sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Matrix7 – mães psicopatas e as mulheres cadeirantes trancadas

 


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 

Dias desses eu fui chamado de “macho alpha” só por causa de um texto da Fantine Oliveira – que escreve muito bem sobre o universo das pessoas com deficiência – sobre a invisibilidade que as mulheres com deficiência tem no movimento feminista. Perguntaram-me qual seria o intuito de compartilhar esse texto num grupo que está tentando, pela centésima vez, unir nossa causa em uma só (depois vou escrever melhor sobre esse assunto). Na hora eu não respondi, mas, fiquei refletindo sobre essa questão e deveria ter respondido que havia muito mais mulheres com deficiência sofrendo abusos do que possamos imaginar. Mas, com o vídeo do canal Além da Cadeira (que vou postar no final do texto), com a Camila De Lucca, eu vi que não era só a Fantine que sentia esse desamparo diante do movimento feminista, mas muitas mulheres com deficiência são assediadas, violentadas, pisoteadas, sofrem assédio moral e psíquico e irresponsavelmente, existem mães que dão anticoncepcional e corta o ciclo menstrual das suas filhas. 

Se eu fosse um macho alpha estaria aqui querendo defender as mulheres com deficiência ou não? Aliás, só que diz isso são aquelas que não me conhecem, pois, pensam que estamos num campo de batalha e que homens e mulheres devem estar a todo momento guerreando. Por quê? Sempre fui criado que homens devem respeitar as mulheres e as mulheres devem respeitar os homens, pois, um relacionamento que não há respeito, não é relacionamento. Ora, odeio “machos alphas”, odeio pessoas tóxicas que só querem e não dão nada para as outras, odeio homens que acham que estão dentro de um “galinheiro” e ele se sente o “galo”. Que aliás, com tantos problemas e demandas, acham que se tem que acessibilizar puteiro. 

Dado essa pequena explicação do meu caráter e como eu penso – não vou mais – devemos olhar as pessoas com deficiência (segundo a sociedade), como pessoas e não focar na deficiência. Primeiro, temos que analisar de forma mais ampla e ver que a sociedade nos enxerga como seres assexuados e que somos incapazes e isso, faz séculos afora. Pois, etimologicamente, preconceito vem do latim “prejudicium” e quer dizer, um julgamento prévio ou, favorável ou não, formado de antemão, a partir de certas circunstâncias, fatos ou aparências. Podemos dizer, também, que é uma ideia, opinião ou sentimento desfavorável sem nenhum exame crítico, ponderação ou razão. Ou seja, todo preconceito é uma visão que não tem nenhum critério se aquilo é verdade ou não e sim, são visões estereotipadas de uma realidade, muitas vezes, que não existe. 

As religiões têm muito essas visões morais e começam difundir visões sem nenhum critério. A maioria das mães que prendem mulheres com deficiência são evangélicas (isso não quer dizer TODAS), pois, a visão de ser uma missionária do “senhor” é muito forte. Aliás, a visão (quase psicopata) de “mãe especial” vem deles e que, na sua maioria, são mulheres que não tiveram instrução. Dai vale um parenteses, a meu ver, não existe bem ou mal, e sim, conhecimento e ignorância. As pessoas que fazem alguma coisa com as outras, não fazem porque querem, mas, falta nela um conhecimento que aquilo é errado. Mas, se ele sabe que está errado, podemos dizer, que ele está numa ilusão. Se uma mãe, de um modo geral, prende uma filha com deficiência, ela quer preservar essa filha ao sofrimento, mas, ela não sabe (por causa da sua condição de obsessão de uma ideia), que essa filha vai sofrer de qualquer modo. Mesmo assim, ela fere no direito da sua filha de ter liberdade, afinal, essa mãe casou com quem quis, transou com quem quis e fez o que quis; então, por que sua filha não pode? Por causa da deficiência? Por que ela não pode sofrer? 

Imagine uma mulher com deficiência que é cadeirante, trabalha e tem uma vida ampla e de repente começa a namorar um rapaz sem nenhuma deficiência e a mãe, num surto de loucura, faz sua filha sair do emprego e tira sua cadeira de rodas, prendendo ela em casa e proíbe ela de falar com o rapaz? imaginaram? Ora, aconteceu de verdade e são histórias que me contam e é muito comum, mulheres com deficiência serem presas, violentadas, assediadas, e outras coisas muito piores. Eu mesmo vivi isso a pouco tempo, pois, a maioria das pessoas com deficiência não tem coragem de denunciarem, porque mesmo as mães fazerem isso, o apego é muito pior. Ai entra em uma outra tese minha: as pessoas não amam e sim, veneram. E, em alguns casos, nem amam tanto assim, e só fazem, para serem “bonitinhos”. 

Eu sempre amei todos os membros da minha família, mas, determinei certas coisas que eu tenho condição de fazer e que sou uma pessoa. Eu amo como qualquer um, eu sei determinar com que eu gasto, eu sei como faço e namoro quem eu quiser. Porque não tenho nenhuma necessidade de ter minha família grudada no meu rabo e dizendo o que eu devo ou não, o que devo fazer com minha sexualidade e se eu vou ou não, sofrer. Minha mãe, até onde eu sei, não disse para meu pai me cuidar antes de morrer, ela disse para mim. Eu fui criado assim. Fui proibido de entrar na casa de uma ex, fui proibido de casar com a primeira namorada, fui proibido de falar com minha ex-noiva – meu maior amor – e estou vivo, não fiquei depressivo e nem tentei me matar. Não digo que não estou sofrendo, mas, eu não preciso de ninguém no meu rabo. Mas, não é com a maioria das pessoas com deficiência e muito pior – porque estamos num país machista – são as mulheres com deficiência. 

Essas mães são psicopatas e eu sou o “macho alpha”, ou se preferirem, como a feminista evangélica de 18 anos me disse, sou um ser tóxico.


quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Matrix6 – peregrinação das cadeiras de rodas para o centro

 







Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 

Umas das coisas que me deixam mais encrencado no segmento das pessoas com deficiência é que todo mundo quer união e ninguém que deixar suas crenças, suas ideologias e seguem endeusando coisas que nos deixam de fora. Enquanto isso, ideologias, religiões, serviços públicos e etc., fazem as coisas a nossa rivélia e não temos como ver ou ficar sabendo sobre o tema. Reza a lenda, que existe um serviço da Prefeitura de São Paulo com parceria com a AACD (Associação a Assistência as Crianças Deficientes), que presta serviço a manutenção as cadeiras de rodas e outros aparelhos. Relatos dizem que essas “manutenções” são só de pequeno porte, não arrumam cadeiras motorizadas (que são mais caras) e também, as pessoas com deficiência tem que levar as cadeiras de rodas até o centro da cidade de São Paulo. Qual cadeirante, tendo sua cadeira de rodas quebrada, vai pegar e poder levar a bendita até lá para arrumar? Ganhando um salário-mínimo, em condições precárias, sem parente (porque trabalha), sem cuidador (porque, ainda, não são disponibilizados e temos que pagar um), tem condições de levar lá? 

Duas coisas temos que ter em mente: 1-) não interessa o partido, ideologia ou coisas do tipo, se nós não cobrarmos da prefeitura, do governo do Estado e o governo Federal, nada, absolutamente, nada, vai ser ao nosso beneficio; 2-) o prefeito, governador ou o presidente, é só uma engrenagem que gira e faz funcionar a máquina do Estado. O Estado é um só e as ideologias fazem o resto. A esquerda joga mulheres contra homens e homens contra mulheres, jogam negros contra brancos, patrões contra empregados e etc., enquanto, a direita dará a sensação de liberdade, que ganhamos porque merecemos, porque trabalhamos e estudamos. Enquanto eles tem agendas definidas, como ficam as pessoas com deficiência? Quantas mulheres com deficiência são assediadas, abusadas, ou até mesmo, sofrem assédio moral e psicológico das famílias? Cadê o movimento feministas tóxico (porque o feminismo é muito mais do que isso) que não enxergam essas mulheres? Quantos negros com deficiência são discriminados e não tem nenhuma comoção? 

Minha analise é muito mais ampla e não tem a ver com nenhuma ideologia, pois, o que me importa aqui, é analisar as pequenas lacinas que a esquerda e a direita deixam quando se trata de pessoas com deficiência. Então, poderemos perguntar, somos muito menos seres humanos só por causa da nossa deficiência? Pergunto porque me parece que sim, somos assexuados, somos incapazes, somos cuidados e não podemos nos cuidar. Gerando assim, produtos inadequados, adaptações que beiram ao ridículo, discussões ideológicas que não cabem ao nosso segmento. Enquanto isso, entidades usam nossas deficiências para levar o dinheiro publico, serviços vagabundos que não servem para nada e manutenções que não vão arrumar nada.


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Matrix5 – reportagens vagabundas envolvendo pessoas com deficiência

 









As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras. 



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Tenho reparado que todas as notícias envolvendo pessoas com deficiência, na sua maioria, são vagabundas e tem sempre um fundo de história de superação que deveria ser contada. Beira a insanidade mental, você toda hora, ser exemplo de superação de uma sociedade, que não quer aprender nada. Na última quarta-feira (18), o morador do HC (Hospital das Clínicas) aqui em São Paulo, Paulo Henrique Machado, que ficou lá por 51 anos seguidos. Os amigos o chamavam de Paulinho e gostava de informática e games, conhecendo varias celebridades. Na manchete vagabunda da UOL, há algumas semanas Paulinho se queixou de dores no estômago e várias pedras na vesícula, onde o hospital diz que tratou. As causas da morte não foram divulgadas – a imprensa e nem a esquerda se importaram com isso – e muitos amigos, dizem que tiveram que brigar no Ministério Publico para assegurar o direito dele ter um respirador decente. 

Vamos imaginar se Paulinho ou outra pessoa com deficiência tivesse levado uma paulada e tivesse morrido por causa dessa paulada, será que a grande imprensa iria se importar com isso? Eu mesmo fiz uma reportagem dentro do Blasting News – quando um mendigo jogou um cadeirante da ponte empurrando ele e virando sua cadeira – e pouco se falou do caso. Então, você conclui que há uma seletividade dentro da mídia – até a mídia especializada que só querem publicar reportagens fofinhas porque as pessoas com deficiência tem aversão com discussões – em qual minoria querer defender e assim, gerar cada vez mais o caos e a discórdia no meio das mídias sociais. Por quê? Porque assim gera engajamento, pois, quem quer saber de um deficiente que morou 51 anos num hospital e deve ter morrido por negligência? E o gozado que outro dia estava, exatamente, falando dessas reportagens vagabundas que as pessoas soltam só para dizer que disseram alguma coisa sobre o caso com uma amiga. Ela dizia que os outros segmentos não abrem espaço e nem se importam conosco, pois, a gente mesmo nem se importam e queremos sempre estar engajados também. 

Mas, uma coisa me intrigou (não deveria pelas enxurradas de besteiras que se escrevem das pessoas com deficiência), um texto da jornalista Madeleine Lacsko no Gazeta do Povo, que contava a história de Paulo. Já começa na chamada do texto dizendo que deveríamos de conhecer “a história do homem que passou 51 anos internado, realizou diversos sonhos e dizia que “viver vale muito a pena””, mostrando um apelo sentimental e que pouco reflete a nossa vida, de lutas e de, as vezes, vitórias. Depois, Lacsko escreve (como uma boa evangélica), que Paulo “deixa uma história que deveria virar filme”, mostrando, que todas as pessoas com deficiência tem que mostrar para uma sociedade que não quer aprender nada. Para nas vagas de cadeirante dos estacionamento. Desrespeita o cadeirante na hora de passear no shopping. É louco para trancar as pessoas com deficiência em escolas especiais (que a mídia não disse nada a respeito e nem a esquerda lacradora e tóxica). Depois vai e doa para o Teleton, escreve bobagens desse tipo e querem, que esse tipo de historia vire filme para dondoca teletoniana chorar. Que lindo, não? 

Não quero que a história dele vire filme, mesmo o porquê, vão transfonar sua história como mais um exemplo de superação. Li em algum lugar, que o brasileiro tem a mania de transformar tudo em normas, normas para o português, normas para dar aulas, normas para ser um bom pai, normas para ser um bom namorado e o mais engraçado, que não segue nenhuma. Como ser um bom marido se tem milhares de amantes ou vai ao puteiro? Como ser uma boa namorada ou uma boa mulher se é intolerante com o outro? Como se quer ser uma boa mãe se nem acompanha o que seus filhos estão fazendo ou assistindo? São perguntas pertinentes, que talvez, não tenha nenhuma resposta. E uma outra característica do brasileiro é se meter na vida do outro e o pior, não sabe votar, não sabe ser cidadão, mas quer salvar o mundo inteiro e acham, literalmente, que são enviados do Divino para arrumar a humanidade. Dai eu lembro da frase do Pondé que está até nesse blog, que é: “esses jovens cheios de "causas pra mudar o mundo" fogem da obrigação de arrumar o quarto”. Ou seja, o brasileiro não sabe nem da politica do nosso país e se acha o “inteligentinho” - expressão do próprio Pondé – para ficar debatendo politicas de países alheios. 

Como disse logo acima, se nós com deficiência, tomasse uma paulada e morresse no meio de um mercado – já teve casos de segurança seguir eu e minha ex no Extra – seria feito uma notinha vagabunda, a mídia especializada continuaria com a sua Disneylândia – porque fazem da deficiência um parque temático – e todo mundo tiraria suas cuecas e suas calcinhas para dar para o Teleton. Só isso.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Matrix4 – O moralismo feminista dos Porta dos Fundos

 





“Enquanto tiver alento, jamais deixarei de filosofar, de exortá-los, de ministrar ensinamentos, a qualquer um de vocês que eu encontrar. Essas foram às ordens que o Deus me deu”. 

(PLATÃO, Apologia)

Por Amauri Nolasco Sanches júnior 

Dias desses, eu recebi uma mensagem no meu Instagram de uma feminista de 18 anos evangélica – híbridos que só o Brasil produz – dizendo que estava cansada das minhas mensagens que ao olhar dela, eram mensagens vitimistas. Ora, as mulheres enchem o saco para os homens mostrarem seus sentimentos e quando mostram, são vitimistas? Mas na continuação, disse que eu sabia o que eu tinha feito e que cada causa tem um efeito. Ai que esta, nem sempre, necessariamente, efeitos tem as causas que pensamos que tiveram. Antes mesmo dela dizer isso, da causa e efeito (como se esse povinho soubesse a teoria cartesiana), ele disse do “suposto” arrependimento do que eu tinha feito com a sua tia e assim, mostrando uma dúvida se eu estava ou não dizendo a verdade. O que é a verdade? Será que a menina sabe o que eu sinto ou reproduzo do que sinto? Claro que não. Em nenhum momento, um filósofo se põem a dizer mentiras, pois, como Sócrates mesmo disse na sua Apologia (que foi escrita por Platão): 

“Mas, entre as muitas mentiras que divulgaram, uma, acima de todas, eu admiro: aquela pela qual disseram que deveis ter cuidado para não serdes enganados por mim, como homem hábil no falar. Mas, então, não se envergonham disto, de que logo seriam desmentidos com fatos, quando eu me apresentasse diante de vós, de nenhum modo hábil orador? Essa me parece a sua maior imprudência se, todavia, denominam “hábil no falar” aquele que diz a verdade. Porque, se dizem exatamente isso, poderei confessar que sou orador, não porém à sua maneira.” 

Como amante da sabedoria, buscamos praticar duas coisas (que são passiveis de erros): a virtude (areté) e a prudência (phronesis). A virtude é ser coerente com aquilo que pensa e o é, ou seja, um ser humano virtuoso segue de modo ético aquilo que pensa e aquilo que é o certo. Mas, o que é o certo? Aquilo que leva o verdadeiro bem. Não posso mentir sobre meus sentimentos se eu não gosto de mentir, do mesmo modo, eu não posso acuar uma pessoa sendo que eu acredito na liberdade. Eu não vou bater em uma mulher se sou contra baterem na minha mãe ou na minha irmã, e isso nos leva a prudência que é, entre outras coisas, moderar minhas ações dentro daquilo que sou e que posso fazer de virtuoso. Alias, graças ao “tio” Aristóteles (chamo de tio porque aprendi muito com ele), sabemos que a prudência sempre é um equilíbrio para, exatamente, encontrar a virtude. 

Ela, nesse contexto, se enganou. Pois, o que se diz na conduta humana, não existe causa e efeito e sim, acumulo de situações. Se, em toda a sociedade, eu tenho que respeitar a outra pessoa e a outra pessoa tem, do mesmo modo, me respeitar como pessoa e não interessa se ela é negra, mulher, deficiente e etc., pois, todas as pessoas estão inseridas nessas premissas de serem respeitadas. Então, se não há respeito entre duas partes, não há um ponto de inicialização disso, mas, pode haver um ponto de terminar isso. Daí entra a virtude (que termina com o orgulho), porque se eu desconfio do outro e digo para o outro que eu acho que seu arrependimento é “suposto”, então, você nunca vai ser virtuoso e sempre vai achar que não haverá seres humanos que merecem o respeito. Mas, como toda evangélica que acha que todo ser humano é falho e eles são perfeitos, eu continuarei com meu suposto arrependimento e além disso, as ideias de um feminismo tóxico (turbotecnofeminismotóxico), pioram a situação. 

Dai podem me perguntar: o que tem isso com o vídeo do Portas dos Fundos? Muitas coisas. Ali mostra uma ideia machista muito antiga, que a mulher só vai vencer na vida se ir para a cama com o chefe, com os dirigentes e etc, pois, não tem capacidade de lutar e vencer sozinha. Logico, que temos que entrar na arte, porque temos que entender toda uma estética dentro da questão educativa humana, que começa, com os gregos antigos. Jeager, intelectual alemão, vai dizer que o intuito das poesias e tragédias gregas eram educar o povo. Os mitos não eram uma “mentira” e sim, eram explicações que a grande massa entendia, pois, um grego sabia que aquilo era uma história para explicar algum fenômeno natural, ou alguma conduta humana. E isso, com o advento das poesias de Homero e Hesíodo, se começa a produzir tragédias e com essas tragédias, se começa a educar uma grande maioria do que o Estado queria que o povo se portar. Hoje, mesmo com o advento da educação de escola, o teatro e a comédia é um modo de criticar e ensinar o povo alguma coisa. Infelizmente, temos um respeito bastante seletivo dentro do espaço da mídia e quando se começa a ideologizar demais, se começa a diferenciar quem ou não, devo confiar. 

Do mesmo modo, se o canal Hipócritas, tivesse feito um vídeo do mesmo conteúdo, será que as feministas tóxicas gostariam? Claro que não. Como mostrei no começo do texto – que eu chamo de debate – o brasileiro é bastante seletivo daquilo que ele quer passar, porque ele quer moldar as situações as ideologias e as crenças, nos quais, acreditam. Se um buraco é quadrado, vão martelar uma coisa redonda ate caber naquilo que é quadrado. Eu chamo de conceito “tunado” -- tunado são carros com peças de outros carros para ficar no gosto do dono – e está cheio disso no Brasil. Ou seja, se pega uma ideologia ou uma religião e se começa a montar aquilo que te agrada e não, aquilo que é de verdade. Ai que está, a verdade enquanto aquilo que é, só se é chegada, pelo conhecimento. O saber sempre é melhor, do que a ignorância.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Matrix3 – contra os evangélicos

 






Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 

Muito me intrigou o porquê os cristãos não querem seguir Jesus e outras religiões, como o budismo, sempre querem melhorar moralmente e chegar até a ordem moral do mestre. Um budista espera chegar até ser buda (como a tradição diz que o buda Sakiamuni chegou), e assim, chegar ao nirvana. O cristão não busca, em nenhum momento, melhorar moralmente porque na teologia cristã, Jesus é o deus-homem e não se pode alcançar a moral perfeita de Jesus. Só a graça de Deus aos homens que merecem – eles acabam inventando o homem individuo – e não tem pecado (faltas com o divino), podem ser santos em fazer o bem. O bem acaba sendo o outro e não nós mesmos. Então, deixamos de ser seres que podemos evoluir e nos tornarmos “deuses”, para sempre acharmos que somos pecadores e não nos desapegarmos aos bens do nosso mundo. 

Podemos usar um pensamento do Luiz Felipe Pondé – que relutei bastante tempo e depois entendi – que as pessoas deveriam seguir religiões de mais de mil anos. Por quê? As religiões que tem menos de mil anos acabaram sendo contaminadas numa forma mais materialistas de viver, sendo, absorvido muito a ideia bastante romana de só acreditar se tiver imagens ou formas empiricas de provas. Os gregos tinham uma religião templaria onde só uma elite aristocratica, poderia ser iniciada em alguma ordem mais mistica e isso não é a toa. Como é mostrada no filme Matrix, nem todas as pessoas são preparadas para verem a verdade, pois, suas almas ainda estão adormecidas em uma escuridão. Platão, que teve várias iniciações, mostra isso no mito da caverna, porque nem todo mundo está preparado em sair dela. Ver uma outra realidade e esse é o ponto, pois, a realidade pode ser uma mera ilusão levada por mentes condicionadas que tudo aquilo que elas sentem, seja verdade. A cultura romana foi parasita e não inventou nada, mas, sempre colocou aquilo que interessava ao império. Enquanto os deuses gregos eram além daquilo que poderíamos tocar, os romanos fizeram desses deuses algo pessoal, não eram tratados como os gregos dentro dos templos, mas cada um tinha o seu. Chegamos onde eu queria chegar. 

O cristianismo é uma religião oriental do oriente médio, derivado de um judeu que questionava alguns pontos do judaísmo, mas, ele veio do judaísmo. Não podemos tratar o cristianismo como uma religião ocidental, pois não é, as religiões ocidentais eram dos deuses, da magia e do deus desconhecido e isso é fato. Se mudou graças ao império romano que impôs uma religião que puseram a imagem do seu fundador como um deus-homem (para ninguém ser mais poderoso do que o papa ou o imperador na época) e assim, converter os bárbaros a ideia de serem cordeiros de Deus e pacificar o negócio. O grande problema é que ninguém pacificou nada. Mas, a igreja católica (universal) tomou como missão erra exige e quando o império caiu (eu levanto a tese que ele se transformou na igreja católica), foi ela que tomou conta na Europa. Papas poderiam destronar ou colocar no trono reis, poderiam organizar cruzadas, inventar dias santos para as pessoas terem menos filhos e isso, não me parece uma doutrina espiritualizada. 

Temos que ir mais a fundo na simbologia do cristianismo ocidental (o cristianismo oriental, ortodoxo, é bem diferente). Porque usa símbolos judaicos, a filosofia grega e o simbologismo romano e pagão, muito bem-visto nas roupas dos anjos como centuriões e a imagem de Maria, mãe de Jesus, como a deusa celta da fertilidade (vamos ao infinito) e outros símbolos. Como o dourado como sabedoria, ou cores que queriam dizer várias coisas que estão além e não é, necessariamente, ostentação daquilo que os reis doavam para igreja. O que era doado ficava com o grande clero, nunca chegava as igrejas. Além, claro, do poder de império que a igreja católica tinha na época. Mas, o que fez o monge agostiniano Martin Lutero foi ver a armadura dourada do papa da época e assim, achar que a igreja ostentava. A igreja protestante (vulgo evangélicos), sempre tiveram um grande problema de simbologia e quem teve a educação evangélica, tem um grande problema de entender linguagem simbólica. Tanto, que não enxergam, que adorar imagem também vale com a bíblia, pois, a bíblia é um livro e não pode ser considerado Deus. 

Desde quando o império romano tomou conta do cristianismo – roubando a doutrina do fundador que ajudou a matar – se deturbou completamente, o que Jesus pregou no novo testamento. Aliás, o cristianismo hoje tem tudo, menos, a palavra pura de Cristo. Não tem nada de espiritual e tem tudo de materialista. Pior, os evangélicos seguem muito mais o velho testamento (o livro judeu) do que o novo testamento. Ora, podemos questionar fazendo a seguinte pergunta: segundo a lógica, cristãos deveriam seguir muito mais, o novo testamento do que o velho, então, o protestantismo é judeu ou cristão? Um evangélico poderia responder facilmente, usando a passagem onde Jesus diz que não veio para negar a palavra e sim para cumpri-la, que o velho testamento é um complemento do novo. Será? Eu nunca vi o livro sagrado budista levar os Vedas como complemento, e mesmo o porquê, de forma nítida, Jesus vai questionar muitas coisas dentro do judaísmo e negar que tenha o olho por olho, por exemplo. 

E tem um outro problema, a questão do que se diz no âmbito moral. Pois, os evangélicos são muito mais moralistas do que a favor da moral como virtude, porque não interessa o lado espiritual e sim, as riquezas do que se tem hoje. E, claro, as pessoas vão sempre ir na igreja no domingo e depois, começam a falar mal do outro, começam a desconfiar e começam a achar que só eles vão ser salvos e não os outros. Os evangélicos inventaram a segregação espiritual, onde você só casa com que é evangélico, você só vai ser salvo se seguir a igreja, você é um filho de Deus se você dar grana para a igreja. Como, em uma passagem nítida de revolta de Jesus, ele expulsa os mercadores do Templo do “pai” (em aramaico, abba). Ou seja, se voltou ao judaísmo fariseu do tempo onde viveu Jesus e se vende a fé, porque não se tem uma nítida fronteira de que é terreno e o que é espiritual. E ai que a confusão toma conta entre ser moralista e o que é moral. 

A moral tem a ideia central de ter o conceito do bem, que pode se entender como tudo aquilo que se pode promover e se desenvolver o ser humano. E a partir dessa ideia central, que são tirados como princípios e diretrizes até se chegar às regras morais, que influenciam o comportamento e a mentalidade humana. Já o moralismo é um sistema filosófico, que defende a primazia exclusiva da moral, ou seja, agem com bastante excessos de preocupação dentre algumas das questões de moral, na qual, tendem sempre para a intolerância e o simples preconceito por causa do purismo. Isso se pode classificar de puritanismo. Ou seja, não se pode impor nada além daquilo que pode visar o verdadeiro bem e colocar o ser humano, como melhores em conduta e conhecimento. O evangélico, na verdade, não é, nem mesmo, conservador e sim, tradicionalista. Ou, como preferem, reacionários. Eles idealizam um passado que nunca existiu para ficar ditando regras que só eles acreditam, colocando o direito individual, em xeque sempre se metendo na vida alheira. 

Por serem materialistas acham que trabalho de verdade é só braçal, que pessoas com deficiência só são felizes andando (fora, que dentro da própria igreja tem muita discriminação), que só se é feliz dentro da igreja e só eles vão ser rebatados. Criaram um apartheid espiritual, onde só os “escolhidos” serão filhos de Deus. Até onde eu me lembro – porque juro que fiz primeira comunhão – Jesus não disse nada disso, ele disse que todo mundo era filho do Altíssimo e ele atendia a todos.


sábado, 21 de novembro de 2020

NaziCarrefour – Hitler venceu?

 



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

Quando você pensa em discriminação racial, pensamos logo no nazismo e de uma figura bastante “asquerosa” como Adolf Hitler (tanto foi, que sua família teve que mudar o sobrenome por ter ficado marcado como um nome asqueroso). Mas, longe de defender Hitler, seu preconceito e o uso dessa discriminação vem muito antes e tem sim, fontes muito mais antigas. Os gregos achavam que os asiáticos e os que não eram gregos, bárbaros (que vem do próprio grego que quer dizer “tagarela” porque falavam “bar bar bar”) e, muitas vezes, eles eram escravizados pelos vencedores gregos. Tanto é, que o filósofo Aristóteles, era contra a excursão de Alexandre – seu pupilo – para países estrangeiros levar a cultura grega, que para eles, era muito superior (mesmo que alguns elementos tenham vindo da asia). Já os romanos – que são herdeiros de muitas coisas gregas – sistematizaram esse terno e usaram para os povos que viviam além das suas fronteiras. Os romanos chegam a escravizar esses povos e até mesmo, usar eles contra seus próprios povos. 

Teria alguma base biológica para tal? Não. Biologicamente, somos todos homo sapiens e mais, segundo o Pirulla que estuda bastante sobre isso, exames genômicos mostram que o pessoal da África é mais homo sapiens porque é a origem. Portanto, poderíamos refutar os nazistas da época – porque depois nem sabem o que estão seguindo – dizendo que se existe alguma pureza, porque não há, os africanos estão ganhando nessa. Porém, a grosso modo, somos uma espécie única, porque todas as outras espécies de hominídeos se extinguiram. Então, não há bases sólidas para se acreditar que existe uma cor mais pura do que a outra e que existem “raças”, porque todo mundo tem a mesma capacidade de racionalizar e de sentir – até mesmo de criar culturas – e assim, uma etnia superior é uma grande besteira. E nesse erro de milênios, culminaram na segunda guerra mundial que ceifaram milhares de pessoas, a segregação racial americana (com sequelas até hoje) e também, outras minorias entram nesse combo. Por seculos inferiorizaram as mulheres, inutilizaram as pessoas com deficiência, estereotiparam os povos que não viviam nas cidades, e etc. 

O problema é o preconceito  desemboca na ética. Quando olhamos a ética (ethos), sempre temos que ter em mente que estamos falando de caráter, pois, tem a ver com os valores que você recebeu durante sua educação (familiar) e escolarização (cidadania). E tem uma outra coisa, estereótipos do senso comum que se espalham como um medo e chegamos no cerne do problema. Por que se tem medo de ciganos, por exemplo, por causa quem em dado momento, algum ou alguns deles, resolveram sequestrar crianças (se é isso é verdade)? Medo. Mestre Yoda do Star Wars – o jedaismo na verdade, é o budismo zen em outra roupagem – tem razão em dizer que o medo gera a raiva e a raiva gera o ódio e o ódio encaminha você para o lado negro (não vou colocar obscuro, porque eu quero dizer negro como uma ausência de luz e nada tem a ver com racismo, ok?). Porque para o budismo zen – que gosto bastante – o medo vai produzir imagem para, exatamente, você alimentar o esterótipo do outro e enxergar o outro a partir do medo que você tem. 

No nosso folclore temos a figura do Saci Pererê que é negro (racismo) e tem uma só perna (capacitismo) e faz várias travessuras, matando os cavalos dos senhores de engenho. Werner Jeager em Paideia, vai dizer que a ideia do mito é educar as crianças para que elas absorvam o que a sociedade quer que elas absorvam. Por outro lado, tem as falas de efeito também, como na música Cadeira de Rodas do cantor Fernando Mendes, que constrói um estereótipo de que a menina da cadeira de rodas (ou a cadeirante) chora o dia inteiro e assim, é uma eterna sofredora e outras coisas mais. A questão sempre gira em torno de símbolos alimentados dos medos do discurso dominante que as pessoas com deficiência são sofredoras e etc. 

Mas, quero ampliar minha questão. Se as pessoas querem mudar esse tipo de imagem social, que discrimina as minorias por estereótipos bem enraizados dentro da nossa cultura, não se pode criar outras imagens que fazem o mesmo. Se tem pessoas que dizem que “todo negro é ladrão”, “todo deficiente é inútil”, “toda mulher é frágil” e por ai vai, outras pessoas dizem “todo homem é igual”, “todo homem é um estuprador em potencial”, “todo cristão é homofóbico” e etc. Porque a generalização é a mesma. Todo homem, por exemplo, não é igual. Ainda há, dentro da nossa sociedade, homens que respeitam as mulheres e existem homem que acham estupradores pessoas ao nível de psicopatas. Não há nenhuma relação entre ser homem e ser canalha ou ser um estuprador, porque segundo o próprio feminismo tóxico (nada a ver com o feminismo verdadeiro clássico), os sexos são construídos socialmente, logo, se ele é um estuprador em algum momento a sociedade construiu assim. A questão é: quem constrói um estuprador? A mãe? O pai? Os avós? Ou as músicas, no qual, eles ouvem? Daí vão ter que admitir que a única música de cunho sexual é o funk, que sim, faz apologia ao estupro. 

Podemos ver que não é fácil identificar, realmente, uma só questão discriminatória sem sair do modo ideológico, porque a ideologia em si, já é uma discriminação. Porque sempre uma análise como esta, estará contaminado com símbolos da ideologia que você acredita. Então, chegamos no caso do rapaz que morreu vítima de espancamento numa loja do Carrefour em Porto Alegre, que faz crer, ser um crime racista. Será mesmo que tem cunho racista ou tem um outro cunho? Porque anos atrás, eu e minha ex-noiva, comprando alguma coisa no supermercado Extra fomos seguidos por seguranças pensando que iriamos roubar tal salgadinho. Além deles, muitas pessoas acharam isso também, só porque eramos cadeirantes. Ora, nem estava com minha cadeira motorizada e não tinha como eu fugir em velocidade e outra, meu caráter e o dela, sempre ensinaram que roubar é errado. A discriminação existe e é muito forte dentro do nosso meio, porque é alimentada pelo sistema e esse sistema, não tem ideologia. A mente se aprisiona por símbolos, porque precisamos dar nomes as coisas, pois, estamos numa cultura generalista que precisa padronizar para ter sentido. Se eu falar aqui algo contra o Bolsonaro, serei tachado de esquerdista, se eu falar algo contra o Lula, serei tachado de coxinha ou coisa parecida. 

Ai chegamos mais a fundo disso tudo: o sistema. O nosso sistema – onde vivemos – foi construído em cima de crenças e mitos greco-romanos, portanto, muitos preconceitos e estereótipos vem dai. Todo sistema, seja ele qual for, tem algo que o alimenta e roda ele para existir. Quando dizemos que todo homem é igual ou frases do tipo, estamos sempre criando imagens que vão nos colocar longe do outro, não querendo conhecer nem a história ou a outra ideologia, religião e etc – mesmo para criticar – assim alimentando o sistema. Porque, não faz nenhum sentido você estudar 20 anos, trabalhar uns 50 anos e morrer sem ter vivido uma vida, sem ter visto os filhos crescerem, sem aproveitar o ser amado, sem aprender de forma verdadeira. Talvez, nem mesmo se pode conhecer a si próprio. Ai uma indagação se faz necessário: ser honesto é se deixar escravizar? Trabalhar é se enfiar numa fábrica 50 anos e não viver? Por outro lado – porque filósofo adora um outro lado – você ser contra o sistema não te dará o direito de matar e roubar outra pessoa que é escrava do mesmo sistema do que você. Por que ir ao extremo ao outro? Por que achar que não faz sentido nenhum o sistema e matar o outro que está no mesmo sistema? 

O sistema desde de Hitler não mudou, ele foi reprogramado para aceitar o diferente (ou aparentemente), porque o sistema nazista foi importante por um tempo. E vamos ser sinceros, só deu a guerra porque as tropas alemãs entraram na Polônia. Porém, a propaganda é a mesma. Os discursos de arranjar um inimigo é o mesmo. Só não se pode declarar, como politica do Estado, medidas raciais e étnicas. Mas, todo mundo sabe, que isso veladamente acontece. Por isso mesmo, sem sombras de dúvida, o sistema não tem ideologia e brigamos por nada. 

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Matrix2 – O IMPÉRIO FACEBOOKIANO

 




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior




As pessoas costumam criticar por criticar e assim, a critica se caracteriza como só “falar mal”. Porém, somente “falar mal”, além de ser um discurso vazio, ainda é um discurso que não leva para lugar nenhum e esse “lugar nenhum” leva a Terra do Nunca (Neverland) do reino do Sr Mark (Facebook, Instagram e WhattsApp). Particularmente, para usar eu acho mais fácil o Telegram que tem muito mais recursos, mas, eu já mostrei os benefícios do WOW e ninguém quer usar. O Telegram as mensagens não ficam armazenadas – se você não quiser – e o WOW você ainda ganha dinheiro com ele. No caso do Telegram você pode até entender que houve o “escândalo” da Lava-jato envolvendo o Moro e tal, mas no caso do WOW, que além de você ser usuário, ainda se ganha dinheiro com ele, eu demorei para entender a coisa. Para entender isso, temos de recorrer a facilidade e a socialização através da linguagem. 

Entendi porque uma amiga muito querida dizia em seu perfil do Facebook, que as pessoas preferem dizer PCD do que Pessoa Com Deficiência. Eu, pensando só na facilidade, disse para ela que era muito mais fácil dizer PCD do que pessoa com deficiência. Ela, que é publicitaria como eu, disse que isso era rotulo. Isso mesmo. Eu entendi que as pessoas gostam de ter rótulos e esses rótulos fazem você ser sociável ou não, porque se eu usar uma rede social que ninguém usa, eu serei sempre o excluído da questão. Não sei se é intencionalmente, mas a grande mídia tem o seu papel nessa história toda. Assim como, a mídia vendeu que é melhor dizer PCD do que pessoa com deficiência – não só a mídia, mas, sites especializados também fazem isso para “facilitar” a escrita – fazem que os usuários usem esse império de Mark Zuckerberg, porque todo mundo usa e é modinha usar. Como estamos numa nação que adora uma modinha – o brasileiro detesta ser rejeitado – isso vira uma “febre” em pouco tempo. 

Voltamos no começo que disse da crítica. A critica no senso comum tem muito de só “falar mal” de alguém ou de alguma coisa, dentro da filosofia a história é bem diferente. A origem do termo critica vem do grego antigo “kritikē” (κριτική) que quer dizer “a arte de julgar”. Já a filosofia critica, que veio de Kant, tem o propósito de analisar o problema e assim, nesse caso, analisar mais profundamente esse fenômeno de massa que leva uma pessoa a não ganhar dinheiro, porque ninguém usa e no fim, vai para as modinhas. O Facebook – onde tudo começou – começa porque o Sr Zuckerberg levou um fora de uma garota e queria “trollar” ela de alguma forma, e depois, resolveu levar essa “trollagem” como um grande encontro entre alunos da Universidade de onde estava cursando. Muito tempo depois – o Facebook começou, mundialmente, em 2004 – o Facebook virou, digamos, uma “trollagem” mundial. Hoje sabemos, quem começou a controlar e manipular a informação através do algoritmo – que chamamos de “bolha” - foi o Facebook e até mesmo, manipularam eleições lá nos Estados Unidos, foi a rede social e por ter regras rígidas demais, está perdendo a sua força. Agora, todas as companhias de redes sociais ou não, usam esse modelo de mercado para estender o marketing digital e aumentar a venda. 

Tudo que você procurar no Google vai ter uma oferta em qualquer rede social da sua preferência e muitas pessoas, caem nessa. Como sempre caíram com lanches do McDonald's, por exemplo, por causa do cheiro e por causa do auto grau de marketing em cima da marca. Todas as redes sociais (até mesmo, o Tik Tok), aposta em um marketing pesado porque eles não te vendem um produto, para eles, você mesmo é o produto e assim, as empresas têm mais possibilidade de vender e de ter mais lucro fazendo grandes campanhas publicitarias delas. Quem ganha com isso? Eles. Você não ganha nada e perde muito tempo de produtividade objetiva nelas. 

Posso usar – como eu uso muitas vezes – mas eu tenho um tempo de uso nelas que pode varias entre o dia inteiro, ate mesmo, não entrar naquele dia. Por exemplo, estou dois ou três dias sem postar nada no Instagram e só usando, as vezes, o stories dele e do Facebook, porque não vejo necessidade nenhum para isso. Eu vejo vídeos e uso o WOW que eu ganho com isso, porque algo vem para mim e não tenho nenhuma necessidade de seguir todo mundo (mesmo o porquê, minha mãe disse que não sou igual todo mundo). Não sou mesmo, odeio ver series que todo mundo comenta, odeio estilo musical que todo mundo comenta, odeio assuntos que todo mundo comenta. Acho muito estanho pessoas viverem na escuridão e gostarem dessa escuridão como se isso fosse a realidade. Eu, literalmente, dou aquele “flodada” nos algoritmos para eles não saberem dos meus gostos e o que eu quero. O que eu quero, eu mando e vou buscar. Nenhuma rede social ou propaganda manda nos meus gostos e preferências, porque o cheiro do lanche do McDonald's pode ser gostoso, mas o lanche, é horrível. Prefiro uma lanchonete ou uma padaria.


Quem quiser ganhar dinheiro (aqui)



quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Matrix – ninguém quer ler nada e acham que sabem de tudo

 



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Eu sou a prova viva que as pessoas não estão lendo nada, mas tem um monte de analistas que sabem de tudo. Como você pode analisar uma notícia sem ler a própria notícia? A título de exemplo, minha última noticia “Bolsonaro diz que mostrará listade países que compram madeira ilegal do Brasil”, que está lá no Blasting News, só teve 17 leitores e foi muito compartilhado no Facebook e muito comentado. O que tem de errado nisso tudo? Muitos especialistas – no qual, também eu não levo fé muito – dizem que o problema é a memetização que levou a isso. A meu ver, esse problema vai muito além do que meras figuras com frases ou recortes muito pequenos de notícias ou informações, está na nossa educação (não é a escolaridade) de não incentivar os filhos a lerem e nem se esforçar para dar uma educação ética para ele. Kant, já no século dezoito, que o povo era acomodado e só sairiam dessa minoridade (tutorização) com o conhecimento. 

Isso mostra que os iluministas erraram bastante, porque estamos na era do conhecimento e as pessoas não saírem das suas acomodações, dando opiniões sem nenhum embasamento. Mas, todo o conhecimento e informações estão disponíveis, então, o que saiu errado com a teoria dos iluministas? Os iluministas achavam, em sua maioria, que nascemos com uma mente vazia e nós iriamos adquirindo conhecimentos ao longo da vida, e assim, o conhecimento vai aumentando conforme vai chegando até nós. Hoje sabemos, que existe um período especifico ao nascer até o 7 anos de idade, que pode ser montado o caráter de uma pessoa com aprendizados e exemplos. Se uma mãe ou outro parente, isentiva a criança a ler ou aprender (com a curiosidade) e respeitar as pessoas, elas vão fazer isso sempre; também, há a questão do exemplo que imitamos aqueles que nós convivemos. 

Então, a questão não é o conhecimento, pois, você pode ter o conhecimento que quiser na internet, mas, o problema é deixar de ser acomodado. É bem mais cômodo você dar uma opinião em cima de uma frase – mesmo o porquê, é mais fácil – do que você ler uma página ou um livro, pois, é muito mais fácil e muito mais prático. Acontece, se nós aprofundarmos nisso, podemos analisar como Platão disse, que as opiniões (doxas) não são conhecimento. Porque uma opinião é apenas uma visão simplista do fato e a visão muito mais cômoda, que não busca em si, uma explicação lógica. Mas, nem estou analisando se é errado ou certo, eu só estou dizendo que é burro no sentido de empacar em uma coisa que não é. Várias análises mostram, que muitas pessoas acreditam piamente, que estão dizendo algo que ninguém sabe e eles descobriram algo grandioso, fenomenal. 

Eu não quero, sinceramente, saber o que acontece de “verdade” ou o que as pessoas têm de opinião se o Bolsonaro fez certo ou errado – que para mim, se ele tem provas que mostre – eu quero saber se você consegue assimilar aquilo que você leu. É trágico ficar lendo pessoas que tanto tinha frases de efeito espirituais, políticos e etc, para fazer discursos contrariando tudo aquilo que dizia. O que sobra? Nada.


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

A Tragédia de São Paulo

 




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

O berço da democracia é a Helade (Grécia) e o termo é uma junção entre “demo” (bairro, povo) com “kratos” (poder) e remete o poder que vem da população. Alguns estudiosos ja dizem que a tradução por “poder do povo” está defasada e que, por motivos de muito estudo, se constatou que na verdade, os gregos tinham mesmo o poder dos bairros. Atenas, onde a democracia aparece, tinha seus bairros pessoas influentes que poderiam decidir o rumo politico – alias, o termo politica vem também do grego “politikon” que eram pessoas que decidiam as prioridades daquilo que era publico – e assim, como toda cidade-estado na época, há a elite dominante que é as famílias descendentes dos fundadores da polis e os burgueses, que eram aqueles que vendiam a mão de obra (alias, os burgos existiram até a revolução francesa). 

Com esse novo paradigma, vimos que a essência da democracia não é o poder do povo enquanto povo mesmo, mas, o poder de alguns bairros que tem mais consciência do que outras. Não é isso que nós vimos nas eleições? A elite lança seu candidato e convence o mais ignorante a votar naquele candidato por motivos óbvios, pois, sempre os burgos eram levados a convencer todos que aquilo era uma boa solução. Mas, essa solução só era benéfica para eles. Como hoje, que a politica, se faz assim. Quem sempre se beneficia com o candidato – seja qual for o espectro ideológico – é sempre a elite que dará sempre as cartas para o jogo. Por isso mesmo, que para se votar ou discutir politica, devemos tirar todas as paixões possíveis para não cometemos erros graves e entregar a cidade, o Estado ou a nação, nas mãos de pessoas desqualificadas que só vão atender o interesse dessa classe. 

Então, como um anarquista que sou (sempre lembrando que o anarquismo não é bagunça), devemos enxergar o poder e o Estado onde ele controla em um grande jogo que sempre será jogado com quem entende do jogo. Seria como você ter uma corrida de cavalo e quem entende de cavalo vai apostar no que tem a tendência de ganhar, porque só na observação ele sabe do físico e no potencial do animal. Na politica, todos os cavalos (sejam quais forem) sempre serão dados por aqueles que entendem desses “cavalos” e convencerão eleger um deles. Por outro lado, existem aqueles que os “donos do poder” ajudarão a eleger, porque assim, vão usar o modelo populista para iludir o povo e assim, implantar o que quiserem. Em 2002 aconteceu com o ex-presidente Lula e em 2018 aconteceu com o Bolsonaro, todos estavam nas mãos da elite brasileira que mesmos ricos, são na verdade, rastaquera. Não sabem ler e não tem nenhuma cultura, por isso mesmo, acabam financiando os funkeiros. 

Só que esse tipo de análise cética não é feita pela maioria, porque nossa cultura foi construída em cima de passionalidade, ou seja, o brasileiro é um povo cordial no sentido de demonstrar muito o que está dentro do coração (cor). Também, temos questões outras como a politica polarizada que estamos vivendo, como se tudo isso, não fosse uma coisa só e única. O capitalismo nasceu com a necessidade de prover cada vez mais rápido o consumo e hoje em dia, ainda tem a questão de serviço. Só que os donos das fábricas pagavam o que eles queriam, por motivos óbvios, pois, com uma mão de obra ignorante que nem sabia escrever o próprio nome, não tinha o conhecimento da venda do trabalho. Mesmo o porquê, a maioria vinha do campo. Então, houve a resposta no socialismo/comunista e o anarcosindicalismo (que é muito diferente do anarquismo que eu acredito) que foi importante no seu tempo, mas, aconteceu a grande deturpação soviética e se demonstrou que o poder seduz, porque o comunismo nunca irá ser implantado. Por quê? Pelo simples fato que os governos socialistas nunca serão desfeitos e o povo nunca ira governar nada. 

Não vejo o capitalismo e o socialismo como antagônicos, porque sempre me vem a musica da Pitty “reprogramar o sistema”, como se os donos do poder quisessem mudar o sistema operacional. Hora (quando interessa e é preciso) estamos no lado esquerdo, hora no lado direito e no final das contas, não se chega em lugar nenhum. A população sempre vai sofrer e sempre vão sucatear a educação e saúde, para os mais pobres morrerem (manutenção de mão de obra) e serem ignorantes até o final da vida. Por quê? Porque o sistema precisa das pessoas para sustentar o poderio politico e todo o suporte do Estado, em todas as instâncias, todas as ideologias e religiões. Portanto, para isso não seja descoberto, se precisa dar crenças ideológicas e religiosas para dar esperança aos que vão alimentar o sistema, para não dar o bug e esse sistema não ser destruído; sempre o futuro vai trazer algo de bom, seja num modo do mundo (ideológico) seja num outro mundo (religioso). 

Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) são parte desse sistema, que no fundo, não são diferentes. O PSDB (dissidente do MDB) sempre veio com a proposta de melhorar o social sempre na parte financeira para que, as pessoas comecem a empreender. Acontece que não tirou nenhum imposto, sendo assim, só os mesmos podem abrir as empresas ou grandes financiamentos e investimentos, o podem. No mais, Bruno Covas não foi um bom prefeito, errou bastante em algumas resoluções desses empreendimentos e no meio da pandemia errou nas aglomerações. Não quis cancelar o carnaval – por causa dessa mesma elite que vai tentar eleger o Boulos – enfim, teve uma gestão muito capenga (claro, tirando o tratamento do câncer). O PSOL (dissidente do PT) é um partido socialista e acredita – diferente do PT que é muito mais trabalhista (assim, sendo social-democrata) – piamente, que o melhor sistema é o socialismo. Ou seja, acreditam numa sociedade igualitária em oportunidade e que o Estado tem que intervir na economia para não ter essa desigualdade. Então, por que a maioria dos filhos e a própria elite, está apoiando a candidatura do PSOL? O próprio Guilherme Boulos é dessa elite, onde monta um movimento e promove invasões para os “sem-teto”. Ou, como diz o filósofo Pondé, a esquerda é o fetiche da elite ou há algo muito mais assombroso no subterrâneo desse sistema. 

A questão para toda a analise é: estamos fora ou dentro da Matrix? Será mesmo que estamos querendo mudar ou estamos só ajudando a reprogramar o sistema? 






quinta-feira, 12 de novembro de 2020

O inquisidor Facebook e a imprensa ‘mariquinha’

 




Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 



No dia 11 de novembro, eu fiz uma matéria para a plataforma Blasting News, onde eu sou cadastrado, e eis que houve um problema: o editor-chefe da plataforma disse que o termo suicídio não se pode usar. A matéria em questão era sobre a suspeita do voluntário da vacina CoronaVac ter se suicidado e, o instituto Butantan dizer que tinha mandado para a Anvisa, um comunicado que, preliminarmente, a morte do rapaz não tinha nada a ver com os testes. Ora, se o rapaz se matou, como eu posso colocar de outra maneira? Segundo o corretor eu deveria ter posto: “atentar contra a própria vida”. 

Segundo o Wikipédia, suicídio é o ato de causar a própria morte de forma intencional. Ou seja, há pessoas que ao sofrerem pertubações mentais, ou até mesmo, psicológicas, como depressão, bipolaridade, esquizofrenia ou uso de drogas excessivas. Outros fatores são resultados de atos de impulsividade devido a algum stress ou dificuldades econômicas, ou problemas para se relacionarem com outras pessoas. O bullyung pode ser bastante expressivo para o suicídio. Então, não há nada que justifique a proibição do termo dentro da matéria, que no mais, pode ser explicado em uma pequena pesquisa no Google. A questão é: por que eu devo me submeter ao “politicamente correto” imposto nas redes sociais e o porque eu devo aceitar que um texto meu não pode ser visto em um, Facebook, se no anúncio da própria rede social esta “fale o que quiser”? Posso processar o Facebook por propaganda enganosa? 

Se lemos um livro como “Paideia – A Construção do Homem Grego” do filósofo Werner Jeager, a construção de uma linguagem em uma cultura, se dará sempre, muito gradualmente. Não é que o segmento das pessoas que tem uma deficiência diz que não é mais “deficiente” e sim “pessoas com deficiência”, que o preconceito vai acabar ou as pessoas vão passar a respeitar. A cultura vai se modificando conforme a educação vai mudando, as questões sociais passam a ser olhado por um outro viés. Quando havia a cultura micênicas – a cultura grega em gestação – com o principado a educação era homérica, feita das relações entre a realidade e a natureza eram os deuses. Ninguém eram mais do que eles e mesmo tendo os mesmos sentimentos, não se questionava, pois, se eram deuses teriam que ser muito maiores do que o sentimento humano. Porém, a transição entre o “mythos” para o “logos” foi a tragédia e assim, se quebrou a educação atica, para o “logos”, ou seja, a educação pela razão (que Nietzsche vai questionar no século dezenove). 

Ora, não podemos aceitar, por exemplo, que nossos jovens escutem funk carioca e não poder pronunciar certas palavras, porque isso poderia ser caracterizado como hipocrisia. Se um funkeiro não deve sofrer censura e pode falar o que quiser, por que eu não posso? Por que eu colocar “pessoa tóxica” num vídeo do meu canal o vídeo não aparece no Facebook, e se alguém postar um funk aparece? Mas, a questão vai muito mais longe, pois, a liberdade de expressão não pode ser seletiva, ou você tem ou você não tem. E existe um outro problema, a impressa começa a aceitar esse tipo de narrativa por serem já ensinados nas universidades. A teoria do discurso – pois, a filosofia da linguagem é muito mais lógica – pode ter um fundo de realidade, mas, ninguém nunca provou que a mudança de discurso mudou algum comportamento. Como disse acima e num outro texto, as mudanças acontecem por causa de fatores de mudanças culturais e tecnológicas que podem ou não, modificar condutas. Somos mais imitadores do que modificados pelo modo que nos expressamos, e isso, é bastante questionável.



terça-feira, 10 de novembro de 2020

A banalização do termo ‘pessoa tóxica’

 





 

Amor não é se colocar refém dos outros, é ter a liberdade de compartilhar a vida com alguém sem medo. 

Beatriz Mello



por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Dias desses eu me deparei com um artigo que falava que pessoas tóxicas eram pessoas que não admitiam que tinham errado (assim era o título). No artigo dizia, que pessoas tóxicas não pedem desculpas porque querem demonstrar o seu arrependimento, elas pedem desculpas para manipular. Claro, uma pessoa psicopata ela vai ser fria e calculista ao ponto de querer, realmente, manipular a pessoa que quer dominar e fazer o que ela quer na sua psicopatia. Isso se chama pessoas psicopatas, de “psique” (alma) e “pathos” (sofrimento). A psicopatia são, a rigor da etimologia, doenças da alma e do modo que o sujeito vai se relacionar com a sociedade. Ora, muitos psicólogos são contra o termo “pessoas tóxicas” porque não fazem parte de um estudo científico rigoroso. E esse é o perigo de usar o termo “pessoa tóxica”. 

Todos nós sabemos que a esquerda vem tomando para si e por achar que são os “guardiões do bem” - que chamo de Síndrome de Rainha Dragão (quem assistiu Games of Throne sabe do que estou dizendo) – e nessa guarda do suposto bem, começam a separar as minorias entre grupos. Esse termo “pessoa tóxica” nem mesmo existe, apenas é um termo para categorizar coisas que são meros comportamentos e que na psicologia e afins, poderia ser chamado de psicopata. Mas como todo termo popular ele sofre uma banalização e essa banalização começa diluir a verdadeira essência daquilo existir ou o que aquilo foi cunhado para tal propósito. Ou seja, a banalização destrói o propósito do termo ou de uma ideia. Vide as teorias nietzschianas que foram apossadas pelo fascismo e pelo nazismo, que quase destruíram, e muitos estudiosos, custaram em desvincular. 

Existem “pessoas tóxicas”? Existem, a meu ver, comportamentos “tóxicos” no sentido de tolher liberdades e achar sempre que você tem razão e nesse sentido, os mileniuns caberiam perfeitamente nisso. Poderíamos chamar de “geração tóxica”? Claro que não. Cada geração nasce com uma capacidade desenvolvida graças, de alguma maneira, o desenvolvimento moral e social dos seus antepassados. O desenvolvimento da plantação nasceu de processos e houve uma geração que atingiu o ápice de pôr em prática, como o processo industrial e tecnológico do século vinte, culminou no desenvolvimento (porque não espiritual) dessa geração. Acontece, que o ser humano não aceita as mudanças e hoje, elas acontecem muito rápido e não há um processo de adaptação. Mas, como essas mudanças acontecem bastante rápido, muitas coisas ficam dos tempos passados e a agenda politica de ambas as ideologias acabam envolvendo a geração milenium que tem um outro desenvolvimento, biológico e espiritual. 

Dai começamos já olhar as mudanças dos anos 80 para cá, quando as mulheres mileniuns não querem mais ser mulheres e sim, pessoas do sexo feminino. Assim como homens mileniuns não querem mais serem homens e sim, pessoas do sexo masculino. O masculino e o feminino passa a ser uma polarização pertinente para uma mudança de desenvolvimento e o processo de evolução humana. Mas tem um problema (filósofos adoram um problema), como ficou alguns conceitos do passado (como o conflito entre machismo e feminismo) e assim, fica um ranço entre os sexos. Homens devem ser homens para prover e as mulheres devem ser mulheres para se submeterem aos homens. As relações tóxicas partem no princípio muito antigo, que a dominação do “macho alfa” deve prevalecer porque alguma divindade assim o quer. Há ai um conflito, pois o modelo antigo se perde por causa dessa mudança e ai, as relações humanas se perdem entre o novo e o antigo. 

O que se chama de “pessoas tóxicas” são pessoas que não sabem se relacionar com essa mudança. Ora, e no mais, o termo “pessoa tóxica” está sendo banalizado por causa da alta sensibilidade dos mileniuns que em vez de serem educados adequadamente, são educados no modelo arcaico. Pessoas do modelo arcaico aprenderam a ser machos e não homens, agrediram, estupraram e destruíram sempre e quando isso deve ser mudando, se luta contra a mudança. Por quê? Porque há ainda resistência. Ainda por cima, há mileniuns que sentem confortados com o arcaico e lutam, também, contra. Há, nesse ponto, uma análise a ser feita: em todo o universo tem que haver esse contraponto para se criar uma síntese daquilo que deve ser feito e criado em cima daquilo que foi destruído. A destruição vai acontecer de qualquer maneira, resta saber como. 

Ai voltamos a essência do termo “pessoa tóxica”. Tudo que é tóxico é nocivo para o organismo, porque contem veneno e tudo que tem veneno, pode intoxicar qualquer organismo sensível a ele. Dizem que a toxidade vem de produtos sintéticos (não naturais), mas, plantas, insetos e outros organismos vivos, podem produzir tóxicos que chegam até, a matar. Já pessoa tem um debate muito forte em volta. Pois, no português coloquial, pessoa pode ser considerado como sinônimo de ser humano. Mas, na filosofia, há um debate muito grande sobre o sentido mais preciso e o mais correto do termo, e também, quais sãos os critérios a serem usados e definirem algo (ou, até mesmo, alguém), como uma pessoa. Dentro da filosofia, uma pessoa pode ser definida como uma entidade que tem certas capacidades ou atributos que são associados a personalidade, como por exemplo, em um contexto particular, moral, social, ou até mesmo, institucional. Essas capacidades ou atributos podem muito bem, incluir a autoconsciência, a noção do passado e do futuro, também, a posse da lógica deônica. Filosoficamente, podemos dizer que uma pessoa é um ser humano como um agente moral. Ou seja, é aquele que realiza um ato moral e ao mesmo tempo, ajuíza sobre esse ato moral. 

Ora, que tipo de veneno (toxidade) pode produzir um ser humano? Vamos lembrar que o ser humano tem duas vias que colocam ele na realidade aparente (porque não sabemos se essa é mesmo, a realidade): o corpo (res extensa) e o espírito (res cogitan). O corpo é o meio para ser percebido e, talvez, um meio para se construir uma personalidade (dai o termo pessoa faz sentido) e o espírito é o meio que compõem a vida e o anima como seres que tomam decisões ou vivem. Não há nada de religioso nisso, pois, as religiões, até mesmo, foram engolidas pelas ideologias. Quando acontece o desequilíbrio entre um dos dois – muito o corpo se torna materialista e muito do espírito se torna alienado religioso – levando a ilusão (os indianos vão chamar de Véu de Maya, ou seja, envolto na ilusão). Foi o que Platão mostrou no mito da caverna. Pois, o problema não é perceber as formas, mas construir dentro de si mesmo meios de ver as formas verdadeiras. Será que se deve ficar com alguém por amor ou por apenas sexo? Lembrando sempre, que o amor e o sexo se complementam e se queremos equilíbrio e serenidade, muito bom achar equilíbrio entre os dois. 

Por que eu disse lá em cima, que a esquerda – que alguns chamam de esquerdismo, alias – vai se apropriar dessa pauta pela imagem que eles tem de “guardiões do bem”? Mesmo o porquê, uma questão é importante nesse momento: considerado como “cultura” o funk carioca não guarda componentes dessa toxidade? A meu ver, você chamar uma mulher de “vagabunda” ou de “cachorra” tem muito mais toxidade do que você dizer que, por exemplo, certas roupas deixam ela mais velha. Ou que, de repente, as questões de dizer aquilo que você não gosta ou aquilo que você sente. Qual a diferença disso e de uma agressão verbal ou física? Quantas famílias são destruídas por pais que batem nas mães e destroem o psicológico dos filhos, porque tem a sexualidade abalada pôr a sua própria família ser desestruturadas. O problema não é a ideologia (seja a sua ideologia “pet”), mas a nossa cultura ainda medievalista e sem razão de continuar. 

Não é incentivando viverem uma realidade difícil, que o ser humano vai alcançar o apogeu da racionalidade e dos bons sentimentos (que poderíamos chamar de virtudes), mas mostrando uma realidade maior e muito mais além (não estou falando da realidade metafísica). Uma realidade virtuosa e mostrar que não existe nada de toxidade, mas as pessoas são egoístas por serem egoístas, as pessoas são estúpidas porque são estúpidas, são comportamentos que, muitas vezes, mudam.