segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Matrix3 – contra os evangélicos

 






Por Amauri Nolasco Sanches Júnior 

Muito me intrigou o porquê os cristãos não querem seguir Jesus e outras religiões, como o budismo, sempre querem melhorar moralmente e chegar até a ordem moral do mestre. Um budista espera chegar até ser buda (como a tradição diz que o buda Sakiamuni chegou), e assim, chegar ao nirvana. O cristão não busca, em nenhum momento, melhorar moralmente porque na teologia cristã, Jesus é o deus-homem e não se pode alcançar a moral perfeita de Jesus. Só a graça de Deus aos homens que merecem – eles acabam inventando o homem individuo – e não tem pecado (faltas com o divino), podem ser santos em fazer o bem. O bem acaba sendo o outro e não nós mesmos. Então, deixamos de ser seres que podemos evoluir e nos tornarmos “deuses”, para sempre acharmos que somos pecadores e não nos desapegarmos aos bens do nosso mundo. 

Podemos usar um pensamento do Luiz Felipe Pondé – que relutei bastante tempo e depois entendi – que as pessoas deveriam seguir religiões de mais de mil anos. Por quê? As religiões que tem menos de mil anos acabaram sendo contaminadas numa forma mais materialistas de viver, sendo, absorvido muito a ideia bastante romana de só acreditar se tiver imagens ou formas empiricas de provas. Os gregos tinham uma religião templaria onde só uma elite aristocratica, poderia ser iniciada em alguma ordem mais mistica e isso não é a toa. Como é mostrada no filme Matrix, nem todas as pessoas são preparadas para verem a verdade, pois, suas almas ainda estão adormecidas em uma escuridão. Platão, que teve várias iniciações, mostra isso no mito da caverna, porque nem todo mundo está preparado em sair dela. Ver uma outra realidade e esse é o ponto, pois, a realidade pode ser uma mera ilusão levada por mentes condicionadas que tudo aquilo que elas sentem, seja verdade. A cultura romana foi parasita e não inventou nada, mas, sempre colocou aquilo que interessava ao império. Enquanto os deuses gregos eram além daquilo que poderíamos tocar, os romanos fizeram desses deuses algo pessoal, não eram tratados como os gregos dentro dos templos, mas cada um tinha o seu. Chegamos onde eu queria chegar. 

O cristianismo é uma religião oriental do oriente médio, derivado de um judeu que questionava alguns pontos do judaísmo, mas, ele veio do judaísmo. Não podemos tratar o cristianismo como uma religião ocidental, pois não é, as religiões ocidentais eram dos deuses, da magia e do deus desconhecido e isso é fato. Se mudou graças ao império romano que impôs uma religião que puseram a imagem do seu fundador como um deus-homem (para ninguém ser mais poderoso do que o papa ou o imperador na época) e assim, converter os bárbaros a ideia de serem cordeiros de Deus e pacificar o negócio. O grande problema é que ninguém pacificou nada. Mas, a igreja católica (universal) tomou como missão erra exige e quando o império caiu (eu levanto a tese que ele se transformou na igreja católica), foi ela que tomou conta na Europa. Papas poderiam destronar ou colocar no trono reis, poderiam organizar cruzadas, inventar dias santos para as pessoas terem menos filhos e isso, não me parece uma doutrina espiritualizada. 

Temos que ir mais a fundo na simbologia do cristianismo ocidental (o cristianismo oriental, ortodoxo, é bem diferente). Porque usa símbolos judaicos, a filosofia grega e o simbologismo romano e pagão, muito bem-visto nas roupas dos anjos como centuriões e a imagem de Maria, mãe de Jesus, como a deusa celta da fertilidade (vamos ao infinito) e outros símbolos. Como o dourado como sabedoria, ou cores que queriam dizer várias coisas que estão além e não é, necessariamente, ostentação daquilo que os reis doavam para igreja. O que era doado ficava com o grande clero, nunca chegava as igrejas. Além, claro, do poder de império que a igreja católica tinha na época. Mas, o que fez o monge agostiniano Martin Lutero foi ver a armadura dourada do papa da época e assim, achar que a igreja ostentava. A igreja protestante (vulgo evangélicos), sempre tiveram um grande problema de simbologia e quem teve a educação evangélica, tem um grande problema de entender linguagem simbólica. Tanto, que não enxergam, que adorar imagem também vale com a bíblia, pois, a bíblia é um livro e não pode ser considerado Deus. 

Desde quando o império romano tomou conta do cristianismo – roubando a doutrina do fundador que ajudou a matar – se deturbou completamente, o que Jesus pregou no novo testamento. Aliás, o cristianismo hoje tem tudo, menos, a palavra pura de Cristo. Não tem nada de espiritual e tem tudo de materialista. Pior, os evangélicos seguem muito mais o velho testamento (o livro judeu) do que o novo testamento. Ora, podemos questionar fazendo a seguinte pergunta: segundo a lógica, cristãos deveriam seguir muito mais, o novo testamento do que o velho, então, o protestantismo é judeu ou cristão? Um evangélico poderia responder facilmente, usando a passagem onde Jesus diz que não veio para negar a palavra e sim para cumpri-la, que o velho testamento é um complemento do novo. Será? Eu nunca vi o livro sagrado budista levar os Vedas como complemento, e mesmo o porquê, de forma nítida, Jesus vai questionar muitas coisas dentro do judaísmo e negar que tenha o olho por olho, por exemplo. 

E tem um outro problema, a questão do que se diz no âmbito moral. Pois, os evangélicos são muito mais moralistas do que a favor da moral como virtude, porque não interessa o lado espiritual e sim, as riquezas do que se tem hoje. E, claro, as pessoas vão sempre ir na igreja no domingo e depois, começam a falar mal do outro, começam a desconfiar e começam a achar que só eles vão ser salvos e não os outros. Os evangélicos inventaram a segregação espiritual, onde você só casa com que é evangélico, você só vai ser salvo se seguir a igreja, você é um filho de Deus se você dar grana para a igreja. Como, em uma passagem nítida de revolta de Jesus, ele expulsa os mercadores do Templo do “pai” (em aramaico, abba). Ou seja, se voltou ao judaísmo fariseu do tempo onde viveu Jesus e se vende a fé, porque não se tem uma nítida fronteira de que é terreno e o que é espiritual. E ai que a confusão toma conta entre ser moralista e o que é moral. 

A moral tem a ideia central de ter o conceito do bem, que pode se entender como tudo aquilo que se pode promover e se desenvolver o ser humano. E a partir dessa ideia central, que são tirados como princípios e diretrizes até se chegar às regras morais, que influenciam o comportamento e a mentalidade humana. Já o moralismo é um sistema filosófico, que defende a primazia exclusiva da moral, ou seja, agem com bastante excessos de preocupação dentre algumas das questões de moral, na qual, tendem sempre para a intolerância e o simples preconceito por causa do purismo. Isso se pode classificar de puritanismo. Ou seja, não se pode impor nada além daquilo que pode visar o verdadeiro bem e colocar o ser humano, como melhores em conduta e conhecimento. O evangélico, na verdade, não é, nem mesmo, conservador e sim, tradicionalista. Ou, como preferem, reacionários. Eles idealizam um passado que nunca existiu para ficar ditando regras que só eles acreditam, colocando o direito individual, em xeque sempre se metendo na vida alheira. 

Por serem materialistas acham que trabalho de verdade é só braçal, que pessoas com deficiência só são felizes andando (fora, que dentro da própria igreja tem muita discriminação), que só se é feliz dentro da igreja e só eles vão ser rebatados. Criaram um apartheid espiritual, onde só os “escolhidos” serão filhos de Deus. Até onde eu me lembro – porque juro que fiz primeira comunhão – Jesus não disse nada disso, ele disse que todo mundo era filho do Altíssimo e ele atendia a todos.


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