sábado, 30 de maio de 2020

Direita e esquerda – o grito dos ressentidos




O golpe é bem mais complexo que uma briga entre esquerda e direita ...



Por Amauri Nolasco Sanches Junior
“Enquanto toda moral nobre nasce de um triunfante Sim a si mesma, já de início a moral escrava diz Não a um ‘fora’, um ‘outro’, um ‘não-eu’ – este Não é seu ato criador”– Nietzsche, Genealogia da Moral, 1a. parte, §10

O filosofo alemão, Friedrich Nietzsche tinha um pensamento muito interessante: pois, ele achava que todo mundo que grita contra aqueles, que ele chamava de vitoriosos (que vivem a vida), de ressentidos que não consegue aquilo que criticam. Mais ou menos, trazendo para os dias de hoje, os sem terras criticam os fazendeiros por não ter terra, mas, há varias matérias, provando que quem recebe as terras vendem logo depois (se é falso ou não, é uma outra conversa). A questão de Nietzsche não tinha muito a ver com a questão ideológica (apesar que ele achava que os sindicalistas, os socialistas, os anarquistas e etc, eram ressentidos daqueles que venceram), mas, de algo muito mais na questão moral. Existem, por exemplo, pessoas da direita liberal-conservadoras (vi o vídeo senhor Bernardo), que exigiram que empresários dessem dinheiro para a causa que a meu ver, era uma atitude tida como socialista-comunista.

A questão para começarmos a discussão é perguntar: por que será que as filosofias mais voltadas para a esquerda fazem grande efeito aqui no Brasil? porque o problema da desigualdade – não da pobreza como país – é muito notório dentro do Brasil a séculos. Mesmo o porquê, não fomos colonizados, fomos um território fornecedor de materiais para Portugal (que vendeu tudo e ficou pobre) e, vieram sempre pessoas que sonhavam ficar ricas e voltar as suas origens. Nosso país sempre foi construído de improviso, sempre não se planejou nada e vimos isso, muito bem, agora na pandemia. Porém, mesmo com governos de esquerda, o Brasil não melhorou por causa de um sistema viciado onde a “vantagem” é um dos fatores mais predominantes. Não, o termo “vantagem” está quase no nosso DNA, como se o sujeito inteligente, fosse aquele que visa vantagem sempre. Mas, não é bem assim, pois se você não souber administrar qualquer coisa, você pode ser o “fodão”, nunca vai vingar.

Por muito tempo a filosofia de esquerda tomou conta do nosso país de baixo do regime militar (que diziam ser de direita, mas, incharam demais o Estado e dando uma herança enorme para o Brasil), porque se você força um lado, logico o outro vai reagir. O problema que houve em algum momento em 2013, uma ruptura com o que está ai, onde a nossa sociedade aprendeu a ser mais crítica. Quem quer controlar a internet, esqueça, isso não tem volta. Porque se começou a enxergar a politica como ela é, sem a mídia acobertar quem queriam, sem disfarces. Mas, ao que parece, só sobrou dois lados radicais da história que tem a mesma essência. A esquerda radical (que apelidamos de esquerda cirandeira) que é chefiada com lulopetistas que atestam inocência quase santa do Lula e a direita radical (com o codinome bolsonaristas-olavete), que vamos chamar assim, são lulopetistas com a chave trocada.

Assim como a esquerda tem um ranço enorme contra os militares por ter tomado o poder graças o AI-5 (Ato Institucional Nº 5) e perseguir os opositores, agora a extrema-direita vem fazendo o mesmo. Isso, logico, chamamos de ressentimento. No mesmo modo que os burgueses franceses usaram o ressentimento popular para instituir o rei e tomar o poder – com noticia falsa, porque Maria Antonieta nunca mandou o povo comer brioches – a história moderna é cheia de ressentidos e os fortes. A explicação é bastante simples, é extremante muito ruim você ver pessoas melhores do que você, que sabem o que estão fazendo, e você. Igual o bobão, seguindo pessoas que nem mesmo te conhecem. Nietzsche chama isso de seguir o ídolo. Certamente, como teólogo, é uma alusão ao ídolo de ouro dos hebreus que irritou Moises ao descer a montanha.

Qual o ídolo da esquerda? O Estado. Na essência, a esquerda (a progressista de forma amena e a socialista-comunista mais radical) o estado tem obrigação de cuidar de pessoas. Qual o ídolo da direita? Também o estado. na essência, a direta (a liberal e a conservadora de forma amena e a nacionalista mais radical) mesmo que uma parte queira diminuir o estado, ainda ele acha que o estado é uma espécie de moderador. Na verdade, essa discussão começa com Rousseau e Voltaire. Rousseau, filosofo franco-suíço, acreditava que o ser humano era bom por natureza, mas, o sistema que o corrompia (de certa forma, não está totalmente errado). Também, acreditava que aquele que cercava um terreno e dizia que aquele terreno era seu, era um impostor. Voltaire, filosofo francês, dizia que ele, segundo Rousseau, deveria ruminar com suas vacas no pasto. E assim, a discussão foi se dando através de séculos.

Porem, a meu ver, os dois estão errados e estão certos. Voltaire esta certo em dizer que o ser humano tem a escolha (vamos dizer livre-arbítrio) de ser bom ou ser mal, mas, Rousseau esta certo em dizer que o ser humano, muitas vezes, é levado a cometer atos pelo discurso do estado. talvez, quando o estado foi formado ao longo do tempo – porque acredito que ele não apareceu de repente – se teve a intenção de dar mais conforto e segurança e os que concordaram, achavam que era só isso. O ser humano começa a esquecer isso e começa a se entregar, completamente, ao estado e começam as grandes nações imperiais. Começam com os povoa arias (do centro europeu e do oriente médio) e se consolida, com impérios como o romano. Acontece, que hoje se tem uma outra percepção do que é o estado, como ele manipula com crenças – não pensem que igrejas não recebem dinheiro só porque as nações são laicas – manipulam com condutas mores e no fim, manipula com poucos que eles deixam enriquecer para dizer ou você trabalha, ou quem você ama morre de fome. Por isso eu acho, que essa ideia de casar e ter uma família (sempre como um ato de felicidade) é uma artimanha do estado para ter reféns e fazer você trabalhar para eles.

No final das contas não passa de uma ilusão, pois, uma hora ou outra, o sistema é reprogramado. Tudo é feito para se pensar que somos livres e somos felizes. Será mesmo que somos?

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domingo, 24 de maio de 2020

Os ofendidos que nos ofendem – uma análise de uma sociedade neurótica



Efeito Manada – VALENTIN FERREIRA


Por Amauri Nolasco Sanches Junior

O modismo é uma neurose coletiva.
Pablo de Paula Bravin

Há nessa geração uma falta imensa de disciplina.  Nesse domingo (26), fins minha meditação equilibrando meu bastão na ponta dos meus dedos e prestei atenção só na minha respiração. Isso se chama educar sua concentração naquilo que você está fazendo, no que você está vendo. Essa geração quer ser tudo, quer fazer tudo e quer saber tudo. Sócrates, trezentos anos antes de Cristo, dizia que poderemos saber o que nada sabemos, ou seja, por mais que você tenha o conhecimento, saber não é conhecer. Claro, que a filosofia socrática é irônica e essa frase é uma ironia a todos que se diziam saber, na verdade, não sabiam nada e nem sabiam responder as suas perguntas. Tanto é, que pegaram um poeta de bosta e fizeram ele dizer que Sócrates pregavam falsos deuses aos jovens e fizeram o grande filosofo, se suicidar.

A questão é que o mundo ficou muito mal acostumado de ter certezas sempre, pois, não teremos. Amanhã poderá ser descoberto outra dimensão e que essa dimensão não tem nada a ver com essa, ou que seres alienígenas inteligentes existem em uma outra realidade. Por que não? Por que achamos que as coisas, e ate mesmo, o universo é feito só para o ser humano? Será mesmo que o mundo e o universo está mesmo ligando para você? Não está. O mundo não vai mudar e o universo não sabe nem da sua existência, muito embora, eu ache que existe uma consciência maior e, de alguma forma, estamos conectados com essa consciência.

As redes sociais estão chatas porque as pessoas ficaram com muito mais certezas do que duvidas, e isso é um medo retido dos outros governos e também, um certo revanchismo de tudo. As pessoas nem param para ler um texto interessante, ou não perguntam o porque um amigo escreveu sobre a questão da pessoa. Uma questão que não pode ser só dela e sim, de outros que acham que o mundo tem que ser reservado. Claro, você não vai postar toda a sua intimidade numa rede social, mas, o que você esconde quando você não posta uma foto com seu companheiro? Por que ele não gosta ou você pensa “vai que”? Acontece, que mesmo Buda Sakiamuni, disse que tudo que você está sentindo você deve sentir ate a sua ultima “gota”. Só assim aquilo vai embora, ou ate mesmo, fica quietinho na sua alma. A questão é querer ter certeza e certeza, não temos nenhuma.

Eu posso não querer ser cristão. E daí? Isso me torna menos brasileiro ou menos humano? O problema que nem tudo que é bom para você é bom para mim, assim, nem todo mundo vai seguir aquilo que faz bem só para você. Nietzsche = porque sou um nietzchiano – vai dizer: “Enquanto toda moral nobre nasce de um triunfante Sim a si mesma, já de início a moral escrava diz Não a um ‘fora’, um ‘outro’, um ‘não-eu’ – este Não é seu ato criador”. No fina da frase é revelador, porque ele diz que esse “não” é um ato criador por si mesmo, porque você nega a cultura de massa. Enquanto a grande maioria não posta o seu relacionamento, porque “vai que, né?”, negaremos a grande maioria e colocamos a felicidade. Pode ser falsa, mas, mesmo coisas falsas podem ser bonitas. A potencia do prazer de mostrar quem se ama, será muito mais revelador daquilo que você é. Quem nós somos nessa cultura de rebanho? Será que seguir a manada é a solução? Sei não.

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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Opiniões fofinhas e filósofos iludidos






Amor Ou Ilusão - Home | Facebook



Por Amauri Nolasco Sanches Junior

A ilusão é uma fé desmedida.

Uma amiga diz que eu continuo me iludindo, só porque eu postei a foto da minha ex-noiva no meu Facebook. Dai, enquanto eu escrevia a matéria no Blasting News – que o pessoal ainda insiste que não tenha credibilidade nenhuma – eu fiquei refletindo sobre. Nessa reflexão uma questão vem à tona: um filosofo pode se iludir? O que é uma ilusão? E mais ainda, o que é a verdade? Mesmo o porque, quando postei a foto, naquele momento, eu não estava esperando nada e nem pensando nada, eu apenas, achei a foto bonita. Por que não posso achar alguém que teve relação comigo a muito tempo, lindo? Só porque não está comigo, isso não quer dizer que ficou feia. Por outro lado, se eu senti alguma coisa por ela, eu sei que ou ela não vai mais voltar ou vai demorar para ela amadurecer e entender, que ela não precisa ter as mesmas opiniões da sua mãe para a mãe, ou ate mesmo sua familia, cuidar dela. Enfim, eu sei que não estou mais com ela.

Duas coisas acontecem com essa geração chamada mileniuns – minha amiga tem 28 anos – eles nasceram em um outro mundo, onde não se precisa lutar pela liberdade e tem muita dificuldade de serem frustrados. Aqui vou fazer um mea culpa, pois, de alguma forma, tenho um sério problema de ser frustrado e talvez, com a idade, isso vem mudando. Porque se fosse em outros tempos, eu brigaria feio com essa minha amiga e ficaria bastante nervoso, coisa que não aconteceu. Porque eu entendi o ponto dela, mas ao mesmo tempo, eu discordo com esse ponto. Ai entramos na outra questão dessa geração é que ela acha que tudo num click será resolvido o problema, porque cresceram em torno da nova tecnologia. Eu fui ter meu primeiro computador com 21 anos e meu primeiro celular eu fazia ligação e olhe lá. Você não acaba com o amor num click, você não acaba com o passado num click, você não deleta pessoas na sua vida. Eu pelo menos, não descarto como uma “coisa” pessoas na minha vida, só se essa pessoa me agredi fisicamente ou moralmente.

Mas, voltando ao tema original, a questão de ser ou não iludido acaba sendo definida com a definição de realidade. Afinal, o que é a realidade? Qual a definição de algo que seja real ou não? Ou se aquilo que imaginamos ser a realidade, na verdade, pode não ser real? Pode ser que as pessoas nem façam ideia o que é a realidade, porque os valores e o mundo do que vivemos, são fruto das nossas neuroses. Sempre pessoas que falam da “realidade”, são pessoas que foram podadas por uma educação dentro de alguma seita evangélica, ou dentro de família desestruturadas que não moldaram o seu caráter dentro de uma abertura maior. E isso, claro, tem muitas exceções e felizmente não é regra.

Por outro lado, eu desconfio de pessoas que não postam a verdade e querem dar uma de fortinhas, além, é claro, pessoas que não postam fotos de namorados.

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segunda-feira, 18 de maio de 2020

Os especialistas do Facebook



Deleuze Bolation Siga-nos também no... - Filósofo Boladão | Facebook




Por: Amauri Nolasco Sanches Junior

Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.

Nesses tempos que o tema politico está em alta, sempre temos milhares de especialistas no Facebook e no Twitter políticos. A questão política não é muito simples assim, porque o presidente da república não é o único no governo e sim, ele é o chefe do executivo. Portanto, existe o legislativo (Parlamento dos Deputados Federais e o Senado Federal) e o judiciário, que foram colocadas como um equilíbrio saudável. Acontece que eu estou vendo um fenômeno – que começou, mais ou menos, em 2015 – que se trouxe aquela coisa “apaixonada” do futebol para a política. Ou seja, estou vendo que as pessoas estão muito “apaixonadas” e pouco analisando de forma muito mais racional. Se fomos analisar a origem da palavra “paixão” vamos chegar a palavra grega “pathos” que quer dizer sofrimento. Na verdade, o termo paixão tem um “parentesco” com o termo “paciente” e com “patologia” (doença), porque para os gregos e ate mesmo, para os medievais, a paixão era uma doença (o ocorre que sempre o ser humano confundiu amor com paixão).
Há um debate muito interessante em que se analisa muito mais na questão fanática (no sentido da pessoa ficar tão obcecada que ela já não quer ganhar o debate com o outro, ela quer elimina-lo), porque com a falta de uma perspectiva no âmbito mais na visão mais econômica, que possa dar muito mais conforto ao povo, levou ao debate uma maior dependência de uma ideologia ou religião. A questão para saber se isso é verdade, é se perguntar o porque que um deputado do baixo clero, se elegeu o presidente da república. Garanto que não foi pelos olhos dele e nem das “boas maneiras” do Bolsonaro. Foi, exatamente, essa falta de perspectiva que o lulopetismo deixou (no sentido das pessoas terem onde jogar a culpa, mas, a culpa é de quem votou no PT), que acalentou a briga entre Bolsonaro e a Maria do Rosário – que se não fosse se meter na entrevista, não dava holofotes para o Bolsonaro – e mais tarde, a “misteriosa” facada do Bolsonaro levou em sua campanha.
Gosto de analisar a politica de forma muito mais racionalizada do que apaixonada, porque tenho a visão de que político são funcionários públicos e devem servir a população para seu bem-estar. Para isso que pagamos impostos.  Aliás, se você doa algo para algum serviço público, como hospitais ou ate mesmo, instituições (como a teletoniana) você está pagando duas vezes. Sou bastante cético, afinal, temos que fazer certas analises para saber se aquilo faz sentido ou não faz sentido. Mas, antes de tudo, temos que olhar numa ótica muito mais ampla.
O filosofo grego Aristóteles – que viveu, mais ou menos, trezentos anos antes de Cristo – dizia que a política se dividia em duas. De um lado ficava a ética e a politica em si mesmo. Dentro da ética (que tem a ver com caráter), ficava a questão da felicidade de cada cidadão em viver na polis. Dando um exemplo nos dias de hoje, seria como dar um maior bem-estar ao cidadãos como asfaltar as ruas, construir mais hospitais ou escolas, melhorar a vida urbana para melhorar a vida financeira (já que dando uma melhor estrutura da cidade, mais empresas abrem e há mais emprego, junto com a educação e a saúde, claro). E a política, que na época de Aristóteles se denominava “politikon” que eram pessoas que se preocupavam com a polis, que deveria se preocupar com a felicidade geral, como agora, os cuidados de uma pandemia mundial. Ainda mais, no mundo grego clássico, existiam os “politikon” e os “idiotike”, que eram pessoas indiferentes com a polis. O que hoje chamamos de alienados, hora por causa da nossa educação vagabunda, hora por causa que temos uma elite rastaquera que financia essa cultura vagabunda só para fazer propaganda da sua marca e sabe nada de política.
Desta leva da elite rastaquera – que, aliás, trouxe o Coronavírus da Itália – saem nomes como o do Luciano Hang (vulgo: Véio da Havan), e de muitos outros, que viram e mexe fazem seu “showzinho”. Será que não perceberam que o mundo não é como desejamos e que o que não podemos mudar, pelo menos, não ajudamos a piorar? Dai entra o “idiotike” grego das pessoas que são indiferentes com a sociedade, indiferente com que acontece no mundo, indiferente que existem pessoas diversas e que o mundo é outro. Por exemplo, a cinquenta anos atrás era impensável pessoas com deficiência ter uma vida social, hoje mudou, uma pessoa com deficiência além de ter uma vida social ainda trabalha e pode ser um cliente em potencial. Por isso mesmo, as pessoas que acham que o passado era melhor e idealiza esse passado, são reacionários. Todo reacionário é um contra revolucionário que quer voltar aquilo que ele idealizou – nem sempre o passado foi bom – como confortável e certo. Por isso mesmo que o Luciano Hang gravou aquele vídeo contra as normas de acessibilidade, ele acha que quando não tinha essas normas, as empresas poderiam ser mais fáceis serem estruturadas. Mas, uma coisa eu concordo, há muita burocracia e deveríamos facilitar cada vez mais essas normas e ter muito mais uma fiscalização se isso está sendo respeitado.
Na verdade, o Estado sempre vai munir e querer regular a vida das empresas e a vida do cidadão, porque com um maior controle se pode ter uma maior certeza o que estão fazendo e o porque estão fazendo. Qualquer governo e qualquer ideologia não estão preocupados com o cidadão, estão preocupados com o poder e a duração da sua permanência nesse governo.  O Estado só vai se retroalimentar desse governo como se fosse um parasita que suga o que precisa para sobreviver. Será mesmo que se sabe de política? Será mesmo que se sabe das leis?
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terça-feira, 12 de maio de 2020

Filosofia do ‘não’ – meu ‘pinto’, minhas regras




Pintinho: imagens, fotos e vetores stock | Shutterstock

A deformidade do corpo não afeia uma bela alma, mas a formosura da alma reflete-se no corpo.

Como um bom filosofo, eu observo que existem problemas que não são analisados com real profundidade, um deles é a liberdade e a individualidade. Conversando com varias pessoas ao longo da minha vida, me disseram para eu contratar prostitutas para eu sentir a sensação do sexo e agora, disseram que tem as assistentes sexuais para pessoas com deficiência. Por ser homem, meu objetivo ultimo é transar? Uns dirão sim, outros dirão para só ter a experiencia de sentir uma mulher, pelo menos, uma vez na vida. Mas, será que isso é tudo? Será que o importante é só o sexo?

O nome do texto não é à toa, o grande lema feminista da atualidade é “meu corpo, minhas regras” como para mostrar que a mulher não é um objeto. Realmente, não é. Por outro lado, mesmo achando que todo homem é igual e coisas do tipo, endossa esse tipo de narrativa falando que o homem, para ser feliz, o importante é sexo. Espera um pouco. Eu não recebi essa educação, mesmo o porquê, minha mãe sempre dizia que eu não era igual ninguém e “macho” só seria cachorro. Eu, particularmente, não gosto da ideia do sexo sem uma intimidade maior do afeto (que muitas pessoas, confundem com carinho) do conhecer, do convívio, da conversa, do após e o durante de saber o que dizer e o que brincar. Nada contra a prostituta ou a assistente sexual, nada contra se ter liberdade de escolher o que nos fazem felizes, mas, essa padronização dentro da imagem estereotipada do macinho alfa que precisa de mulher de qualquer forma. Eu não sou assim e não quero ser.

Mas, o porque eu não aceito essas coisas? Quem me lê e quem me conhece sabe que sou libertário – não me interessa o que as pessoas acham do libertarianismo – e um libertário defende na propriedade privada, a não violência e também, que o nosso corpo é nossa propriedade. Afinal, quem é as pessoas para saberem ou não o que é melhor para mim? Quem é o Estado para saber o que eu devo ou não devo fazer? Indo mais além, quem é o Estado para saber se eu quero aprender essa educação vagabunda, que está ai? Não me interessa essa visão estereotipada o que deve ser um homem, ou o que se deve ser uma mulher, pois, esta mais do que claro, que isso é uma manipulação mais do que evidente do poder para dar momentos de felicidade para a grande massa não questionar. Então, se começa a criar narrativas, de imagens estereotipadas de que essas pessoas devem ser ou não. Daí entra – de forma ideológica contemporânea – a visão moralista machista (que muitas vezes é defendida por religiões pentecostais cristãs) e a visão radical feminista (que foi a forma de se quebrar um tabu criando outro tabu). Só, que as duas narrativas, transformam o ser humano em massa de manobra ideologia e que se você não se encaixa em nenhuma nessas narrativas, você é o diferente.

A questão do meu corpo – ainda mais com deficiência – é uma questão minha que só eu devo saber qual meu limite. Não quero ser nem um normativo que segue uma maioria, também não apoio o feminismo radical que acha, por exemplo, que todo homem é um potencial estuprador. Que todo homem trai. Que todo homem tem segundas intenções. Porque, você começa uma discussão com uma afirmação genérica e que não é verdade, pois, se disser a “maioria” é diferente se você disser “todos”. Nem isso, um estupro é uma violência que passa pelo lado reptiliano da pessoa, o instinto animal ancestral (quando, possivelmente, os homens copulavam com as mulheres a força bem no começo da evolução humana). Além, de ser uma violação do corpo da mulher, invadindo o seu bem maior e primeiro. Não faz sentido nenhum dizer que todo homem é um estuprador em potencial.

Nem gosto da expressão “todo homem é igual”, porque todo homem não é igual, mas, você escolheu um canalha. Ou seja, meu lema é “não me meça pelo que você viveu”.



segunda-feira, 11 de maio de 2020

Felipe Neto mijou fora do penico




Revista Camocim: Sindicato Apeoc Camocim "mijou fora do penico" ao ...




Hipocrisia é um prato que se come morno, provocando vômitos.


O youtuber Felipe Neto, postou no seu Twitter sábado dia 9 de maio, um vídeo carta aberta para intimar os outros influenciadores a terem uma posição diante do governo do Bolsonaro. Mesmo ele falando que ninguém é obrigado a se prenunciar politicamente, Felipe Neto disse que agora elas deveriam ter a convicção de não aceitar esse governo que classificou como regime fascista. Esse é o problema. Na filosofia, dizemos que quando usamos um termo fora de um contexto ou para xingar ou de forma genérica (seria de forma generalizada) sempre fazemos aquele termo ser um termo banal, sem sentido nenhum. Por outro lado, quem elegeu – queiramos ou não queiramos – foi a esquerda através do governo corrupto e incompetente do PT (Partido dos Trabalhadores).

O que acontece é que muitas pessoas não sabem o que é o fascismo – pela minhas pesquisas, nem mesmo os pesquisadores – porque ficou uma coisa obliqua e sem sentido ou não tem razão de ser. Primeiro, o fascismo como regime histórico e italiano, foi idealizado e restaurado pelo jornalista e ditador italiano, Benedito Mussolini e o seu maior símbolo, que veio seu nome, era o facho que eram cabos com uma corda para abrir caminho pelos senadores romanos. O grande lema fascista era: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, e nada fora do Estado”. A meu ver, existe uma diferença muito latente aí, pois, Mussolini tinha uma visão que o estado era tudo e que o governo e o estado deveria ser uma coisa só. Nossa tradição latino americana, que existe governantes que usam o estado para se perpetuarem com governos e discursos populistas. Por outro lado, o Bolsonaro tem duas características muito bem embasadas dentro da cultura brasileira. Como ele veio do exército, então, ele tem características muito fortes com o positivismo. O fascista não iria nomear pessoas técnicas dentro de um governo, porque o totalitarismo que é uma das características do governo e tem que ser quem o ditador quer. E o patrimonialismo que é uma confusão daquilo que é publico e o que é privado, onde há conceitos muito restritos entre entidades publicas e entidades privadas.

Outra característica do patrimonialismo é o nepotismo, que caracteriza como dar cargos para parentes, que na visão do brasileiro em geral, até concordam com tal pratica. Afinal, dizem, em quem confiar um cargo de confiança? Só que vou muito mais além, existe uma característica na nossa cultura – por ter vivido em periferia aqui de São Paulo, vivi muito de perto – de ser muito ligado aos familiares ao ponto de proteger no máximo um parente seu. Mesmo que esse parente ou amigo, fez alguma coisa de ilegal, ou que fez alguma coisa que não deveria, há dentro da nossa cultura dessa caracterização de proteção. Bolsonaro tenta sim proteger seus filhos, com isso, destruiu sua base e não está conseguindo mais governar.

Talvez pelo jeito do Bolsonaro de responder de maneira autoritária – porque ele sempre foi autoritário com suas estupides – tenham confundido como um fascista. Mas, um fascista tem como base ele como o estado, não há ninguém além dele – nisso o Lula seria muito mais fascista – e não há família, tanto, que se um fascista tiver que matar sua família para assegurar seu poder, fara sem êxito nenhum. Assim, podemos dizer, que Joseph Stalin, mesmo em um governo socialista, foi um fascista de esquerda. A meu ver, todo governo socializador é um governo socialista, porque existe uma ideia de padronizar a sociedade, é além de autoritário, são governos fascistas. Por isso mesmo, existe uma grande confusão de chamar o nazismo e o fascismo de esquerda, que ao que parece, não tem um lado.

Agora, importante poder explanar algo como liberdade e banalização da política.  Talvez, por ter uma deficiência, eu tenha me preocupado com a questão da liberdade e seus nuances sociais. Então, uma questão vem à tona: somos, realmente, livres? Pois, quando um Felipe Neto diz que entende que as pessoas não queiram se manifestar politicamente num primeiro momento e depois, num segundo momento, diz que essas pessoas são “covardes”, para mim, não faz sentido (exatamente, como ele começou). Porque, quando você impõe uma condição, você está obrigando as pessoas terem uma posição que não querem. Ai chegamos a banalização da política, pois, se essas pessoas começarem a discuti aquilo que não estão afim, se começa a banalizar. Igual o termo fascismo. Você começa gerando um efeito catalizador de falação de merda, que vai ser difícil desfazer (vide a revolução iraniana).

Como todo brasileiro, Felipe Neto mijou fora do penico porque repete narrativas ultrapassadas para discuti novos paradigmas, pois, para derrubar a narrativa bolsonarista-olavete se tem que desvencilhar do discurso de uma esquerda velha e que perdeu a mão.


domingo, 10 de maio de 2020

Não existe ‘mãe especial’ o que existe é mãe neurótica




psiconeurose (@LaahLayanne) | Twitter


“você não é igual os outros”
Minha mãe

Minha mãe nunca gostou de ser chamada de mãe especial, porque ela achava que não poderia ser especial só porque tinha um filho com deficiência. Ela ficava muito nervosa quando chamavam ela de especial. Na verdade, não existe nenhuma mãe especial, o fato que existem algumas mães que tem filhos com deficiência, não fazem dela especial, fazem dela mãe de crianças com limitações. No dicionário, algo especial é algo que não é geral, uma coisa individual ou particular. Na conotação em questão, seriam mães que teriam algo particular, uma questão individual. Daí vem uma questão importante: se queremos uma inclusão efetiva das pessoas com deficiência de verdade, por que temos que tratar nossas mães como mães especiais?

Eu já escrevi no meu Facebook minha opinião sobre esse apego da família, ainda mais, pessoas com deficiência que se acomodam da ideia que a mãe ou o pai lhe darão segurança. Não darão. Eles não são eterno e a morte chega para todo mundo. A problema consiste em querer ou não uma inclusão de verdade, como adultos de verdade, não adolescentes eternos que tem seu surto de rebeldia, mas, não quer largar a saia da mamãe. Para mim, esse tipo de ideia de inclusão é uma ideia bem vagabunda. É bem aquela frase que gosto do filosofo Luiz Felipe Pondé: “esses jovens cheios de "causas pra mudar o mundo" fogem da obrigação de arrumar o quarto”. Ou seja, querem mudar o mundo, mas, não sabem nem mudar suas próprios vidas.

Vou mais além, porque conversando com vários amigos meus também deficientes chego à conclusão – isso inclui ate mesmo a minha ex-noiva – que não existe mãe especial, mas, mãe neurótica. A neurose são um conjunto de problemas de ordem psíquica que conservam uma certa referência a realidade, se ligam a algumas situações circunscritas e geram perturbações sensoriais, motoras, emocionais ou vegetativas, são psiconeuroses. Eu gosto bastante da psicanalise, mesmo que alguns cientifistas acharem ser charlatanismo, pois, vai muito a fundo da questão psicológica.  Na visão psicanalítica, as neuroses são fruto de varias tentativas ineficazes de lidar com os vários conflitos e traumas inconscientes. O que distingue a neurose da normalidade é: primeiro, a intensidade do comportamento (atitudes exageradas); segundo, a incapacidade do doente de resolver os conflitos internos e externo de maneira satisfatória.

Nesse caso estamos apontando atos exagerados por causa do filho com deficiência. Essas mães tem dificuldades de dar respostas as suas angustias satisfatoriamente, tem um medo exagerado de um futuro que nem veio e não se sabe se vai vim. Talvez, esse futuro nem seja do jeito que estejam pensando e talvez, nem exista um futuro. E muito pior, existe mãe que são controladoras e usam chantagem emocional, usam a religião para controlar seus filhos. Não estou exagerando, as mães religiosas são muito mais controladoras. Jesus, certamente, não iria concordar. Tanto, que Cristo ao ser interrompido de fazer os seus milagres porque sua mãe, Maria, estava querendo falar com ele, disse que todos que estavam ali eram a família dele. Ou seja, não se apegar a ideia de família, não se apegar em pessoas. Alias, Cristo mesmo disse que muitos seriam chamados, mas, poucos seriam escolhidos, a alusão que muito poucos entenderiam seus ensinamentos.

 Eu já escrevi no meu Facebook. Que o namoro com pessoas com deficiência deveria ser acompanhado com “personal psiquiatra”, porque é muita neurose da família, principalmente, da mulher com deficiência.

sábado, 9 de maio de 2020

Pastor Valdomiro e a espiritualidade ‘fake’ do neojudaismo cristão




This is apparently what Jesus REALLY looked like - Daily Star



“A grandeza de alma é inseparável da grandeza intelectual, porque implica independência. Mas, sem grandeza intelectual, a grandeza de alma deveria ser contida, pois que cria a desordem, mesmo que tenha a intenção de proceder bem e de obrar com justiça.”
Friedrich Nietzsche

Já disse a minha posição espiritual e não é de hoje, que não gosto das igrejas neopentecostais que andam circulando por aí. Não gosto de partes da teologia evangélica, que remontam muito mais o judaísmo do que o cristianismo, propriamente, dito. Para começar, nada tenho contra o judaísmo, sou um grande estudioso da cabala e estou aprendendo os vários símbolos judaicos sempre. Mas, ou você segue a Jesus ou você segue o judaísmo, os dois fica um pouco desconexo. Mesmo o porquê, muitas resoluções judaicas Jesus foi contra e até desautorizou a fazer. Como o que comer, como ser ligado demais as pessoas e as coisas, como ser materialista e precisar de alguém para se ligar com Deus.

A questão é: porque raios eu preciso ir numa igreja e pagar dizimo para que tudo dê certo na sua vida? O neopentecostismo, na verdade, destruiu o o conceito da graça que é a chave do arrependimento cristão, pois, se começou a barganhar o perdão como se fosse uma mercadoria. A graça é um perdão concedido, segundo a tradição cristã, com o arrependimento verdadeiro do pecado cometido e pelo amor de Deus a sua alma. Nada disso de dar coisas ou pagar pedágio para ter graça ou para entrar no paraíso. Mesmo o porquê, não há muita lógica você querer barganhar com um Ser que é onipresente, onisciente e onipotente e sabe muito bem, o que você fez na sua vida e sabe tudo que acontece no universo e no cosmo inteiro.

Quem me lê a mais tempo, sabe que separo religião com espiritualidade, pois, a meu ver, existe uma diferença muito grande, aquelas pessoas que buscam se religar com Deus e aqueles que buscam sentir as forças criadoras de todo o universo e da realidade. Ora, a religião busca uma ligação, que segundo cada tradição, foi interrompida por causa de um pecado ou um erro primordial, ou seja, são dogmas para se seguir e ter essa ligação. Na tradição cristã, esse erro ou pecado, se originou com o pecado original do casal primordial da humanidade, Adão e Eva. Essa tradição judaico-cristã vem de tradições muito mais antigas e que, alguns judeus dizem, que muitas pessoas dentro do próprio judaísmo não levam tão a sério essa questão. Seria, uma espécie, de simbolismo.  Na verdade, há uma tradição que diz que a primeira mulher de Adão não foi Eva, mas, foi Lilith, feita do pó (não do barro) como Adão. Lilith não queria, na hora da transa, que Adão ficasse em cima dela e foi embora porque Adão não aceitou ficar em baixo. Deus vendo que ele se sentia solitário, fez Eva da sua costela.

Há varias teorias sobre essa parte da bíblia, mas, há quase um consenso, que o velho testamento (Torá), seja uma tradição de um livro muito mais antigo. Ora, Adão pode ter vindo de “Adam”, que quer dizer “homem” ou “humanidade”, remontando que Adão, na verdade, é um termo que quer dizer a humanidade. Ainda há outra possibilidade, que Adão seja um nome de uma comunidade lideradas por homens. Outra possibilidade é que Adão vem do hebraico AdaMah que significa “terra fértil”, que remontariam a questão da origem do termo como a origem da humanidade. Já Eva também tem uma discussão interessante de estudiosos sobre a origem do termo, que vem de HaVVah que tem o significado “mãe de sobrevivente”. Outro termo é HaYah que quer dizer “viver”. Os dois termos podem ter origem muito mais profundas como ser uma comunidade de humanos comandado por mulheres. Há lendas sobre comunidades assim, que remontam várias tradições e faz um certo sentido, porque são comunidades que viviam em harmonia e começaram a viver em desarmonia com o que é espiritual.

Por outro lado, há também uma grande discussão sobre os 6 dias que Deus fez um mundo, que remontam, os 6 períodos geológicos. Mas, a questão ultrapassa uma leitura literal da questão, que pode muito bem, ir mais além do que possamos ir. Mesmo o porquê, na questão de conhecer a si mesmo – atribuída aos 7 sábios da Grécia (Hellas) e usada na entrada do Oraculo de Delfos e depois pela filosofia socrática – tem um lado, também, intrínseco de uma tradição espiritual muito mais antiga. Tanto é, que a continuação da frase é que conheceremos o universo e os deuses, ou seja, cada vez que somos convidados a conhecer a si mesmo, somos levados a evoluir e enxergar uma outra realidade muito além de uma construção e um sujeito que acha que tem o aval de Deus para falar por ele.

O que é o conhecer? Um dos significados é ter consciência, ou seja, quando você tem o conhecimento de algo, a sua consciência vai saber que aquilo existe e tem um significado. O objeto do conhecer, nesse caso, é você mesmo no sentido de fazer um exame do que você é, assim, enxergar uma realidade muito diferente daquilo que estamos acostumados. O “penso, logo existo” cartesiano (o filosofo francês Rene Descartes) radicalizou o termo dizendo que temos a certeza da nossa existência, pois, podemos duvidar de tudo. Posso duvidar que exista a banda que estou ouvindo e achar que é uma musica produzida por programas de música, ou posso duvidar que possa existir uma flor chamada rosa, mas, não posso duvidar de mim que estou escrevendo esse texto.

Quando temos a certeza de uma existência e que aquilo que todo mundo diz pode ser ilusão (as sombras de algo muito maior), pode ser que nem exista, porque botamos ali o critério da dúvida. Aliás, somos os únicos animais que podemos ter consciência da realidade que nos cerca e assim, podemos perceber que além das inúmeras coisas pela ciência, há outras muito mais além do que nossa realidade possa responder. Então, essa imagem fechada, esse pacotinho pronto de um “deus” barbudo em um trono, me parece, algo muito limitado e dará vazão a uma outra realidade. O mito da caverna platônico explica muito isso. A caverna é a sociedade impondo ordens morais que nem as pessoas entendem, intelectuais tentam entender, mas, não entendem. Porém, aquele que entendem que existe uma outra realidade – o mundo das ideias de Platão era muito mais além do que esse mundo espiritual do espiritismo que se diz kardecista – são taxados de doidos, incomodam, são isolados pelo medo daqueles que se sentem confortados com aquilo. Aquilo é o limite de seus espíritos amedrontados. É o limite de pessoas limitadas. Será mesmo que precisamos nos religar?  




sexta-feira, 8 de maio de 2020

Regina Duarte e o bolsopetismo declarado




A aliados, Bolsonaro elogiou polêmica entrevista de Regina Duarte ...



"A democracia não é um sistema que garante o paraíso na terra, mas é o sistema que impede que o inferno se instale."
LEANDRO KARNAL

Não me interessa aqui ficar escrevendo biografias e datas, mesmo o porquê, o nome de Regina Duarte dispensam qualquer coisa. Quem não viu uma novela dela? Por outro lado, vou bem mais além, a atriz Regina Duarte é de um tempo que ser ator global era um status interessante para carreira de um ator ou uma atriz, porque valorizava sua carteira. Então, as entrevistas eram para exaltar esses artistas e valorizar, em alguns casos ate demais, o trabalho que eles faziam dentro das novelas. Afinal, eram tempos “sombrios” que só se podia ver novela e as que o governo queria que víssemos. E ainda, ate a pouco tempo, muitas entrevistas eram combinadas e eram amenas e não tinham esse confronto dentro das mídias tradicionais. Hoje, veio dos Estados Unidos e outros países, uma categoria de entrevista de debate (ideias diferentes) e confronto. Muitas pessoas acham que são opiniões dos entrevistadores, mas, é uma nova categoria que não vai embora só porque vai machucar o coraçãozinho do seu político de estimação. Politicamente, sou um desobediente civil.

Na vergonhosa entrevista, na última quinta-feira (7), dela na CNN Brasil – que não entendi se a Regina estava atuando ou estava drogada ou sei lá o que – mostrou uma geração muito ressentida de não ter mudado o país com várias lutas e pensamentos, muitas vezes, muito bem construídas. Acontece, que enquanto os militares governavam – no regime militar – e repetia a paranoia que existia uma leva de comunista conspirando, a esquerda de fato, começou a emparelhar as universidades e os meios de comunicação. Os próprios militares não eram tão de direita, pois, eles começaram a criar empresas estatais e começaram a burocratizar o governo, criando um pensamento de um estado forte. Ora, tivemos uma hiperinflação por causa das inúmeras dividas, não se acabou com corrupção e o coronelismo no nordeste (muito pelo contrário, muitos nordestinos foram para o sul e o sudeste sendo explorados e marginalizados), não se parou o movimento socialista/comunista.

A meu ver, estamos vendo, muito mais, um reacionarismo do que um crescimento ao conservadorismo. O termo reacionário tem um vinculo muito estreito com o termo revolucionário, porque os dois são a margem do fluxo temporal, sempre desvalorizando o presente para invocar um passado nostálgico (reacionário) para um devir idealizado (revolucionado). Para um reacionário, só vale aquilo que aconteceu no passado, ele tem o momento nostálgico. Eu sempre vi esse lado do nosso povo, preferir um aquaplay do que um X-Box ou um Atari do que um PS4. E isso não é só no campo do videogame, no rock, por exemplo, as musicas de bandas consagradas antigas tocam mais do que as novas. Essa coisa quase orgástica pelo nostálgico vem do que os pesquisadores chamam de efeito Chaves. O seriado “Chavo del Oto” reprisa a muitos anos com a mesma dublagem, mas, se você mudar a dublagem, as pessoas não conseguem ver e descartam episódios desconhecidos. O Aquaplay tem o mesmo efeito de divertimento do X-Box, mas, as pessoas tem aquela epifania nostálgica de preferir um Aquaplay, porque elas lembram da infância gostosa no sofá da sua casa com o papai e a mamãe.

É fácil ver com a Regina Duarte sempre apela para a infância e nunca uma postura dentro da vida adulta, uma vida que não valeu a pena. Estamos diante de um governo reacionário, onde se confunde com o conservador, mas, o conservadorismo tem em seu cerne, o ceticismo politico sempre focado naquilo que se chama de reais valores. Acho que aqui se confundiu duas coisas, o campo moral religioso não é conservadorismo, pois a moral religiosa fundamentalista, ela é moralista. A moral é uma serie de condutas para se viver em sociedade e o moralismo é a imposição de uma determinada conduta moral (isso vimos muito nas igrejas evangélicas) para caber dentro daquilo que você acredita. Muito do que se acredita ser o cristianismo de verdade, são apenas devaneios teológicos de igrejas caça niqueis neopentecostais. Ou, o neojudaismo (acho que inventei esse termo), de outras igrejas evangélicas que não sabem se seguem o judaísmo (velho testamento) ou o cristianismo de fato (os quatro evangelhos no novo testamento). Por outro lado, não existe liberal na economia e conservador nos costumes, porque ou você é liberal ou você é conservador, não existe nenhuma ideologia de ser um liberal conservador.

Só haverá jeito, quando tivemos uma educação de verdade e incentivar os mais jovens a lerem e se instruírem mais para não depositarem suas esperanças nem em políticos sem vergonha e nem em religiões medíocres e que usar a fé para fins políticos.



quinta-feira, 7 de maio de 2020

O apresentador capacitista e o cristianismo de lobos reacionários





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"homo homini lupus"
Plautus (254-184 a.C.).

Nesses dias eu vi um vídeo, num perfil de um amigo no Facebook, onde um apresentador de um desses programas sensacionalistas, dizia que discuti em redes sociais é igual Paralimpíadas que ninguém aplaude. Ora, ou o apresentador é um perfeito ignorante – como todo mundo que não sabe das Paralimpíadas -  ou um perfeito canalha patife que quer justificar esse monte de palpiteiro de rede social com uma coisa tão seria como as Paralimpíadas. Não acho que exista tanta importância no esporte, mas eu sei como é importante para algumas pessoas terem esse tipo de atividade. E também sei que esse apresentador não é o único que pensa assim, pois, esse pensamento se prolifera em muitos meios que participamos.

O capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência) se transveste, muitas vezes, em “eu sei o que é melhor para você” e não é bem assim. Vivemos dias sombrios onde a frase do dramaturgo romanos Plautus – usada por Thomas Hobbes – que dizia “o homem é o lobo do homem” faz sentido,  porque todos os homens querem brigar um com os outros. O segmento das pessoas com deficiência não é diferente, pois, como somos seres humanos – mesmo que muitas pessoas acham que somos uma espécie de “bichinhos de pelúcia” no sentido de achar nós bonitinhos lá no nosso cantinho – e temos as mesmas vaidades dentro do mundo. Não somos “anjos” só por ter uma cadeira de rodas ou outro aparelho, mas, no nosso meio temos muitos canalhas que vivem usando a deficiência para assediar pessoas (vi milhares de relatos por ai). Essa briga, muitas vezes, são brigas de vaidades morais. Minha moral é muito melhor do que a sua moral e isso implica, grosso modo, em entrarmos no cristianismo como uma religião que moldou a nossa cultura.

o cristianismo como instituição nasce para tentar reerguer o império romano, fato. Outra coisa, o primeiro Papa foi Constantino I e ponto, não existe nenhuma prova que o primeiro papa teria sido Simão Pedro (discípulo de Jesus), porque toda a tradição cristã remonta isso. Depois, toda a teologia cristã – desde Santo Agostinho – foi construída a partir de filosofias pagãs, festas pagãs e até meses do ano com os imperadores pagãos. A igreja era tão forte dentro da idade média, que encheram de feriados santos para as pessoas não fazerem sexo para não terem filhos. Usaram uma religião de um judeu humilde lá nos confins da Galileia para dominar e iludir aldeões humildes.

O que pude comprovar com o passar do tempo é que seja o cristianismo católico ou protestante, a religião cristã esta, totalmente, banalizada no sentido que ficou algo para as almas dos lobos se esconderem em pela de ovelhas. Aqui no Brasil – que o pessoal gosta daquilo que lhe convém – deturbaram tanto o cristianismo e por dinheiro, que ninguém sabe o que segue. Isso exige muito estudo, exige perspicácia, exige momento de reflexão e muitas vezes, as pessoas não querem refletir aquilo que seguem ou escutam. Um exemplo muito emblemático é a questão das fake News, onde pessoas ganham dinheiro com noticias falsas. E ainda é muito pior, não há um cristianismo de renovação da sociedade, há um cristianismo reacionário que acham que o passado é bom, mas, um passado que não existe.

Não há, de modo nenhum, nenhuma vontade renovadora dentro do Brasil que possa modernizar nosso país de maneira seria e definitiva rumo a sua grandeza. Só há ignorância de uma sociedade que não tem nenhuma escola, que não gosta de ler, que não gosta de pesquisar e saber que muitas coisas que são ditas como esse tipo de apresentador, é pura merda. Seguimos o barco, como dizia o saudoso Boechat.  




domingo, 3 de maio de 2020

Liberdade e deficiência – quando o amor acaba por causa do capacitismo



Liberdade e Deficiência , por Amauri Nolasco Sanches Junior e ...

O amor é a força mais sutil do mundo.

No livro “O que é deficiência” da Debora Diniz (antropóloga), diz que desde 1970 o Reino Unido fez um estudo que diz que deficiência não é uma simples expressão de uma lesão que impõe restrições e participação de uma pessoa. A deficiência é um conceito muito complexo que reconhece o corpo lesionado, mas também, vai reconhecer a sociedade que lhe oprime com seu conceito de normalidade. Dentro do estudo da biologia, o que é e o que não é normal? Numa forma do senso comum (vulgar), ser normal é ser o que as pessoas são em uma certa sociedade, aderir a uma conduta. Numa sociedade com corpos sem nenhuma lesão, o normal seria o padrão estético e a partir daí, se julga com olhos da maioria. A ordem estética se faz ver a pessoa com uma deficiência como uma pessoa deformada, fora da realidade. Não à toa, muitos medos humanos estão em criaturas deformadas, como, por exemplo, a figura de Lúcifer que do anjo mais belo se tornou uma figura deformada e retalhada de símbolos não normais.

Temos no capacitismo (preconceito com deficientes), uma diferenciação bastante sutil, porém, todas sofrem preconceito. O símbolo da cadeira de rodas como um acessório para doentes – também é usada para carregar pessoas doentes, mas, foi inventada para facilitar as pessoas que não podem andar – fez com que o estereotipo das pessoas cadeirantes fossem confundidas com doentes. Por outro lado, existe muito aqui no Brasil a visão do medico como o senhor da responsabilidade de prever o que a pessoa poderá ou não fazer, o que as pessoas poderão ou não ter uma vida normal. Muitos amigos viveram além do que os médicos previram. Alias, a meu ver, tem muito medico picareta que gosta de se sentir superior e fica diagnosticando asneiras, totalmente, fora da ciência. A ciência não prevê nada, ela analisa a probabilidade daquilo. Medico não é vidente.

Dito isso, podemos dizer, que nosso povo – por ter uma cultura religiosa – acredita em qualquer vagabundo que acha que sabe prever o futuro, mas, não sabe. O futuro é aquilo que construímos no presente, não dá para dizer que o vai acontecer x ou y, apenas com o desenvolvimento da pessoa e do corpo dela, se poderia ver a progressão da deficiência. Existem pessoas com deficiência que a deficiência mata aos 20 anos, outros vivem aos 90 anos, não dá para saber. Duas coisas alimentam o preconceito e a subproteção: uma é a mania do ser humano de procurar um significado para tudo e outra, a mania do ser humano de acreditar em tudo que é mais fácil e cômodo. Não existem significado nenhum da deficiência, porque é apenas um corpo lesionado, seja ao nascer ou depois em algum acidente. Não existe só doentes em uma cadeira de rodas, existem pessoas que precisam viver e querem viver em sociedade.

Eu tenho uma visão cética de tudo, eu não acredito em nenhum religioso, não acredito em médicos (por isso eu procuro uma segunda opinião), não acredito em jornais e não acredito em mensagem do WhatsApp.  Sempre estou pesquisando e lendo para não ser enganado, existem muitas pessoas vaidosas e maldosas que usam as crenças para ganharem prestigio. Também, não acho que nem a deficiência e nem nada da natureza tenha algum proposito, a natureza é cega e não sabe onde vai e assim, vai construindo nossa realidade. Quem sabe, algumas deficiências são o corpo humano em evolução e algumas coisas vão se modificando? Existe algo objetivo (a deficiência) e algo subjetivo (intuição), onde a consciência constrói os significados.

Mas, por que liberdade e deficiência? Quando pensamos em liberdade sempre pensamos em fazer tudo que desejamos, mas, quando conseguimos fazer, perdemos o interesse. A meu ver, temos o desejo e o real querer, pois, o desejo é apenas um momento, uma fagulha daquilo que o você quer de verdade (vamos chegar à essência da verdade). O que eu vi todos esses anos, foi que as pessoas nem sabem o que sentem, não sabem o que acreditam e não sabem quem são. Não sabem, muitas vezes, nem ao menos sua própria deficiência. Vão se apegando em pessoas, vão se apegando na ideia, vão se apegando nos símbolos que aprenderam a se apegar. Amar não é apegar as pessoas, aos animais e a própria família. Porque o apega deixa as pessoas vulneráveis. Muitas vezes, as religiões (principalmente, as evangélicas), deixam as pessoas vulneráveis pela culpa, acham que a deficiência são culpa delas e isso não é verdade.

A real liberdade é o NADA e o NÂO. Quando não esperamos nada e dizemos não, nos libertamos das amarras da normalidade e tudo que nos impõem como certo ou errado. Na própria bíblia diz que no principio era o nada e do nada Deus fez tudo que existe, fez uma realidade e, consequentemente, fomos criados (num outro texto eu discutirei esse principio da realidade na liberdade). Se irmos mais a fundo na questão da deficiência, aceitar ela e dizer um não para a sociedade ou não esperar nada de ninguém (pedir é uma outra história), a liberdade acontece. então, como somos humanos, somos fadados ater sentimentos e, muitas vezes, nos magoamos porque não podemos ficar com quem amamos, com quem descobrimos varias coisas. Ou porque a pessoa tem uma culpa enorme por ser deficiente, ou porque os familiares, com sua ignorância, começam a minar o namoro.

A culpa da deficiência vem de dois fatores:

1-      Religiões que insistem em dizer que a causa da deficiência é pecado, é dividas das vidas passadas e eles não podem curar por causa da pouca fé das pessoas. Mas, as deficiências são causadas por erros médicos, por nascimentos prematuros (muitas vezes, causadas pelos próprios familiares).  

2-      A dependência que muitas pessoas tem e a culpa de estarem atrapalhando a família. Também pode acontecer um apego exagerado dos familiares, que se confunde de amor.

Imagine dois cadeirantes se apaixonando e as pessoas achando que eles não podem ter nenhum relacionamento? Agora imagine se para terem razão, eles persigam o casal, eles acabem desgastando o relacionamento, por apenas, provarem sua tese? Dai entra a culpa, porque quando achamos que não podemos, sempre vamos ter uma vulnerabilidade maior. A questão sempre recai no apego, o apego ao cachorro, o apego as pessoas, o apego até nas imagens que se fazem das coisas e do amor.  O amor tem que ter um não, tem que ter um esperar nada. Daí entra o NADA e o NÃO, porque quando você não se apega a nada e diz não aquilo que querem lhe impor, muitas vezes, você depende dessas imagens sociais. Essas imagens que sempre vão tentar nos impor. Eu, pessoalmente, não admito que não me imponham nada, nem ideologias e nem crenças. Temos que presar a liberdade para uma real inclusão.


Amauri Nolasco Sanches Junior