Dias desses eu encontrei, sei lá onde, um artigo científico da BBC Brasil que falava da sexualidade dos neandertais e como se poderia ter híbridos entre o homo sapiens e eles (além dos denisovanos). No mundo moderno se criou a discussão se somos monogâmicos ou não, por causa de algumas atitudes poucos monogâmicas de certas pessoas ao longo da história. Então, acho que isso deve girar em torno do amor e o sexo. Rollo May, psicólogo existencialista, disse que as pessoas confundem sexo com o amor, porque o mundo de hoje as pessoas não querem responsabilizar com suas escolhas. Isso mesmo, somos animais que escolhemos e escolhemos aquilo que temos afeto. A questão de sermos ou não monogâmicos gira em torno daquilo que os iluministas puseram o ser humano como racional e por ele ser racional, deve ser livre. Só que o século vinte mostrou que muitas crenças iluministas foram refitadas.
Primeiro que o ser humano não é, totalmente, livre. O ser humano – principalmente, os que vivem em uma sociedade – vivem presos em questões morais e questões sociais. A questão é que não temos liberdade nem mesmo de amar quem queremos, pois tem a questão familiar e também, social. O iluminismo achava que com o conhecimento e a ciência dariam a liberdade, mas a internet mostrou que a maioria não quer o conhecimento verdadeiro e sim, o que confirma as suas crenças ideológicas e religiosas. Isso é liberdade ou não? Claro que não. Liberdade não é conhecer ou ter coisas ou conceitos que fazem com que acreditamos em um só ponto, e sim, são conhecimentos que sempre vão ver outros pontos que podem, por ventura, serem ligados ou não. Porque com a internet, as pessoas acham que já tem consigo um meio para chegar até a realidade, pois, não tem nada e continuamos seres com crenças fundamentalistas. Só se mudou o ser divino ao se apoiar – como os ateus se apoiam na crença do não divino – porque a maioria das pessoas, precisam de algo a ser um símbolo que elas existem. Se na era medieval a igreja romana divinizou o mundo das ideias platônico e o deus motor de aristotélico, o iluminismo divinizou a liberdade e o conhecimento. Não houve uma reflexão sobre, só confirmações das crenças que não eram verdades. Você pode ter vários companheiros quanto quiser e não vai ter liberdade, porque você não criou uma coisa verdadeira, você se entregou ao cio animal da sexualidade.
Os existencialistas têm toda a razão, pois escolhemos um caminho e vamos ser prisioneiros das consequências dessa escolha. E as consequências são nossas porque nós escolhemos. Se escolhemos ficar com uma pessoa, podemos construir laços com essa pessoa. Se escolhemos sermos porra loucas e ficar transando com todo mundo a todo tempo, não construirmos laços com ninguém e podemos desenvolver doenças venéreas. Talvez, a questão do texto é mostrar da forma evolutiva, é muito melhor sermos fiéis ao companheiro do que trair eles e é premissa até mesmo bíblica. Nos dez mandamentos, Deus diz que não se pode olhar a mulher do próximo e no novo testamento, diz que Jesus disse que quem olhar já está traindo, pois, o que Deus uniu o homem não consegue separar. O amor, a meu ver, tem a ver com o modo evolutivo que o ser humano transforma em laços aquilo que é simbólico.
Como sabemos que somos animais monogâmicos? Porque nossos parentes evolutivos, chimpanzés e bonobos, tem pelos penianos para limpar o esperma dos outros machos e nós não. Ora, se não temos, então podemos concluir, que não somos. Mas uma outra questão nos faz pensar: a quem interessa essa liberdade sexual? Porque a cinquenta anos atrás, as camisinhas eram rudes e não eram nem fabricadas em maior escalas, porque não se tinha um uso frequente. Esse tipo de indústria teve um aumento significativo em tecnologia e material. Por outro lado, com o moralismo, lutamos com neuroses até hoje ainda nesse tempo. Pais se matando e matando a filha em nome da honra, mulheres chamando outras de vagabunda porque achavam que traia o marido e etc, que nos faz refletir no equilíbrio entre nem um lado e nem no outro. Por que não achar que uma pessoa pode te satisfazer? Por que achamos que o amor é uma prisão? Por que julgamos aqueles que querem fidelidade?
A questão é que você ama uma vez só, pois o amor verdadeiro não é simples paixão, é uma ligação. E, como disse Jordan Peterson em uma entrevista, não casamos para ser feliz, casamos para ter estabilidade de cuidar de outras coisas. Imagine homens no neolítico que precisavam cuidar da caça – porque as mulheres ficavam na colheita – e outros homens poderiam fazer sexo com sua companheira. Como ele iria saber se os filhos eram, realmente, dele? Isso deveriam preocupar. O casamento afetivo deu estabilidade e o ser humano começou a trabalhar e evoluir tecnologicamente. A cultura que estragou tudo em estabelecer nessas questões rituais e coisas inúteis. Hoje, com esse mundo louco, não é diferente.
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