sexta-feira, 19 de abril de 2019

Jesus foi crucificado por falar a verdade




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Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele. Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
(João 8:28-32)


Jesus desafiou a religião do seu tempo e isso é um fato. Ninguém nega que a religião mosaica do tempo de Jesus, era uma religião muito mais preocupada com fins lucrativos e de interesses politicos – coincidência, não? - do que, levar ao ser humano a uma reflexão espiritual. Hoje se trabalha que além de José ser um carpinteiro – que trabalha com moveis e itens de madeira – ele seria também rabino, e que Jesus, era também rabino. Por ele ter bastante facilidade de entrar nos templos e por ele saber da Torá (a lei) com bastante, facilidade. Se é verdade, não sei. Mas, o que tem por trás de uma simples frase – que é o lema do Bolsonaro – que tanto intriga e é repetida muitas vezes?


Se lemos o evangelho de João capitulo 8, vamos ver que Jesus está defendendo a mulher adultera dizendo que se ninguém tivesse nenhum pecado, que jogasse a primeira pedra. Enquanto ele escrevia na terra – que mostra que Jesus sabia sim, ler e escrever – um após um, tenha largado a pedra e ido embora, talvez, até mesmo envergonhado. Quando se levantou disse: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?”. Então, a mulher respondeu que ninguém. E Jesus, disse que se ninguém teria o a condenado então ele também não ia lhe condenar. Muitos pastores evangélicos dizem que Jesus, na verdade, não perdoou o pecado do adultério e sim, denunciou que todos nós somos pecadores. Porém, está mais que claro dentro da fala dele, que ele não condena a mulher, não porque os outros não a condenaram, mas, que ele entende a natureza humana. Essa é a questão. Jesus veio dizer que os judeus não estavam mais no deserto, que a lei do talião só valia no meio de uma peregrinação, que naquele tempo, já deveria ser abolida. Ele foi contra as leis farisaísticas, porque essas leis não faziam sentido naquele momento.



Logo após dispensar a mulher adultera – que muitos séculos se pensou ser Maria de Magdala – ele disse (ou disseram que ele disse): “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12), mostrando que ele trazia a luz e que ele era o “portador da luz” do mundo – como se trouxesse eles para alguma luz da espiritualidade e do conhecimento – e que iria tirar eles das trevas. Muitos séculos – até mesmo os filósofo – muitas pessoas escreveram que a luz poderia ser entendida como um conhecimento, e as trevas, como a ignorância. Não existe o bem e o mal em estudos espirituais mais profundos e sim, o conhecimento das designações divinas e o não conhecimento dessas designações. Talvez, a procura da verdade (leia-se, realidade), sempre foi a força mostris do ser humano procurar a origem e o porquê de tudo. Uns acham que não existe nada por trás dessa realidade e outros, acham que há uma consciência por trás da realidade. Porém, muitas dessas leis – dês da antiguidade – sempre designou a ética que pode trazer a verdadeira virtude. Assim, a igreja usou Platão (que viveu trezentos anos antes de Jesus o Cristo), para explicar muita coisa teológica, mas, não percebeu que a filosofia socrática- platônica, também dizia que o caminho do bem virtuoso é o conhecimento, é a luz da sabedoria como a fuga das sombras da nossa ignorância. Aliás, colocar a filosofia como a busca da verdade como uma quebra dentro da espiritualidade, vai chegar o tempo que ela vai ficar estagnada e vai ficar num mundo limitado.



Voltando ao livro de João no capitulo 8. Depois que Jesus disse que era a luz do mundo e que ele só fazia o que Deus gostava e lhe ensinava, os fariseus disseram que o testemunho dele não valia, porque ele não falava pelo Eterno – usando versículos – mas, testemunhava por ele mesmo. Jesus diz, que sim, testemunhou por ele mesmo, por saber da onde veio e para onde vai e diz para os fariseus, que eles não sabem da sua origem e para onde ele iria. Depois disse ele, que eles julgam conforme a aparência (pela carne), mas ele (Jesus) nada julgava. Disse que se julgar, não o faria sozinho, pois, o julgamento não era só o julgamento das aparência e sim, do espirito (virtudes) e que o Eterno estava com ele nesse julgamento. E por outro lado, diz Jesus, na própria lei dos fariseus estava a testemunha de dois indivíduos eram verdadeiro e então, que seu testemunho era verdadeiro, porque ele testificava ele e o Eterno testificava o que ele testemunhava e portanto, era verdade.



Então, os fariseus perguntaram onde estará o pai de Jesus e ele respondeu, se eles não conhecem a ele nunca iriam conhecer seu pai. Ainda disse que iria se retirar, porque ia morrer por causa dos seus pecados, então, não poderiam ir onde ele iria. Os fariseus pensaram que ele iria se matar e ele disse que eles eram desse mundo, mas, Jesus não é desse mundo (bem parecido com o último discurso de Sócrates quando ele disse que iria para um outro mundo). Os fariseus perguntam quem era ele e a resposta de Jesus é bem interessante – até dá para entender como uma pequena bronca – que ele já estava explicando desde o começo, pois, estava falando sobre aquele que o tinha enviado. Porém, o Eterno era verdadeiro, e o que ouviu dele Jesus dizia ao mundo. Mas eles não entenderam que Jesus falava de Deus.



Assim, Jesus diz que quando eles levantarem o “filho do homem” (podemos dizer, que Jesus estava explicando quando o homem evoluir em conhecimento), eles entenderiam quem era ele. Porém, ele não ensina nada que por seu conhecimento ou por vaidade, mas, que ensinava o que ele aprendeu com o Pai (abba). E vira para os judeus que acreditam em sua palavra e diz, que se permanecer em seu conhecimento e o seu caminho, será verdadeiramente, seus discípulos e assim, termina: “e conheceis a verdade, e a verdade vos libertará”. Mas, qual a verdade qie lhe liberta? Do julgar segundo todo mundo julga ou julgar conforme o que é justo? O filósofo Sponville tem uma leitura de Aristóteles – foi aluno de Platão – que fala de justiça, bastante interessante: “nao é a justiça que faz o justo, sãos os justos que fazem a justiça”. Porque Aristóteles – talvez, a cultura grega do seu tempo – o importante era a virtude (rthos), por ser a alma de toda a sociedade. Ou seja, o justo sempre vai se colocar e vai se indagar qual o motivo que fez tais pessoas a julgarem tais pessoas. Jesus diz muito isso dentro dos evangelgos, que não devemos tirar a trava do olho do irmão, se os nossos próprios olhos estão com a mesma trava,



O que seria a verdade? Segundo seu significado, a verdade quer dizer uma propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade, mas, também seria uma coisa, um fato ou um evento real. Muito provavelmente, os evangelhos foram escritos em grego (koiné), então, a verdade seria “alétheia” - que indica ser uma negação e “léthe” significa esquecimento. Ou seja, o não-esquecido, o não-escondido, o não-dissimulado. Assim, seria uma auto-manifestação da realidade ou manifestação dos seres à visão intelectual dos seres humanos. A verdade é uma qualidade das próprias coisas como manifestação ou a existência (leia-se, se mostrar), a si mesmo e o verdadeiro que está nas próprias coisas. Ou, quando o fenômeno da realidade – em manifestação concreta de uma coisa – se manifesta em sua realidade própria. Assim, quando conhece uma verdade (realidade) que está na própria realidade e portanto, essa verdade depende da realidade para existir, a falsidade depende de que ela se esconda ou se dissimule em aparências (por isso mesmo, a verdade é o conhecimento e a falsidade é a ignorância).



Para a concepção grega, aquilo que é verdadeiro é o ser (o algo que realmente é) e aquilo que é falso é o parecer (seria algo que aparenta ser e não é). Ora, o que Jesus estava dizendo, que os fariseus pensavam conhecer algo que não sabiam – sim, parecido com o filósofo Sócrates – e que deveriam conhecer. Quando ele diz que se deveria conhecer a verdade (alétheia), ele diz que essa mesma verdade iria te libertar. Porque a verdade existe no meio daquilo que é, daquilo que tem uma só natureza e isso irritou profundamente os fariseus, porque eles só viam as aparências e aquilo que aparenta não ser. A luz do sol que prejudica a visão do ser humano da caverna do teorema platônico, pode sim ser entendido como a mesma verdade, a realidade que vai poder te libertar. Como se Jesus virasse para aqueles fariseus e perguntasse: vocês sabem mesmo o que estão fazendo? Vocês sabem mesmo se estão seguindo esse Deus ou estão seguindo outro? Ele nos convida a refletir sobre aquilo mesmo e refletir, como no caso da mulher adultera. Ela traiu mesmo? Será que não fiz o mesmo que ela algum dia?



Jesus foi crucificado por dizer a essência de uma boa espiritualidade, a verdade. Morreu sim pelo pecado (falta), o pecado do orgulho de não reconhecer o próprio erro, as próprias falhas e sua própria ignorância. Talvez ele quisesse não uma religião – como Roma sempre fazia, destruía e depois assimilava – mas, o entendimento das suas palavras. Como personagens como Sócrates – que também foi morto e depois, imortalizado nas obras platônicas (alguns pesquisadores discutem algumas evidencias de obras do próprio Sócrates) – Jesus foi morto para mostrar o ponto hipócrita de toda religião e de todo poder em enganar e fazer com que as pessoas questionassem. Na verdade, Jesus gostava de pessoas e não de religiões.



Amauri Nolasco Sanches Junior

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