Amauri Nolasco Sanches Júnior
Quem sabe o que eu posto, sabe muito bem, que não sou um filósofo como os outros que ficam com essa besteira de discutir banalidades. Porque eu entendi – isso desde Sócrates – que um filósofo não se prende em banalidades sociais só para mostrar que está engajado na discussão do momento. Eu quero entender coisas que a maioria acha que entende. Mas o que eu chamo de banalidades? Essa conversa fiada de politica binaria que vem desde a revolução francesa. Direita e esquerda foram importantes naquela assembleia e depois, hoje se transcendeu esse aspecto e se começa a ter um outro nível de discussão, a discussão para que serve esse tipo de politica. Nada me tira da cabeça que o bolsonarismo – como o lulopetismo – não quer moralizar a politica e melhorar nada, querem fazer do modo deles e assim, temos o chamado, “pirracento”. Crianças ou pré-adolescentes que para romper uma ordem estabelecida – que no caso, são os pais – fazem as coisas para pirraçarem aqueles que não fizeram aquilo que eles queriam.
Quem nunca assistiu Tom e Jerry quando era criança? Tom é o gato que quer pegar o Jerry que e o rato, que é normal, pois, gatos quando não eram domesticados, comiam roedores e aves de pequeno porte. A questão que para mim (numa visão de uma critica mais além do mesmo), é que Tom nunca conseguia pegar o Jerry e o desenho sempre, a cada episódio, começado tudo de novo. Mesmo que os dois se espanquem (que é visível dentro do desenho), nunca morrem e não tem um fim determinado como se as suas realidades vivessem um loop eterno. Loop são coisas que ficam repetindo eternamente e o gozado, nas minhas pesquisas, que existe uma teoria de loop temporal. Ora, será que Tom e Jerry estão num loop temporal? Se sim, eles não tem nenhuma liberdade e sempre terão a consciência que aquilo é uma realidade. Se não, os episódios são dias diferentes que acontecem a mesma coisa e eles tem consciência que aquilo é uma realidade. Ai temos que perguntar (é uma das perguntas mais perguntadas na filosofia): o que é a realidade? Uns podem dizer que a realidade é tudo que capta nossas percepções, outros podem dizer que a realidade é nossa subjetividade produzindo regras fenomenológicas – entre nós e os objetos – que interagem, de certa forma, num ambiente específico. Ai que esta, podemos dizer que o Tom e o Jerry tem a realidade dentro da percepção que eles percebem, então, as questões das repetições de movimento, são normais.
Dentro da internet há uma teoria que o mundo acabou em 2012 e nós estamos sonhando tudo isso, como se mudássemos de dimensão. Se, realmente, o mundo acabou a pergunta que não se cala é, o porque estamos sonhando e fazendo uma outra realidade? Numa outra teoria, nós estamos numa simulação de computador e, na verdade, somos programados para fazer tarefas ou somos iguais o jogo The Sims e alguém nos ordena – por mouse ou outra tecnologia – a fazer aquilo que fazemos. Na verdade, a meu ver, custamos a acreditar nas nossas próprias responsabilidades de ter criado essa realidade social que ai esta. Afinal, como Sartre disse, somos condenados a sermos livres. E outra coisa, não seria muito lógico ter simulação dentro de uma simulação e, a animação do Tom e Jerry, nada mais é do que uma simulação de um gato e um rato com feições e comportamentos humanos para passar algum pensamento dos autores.
Mas será que o Tom e o Jerry nos diz algo da sociedade humana? De certa forma, sim e isso tem a ver com nossa cultura. Nossa limitação binaria nos faz correr atrás de um rato, que muitas vezes, não existe ou que não é tao mau assim. O Tom é as pessoas que buscam correr atrás que um bem que não existe, porque não sabem pensar por si mesmo e dependem de “tutores” para pensarem no lugar delas. Um gato só corre atrás de um rato, porque o instinto natural – dado gracas a evolução da sua espécie – faz ele fazer isso para se alimentar e eles faz isso a vida inteira. O ser humano usou isso para afastar os ratos do convívio humano (só na era medieval os gatos foram tidos como demoníacos e foram exterminados e o resultado, a peste negra). Mas o ser humano é um ser que tem consciência e sabe o que faz e o que escolhe, ou seja, o ser humano fazer só duas escolhas não faz o menor sentido. Ou faz dentro de uma narrativa que ensina o bem e o mau e isso, somos herdeiros platônicos.
Talvez, Tom tenha uma escolha a fazer ou não tenha, pois, quer pegar o Jerry para ser reconhecido por sua dona. Sim, muitos poucos episódios mostram, mas Tom é um gato que tem uma dona e um deles, a dona do Tom, compra um gato automatizado (talvez, uma critica a tecnologia que estava surgindo na época). Mas, no fim desse mesmo episódio, a dona de Tom, reconheceu a eficacia do seu gato pelas decisões que ele toma com diretrizes dela. Exato. O erro liberal é achar que os meios de produção são progressistas e evoluem conforme vai se aperfeiçoando esses meios, só que esse aperfeiçoamento tem que ter um certo cuidado. Como no episódio que disse, a dona do Tom verificou que ele pode tomar decisões e não destruir a casa toda para pegar o Jerry e a automatização de todo meio, pode gerar erros. Ovos podem ter pintinhos e podem ser embalados juntos. Leites podem estar vencidos e embalados assim mesmo. E o maior tiro do pé capitalista, a internet. Pois, mesmo que grandes corporações ganhem dinheiro com tudo isso, as informações contidas não deixar uma parcela não aceitar as informações que eles mesmos fornecem.
Como no episódio do gato robô, a programação pode fazer com que ele seja eficiente no sentido de seguir ordens (como seguir a risca), mas não eficaz de diferenciar quando se pode usar ou não uma arma, por exemplo. Mas ai está o paradoxo, pois, a decisão de não quebrar a casa serve para a dona do Tom, a não vontade de não querer pegar o Jerry, não. Na cultura ocidental, as coisas e decisões tem que ter uma utilidade e se não tiverem, não há o porque existir. Um pensamento deve seguir um propósito, assim como uma ideologia tem que seguir um propósito. Caso Tom resolvesse se rebelar e não querer pegar o Jerry, ela não está seguindo um propósito, não atende o interesse da dona dele. Ai chegou dentro do que eu queria.
E se o Tom acorda um dia e começa a indagar o porque ele corre atrás dele e começa fazer ligações como sua dona nunca aparecer, a casa muda de ambiente sempre, as cenas sempre se repetem e ele não faz outra coisa, na maioria das vezes. Ele pode pensar que é um instinto, mas ele se apaixonou por uma gata (que quase lhe levou ao suicídio) e esqueceu do Jerry. Ai ele percebe que não faz sentido fazer isso por 70 anos e começa a observar sua realidade. Não existe nada. O que existe só existe quando o desenho reprisa e depois começa tudo de novo. Como um loop temporal. Ora, e se o Tom tomasse uma pilula vermelha e siasse disso? Será que aqui fora ele seria um gato velho? Será que ele ia perceber que se passou 70 anos da sua vida lá?
Assim, qualquer semelhança, é mera coincidência.
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