A tradição filosófica – desde Tales de Mileto – diz que o exercício filosófico é o encontro da sabedoria enquanto verdade. Mas, não é uma verdade qualquer, é o porquê que existe algo e não o nada. Na nossa mente – isso desde muito tempo – existe sistemas lógicos que tentam entender a realidade enquanto tal. A vaca tem uma origem, assim como nossa espécie deve ter, assim como a arvore deve ter e ai, chegamos a uma origem. A origem tem sido um dos objetos mais discutidos dentro da filosofia nos últimos 3 mil anos e já é uma tradição, mesmo que a irmã dela, a ciência, tenha se empenhado em achar essa origem, os filósofos já debateram muito. Mas, indo bastante além da origem de tudo, o que será que esta por trás da verdade e a realidade? Pois, verdade vem de aletheia e esse termo grego era designado para a realidade de todas as coisas, aquilo que está bem além daquilo que entendemos. Pois, tudo que vive, tem autonomia e isso era a liberdade (eleutheros) – os gregos tinham uma outra visão de liberdade – hoje, a liberdade tem uma outra conotação.
Mas, voltando a verdade, os gregos tinham uma ideia de
realidade muito além do que temos. Aliás, verdade e realidade tem uma única definição,
pois, tudo que existe dentro da realidade é verdade para nós. Porém, será mesmo
que esta verdade é verdadeira? Não se sabe. O mundo contemporâneo – porque não a
filosofia pós-moderna – pegou a realidade e a verdade e colocou no mesmo escopo
da subjetividade e inventaram a desconstrução de verdades que são – em essência
– verdades dentro do que acreditamos como verdades. Claro, existem verdades que
são verdades que aceitamos como reais, mas, a subjetividade é muito além daquilo
que o senso comum pensa. A subjetividade é a capitação daquilo que sentimos graças
a nossas percepções e nisso, existem pessoas que entendem esse fenômeno e
interpretam como os fenômenos em essência e existem outras, que não entendem
esses fenômenos e julgam conforme seu entendimento. Ou seja, nada tem a ver com
verdades dogmáticas. Os dogmas é uma outra coisa. Não são as verdades que Nietzsche
disse que não são absolutas – essas são dogmáticas – por exemplo, que ele pegou
do fragmento de Heráclito. Tudo flui e muda conforme o tempo.
Na verdade, a filosofia que é ensinada no Brasil é cheia de buracos
que não são preenchidos. A desconstrução de Foucault também não é essa – do mesmo
modo não entenderam várias filosofias – pois, seguindo a filosofia nietzschiana
– ele queria desconstruir com dogmas e ensinamentos que já não fazem tanto
sentido. Por que haveria de ter um ser mais perfeito do que o outro? Por que
pessoas tidas loucas, estão fora da realidade? Sabemos o que é ou não realidade?
Se não sabemos o que é a realidade, como podemos saber se aquilo é real ou não?
Como disse, a realidade não pode ser colocada em uma simples explicação, pois,
realidade depende dos fenômenos das coisas que estão em nossa volta. Uma garrafinha
de água é um objeto, todo mundo que ver essa garrafinha vai constatar que é o
mesmo objeto que eu constato que é real. Não tem nenhuma “interpretação” nisso.
A garrafinha é ela em essência. Como podemos achar que ao olharmos o céu, vemos
um ponto vermelho (Marte) e dizer que aquilo é uma estrela só porque desconhece
que podemos – em períodos do ano – ver o planeta Marte a noite a olho nu (sem telescópio).
Então, desconstruir uma verdade dogmática (ou moral) não é o mesmo de desconstruir
verdades objetivas, ou seja, o sol vai existir independente daquilo que
acreditamos.
Como disse, estamos na era do meme e dos “carimbos de
pensamento”. O carimbo da vez é a questão do amigo bêbado ser mais filósofo do
que os filósofos consagrados como clássicos, numa tentativa de desconstruir a
verdade da inteligência só neles. Acontece, que esse amigo bêbado – numa analise
bem profunda – foge da realidade com o álcool, não tem nenhum amor a sua vida,
acha que o mundo é uma merda e todo mundo quer prejudicar ele. Ele se vitimiza se
embriagando e dizendo que o mundo não presta como se o mundo tinha que fazer o
que ele quer. Ele não desconstrói nada, ele só não sabe o que diz. Não há nenhuma
verdade em um bêbado – nem de nenhuma droga – porque estão fugindo de uma
realidade que eles não podem controlar. Ou seja, não conhecem a si mesmos, não analisam
os problemas do mundo, só enxergam sombras das suas próprias ideias. Nem o cara
da kombi – o nome esqueci – acho ser um homem inteligente cheio de filosofia. mas,
claro, sei muito bem que vão perguntar: mas, Sócrates não poderia ficar bêbado nos
banquetes (simpósio)? Uma coisa é ficar alto, outra coisa que ficar sem rumo na
vida. Por outro lado, como querem desconstruir discursos e verdades dogmáticas,
se fazem o que uma grande parcela da massa faz? Que desconstrução é essa
fazendo o que a grande maioria faz?
A meu ver, uma desconstrução filosófica acontece quando não fazemos
o que a maioria faz, não ouvimos o que a maioria ouve, não diz o que a maioria
fala. Ficar bêbado é o que a maioria faz – porque não consegue achar saída para
sua angústia – e se é para agir como a maioria, não precisa estudar. O conhecimento
te dará sempre a questão da escolha em progredir ou ficar estagnado na sua
realidade, porque você descobre que está sendo enganado e que a bebida só é um analgésico
daquilo que não consegue mudar.
Amauri Nolasco Sanches
Júnior – 46 anos, técnico de informática, publicitário, filósofo da educação e
futuro bacharel em filosofia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário