Amauri Nolasco Sanches Junior
Eu sou contra qualquer fanatismo. Eu mesmo, nunca fui ligado em ter posições radicais dentro de qualquer coisa. Depois que sai da minha adolescência, essa visão de mundo, ficou bastante clara. Eu não gosto de bandas ao ponto de brigar por elas, assim como, não gosto de ler ou estudar, uma só religião. Do mesmo modo, eu não gosto de nenhuma ideologia politica, porque todas as ideologias acabam sendo distorcidas por causa de interesses escusos. Assim, são as religiões.
Na parte espiritual eu acredito na ligação que temos num todo. As consciências estão ligadas em harmonia – sim, o grego já sabia disso e colocou em sua mitologia – e dessa harmonia, temos a força da vida que é a nossa energia divina. Ou seja, não há nenhuma entidade fora (externa), e sim, uma entidade dentro (interna) de cada ser humano. Aliás, quando você coloca o “ser”, você coloca na ralidade a totalidade de um indivíduo que é um humano, em consciência e corpo. Em todas as mitologias e até mesmo, nas religiões atuais, o divino sempre morou dentro do ser humano não como um poder de mudar, mas, o poder de fazer escolhas dentro de uma realidade que a maioria dos seres vivos, não tem como escolher. Mas isso faz de nós seres superiores? Talvez, só temos a percepção da realidade como algo existente e os fenômenos objetivos (objetos) são parte da interação dessa dimensão. E não sabemos – nem mesmo os cientistas – se os outros animais têm consciência ou não, afinal, não é que alguma criatura pensa diferente, não quer dizer que não pensa, como disse Allan Turing o pai da computação. As religiões, na verdade, são fragmentos de ensinamentos e sabedorias de milênios – que, talvez, tragamos dentro do nosso espírito – e que foram distorcidos para melhor atender o poder do ESTADO.
Do mesmo modo, não tenho uma ideologia politica definida. Eu ser anarquista não dá forma nenhuma de uma ideologia, sou contra um ESTADO paternalista e um moderador, de atitudes que podemos nos autogerir. Isso se junta na espiritualidade, porque só há liberdade quando o nosso ato vem da nossa vontade e da nossa consciência (leia-se, o entendimento) desse ato. Não adianta querer fazer ou ter algo, e não entender a importância e o porque você quer aquilo. Mas, ao que parece, trocamos nossa liberdade pela nossa segurança e conforto. Para que caçar se eu tenho alimento no próprio quintal (hoje, indústria cuidam disso)? Para que procurar cavernas se posso construir ou ter uma casa própria num território? Porém, perdemos a nossa liberdade para conforto. Ao mesmo tempo, acredito na evolução humana – como uma única espécie e por criaturas conscientes – e essa forma de governo e o ESTADO, um dia não será mais preciso. Então, por exemplo, visões futuristas como um mundo da Jornada nas Estrelas (Stars Trek) é uma visão ainda, limitada. Aliás, qualquer visão do futuro nesses filmes, são limitados. Por quê? Porque a humanidade – ou outros seres conscientes – terão mais informações e tendo mais informações se tera mais consciência da sua própria capacidade.
Para entender a esquerda – que nem sempre é socialista/comunista – e a direita – nem sempre conservadora – temos que estudar a origem. Existiu um filósofo que disse que o ser humano que cercou um terreno e disse que é seu, era um criminoso, esse filósofo é Jean-Jacques Rousseau. Rousseau não tinha só esse pensamento, tinha muitos outros pensamentos, como o homem é bom, a sociedade que o corrompe. Ora, depois desse filósofo se começa uma discussão bastante longa, sobre a propriedade privada e a bondade inata humana. Nessa filosofia de Rousseau começou uma discussão das pessoas que defendem a propriedade privada, e quem defende que a terra é de todo mundo. Assim como, o bem e o mal, depende da sua educação social. Rousseau erra e acerta em duas coisas, porque ele quer voltar a discussão de Platão entre o conhecimento e a ignorância.
Ele está certo que o meio influencia o ser humano – pois, biologicamente, somos primatas e primatas são animais imitadores – mas está errado do modo de idealizar a educação, sobretudo, a educação escolar. O meio pode nos dar conceitos dentro dos valores obtidos pela educação (tanto a familiar, quanto a escolar), porém, existem outros fatores que colaboram com a construção da nossa personalidade (fora o subconsciente, claro). Se lemos na realidade que uma religião vai nos trazer bens ou bem-estar, vamos seguir aquela religião, porque sabemos que aquilo nos dara prazer. Exatamente, saber. Para o grego no tempo de Sócrates – mais ou menos, trezentos anos antes de Cristo – a sabedoria não era um acumulo de conhecimento, sabedoria era a essência do conhecimento para evitar o sofrimento. Nessa mesma ideia, o iluminismo – na qual, Rousseau fez parte – achava que o conhecimento e a ciência empírica (o conhecimento pela experiência), traria o homem para a felicidade. Ora, ser feliz não é algo lógico que tem uma só formula e sim, existem sentimentos além da razão. A razão sem sentimento, será inútil, porque não poderemos saber em que escolha fazer (não é só eu que digo isso, são os pesquisadores). Portanto, eu posso escolher não ser influenciado pelo mundo e ter meu próprio conceito, ter meu próprio gosto e a ideia do bem ou o mal, é o saber de si e do outro. Ou seja, posso ter meu próprio conceito, sem ser egoísta o bastante, de entender o outro.
Na questão da propriedade privada, ao meu ver, é uma discussão meia inútil. Por quê? Tudo que você tem como seu – ou pensa ser – é na verdade, uma propriedade do ESTADO que pede uma taxa para você usar. Talvez, acho que ninguém entendeu ou Rousseau não se fez entender, que quando o cara que cercou o terreno e disse que era dele, esse homem (hoje sabemos ser uma mulher por causa de um fóssil), era um ladrão. Na verdade, Rousseau não está tão errado assim, pois, no livro “Sapiens- uma breve história da humanidade”, o autor israelense, Yuval Noah Harari, diz que foi um erro o ser humano ter virado agricultor. Por quê? Porque, além de criar controles de repressão para a nossa liberdade – em troca de segurança – e, antes as cavernas eram realmente nossas, trocamos por conforto. Claro, não vou ser hipócrita e dizer que não uso a tecnologia – que aliás, me ajuda a se locomover e ter um transporte e saúde – mas, estamos analisando a natureza da questão trazida nesse momento.
Portanto, essa discussão que a seculos é acirrada, são discussões problemáticas por não ir na cerne da questão. As muitas ideologias e religiosidades são sempre trazidas a tona por interesses, por conceitos ou preconceitos, mas, também pela alimentação do medo. Aliás, acho eu, que os Estados Nacionais, só existem até hoje por causa do medo produzido pela ignorância da verdadeira realidade. Então, para mim, pelo menos, o olavismo e o marxismo não há diferença nenhuma.
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