Todo o conhecimento humano começou com intuições, passou daí aos conceitos e terminou com ideias.
Ficamos surpresos quando a cantora (vide funkeira) Anitta
para fazer curso numa universidade de marketing. A questão é: Anitta é uma
professora qualificada para dar esse tipo de aula? Claro, dentro da história universitária
mundial, devemos olhar que várias pessoas não universitárias (não tendo diploma),
ministraram cursos. E – Que é muito bem documentado – não havia qualificação universitária
dos professores medievais, que nos faz pensar, que qualificações universitárias
são coisas bastante modernas (uma exigência capitalista). Mas, o problema não teria
sido esse e sim, segundo seus críticos, tem a ver com o engajamento político da
cantora dentro de um viés político e quer chamar, cada vez mais, jovens. De algum
modo, é muito utilizado – principalmente pela esquerda – essa aproximação da
juventude, ou por causa do idealismo em querer sempre mudar o mundo, ou porque há
um conceito de renovação social. Ora, sem dúvida nenhuma, há uma renovação social
e seus valores caros. Antigamente, as mulheres não podiam votar, hoje podem. Antigamente,
a educação era feita do modo de dor e repreendimento, hoje, na maioria das
vezes, não é mais. A renovação vai se fazendo sempre.
Mas há um fator na nossa cultura: ela confunde conservar instituições
com conservar tradições. O conservadorismo não é o mesmo de tradicionalismo. Por
outro lado, as tradições brasileiras na sua grande maioria, foram herdadas de
outras culturas. A única tradição, realmente, que é genuína brasileira é a indígena.
Assim mesmo, as questões levantadas dentro
da crítica da própria maneira de criticar essa tradição, também é estrangeira. Não
desenvolveram nem mesmo uma crítica brasileira – como o brasileiro constrói um
conceito – dentro da ótica da nossa visão de mundo. Por exemplo, sem demagogia,
gostamos de bagunça, festas, até mesmo, putaria. Somos um povo que nunca nos
importamos com que imagem nos enxergam lá fora, portanto, quando se faz uma crítica
dizendo que as mulheres são vistas como prostitutas ou como sexo fácil, algumas
pessoas que fazem as críticas, sempre constroem esse tipo de argumento dentro
da sua subjetividade. Se nossa cultura confunde tradicionalismo com conservadorismo,
também confunde subjetividade com objetividade.
Subjetividade é como se vê a realidade a partir das suas impressões
dentro dos seus valores, enquanto a objetividade é o objeto da sua impressão dentro
da realidade irrefutável. Um copo não pode ser subjetivado e sim, objetivado. Visões
políticas e religiosas são subjetivas. O grande problema nisso tudo é que,
somos herdeiros de uma universalidade de algumas visões sociorreligiosas que a
igreja católica sempre colocou – usando a filosofia de Platão – e se ficou com
algumas verdades universais. Será que as realidades não se convergem? Mesmo que
sim, não são a mesma verdade para duas pessoas. Aí se entra na linguagem, porque a imagem de
uma mesa (significado) não é o mesmo de escrever mesa (significante). A imagem
da mesa (semiótica) não será a mesma para duas pessoas, então, não se tem um
absoluto dentro da verdade da mesa. Ainda tem um outro aspecto, não tão menos importante,
existem formas de mesas e materiais diversos que são feitas. Então, a verdade
da mesa fica a critério de quem descreve a mesa em si mesma.
A imagem da mulher imaculada – visão católica – é bem a
imagem idealizada de uma visão sociorreligiosa medieval, onde as mulheres eram
culpadas do pecado original. Será que a mulher não é um ser humano? Não pode fazer
escolhas? Podemos ver que a questão não é se a cantora tem diploma, mas, a imagem
que ela passa como uma cantora que mostra o corpo (vide: a bunda). Mesmo não gostando
da sua música, a questão é sobre liberdade. Se a esquerda tem um discurso de ser
democrática (na maioria das vezes, não é), a direita tem um discurso de ter liberdade
(também não são). Então, o que nos faz pensar que, o fanatismo de extremismos
dominou todo um discurso mundial. Temos, nesse momento, ter muito cuidado de fazer
críticas pontuais de algo ou de alguém. Claro, o cancelamento iria me divertir.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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