domingo, 6 de junho de 2021

Delírio de um Brasil da Copa

 





Amauri Nolasco Sanches Jr



Única coisa que não concordei com a Juliana Paes é a questão do “delírio comunista” que não ficou muito claro dentro do vídeo que ela gravou. Não sei se é porque a esquerda ainda insiste em uma ideologia que nunca deu certo que é o socialismo, ou porque ela acredita, como muitos, que o PT (Partido dos Trabalhadores) é comunista e acredita na ideologia como um partido. Mesmo o porquê, existem muitos membros que acreditam ainda – mesmo vendo a merda que deu na União Soviética e em outros países – numa ideologia do século dezenove e se deveria repensá-la (se querem mesmo seguir isso ai). Assim como há um “delírio fascista” onde dizem o esse presidente ter comportamentos e atitudes fascistas, que, a meu ver, não passa de uma narrativa de querer dividir a humanidade em dois lados e não é verdade. Se A não é B, então, A é diferente de B. Só que o mundo humano – enquanto cultura e comportamento – nem sempre se resume em premissas lógicas e que pode sim, na democracia, principalmente, deve existir um C e esse C é legítimo.

As pessoas – principalmente, no ocidente – sempre teve a necessidade de colocar tudo em uma “caixinha” e o universo não trabalha assim. O universo é uma unidade – por isso mesmo, se chama universo – e que não ha nenhuma dualidade, pois, não ha como A não ser B, porque tanto A como B estão num mesmo plano da existência. Claro, mesmo que dois indivíduos tenham a mesma realidade – de perspectivas diferentes – também tem individualidades diferentes, únicas. Mas, por mais que a questão seja o respeito a opinião e expressar o que pensa – nessa realidade – temos que perceber que não há opiniões contrárias (opostas) e sim, opiniões que divergem daquilo que uma maioria acha. Aliás, em se tratando numa grande massa, o ser humano nunca pensa e sim, segue. Foi isso que Platão escreveu na sua alegoria da caverna e foi imortalizada no filme Matrix (muito embora, os diretores tenham usado muitos outros autores também). A questão pode ser formulada assim: o que cada um pensa de verdade? Todo mundo que tem uma linha de pensamento, tem porque teve uma base dessa linha de pesamento. Ou pela educação que recebeu com valores que segue, ou porque aprendeu em algum lugar esse valor. Podemos, também, seguir uma ideologia qualquer? Isso tem a ver com a base do pensamento, ou seja, quando não se tem nenhuma base do pensamento, se tende a abrir brechas para ideologias ou religiões. Ai mora o fanatismo.

Com um mundo mais niilista (negador da vida), as pessoas mais se fanatizam porque tem dentro de si, um vazio profundo. Ou seja, as pessoas seguem algo porque ignoram sua origem ou ignoram que aquilo não é bem quanto pensa. Nesse caso, o “pensar” é aquilo que se acha ser verdade e não é, é apenas uma ilusão idealizada dentro de um pensamento politico ou um pensamento religioso. Isso não quer dizer que não devemos seguir, de repente, uma linha politica ou religiosa e que, ser contra elas, seja um ato de negação absoluta. Eu, por exemplo, gosto de ser libertário e achar que tudo que se refere a ser estatal é um meio de escravidão ou ser um meio de coerção, de mim abrir um negócio ou descordar de uma posição politica e querer votar diretamente. E também, não ter nenhuma denominação religiosa e não ser ateu, e sim, ter uma espiritualidade independente de tudo que se encontra (mesmo ter um pezinho no espiritismo kardecista). Isso sim, é pensar com liberdade, pois, quando você se tranca em uma ideologia e numa religião, você está dando um atestado de dependência.

Até, muitas vezes, por eu ser um futuro bacharel em filosofia, já acharam que eu deveria ser marxista ou de esquerda e não sou. Como disse, eu posso transitar entre alguns conceitos de esquerda e alguns conceitos de direita, eu sigo livre sem achar que eu sou obrigado com alguma ideologia. Não sou. Alias, o preconceito é tanto que anarquista de verdade é o que apoia o lado marxista (que aliás, é contra os ideais anarquistas), saindo fora desse aspecto, tudo “anarcomiguxo”. Na verdade, libertários não deveriam ser chamados de anarcocapitalistas, mas, isso é um post para uma outra hora.

Ter liberdade é ter a satisfação de pensar por si mesmo.



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