quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Matrix5 – reportagens vagabundas envolvendo pessoas com deficiência

 









As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras. 



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


Tenho reparado que todas as notícias envolvendo pessoas com deficiência, na sua maioria, são vagabundas e tem sempre um fundo de história de superação que deveria ser contada. Beira a insanidade mental, você toda hora, ser exemplo de superação de uma sociedade, que não quer aprender nada. Na última quarta-feira (18), o morador do HC (Hospital das Clínicas) aqui em São Paulo, Paulo Henrique Machado, que ficou lá por 51 anos seguidos. Os amigos o chamavam de Paulinho e gostava de informática e games, conhecendo varias celebridades. Na manchete vagabunda da UOL, há algumas semanas Paulinho se queixou de dores no estômago e várias pedras na vesícula, onde o hospital diz que tratou. As causas da morte não foram divulgadas – a imprensa e nem a esquerda se importaram com isso – e muitos amigos, dizem que tiveram que brigar no Ministério Publico para assegurar o direito dele ter um respirador decente. 

Vamos imaginar se Paulinho ou outra pessoa com deficiência tivesse levado uma paulada e tivesse morrido por causa dessa paulada, será que a grande imprensa iria se importar com isso? Eu mesmo fiz uma reportagem dentro do Blasting News – quando um mendigo jogou um cadeirante da ponte empurrando ele e virando sua cadeira – e pouco se falou do caso. Então, você conclui que há uma seletividade dentro da mídia – até a mídia especializada que só querem publicar reportagens fofinhas porque as pessoas com deficiência tem aversão com discussões – em qual minoria querer defender e assim, gerar cada vez mais o caos e a discórdia no meio das mídias sociais. Por quê? Porque assim gera engajamento, pois, quem quer saber de um deficiente que morou 51 anos num hospital e deve ter morrido por negligência? E o gozado que outro dia estava, exatamente, falando dessas reportagens vagabundas que as pessoas soltam só para dizer que disseram alguma coisa sobre o caso com uma amiga. Ela dizia que os outros segmentos não abrem espaço e nem se importam conosco, pois, a gente mesmo nem se importam e queremos sempre estar engajados também. 

Mas, uma coisa me intrigou (não deveria pelas enxurradas de besteiras que se escrevem das pessoas com deficiência), um texto da jornalista Madeleine Lacsko no Gazeta do Povo, que contava a história de Paulo. Já começa na chamada do texto dizendo que deveríamos de conhecer “a história do homem que passou 51 anos internado, realizou diversos sonhos e dizia que “viver vale muito a pena””, mostrando um apelo sentimental e que pouco reflete a nossa vida, de lutas e de, as vezes, vitórias. Depois, Lacsko escreve (como uma boa evangélica), que Paulo “deixa uma história que deveria virar filme”, mostrando, que todas as pessoas com deficiência tem que mostrar para uma sociedade que não quer aprender nada. Para nas vagas de cadeirante dos estacionamento. Desrespeita o cadeirante na hora de passear no shopping. É louco para trancar as pessoas com deficiência em escolas especiais (que a mídia não disse nada a respeito e nem a esquerda lacradora e tóxica). Depois vai e doa para o Teleton, escreve bobagens desse tipo e querem, que esse tipo de historia vire filme para dondoca teletoniana chorar. Que lindo, não? 

Não quero que a história dele vire filme, mesmo o porquê, vão transfonar sua história como mais um exemplo de superação. Li em algum lugar, que o brasileiro tem a mania de transformar tudo em normas, normas para o português, normas para dar aulas, normas para ser um bom pai, normas para ser um bom namorado e o mais engraçado, que não segue nenhuma. Como ser um bom marido se tem milhares de amantes ou vai ao puteiro? Como ser uma boa namorada ou uma boa mulher se é intolerante com o outro? Como se quer ser uma boa mãe se nem acompanha o que seus filhos estão fazendo ou assistindo? São perguntas pertinentes, que talvez, não tenha nenhuma resposta. E uma outra característica do brasileiro é se meter na vida do outro e o pior, não sabe votar, não sabe ser cidadão, mas quer salvar o mundo inteiro e acham, literalmente, que são enviados do Divino para arrumar a humanidade. Dai eu lembro da frase do Pondé que está até nesse blog, que é: “esses jovens cheios de "causas pra mudar o mundo" fogem da obrigação de arrumar o quarto”. Ou seja, o brasileiro não sabe nem da politica do nosso país e se acha o “inteligentinho” - expressão do próprio Pondé – para ficar debatendo politicas de países alheios. 

Como disse logo acima, se nós com deficiência, tomasse uma paulada e morresse no meio de um mercado – já teve casos de segurança seguir eu e minha ex no Extra – seria feito uma notinha vagabunda, a mídia especializada continuaria com a sua Disneylândia – porque fazem da deficiência um parque temático – e todo mundo tiraria suas cuecas e suas calcinhas para dar para o Teleton. Só isso.

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