sábado, 20 de abril de 2019

O CONADE ainda vive! (Resposta a Mariana Torquato)





#ParaCegoVer: Uma imagem com um fundo negro, um circulo em branco com uma Serpente da mesma cor. Em baixo dessa serpente está escrito em inglês: "Don't Tread on me" que tem a tradução, "Não Pise em mim". Simbolo Libertário. 





Amauri Nolasco Sanches Junior

Para começar o texto, eu tenho que explicar uma coisa bastante importante. Eu não votei no Bolsonaro e não apoio muitos decretos que ele assina, mas, não sou aquela oposição que usa a máxima de Maquiavel que dizia que os fins justificam os meios. Não justifica. Temos que dizer a verdade para a população – a grande maioria que ainda está presa na Matrix – o que realmente acontece sem querer ser a “bonitinha”. Outro esclarecimento importante tenho que dar, sou bastante fã da Mariana Torquato do canal “VAI UMA MÃOZINHA, AI?” e acompanho dês do começo, só estou escrevendo esse texto, para fazer alguns esclarecimentos.


Para começar – como fiz uma matéria interessante sobre esse decreto, vou deixar linkado aqui – eu li várias fontes do assunto e não fiquei na bolha ideológica. Aliás, um anarquista raiz, aquele de verdade e que tem o compromisso da verdade, vai ler os dois lados e vai dizer a verdade e portanto, os anarquistas que defendem o terrorismo (de esquerda e de direita ou religioso), que só vai ler um lado da história, para mim é modinha. Sempre temos que sair da caixinha para ver um todo ou como disse o filósofo Nietzsche, olhar do alto de uma montanha. Assim então, eu não tenho ídolos, sejam da direita ou da esquerda ou de qualquer natureza.

Como disse no primeiro texto que escrevi sobre o CONADE – aqui – a situação não é de extinguir o conselho e sim, eles provarem que são importantes e foram criados com o decreto de algum presidente (que no caso, Fernando Henrique Cardoso do PSDB). Mas o que seria o CONADE (Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência)? O CONADE – pelo menos na teoria – é um conselho civil, que tem o papel de fiscalizar os direitos das pessoas com deficiência. Porém, desde quando foi criado, ele fez pouca ou quase nenhuma fiscalização nem por causa da acessibilidade (vários casos foram cuidados e denunciados por deputados e civis que tiveram que recorrer a mídia). Por exemplo, em 2015 – tenho informações seguras – a fiscalização da Lei de Cotas foi suspenso e então, as denuncias ficaram a cargo da sociedade civil. Cadê o CONADE que não viu isso? Cadê o CONADE que não viu que os aeroportos, que as cidades, que tudo no Brasil não é acessivel? Ou que as cadeiras e aparelhos ortopédicos não estão sendo entregues?

Como a Mari e, provavelmente, a maioria das pessoas com deficiência nunca participou de um conselho ou de algum movimento, vou explicar bem fácil. Até onde eu sei – porque participei do começo do Conselho Municipal da Mobilidade Reduzida e das Pessoas com Deficiência de São Paulo e da Fraternidade Cristã das Pessoas com Deficiência – somente os conselhos municipais são conselhos de pessoas civis, tanto da esfera Estadual, como na esfera Federal, são conselhos de entidades e ONGs. Ou seja, quando dizemos que há fiscalização no nível estadual e federal, estamos falando de entidades e ONGs nos representando dentro desses conselhos. Pelo que me lembro, não estou por dentro agora da situação, a FCD como movimento popular, raramente teve cadeira dentro do CONADE. Ainda, várias entidades como a AACD (Associação das Crianças com Deficiência) – que mudou o nome para não ser atuada e marcada – fizeram um barulho aqui em São Paulo quando resolvemos colocar o conselho, não de entidades, mas, de pessoas civis. Vale a pergunta: será mesmo que o CONADE é de participação civil? Será que queremos mesmo ser fiscalizados por entidades e ONGs?

Eu, particularmente, confio muito mais de movimentos populares de pessoas que realmente sabem o que precisamos. Mas o que vimos são apenas órgãos que nada fazem e ainda, por vários anos, só gastaram o dinheiro do contribuinte. O problema sempre foi a educação – seja de ricos e de pobres – que está engendrado dentro da nossa cultura de não ler, não saber e não querer estudar seja lá o que for. Muitas coisas são distorcidas, porque a maioria da nossa sociedade, ainda é massa de manobra (seja da direita e da esquerda). Como disse lá em cima, estão dentro da Matrix. Estão dentro de uma ilusão que tudo vai ser melhor, que o governo vai fazer tudo, pois, não vai e temos que se conscientizar. O Brasil só vai ser um lugar melhor, quando fizemos o exercício da cidadania, o exercício de se colocar no lugar do outro. Ao invés de doar para algum lugar no estrangeiro – não estou dizendo que a Catedral de Notre-Dame não é importante – mas, também reconstruir o Museu Nacional, fazer mais bibliotecas, fazer mais escolas. A maioria das universidades norte-americanas – que a séculos funcionam – foram construídas por pessoas que conseguiram ficar ricas e doaram para a comunidade. Então, a questão não é ter conselhos ou não, é ter a essência de cidadania (que os gregos chamavam de politikon e que veio o termo politico ou politica).

Por fim, a nossa democracia não é participativa e sim, representativa. Ela só vai ser participativa – pelo tamanho quase continental do nosso país seria impossível – se, por plebiscito, ou por outro meios, o povo escolheria o que seria melhor. Mas, ai, seria o meio anarquista. Na democracia representativa – ao contrario da grega clássica – nós votamos e escolhemos um representante e temos que cobrar de quem votamos, de quem escolhemos para o cargo. Ou seja, o melhor conselho que age livremente, é um conselho sem o ESTADO, ou seja, um mundo anarquista. Se você fizer conselhos num mundo onde existe o ESTADO e ideologias politicas e religiosas, sempre vão tender a atender esses interesses e ponto. O resto é conversa fiada.



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