiados, os analistas do governo dizem 700 colegiados, e os membros dizem que não passam de 50 colegiados. O que dizem os membros é que existem comissões interministeriais que acabam entrando na estatística, então, de 50 colegiados, passam de 700 colegiados e que é ruim. Acho, que isso poderia ser resolvido – incluindo o CONADE – em “enxugar” e dar mais poder de ação nos colegiados e que se é para dar multas as empresas, por exemplo, por não cumprir a lei de cotas, deveria ser resolvido entre a secretaria e o colegiado.

Um outro problema é, que esses colegiados não são de pessoas físicas e sim, pessoas de entidades e ongs. Ora, se é um colegiado civil, o porquê existem pessoas de entidades e ongs nesses conselhos? Porquê achar que essas entidades vão mesmo querer que pessoas com deficiência sejam incluídas? Algumas entidades – sabemos muito bem – ainda acham que as pessoas com deficiência não servem para nada, não podem fazer nada. Existem milhares dessas entidades que só querem o dinheiro do governo, que só quer explorar as nossas deficiências por benefícios próprios. E sabemos muito bem – pelo menos, aqueles que estudam história – que os conselhos foram idealizados por Lênin para um governo socialista soviético. Então, esses conselhos não são socialistas/comunistas, mas sim, anarquistas. Que remove um pouco aquela imagem do anarquismo como sinônimo de bagunça. Só que na ideia anarquista, esses conselhos seriam temporários para não surgirem hierarquias. Se Zezinho, por exemplo, é o presidente do conselho social hoje, amanhã é a Mariazinha e por ai vai.

Porém, o governo deu 60 dias para se provar a legalidade e a importância de cada colegiado e eu sei, porque não é de hoje, que o CONADE não vai conseguir provar sua eficácia. Vai ficar no limbo, infelizmente.

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