quinta-feira, 29 de abril de 2021

Live de bêbado não tem dono

 

um escoto cultural



O Brasil em matéria de uma cultura de conteúdo sempre foi pobre. Sempre tivemos programas imbecis e cantores medíocres, sempre com hits marcados para um grande publico que não sabia nada. Ainda, nos dias de hoje, muitas músicas são cantadas no automático e ninguém entende nada, como, por exemplo, a música Pais e Filhos da Legião Urbana que é sobre suicídio. As pessoas acham que é música de filho para pais ou coisa parecida, e assim, as pessoas cantam e sentem uma coisa subjetiva que acaba sendo uma ilusão. E olha que o Renato Russo em um show – não lembro se foi um dos últimos – avisou que era uma música sobre suicídio. Acho, nesses 45 anos de PHD de “brasileirice”, que o povo se faz de surdo ou não entende, para continuar dentro das suas próprias crenças. E também, o brasileiro tem tendência de ser crente em tudo, que fica evidente, nesse período de polarização. Mas, por que a nossa cultura piorou tanto? Por que existem culturas milenares que são reverenciadas e a nossa sempre foi dor de corno, putaria e coisas que não passa nada na grande maioria?

Não gosto do Felipe Neto pelo simples fato dele mudar de sintonia só porque aquela não dava o publico que ele queria, pois, ele era muito mais autentico no Não Faz Sentido. Nem acho que ele é pedófilo ou coisa parecida. Acho que ele é de uma nova geração o mesmo que o Gugu Liberato foi na nossa geração, ou seja, conteúdos nada culturais e um péssimo comunicador. Mas, muito pior que o Felipe Neto é o Funk Carioca (conhecido pancadão) e o Sertanejo Universitário (de gente que não fez nem a quinta série direito), que no repertorio tem entre putarias, incentivo as coisas mais horrendas, e traição, dor de corno, dancinha ridícula, e agora, lives completamente, bêbados. Ao contrário do próprio Felipe Neto, os cantores sertanejos não são criticados por fazerem isso e nem dizem que incentivam aos jovens ao alcoolismo. Ou não? Claro que sim. Não basta essa música que leva o brasileiro a achar que um relacionamento só tem traição, só tem sujeitos babacas e canalhas, ainda acham bonito cantarem bêbados e ainda, esse povo critica os rockeiros a serem drogados.

Musica inteligente nunca vendeu aqui e são raros aqueles que conseguem. Porque isso tem a ver muito da linguagem que é levada essa música, onde o nosso povo piadista (aliás, não gosta quando a piada é ele mesmo), gosta e curte. Nas próprias músicas há um ar de levar vantagem em cima do outro, em ser não ético de mentir para o conjugue, em se rebaixar para o outro e etc. Fora que muitos – por causa da fala do Felipe Neto – usa a caridade como biscoito para garantir uma boquinha nas redes sociais. Então, qual o intuito de fazer essa caridade? Para jogar aos quatro ventos uma narrativa moral que estão fazendo ou não? Do nivel das músicas que cantam, melhor não dar nenhum palpite politico mesmo, a quinta série B (o Felipe Neto é da turminha do fundão) já está de bom tamanho.

Mas, por que nossa cultura decaiu ao ponto de chegar numa música que não diz nada e era música de bar e de cabaré, antigamente? Eu vi todo o processo se desenvolver nos anos 90. Primeiro se colocou como nossa cultura a chamada Lambada, pois, em 89, eu vi muitas menininhas de sainha curta dançando no próprio patio da escola onde eu frequentava. Olha que era uma escola tradicional daqui de São Paulo – mostrando o quanto nossa elite é ignorante. Depois, com aquela porcaria na televisão – já começou com o carnaval que deu aquela divulgada pro mundo que aqui era um prostíbulo – entre outras coisas, programas que não traziam nada. Não vou aqui pagar de santinho e puritano, eu gostava e sempre assisti esse tipo de programa, mas há uma diferença em aprender que isto é a realidade, e o que é entretenimento. Muitos jovens e crianças daquela época, principalmente da periferia, achou que aquilo era realidade. O funk é filho desse tipo de cultura de massa, o sertanejo (que é um pop muito do vagabundo) também é e muito pior, mostra que o brasileiro nunca foi conservador e sim, sem vergonha nenhuma. Ou seja, ao em vez, de educar o povo, incentivam mais a sua ignorância e começam colocar esse tipo de porcaria como cultura. Que cultura ensina tudo aquilo que fere o outro? Que cultura diz coisas sem nexo?

Portanto, do mesmo buraco que saiu o Felipe Neto, saiu os sertanojos.



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