Uma das coisas que eu não gosto do intelectualismo
brasileiro é achar que filosofia só é filosofia dentro da academia (vide universidades
e faculdades). Talvez, por isso mesmo, as pessoas rejeitam a filosofia. Nesses
últimos dias, num grupo de PDFs de filosofia, tive uma prova cabal sobre isso.
Um rapaz pediu o livro do Olavo de Carvalho sobre Aristóteles e teve uma
discussão muito grande sobre o Olavo ser ou não acadêmico. Não gosto do Olavo
de Carvalho, não por ele não ser acadêmico – ter diploma – mas, não gosto pelo
fato da sua escrita não me agradar e algumas opiniões que acho, muito
exageradas e não cabe mais no mundo de hoje. Mas, como amante da liberdade,
acho que as pessoas deveriam ler o que quisessem e tirar suas próprias
conclusões (particularmente, detesto aqueles livros de filosofia que tem de 30
a 50 páginas de introdução ensinando como ler o autor).
Democracia pressupõe diversidade de opiniões e gostos – que
sempre foi muito normal dentro da história humana – onde as pessoas devem
sempre acharem aquilo que te faz feliz. Felicidade e liberdade andam juntos.
Mas, o que esperar de um povo onde você é expulso de um grupo anarquista por
causa de divergência de opiniões? Mesmo o porquê – uma característica da nossa cultura
– existem fatos que não se comprovam, como o anarquismo contemporâneo ter vindo
do socialismo científico de Marx. Muitas das ideias que Marx usou, são ideias
de Proudhon e de Bakunin (isso está devidamente documentado). Estranhamente,
nosso povo tem alguma necessidade de fazer de ideais ou qualquer coisa como
religiões, como ser vegano, como ser de direita ou de esquerda, ser a favor ou
contra o capitalismo etc. isso me faz crer, de algum modo, se tem a necessidade
de construir ídolos para impor pensamentos ou, esses ídolos endossarem aquilo
que elas acreditam. Como quando éramos criança e dizíamos: “está vendo? Eu
tenho razão”. Essa “infantilização” da nossa cultura tem origens bem da raiz
medievalistas da nossa cultura – mesmo achando, também, que há um ressentimento
forte e muito bem enraizado – pois, sem o soberano não se é nada (soberano
nesse caso, tem a ver com a questão do Estado também).
A “infantilização” do nosso povo se agrava quando entra na
nossa cultura o positivismo-marxismo, que tudo tem um porquê e uma utilidade.
No positivismo comtiano (Auguste Comte), tudo não passa se não for
cientificamente, que na filosofia é uma situação quase ditatorial. A filosofia
é feita de conceitos (dar forma) e não pode estar amarrada em termos e
pensamentos científicos, porque isso tira a liberdade de inventar conceitos do
filósofo. Claro, podemos usar e não podemos negar as teorias já comprovadas e
pesquisadas, mas, existem coisas que não podem amarrar a filosofia. Já o
marxismo, graças a uma famosa frase de Marx, acha que o filósofo tem que mudar
o mundo, negando a parte mais racional e enfatizando a parte pratica. Ora, a
teoria marxista – que é bem mais vasta do que a obra marxiana – não mudou o
mundo e colocou o mundo político de uma forma binaria que prejudicou ainda mais
o debate político. Sua teoria levou ditaduras e mortes desnecessárias – por discordar
– de uma teoria que, em tese, é uma teoria que foi ampliada com o tempo. O
pensamento positivista-marxista não tem mais o porquê ser seguido, mas, foi
devidamente enraizado dentro das academias como rastro de filosofias que não
existem mais.
Algumas universidades – como a universidade onde eu estudo –
já não tem bibliografias (conjuntos de livros) engessados em “verdades”
acadêmicas como se aquilo fosse importante. Não dá (só) para ler autores de
cunho acadêmico do século dezenove – sendo que muita coisa foi encontrada no
século 20 – tem que se ampliar, se pensar em algum modo melhorar o modo de
pensar em forma de crítica. A filosofia não pode se tornar um dogma – aliás,
desde os seus primórdios, a filosofia tem quebrado certos dogmas - e sim, um
modo de criticar até mesmo a crítica. Desconstruindo discursos prontos.
Destruindo alicerce morais e dogmáticos. Destruindo, até mesmo, ideologias massificadas
como verdade prontas.
Fascismo quer dizer um feixe unido num bastão – ou numa
machadinha – que mostrava o quanto aquilo simbolizava o poder. Talvez, os acadêmicos
se esqueceram das suas origens, daquilo que deveriam preservar e nem acredito
que foi, totalmente, culpa da igreja católica. Mas, a ânsia de desvincular a filosofia
e a própria academia das influências católicas começaram a achar que isso era através
de estudos científicos (empíricos) sistemáticos. Nesse momento – por razões da opressão
religiosa da época e da era medieval – se começou a achar que é superior a
imagem do estudo acadêmico. Ora, a academia como tal, não começa com estudos céticos
e poucos populares e sim, com o que Platão tinha em sua época. Até mesmo o nome
academia, vem do deus Academus onde Platão construiu sua escola (os jardins de
Academus). Então, se na tradição a academia vem de uma coisa popular (senso
comum), será mesmo que deveríamos (como acadêmicos) rejeitar essas coisas e não
facilitar a linguagem para abranger tais camadas?
Amauri Nolasco Sanches Júnior
@amaurinolascos.ju #cadeirantenotiktok #invasao #tiktok #filosofos #reflexao #filosofico ♬ O Homem É o Lobo do Homem - Ronaldo Lima
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