terça-feira, 30 de abril de 2019

Bolsonaro não gosta de filósofos e sociólogos, por isso lê Olavo de Carvalho



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Amauri Nolasco Sanches Junior
Em uma entrevista da UOL, o professor, Luiz Felipe Pondé , disse que somos carentes de “letras e reflexões”. As “letras” são importante para saber escrever e fazer entender para um bom dialogo, mesmo e, principalmente, nas redes sociais, sempre temos que saber escrever. A reflexão tem a ver com a escrita e a ideia, de letras e reflexão é a questão de escrever com tamanha lógica e perfeição e a reflexão é importante. Não se faz nem politica ou qualquer coisa sem nenhuma reflexão. Mas, Pondé não para por aqui, ele diz que temos uma sociedade mesquinha e os mais ricos não querem financiar cursos de humanas, por acharem que humanas são cursos de “vagabundo” - um pensamento, totalmente, do século dezenove – e por acharem que cursos de exatas ou das áreas biológicas (como medicina) são bons para a economia e vai voltar rápido. Será?
Vamos pegar medicina – que, aliás, foi um dos exemplos do Bolsonaro – e vamos pensar um pouco. Um curso de medicina está em torno de 10 mil reais – não sei ao certo – e fora o material didático que é preciso para o curso. Numa universidade (pratica) e numa faculdade (teórica), existem milhares de materiais biológicas – como cadáveres de animais e até mesmo, de seres humanos – assim, há um enorme investimento. Além de residência que pode durar anos, mais ou menos, dez anos. O governo – através das universidades e faculdades – forma o médico e ele presta concurso publico ou vai trabalhar. O governo espera que o médico formado com o dinheiro do contribuinte, atenda a mesma sociedade que financiou o seu curso. Porém, nem sempre esse mesmo médico – formado com o dinheiro publico – vai querer atender em periferias ou em cidades do sertão nordestino. Será que ele iria? Pesquisas mostram que não.

Na verdade, existem duas culturas que atrapalham o nosso progresso, a questão do governo em ter que agradar alguns setores (que estão em outras áreas e não nas humanas) que são os pilares da economia. Outra, é nossa cultura tecno religiosa que não gosta de coisas muito intelectuais. Nossa cultura, primeiramente, foi forjada dentro de um pensamento católico que não gostava muito do conhecimento. Poderemos ver muito isso em nações que adotaram o pensamento protestante – o verdadeiro e não a versão neopentecostal – e nações que sempre foram da igreja católica, que não tolerou o conhecimento pregando ser pecado. Num outro lado, adotamos pensamentos práticos como o marxismo (Karl Marx) e o positivismo (Augusto Comte), que por termos esse pensamento não muito intelectual, gerou bastante uma negação do intelectualismo. Só que existem duas coisas importantes: primeiro, sem a filosofia não existiria nenhuma respaldo de qualquer coisa (dês da engenharia, até a medicina); segundo, sem a filosofia não existiria uma teologia e nenhum entendimento o que seria as ideologias politicas. Nem da direita conservadora, nem da esquerda revolucionaria ou progressista. Nem mesmo o liberalismo – concordo com o professor Pondé – que o governo anda brincando, e com essa postura intervencionista, vem criando duvidas sobre ser liberal.

Acontece, segundo Camus – filósofo franco angeliano – que disse que a filosofia nasceu do espanto, de se espantar com a realidade. Os primeiros filósofos foram os naturalistas – quem vem dos gregos “physis” que, sim, veio o termo físico – que, queriam descobrir a origem de tudo. Mas, Sócrates, queria descobrir mais do que isso – já que o deus Apolo disse ao seu amigo que ele era o homem mais sábio de Atenas – queria descobrir o homem sábio, aquele que vai entender o ser humano em sua essência. Qual é a essência do ser humano? Para Sócrates – que foi muito seguido pelo seu discípulo Platão – a essência do ser humano é o conhecimento, porque quando você conhece (até saber da sua ignorância), você enxerga a sua realidade de outro modo. O poder não gostou muito. O poder achou que Sócrates estava mostrando sua ignorância e mostrar a ignorância – principalmente, quem governa – porque ninguém que governa pode ser governante.

O conhecimento é o entendimento da informação e se isso acontece, a sua realidade muda. Talvez, Sócrates queria mostrar que o conhecimento não vem de fora e sim, o conhecimento vem de você mesmo. Por isso mesmo, ele repetia a frase do Oraculo de Delfos, que era para conhecer a si mesmo, dai, você conheceria o universo e os deuses. Exato. A questão do autoconhecimento, sempre foi uma discussão longa e fez a base do questionamento da essência humana. O universo podemos entender como realidade, tudo que existe e os deuses, podemos colocar como o ser humano que muda o ambiente, a essência espiritual do humano. As religiões de hoje, perderam a essência espiritual como uma sabedoria milenar que fez o ser humano questionar sua origem. A filosofia fez além, mas, não refutou o lado espiritual por completo.

Não há o bem ou o mal dentro da visão filosófica, há o conhecimento e a ignorância. O conhecimento faz você ver a luz e é esse o ponto, porque foi eternizado na teoria da caverna de Platão (aluno de Sócrates). Porque a ideia do conhecimento como uma luz, é a base de uma crítica e uma autocritica, que o poder e seus tentáculos (como as religiões e as ideologias politicas), não gostam por ser contrário ao seu poder discursivo. Não é a toa, que a mais conhecida filosofia do império romano tenha sido a estoica, porque pregava as coisas materiais e negava a realidade. Por que negar a realidade? Por que não se apegar ao material? Ora, essas filosofias vão povoar a Europa por muito tempo, até na idade moderna com o filósofo francês Renê Descartes.

Mas, desde Sócrates, o conhecimento foi o foco e sem a filósofos não teríamos nem a tecnologia que temos hoje. O sistema boleano de 0 e 1 – que usamos nos software de computadores – foi criado por um filósofo (Leibniz). Os sistemas de medida de construção e de engenharia, vai do teorema de Pitágoras ao teorema cartesiano (de Renê Descartes). Sistemas econômicos – que são a base do capitalismo – foi desenvolvido dentro da filosofia. A sociologia desenvolveu o entendimento das sociedades e é uma das “filhas” da filosofia. Então, o problema não é a filosofia e a sociologia e sim, a ideologia que ainda dominam um lado do dialogo e não mostra um outro lado. Se deveria exigir que se tenha que mostrar um outro lado da questão. Ao meu entender, um filósofo não pode ter uma ideologia e uma aula de filosofia não se pode ensinar um viés. Se houver isso, não é uma aula e sim, uma doutrinação. Isso não quer dizer que sou a favor do término dos cursos.


quinta-feira, 25 de abril de 2019

Olavismo e marxismo caboclo – faces da mesmo radicalismo




Amauri Nolasco Sanches Junior 

Eu sou contra qualquer fanatismo. Eu mesmo, nunca fui ligado em ter posições radicais dentro de qualquer coisa. Depois que sai da minha adolescência, essa visão de mundo, ficou bastante clara. Eu não gosto de bandas ao ponto de brigar por elas, assim como, não gosto de ler ou estudar, uma só religião. Do mesmo modo, eu não gosto de nenhuma ideologia politica, porque todas as ideologias acabam sendo distorcidas por causa de interesses escusos. Assim, são as religiões. 

Na parte espiritual eu acredito na ligação que temos num todo. As consciências estão ligadas em harmonia – sim, o grego já sabia disso e colocou em sua mitologia – e dessa harmonia, temos a força da vida que é a nossa energia divina. Ou seja, não há nenhuma entidade fora (externa), e sim, uma entidade dentro (interna) de cada ser humano. Aliás, quando você coloca o “ser”, você coloca na ralidade a totalidade de um indivíduo que é um humano, em consciência e corpo. Em todas as mitologias e até mesmo, nas religiões atuais, o divino sempre morou dentro do ser humano não como um poder de mudar, mas, o poder de fazer escolhas dentro de uma realidade que a maioria dos seres vivos, não tem como escolher. Mas isso faz de nós seres superiores? Talvez, só temos a percepção da realidade como algo existente e os fenômenos objetivos (objetos) são parte da interação dessa dimensão. E não sabemos – nem mesmo os cientistas – se os outros animais têm consciência ou não, afinal, não é que alguma criatura pensa diferente, não quer dizer que não pensa, como disse Allan Turing o pai da computação. As religiões, na verdade, são fragmentos de ensinamentos e sabedorias de milênios – que, talvez, tragamos dentro do nosso espírito – e que foram distorcidos para melhor atender o poder do ESTADO. 



Do mesmo modo, não tenho uma ideologia politica definida. Eu ser anarquista não dá forma nenhuma de uma ideologia, sou contra um ESTADO paternalista e um moderador, de atitudes que podemos nos autogerir. Isso se junta na espiritualidade, porque só há liberdade quando o nosso ato vem da nossa vontade e da nossa consciência (leia-se, o entendimento) desse ato. Não adianta querer fazer ou ter algo, e não entender a importância e o porque você quer aquilo. Mas, ao que parece, trocamos nossa liberdade pela nossa segurança e conforto. Para que caçar se eu tenho alimento no próprio quintal (hoje, indústria cuidam disso)? Para que procurar cavernas se posso construir ou ter uma casa própria num território? Porém, perdemos a nossa liberdade para conforto. Ao mesmo tempo, acredito na evolução humana – como uma única espécie e por criaturas conscientes – e essa forma de governo e o ESTADO, um dia não será mais preciso. Então, por exemplo, visões futuristas como um mundo da Jornada nas Estrelas (Stars Trek) é uma visão ainda, limitada. Aliás, qualquer visão do futuro nesses filmes, são limitados. Por quê? Porque a humanidade – ou outros seres conscientes – terão mais informações e tendo mais informações se tera mais consciência da sua própria capacidade. 

Para entender a esquerda – que nem sempre é socialista/comunista – e a direita – nem sempre conservadora – temos que estudar a origem. Existiu um filósofo que disse que o ser humano que cercou um terreno e disse que é seu, era um criminoso, esse filósofo é Jean-Jacques Rousseau. Rousseau não tinha só esse pensamento, tinha muitos outros pensamentos, como o homem é bom, a sociedade que o corrompe. Ora, depois desse filósofo se começa uma discussão bastante longa, sobre a propriedade privada e a bondade inata humana. Nessa filosofia de Rousseau começou uma discussão das pessoas que defendem a propriedade privada, e quem defende que a terra é de todo mundo. Assim como, o bem e o mal, depende da sua educação social. Rousseau erra e acerta em duas coisas, porque ele quer voltar a discussão de Platão entre o conhecimento e a ignorância. 

Ele está certo que o meio influencia o ser humano – pois, biologicamente, somos primatas e primatas são animais imitadores – mas está errado do modo de idealizar a educação, sobretudo, a educação escolar. O meio pode nos dar conceitos dentro dos valores obtidos pela educação (tanto a familiar, quanto a escolar), porém, existem outros fatores que colaboram com a construção da nossa personalidade (fora o subconsciente, claro). Se lemos na realidade que uma religião vai nos trazer bens ou bem-estar, vamos seguir aquela religião, porque sabemos que aquilo nos dara prazer. Exatamente, saber. Para o grego no tempo de Sócrates – mais ou menos, trezentos anos antes de Cristo – a sabedoria não era um acumulo de conhecimento, sabedoria era a essência do conhecimento para evitar o sofrimento. Nessa mesma ideia, o iluminismo – na qual, Rousseau fez parte – achava que o conhecimento e a ciência empírica (o conhecimento pela experiência), traria o homem para a felicidade. Ora, ser feliz não é algo lógico que tem uma só formula e sim, existem sentimentos além da razão. A razão sem sentimento, será inútil, porque não poderemos saber em que escolha fazer (não é só eu que digo isso, são os pesquisadores). Portanto, eu posso escolher não ser influenciado pelo mundo e ter meu próprio conceito, ter meu próprio gosto e a ideia do bem ou o mal, é o saber de si e do outro. Ou seja, posso ter meu próprio conceito, sem ser egoísta o bastante, de entender o outro. 

Na questão da propriedade privada, ao meu ver, é uma discussão meia inútil. Por quê? Tudo que você tem como seu – ou pensa ser – é na verdade, uma propriedade do ESTADO que pede uma taxa para você usar. Talvez, acho que ninguém entendeu ou Rousseau não se fez entender, que quando o cara que cercou o terreno e disse que era dele, esse homem (hoje sabemos ser uma mulher por causa de um fóssil), era um ladrão. Na verdade, Rousseau não está tão errado assim, pois, no livro “Sapiens- uma breve história da humanidade”, o autor israelense, Yuval Noah Harari, diz que foi um erro o ser humano ter virado agricultor. Por quê? Porque, além de criar controles de repressão para a nossa liberdade – em troca de segurança – e, antes as cavernas eram realmente nossas, trocamos por conforto. Claro, não vou ser hipócrita e dizer que não uso a tecnologia – que aliás, me ajuda a se locomover e ter um transporte e saúde – mas, estamos analisando a natureza da questão trazida nesse momento. 

Portanto, essa discussão que a seculos é acirrada, são discussões problemáticas por não ir na cerne da questão. As muitas ideologias e religiosidades são sempre trazidas a tona por interesses, por conceitos ou preconceitos, mas, também pela alimentação do medo. Aliás, acho eu, que os Estados Nacionais, só existem até hoje por causa do medo produzido pela ignorância da verdadeira realidade. Então, para mim, pelo menos, o olavismo e o marxismo não há diferença nenhuma.


domingo, 21 de abril de 2019

A verdadeira Páscoa é um momento de reflexão e não só de chocolate




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Amauri Nolasco Sanches Junior



“compreender para crer, crer para compreender”
(Santo Agostinho)

Santo Agostinho de Hipona (354-430), foi além de teólogo e bispo da Igreja Apostólica Católica Romana, foi um filósofo que juntou o platonismo com a teologia cristã. Algumas coisas como a reminiscência platônica e a sobrevivência da alma, vem de Sócrates e Platão, quando no seu último discurso, Sócrates ao beber uma taça de cicuta, diz ir para um outro mundo (dará uma espécie de paradoxo do suicídio, mas, é uma discussão para um outro texto). A questão é: que Santo Agostinho dizia que antes de ter fé (fide) temos que compreender (intelligere). 

Ao ler muitas mensagens cristãs – como gritar de felicidade a “paixão de Jesus” - me deparo com uma tremenda ignorância sobre sua própria fé. Crer é muito mais do que acreditar por acreditar, fé é uma questão clara de entender o motivo da sua fé. Os nórdicos – povos antigos que viviam na Escandinávia – tinham bem clara a imagem de Odin como o deus da guerra e o rei e pai de todos os deuses. Não pensem que eles acreditavam por acreditar, tinha vários rituais e esses rituais tinham que ser entendidos, do mesmo modo, existe uma compreensão daquilo que é seguido. 

Seguir por seguir é um ato de fé cega e nem saber o que está seguindo. Não pensem que só na religião está essa fé cega que muita gente segue, como a fé em ideologias que não deram certo, fé em pensamentos que não são verdadeiros, seguir só por seguir. O cristianismo ficou hoje, um amontoado de asneiras que não cabem num culto ou numa missa, só. A questão não é dizer que a outra fé é de satanás, sem saber, de onde vem os termos. Satanás vem do hebraico (שָטָן ) “satãn” que quer dizer, adversário. Em grego koiné (comum), se escreve “satanás” (Σατανάς). Em árabe se escreve “shaitan” (الشيطان) que deriva da raiz semítica ( šṭn) que tem o significado hostil. Ou seja, quando Jesus dizia “satanás”, ele estava dizendo que existem formas espirituais adversarias e hostis a evolução e a verdadeira designação espiritual. Dizer que a sua religião é verdadeira e a outra é de satanás (adversário) é até um sacrilégio, porque também é um lugar espiritual. 

Claro que se você é cristão, tem que seguir os rituais cristãos e deve seguir a moral cristã verdadeiramente. Matar é anticristão. Trair no casamento é anticristão. Olhar coisas não belas é anticristão. Julgar sem saber da verdade e não deixar a outra se defender é anticristão (nem vem petista achar que estou falando do Lula que não estou não). A questão que as pessoas hoje tem uma espiritualidade bastante feed food e não há mais nenhuma reflexão. Haviam tempos que as pessoas faziam jejum na sexta-feira santa, que existiam reflexões imensas dentro de igrejas e até mesmo as protestantes, tinham a palavra certa para isso. Aliás, minha avó italiana – sim, ela e meu avô materno nasceram na Itália – estudou até a segunda série, mas, sabia ler impecavelmente, porque a igreja (congregação) exigia que escrevessem bem e lessem bem para entenderem a bíblia. Hoje em dia – todos nós sabemos que é uma desculpa – não há essa exigência e cada vez mais, temos pessoas assassinando a nossa língua nas redes sociais e são cristãs. Ou seguram cartazes como: “Para que fazer universidade se sabemos a Bíblia”, mas, pelo menos, tem que saber ler, tem que entender o que está na Bíblia e ai que quero chegar.

Na verdade, Páscoa tem um significado bastante amplo para nós acharmos que se deve designar apenas festinhas, praia ou fazer aquela churrascada. Páscoa é uma grande festa judaica e cristã que comemora a Ressurreição de Jesus. Vem do latim vulgar “pascua”, que está atestado nas glosas, alteração do latim escolasticístico “pascha” e por um cruzamento com o termo “pascua”, onde o seu significado é alimento, propriamente, pasto. Porque a Páscoa coloca fim do jejum da quaresma, então, aquele mesmo termo em latim “Pascha” vem do grego – provavelmente, do koiné - “páscha” que segundo na versao dos Setenta (cujo o significado é a refeicao de Páscoa, o anho pascal. Com a origem do hebreu “pasach” que significa, “passagem”, que é uma festa celebrada como uma recordação da saída do povo hebreu do Egito, depois foi designada como uma festa cristã para designar uma celebração da ressurreição de Jesus por motivos de serem na mesma data. Na verdade, não se sabe ao certo de onde esse termo hebraico vem, mas, como eram povos nômades, muito provavelmente, eram oferendas dos animais primogênitos para evitar doenças e males. 

Vamos ficar no termo passagem. Essa coisa de ovos – que já eram características de povos nórdicos – e o coelho da Páscoa, são símbolos da fertilidade e da multiplicação. Mas, por que isso pode ser configurado na festa da Páscoa? Porque a passagem. O simbolismo da Páscoa e a quinta-feira ou a sexta-feira santa, são o momento da passagem de um novo ser humano com o simbolismo da morte de Jesus, porque uma dos significados de cruz é árvore. Ora, o pecado não nasce do fruto da ciência? A árvore da vida dará a origem do pecado de desobedecer à Deus e não ter o conhecimento – que podemos discuti em uma outra ocasião a essência do pecado original – mas, a cruz vai terminar esse período. Um renascimento da natureza humana em estar na ignorância (realidade imanente) e o ser humano renovado em uma outra realidade (realidade transcendente). 

Não foi diferente de várias tentativas de ensinarem ao ser humano que essa realidade imanente não é a verdadeira realidade e sim uma sombra, uma realidade que nos ensinaram com uma moral falsa e hipócrita (que todos devem seguir para haver união, mas, não promove união nenhuma). Dai entra a transcendia com a ressurreição de Jesus, quando uma outra realidade começa ser mostrada, um encontro espiritual divino pela verdadeira fé. Jesus não disse que Moisés não disse a verdade, disse que a moral construída com a moral ética de Moisés se corrompeu, foi distorcida por interesses políticos. A questão de Jesus era espiritual e não politica e por isso mesmo disse, para dar a César o que é de César, a Deus o que é de Deus. Tanto é – que é pouco repetido por motivos óbvios – que Jesus disse que tanto nossa fé faria com que fizéssemos o que ele fazia (não essa palhaçada que muitos pastores fazem por ai, claro), e também, que eramos “deuses”. O que são os “deuses” se não o nosso progresso moral e espiritual?

A questão da Ressurreição é uma questão vasta e pode ser discutida infinitamente. Mas, será que estamos mesmo numa realidade verdadeira?

sábado, 20 de abril de 2019

O CONADE ainda vive! (Resposta a Mariana Torquato)





#ParaCegoVer: Uma imagem com um fundo negro, um circulo em branco com uma Serpente da mesma cor. Em baixo dessa serpente está escrito em inglês: "Don't Tread on me" que tem a tradução, "Não Pise em mim". Simbolo Libertário. 





Amauri Nolasco Sanches Junior

Para começar o texto, eu tenho que explicar uma coisa bastante importante. Eu não votei no Bolsonaro e não apoio muitos decretos que ele assina, mas, não sou aquela oposição que usa a máxima de Maquiavel que dizia que os fins justificam os meios. Não justifica. Temos que dizer a verdade para a população – a grande maioria que ainda está presa na Matrix – o que realmente acontece sem querer ser a “bonitinha”. Outro esclarecimento importante tenho que dar, sou bastante fã da Mariana Torquato do canal “VAI UMA MÃOZINHA, AI?” e acompanho dês do começo, só estou escrevendo esse texto, para fazer alguns esclarecimentos.


Para começar – como fiz uma matéria interessante sobre esse decreto, vou deixar linkado aqui – eu li várias fontes do assunto e não fiquei na bolha ideológica. Aliás, um anarquista raiz, aquele de verdade e que tem o compromisso da verdade, vai ler os dois lados e vai dizer a verdade e portanto, os anarquistas que defendem o terrorismo (de esquerda e de direita ou religioso), que só vai ler um lado da história, para mim é modinha. Sempre temos que sair da caixinha para ver um todo ou como disse o filósofo Nietzsche, olhar do alto de uma montanha. Assim então, eu não tenho ídolos, sejam da direita ou da esquerda ou de qualquer natureza.

Como disse no primeiro texto que escrevi sobre o CONADE – aqui – a situação não é de extinguir o conselho e sim, eles provarem que são importantes e foram criados com o decreto de algum presidente (que no caso, Fernando Henrique Cardoso do PSDB). Mas o que seria o CONADE (Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência)? O CONADE – pelo menos na teoria – é um conselho civil, que tem o papel de fiscalizar os direitos das pessoas com deficiência. Porém, desde quando foi criado, ele fez pouca ou quase nenhuma fiscalização nem por causa da acessibilidade (vários casos foram cuidados e denunciados por deputados e civis que tiveram que recorrer a mídia). Por exemplo, em 2015 – tenho informações seguras – a fiscalização da Lei de Cotas foi suspenso e então, as denuncias ficaram a cargo da sociedade civil. Cadê o CONADE que não viu isso? Cadê o CONADE que não viu que os aeroportos, que as cidades, que tudo no Brasil não é acessivel? Ou que as cadeiras e aparelhos ortopédicos não estão sendo entregues?

Como a Mari e, provavelmente, a maioria das pessoas com deficiência nunca participou de um conselho ou de algum movimento, vou explicar bem fácil. Até onde eu sei – porque participei do começo do Conselho Municipal da Mobilidade Reduzida e das Pessoas com Deficiência de São Paulo e da Fraternidade Cristã das Pessoas com Deficiência – somente os conselhos municipais são conselhos de pessoas civis, tanto da esfera Estadual, como na esfera Federal, são conselhos de entidades e ONGs. Ou seja, quando dizemos que há fiscalização no nível estadual e federal, estamos falando de entidades e ONGs nos representando dentro desses conselhos. Pelo que me lembro, não estou por dentro agora da situação, a FCD como movimento popular, raramente teve cadeira dentro do CONADE. Ainda, várias entidades como a AACD (Associação das Crianças com Deficiência) – que mudou o nome para não ser atuada e marcada – fizeram um barulho aqui em São Paulo quando resolvemos colocar o conselho, não de entidades, mas, de pessoas civis. Vale a pergunta: será mesmo que o CONADE é de participação civil? Será que queremos mesmo ser fiscalizados por entidades e ONGs?

Eu, particularmente, confio muito mais de movimentos populares de pessoas que realmente sabem o que precisamos. Mas o que vimos são apenas órgãos que nada fazem e ainda, por vários anos, só gastaram o dinheiro do contribuinte. O problema sempre foi a educação – seja de ricos e de pobres – que está engendrado dentro da nossa cultura de não ler, não saber e não querer estudar seja lá o que for. Muitas coisas são distorcidas, porque a maioria da nossa sociedade, ainda é massa de manobra (seja da direita e da esquerda). Como disse lá em cima, estão dentro da Matrix. Estão dentro de uma ilusão que tudo vai ser melhor, que o governo vai fazer tudo, pois, não vai e temos que se conscientizar. O Brasil só vai ser um lugar melhor, quando fizemos o exercício da cidadania, o exercício de se colocar no lugar do outro. Ao invés de doar para algum lugar no estrangeiro – não estou dizendo que a Catedral de Notre-Dame não é importante – mas, também reconstruir o Museu Nacional, fazer mais bibliotecas, fazer mais escolas. A maioria das universidades norte-americanas – que a séculos funcionam – foram construídas por pessoas que conseguiram ficar ricas e doaram para a comunidade. Então, a questão não é ter conselhos ou não, é ter a essência de cidadania (que os gregos chamavam de politikon e que veio o termo politico ou politica).

Por fim, a nossa democracia não é participativa e sim, representativa. Ela só vai ser participativa – pelo tamanho quase continental do nosso país seria impossível – se, por plebiscito, ou por outro meios, o povo escolheria o que seria melhor. Mas, ai, seria o meio anarquista. Na democracia representativa – ao contrario da grega clássica – nós votamos e escolhemos um representante e temos que cobrar de quem votamos, de quem escolhemos para o cargo. Ou seja, o melhor conselho que age livremente, é um conselho sem o ESTADO, ou seja, um mundo anarquista. Se você fizer conselhos num mundo onde existe o ESTADO e ideologias politicas e religiosas, sempre vão tender a atender esses interesses e ponto. O resto é conversa fiada.



sexta-feira, 19 de abril de 2019

Jesus foi crucificado por falar a verdade




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Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou. E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele. Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.”
(João 8:28-32)


Jesus desafiou a religião do seu tempo e isso é um fato. Ninguém nega que a religião mosaica do tempo de Jesus, era uma religião muito mais preocupada com fins lucrativos e de interesses politicos – coincidência, não? - do que, levar ao ser humano a uma reflexão espiritual. Hoje se trabalha que além de José ser um carpinteiro – que trabalha com moveis e itens de madeira – ele seria também rabino, e que Jesus, era também rabino. Por ele ter bastante facilidade de entrar nos templos e por ele saber da Torá (a lei) com bastante, facilidade. Se é verdade, não sei. Mas, o que tem por trás de uma simples frase – que é o lema do Bolsonaro – que tanto intriga e é repetida muitas vezes?


Se lemos o evangelho de João capitulo 8, vamos ver que Jesus está defendendo a mulher adultera dizendo que se ninguém tivesse nenhum pecado, que jogasse a primeira pedra. Enquanto ele escrevia na terra – que mostra que Jesus sabia sim, ler e escrever – um após um, tenha largado a pedra e ido embora, talvez, até mesmo envergonhado. Quando se levantou disse: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?”. Então, a mulher respondeu que ninguém. E Jesus, disse que se ninguém teria o a condenado então ele também não ia lhe condenar. Muitos pastores evangélicos dizem que Jesus, na verdade, não perdoou o pecado do adultério e sim, denunciou que todos nós somos pecadores. Porém, está mais que claro dentro da fala dele, que ele não condena a mulher, não porque os outros não a condenaram, mas, que ele entende a natureza humana. Essa é a questão. Jesus veio dizer que os judeus não estavam mais no deserto, que a lei do talião só valia no meio de uma peregrinação, que naquele tempo, já deveria ser abolida. Ele foi contra as leis farisaísticas, porque essas leis não faziam sentido naquele momento.



Logo após dispensar a mulher adultera – que muitos séculos se pensou ser Maria de Magdala – ele disse (ou disseram que ele disse): “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12), mostrando que ele trazia a luz e que ele era o “portador da luz” do mundo – como se trouxesse eles para alguma luz da espiritualidade e do conhecimento – e que iria tirar eles das trevas. Muitos séculos – até mesmo os filósofo – muitas pessoas escreveram que a luz poderia ser entendida como um conhecimento, e as trevas, como a ignorância. Não existe o bem e o mal em estudos espirituais mais profundos e sim, o conhecimento das designações divinas e o não conhecimento dessas designações. Talvez, a procura da verdade (leia-se, realidade), sempre foi a força mostris do ser humano procurar a origem e o porquê de tudo. Uns acham que não existe nada por trás dessa realidade e outros, acham que há uma consciência por trás da realidade. Porém, muitas dessas leis – dês da antiguidade – sempre designou a ética que pode trazer a verdadeira virtude. Assim, a igreja usou Platão (que viveu trezentos anos antes de Jesus o Cristo), para explicar muita coisa teológica, mas, não percebeu que a filosofia socrática- platônica, também dizia que o caminho do bem virtuoso é o conhecimento, é a luz da sabedoria como a fuga das sombras da nossa ignorância. Aliás, colocar a filosofia como a busca da verdade como uma quebra dentro da espiritualidade, vai chegar o tempo que ela vai ficar estagnada e vai ficar num mundo limitado.



Voltando ao livro de João no capitulo 8. Depois que Jesus disse que era a luz do mundo e que ele só fazia o que Deus gostava e lhe ensinava, os fariseus disseram que o testemunho dele não valia, porque ele não falava pelo Eterno – usando versículos – mas, testemunhava por ele mesmo. Jesus diz, que sim, testemunhou por ele mesmo, por saber da onde veio e para onde vai e diz para os fariseus, que eles não sabem da sua origem e para onde ele iria. Depois disse ele, que eles julgam conforme a aparência (pela carne), mas ele (Jesus) nada julgava. Disse que se julgar, não o faria sozinho, pois, o julgamento não era só o julgamento das aparência e sim, do espirito (virtudes) e que o Eterno estava com ele nesse julgamento. E por outro lado, diz Jesus, na própria lei dos fariseus estava a testemunha de dois indivíduos eram verdadeiro e então, que seu testemunho era verdadeiro, porque ele testificava ele e o Eterno testificava o que ele testemunhava e portanto, era verdade.



Então, os fariseus perguntaram onde estará o pai de Jesus e ele respondeu, se eles não conhecem a ele nunca iriam conhecer seu pai. Ainda disse que iria se retirar, porque ia morrer por causa dos seus pecados, então, não poderiam ir onde ele iria. Os fariseus pensaram que ele iria se matar e ele disse que eles eram desse mundo, mas, Jesus não é desse mundo (bem parecido com o último discurso de Sócrates quando ele disse que iria para um outro mundo). Os fariseus perguntam quem era ele e a resposta de Jesus é bem interessante – até dá para entender como uma pequena bronca – que ele já estava explicando desde o começo, pois, estava falando sobre aquele que o tinha enviado. Porém, o Eterno era verdadeiro, e o que ouviu dele Jesus dizia ao mundo. Mas eles não entenderam que Jesus falava de Deus.



Assim, Jesus diz que quando eles levantarem o “filho do homem” (podemos dizer, que Jesus estava explicando quando o homem evoluir em conhecimento), eles entenderiam quem era ele. Porém, ele não ensina nada que por seu conhecimento ou por vaidade, mas, que ensinava o que ele aprendeu com o Pai (abba). E vira para os judeus que acreditam em sua palavra e diz, que se permanecer em seu conhecimento e o seu caminho, será verdadeiramente, seus discípulos e assim, termina: “e conheceis a verdade, e a verdade vos libertará”. Mas, qual a verdade qie lhe liberta? Do julgar segundo todo mundo julga ou julgar conforme o que é justo? O filósofo Sponville tem uma leitura de Aristóteles – foi aluno de Platão – que fala de justiça, bastante interessante: “nao é a justiça que faz o justo, sãos os justos que fazem a justiça”. Porque Aristóteles – talvez, a cultura grega do seu tempo – o importante era a virtude (rthos), por ser a alma de toda a sociedade. Ou seja, o justo sempre vai se colocar e vai se indagar qual o motivo que fez tais pessoas a julgarem tais pessoas. Jesus diz muito isso dentro dos evangelgos, que não devemos tirar a trava do olho do irmão, se os nossos próprios olhos estão com a mesma trava,



O que seria a verdade? Segundo seu significado, a verdade quer dizer uma propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade, mas, também seria uma coisa, um fato ou um evento real. Muito provavelmente, os evangelhos foram escritos em grego (koiné), então, a verdade seria “alétheia” - que indica ser uma negação e “léthe” significa esquecimento. Ou seja, o não-esquecido, o não-escondido, o não-dissimulado. Assim, seria uma auto-manifestação da realidade ou manifestação dos seres à visão intelectual dos seres humanos. A verdade é uma qualidade das próprias coisas como manifestação ou a existência (leia-se, se mostrar), a si mesmo e o verdadeiro que está nas próprias coisas. Ou, quando o fenômeno da realidade – em manifestação concreta de uma coisa – se manifesta em sua realidade própria. Assim, quando conhece uma verdade (realidade) que está na própria realidade e portanto, essa verdade depende da realidade para existir, a falsidade depende de que ela se esconda ou se dissimule em aparências (por isso mesmo, a verdade é o conhecimento e a falsidade é a ignorância).



Para a concepção grega, aquilo que é verdadeiro é o ser (o algo que realmente é) e aquilo que é falso é o parecer (seria algo que aparenta ser e não é). Ora, o que Jesus estava dizendo, que os fariseus pensavam conhecer algo que não sabiam – sim, parecido com o filósofo Sócrates – e que deveriam conhecer. Quando ele diz que se deveria conhecer a verdade (alétheia), ele diz que essa mesma verdade iria te libertar. Porque a verdade existe no meio daquilo que é, daquilo que tem uma só natureza e isso irritou profundamente os fariseus, porque eles só viam as aparências e aquilo que aparenta não ser. A luz do sol que prejudica a visão do ser humano da caverna do teorema platônico, pode sim ser entendido como a mesma verdade, a realidade que vai poder te libertar. Como se Jesus virasse para aqueles fariseus e perguntasse: vocês sabem mesmo o que estão fazendo? Vocês sabem mesmo se estão seguindo esse Deus ou estão seguindo outro? Ele nos convida a refletir sobre aquilo mesmo e refletir, como no caso da mulher adultera. Ela traiu mesmo? Será que não fiz o mesmo que ela algum dia?



Jesus foi crucificado por dizer a essência de uma boa espiritualidade, a verdade. Morreu sim pelo pecado (falta), o pecado do orgulho de não reconhecer o próprio erro, as próprias falhas e sua própria ignorância. Talvez ele quisesse não uma religião – como Roma sempre fazia, destruía e depois assimilava – mas, o entendimento das suas palavras. Como personagens como Sócrates – que também foi morto e depois, imortalizado nas obras platônicas (alguns pesquisadores discutem algumas evidencias de obras do próprio Sócrates) – Jesus foi morto para mostrar o ponto hipócrita de toda religião e de todo poder em enganar e fazer com que as pessoas questionassem. Na verdade, Jesus gostava de pessoas e não de religiões.



Amauri Nolasco Sanches Junior

terça-feira, 16 de abril de 2019

O coronelismo militante no Brasil atinge o STF e o populismo mundial




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Amauri Nolasco Sanches Junior

O filósofo francês Sponville em sua maior obra – pelo menos, a mais conhecida – “Pesquueno Tratado das Grandes Virtudes”, faz uma leitura interessante no pensamento de Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), porque ele diz: “(…) não é a justiça que faz os justos, são os justos que fazem a justiça”. Ou seja, o justos que fazem a justiça e não a justiça faz o justo porque o justo teve a educação (ETHOS) e sabe como funciona a sociedade e os valores verdadeiros de uma vida justa. O que podemos chamar de empatia (respeito pelo outro). Outro pensamento que cabe nesse momento é a máxima popular: quem não deve, não teme. Somente aqueles que querem calar os outros, se sentem ameaçados por matérias jornalisticas – que nem tinham acusações – podem temer um artigo.

Acontece, que dentro da história humana a humanidade nunca foi justa, por causa do discurso do poder (ESTADO) que queriam se manter no poder. Sempre somos levados a pensar com as ideologias que pensamos ser certas, mas, nem sempre é assim. Particularmente, gosto muito do pensamento do filósofo Nietzsche (1864-1900) – que o puseram como niilista e ateu – que dizia que o ocidente tinha destruídos os grandes valores heroicos gregos e que ficamos uma sociedade de ressentidos. Por causa, de um lado, da religião cristã (leia-se, a teologia romana), que colocou o ser humano que é sucedido num orgulhoso que deveria se envergonhar – como se ele tivesse roubado os outros em bens e em sentimentos. Por outro lado, mataram a verdadeira estética moral para colocar uma moral dos ressentidos, uma moral que ser bom não é o ser forte e seguro (como um centurião romano que sempre era lembrado que era apenas pó) e sim, ser um fraco e ficar se diminuindo. A frase: “quem é você da fila do pão” é um exemplo muito significativo, porque mostra uma diminuição daquilo que você é de verdade.

Nem muito na terra e nem muito no mar, como dizem por ai. As pessoas nem sempre são justas porque não se colocam na pele do outro, não sabem que é muito sábio não fazer com o outro o que não quer que façam com você. Eu não quero ser censurado, como eu também, não quero ser xingado. Costumo sempre exercitar – as vezes, erro em fazer ao contrário – o pacto que é um dos mais importantes do Libertarianismo (vulgo: anarcocapitalismo), que é o PNA (Pacto da Não Agressão), porque você não pode agredir o outro por causa do direito dele (ou dela) de dizer ou fazer o que deseja. A defesa de uma agressão é legitima, mas, a agressão gratuita é uma agressão sem motivo nenhum. A censura é uma agressão gratuita.

Os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) deveria saber que na nossa Constituição Federal está que todos tem o direito de expressão e se houver um exagero pela honra (mesmo que eu acredito que a honra é algo subjetivo) cabe quem for atingido, abrir um processo de calúnia ou de outra natureza. Quando é usado a maquina do judiciário para tirar um artigo e investigar usuários pela crítica – como um censor do tipo que existiam nos impérios tirânicos e no regime militar – estamos suspendendo o direito dele de expressar o que pensa. Se é mentira ou não, cabe o proceso de injúria.

Portanto, dentro disso tudo – como um bom anarquista – defendo a liberdade e o direito de dizer qualquer coisa. Mas, o que estamos vendo é uma crescente imagem de governantes populistas que só fazem ou falam o que agradam a maioria, que vimos muito, na história da humanidade. Na verdade, o populismo está além da ideologia de esquerda e direita, ou religião especifica. O ESTADO – sempre foi assim, mais ou menos – descobriu que a questão e o melhor governar com o populismo como vimos desde Roma com sua politica de “pão e circo”. No século vinte, tivemos milhares de governos que usaram esse populismo para instaurar ditaduras (do nazi-fascismo ao socialismo cubano) e nesse era das mídias sociais (como são chamadas as redes sociais), o populismo ficou curto demais (uma lacrada). Se Fidel Castro (ditador cubano) tinha um discurso de 3 horas hoje, existem populismo que tem só 160 caracteres.

Tanto o ex-presidente Michel Temer ter dito – como se ele não iria sair – que iria reconstruir o Museu Nacional (como não fosse obrigação do governo incompetente) como o presidente da França Emmanuel Macron, disse que vai reconstruir a Catedral de Notre-Dame (como se não fosse obrigação). Como outros governos que só dizem o que a maioria querem ouvir, para melhor governar. Ao que parece, esse tipo de governo não mais vai vingar – por causa da informação mais rápida e mais direta – porque a questão moral (como uma construção a partir do ponto ético [ETHOS]), vai cada vez mais, evoluindo. Quem não gosta de liberdade?

Porém, vocês podem perguntar: o que isso tem a ver, Amauri? Tem a ver que o coronelismo brasileiro (leia-se, carteirada), que é uma característica latina (na verdade, greco-romana) de querer ser um aristocrata. Mas, até mesmo a nossa elite, é uma elite rasteira que não tem cultura, que não sabe a importância de um museu, de uma leitura politica. A nossa cultura construída com pilares marxistas e positivistas – praticas demais – fizeram a nossa gente estudar menos, ter menos responsabilidades sociais. Hoje, na França, vários empresários doaram milhões para a reconstrução da Catedral de Notre-Dame, mas, aqui ninguém quer recuperar universidades, ninguém quer reconstruir museus, ninguém quer empreender obras sociais e culturais. Nossa cultura é avessa ao que é esteticamente, bom, e somos avesso ao que é teórico. Por isso ainda, temos coronelismo. O coronelismo é uma característica da aversão a uma crítica mais embasada.






segunda-feira, 15 de abril de 2019

Bolsonaro e o fim do CONADE (minha Opinião)





Uma imagem com o fundo negro escrito CONADE: CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 





Amauri Nolasco Sanches Junior

há um ditado muito antigo – desde quando me conheço como gente eu ouço – que “quem não tem cão, caça com gato” que é uma meia verdade. Claro, que quem cunhou esse ditado deveria estar pensando que se a gente não tem aquilo que precisamos, podemos “quebrar o galho” com outra coisa. Porém, há um problema nesse velho ditado – como todo filósofo raiz vê – que o cachorro é fiel e pode sim caçar para o homem, o gato não, o gato não caça para você e sim, para si mesmo. Não se enganem, o gato não caça o rato por causa de você, ele caça para si mesmo. Por isso mesmo, chamamos pessoas egoístas e que são traiçoeiras, de gatunos. Por que estou falando isso? Porque as pessoas se acostumaram tanto com ditados como esse que se acostumaram em dar um jeito, só que gato são gatos e cães são cães.

Acho estranho as pessoas não façam tais perguntas antes de uma análise muito mais profunda na questão do CONADE (Conselho Nacional das Pessoas com Deficiência), porque as coisas não são bem assim. Duas perguntas são importante: porque existe o CONADE? Porque existe o governo Bolsonaro? Porque de algum modo, as coisas tem uma ligação meia estranha no final. Ora, desde a década de 90 – mais precisamente, no começo – vários conselhos municipais das pessoas com deficiência começaram a se formar. Por causa de um lado, pressão da velha guarda que desde a década de 80 lutava para a inclusão e a sociabilidade das pessoas com deficiência, e por outro lado, partido de esquerda que fazia pressão para a criação desses conselhos. Hoje sabemos – muito infelizmente, eu vi isso quando material de outros partidos eram confiscados pelo presidente do conselho municipal de São Paulo e o próprio tinha um broche do PT (Partido dos Trabalhadores) – que a intenção da velha guarda era até nobre, mas, dos partidos de esquerda não eram. Ali eu vi o aparelhamento dos partidos de esquerda – mais ainda, do PT – para uma tomada do poder pelo voto. Na década seguinte, vimos que isso concretizou. Mas, até em 1999, não se tinha nenhum conselho nacional e por pressão – muito depois, o mesmo PSDB vai criar as secretarias de enfeite – se criou o CONADE (que para mim, não fiscaliza muita coisa não).

Mas, o CONADE – pelo menos, em teoria – vão fiscalizar algumas leis em vigor que defendem os interesses das pessoas com deficiência e que, no governo petista – como sempre disse – estavam no banheiro. Porque as empresas sempre fizeram o que quiseram – continua assim – para não cumprir a lei de cotas, as escolas continuaram não incluindo (tanto é, que existem reportagens com esses acontecimentos), todo o país não tem adaptação e acessibilidade nenhuma – e o CONADE não viu que no próprio Congresso Nacional não estava acessivel – e não viu que o Teleton estava e está ferindo o ECA (Estatuto das Crianças e dos Adolescentes) em usar crianças e adolescentes como imagem para as pessoas doarem dinheiro. Em 2015, quando a prefeitura era do Fernando Haddad (PT), que mudaram o gerente do ATENDE e muitos erros foram relatados não só para o CMPD (Conselho Municipal de Mobilidade e Pessoas com Deficiência), mas, para o CONADE (porque o CMPD não tomava providência), ficaram calados. Hoje, uma pessoa está com uma bronquite crônica por causa da irresponsabilidade do motorista e fora outras coisas, que esse gerente petista fez, e ficaram calados.

Lembra do gato e do cão? Bom, quando achamos que um gato tem o mesmo instinto do cão, você estará sempre na ignorância que um gato não será igual ao cão. Por isso mesmo, o problema – não como uma resolução e sim, como uma coisa com várias variáveis possível – é a ignorância e o conhecimento. Quando temos o conhecimento, podemos até mesmo, fazer uma defesa melhor e uma análise (crítica) melhor. O Bolsonaro disse que existem mais de mil colegiados, os analistas do governo dizem 700 colegiados, e os membros dizem que não passam de 50 colegiados. O que dizem os membros é que existem comissões interministeriais que acabam entrando na estatística, então, de 50 colegiados, passam de 700 colegiados e que é ruim. Acho, que isso poderia ser resolvido – incluindo o CONADE – em “enxugar” e dar mais poder de ação nos colegiados e que se é para dar multas as empresas, por exemplo, por não cumprir a lei de cotas, deveria ser resolvido entre a secretaria e o colegiado.

Um outro problema é, que esses colegiados não são de pessoas físicas e sim, pessoas de entidades e ongs. Ora, se é um colegiado civil, o porquê existem pessoas de entidades e ongs nesses conselhos? Porquê achar que essas entidades vão mesmo querer que pessoas com deficiência sejam incluídas? Algumas entidades – sabemos muito bem – ainda acham que as pessoas com deficiência não servem para nada, não podem fazer nada. Existem milhares dessas entidades que só querem o dinheiro do governo, que só quer explorar as nossas deficiências por benefícios próprios. E sabemos muito bem – pelo menos, aqueles que estudam história – que os conselhos foram idealizados por Lênin para um governo socialista soviético. Então, esses conselhos não são socialistas/comunistas, mas sim, anarquistas. Que remove um pouco aquela imagem do anarquismo como sinônimo de bagunça. Só que na ideia anarquista, esses conselhos seriam temporários para não surgirem hierarquias. Se Zezinho, por exemplo, é o presidente do conselho social hoje, amanhã é a Mariazinha e por ai vai.

Porém, o governo deu 60 dias para se provar a legalidade e a importância de cada colegiado e eu sei, porque não é de hoje, que o CONADE não vai conseguir provar sua eficácia. Vai ficar no limbo, infelizmente.

sábado, 13 de abril de 2019

Os Deuses Americanos e as velhas e novas ideias






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Amauri Nolasco Sanches Junior

estou assistindo uma série chamada “American Gods” (Deuses Americanos) que é baseada do livro homônimo de Neil Gaiman – o mesmo que idealizou o quadrinho, Sandman – na qual, eu não li (mas, pretendo). A história gira em torno do presidiário Shadow, que sai do presidio por causa da morte da sua mulher, Laura, que descobre que ela estava lhe traindo com o vizinho. Mas, o foco do texto é a história em si – não nuances do conidiano, que Gaiman colocou para dar um ar bem realista – quando velhos deuses e novos deuses, brigam pela idolatria e a fé humana. A grosso modo, a série – possivelmente, o livro – mostra os conflitos de uma velha ideia cultural e uma nova ideia cultural e mais, mostra como as religiões se reinventam para caber daquela certa cultura. Ídolos também. Vamos dizer que Nietzsche e seu Eterno Retorno não estava errado. Mas, as coisas não tem um caráter de looping eterno.

A série mostra também as várias maneiras de se ver alguma coisa e o porque de se ver, como no episodio da festa da Deusa Páscoa (Páscoa na verdade é uma data judia), Ostara, que era a deusa da fertilidade dos povos nóricos. Tinha ali vários Jesus para mostrar quantas imagens diferentes a sociedade enxerga Jesus Cristo, que é uma constatação do quantas imagens idolatradas temos de uma mesma entidade. Ora, chegou uma hora que o Senhor Wednesday (na verdade, Odin), disse para a deusa Ostara que todo aquilo era para ele e não para ela e que, não havia nenhuma reverência a ela diretamente. Assim, o escritor mostra como ideias antigas são facilmente esquecidas ou as narrativas são mudadas conforme os vários interesses do poder. Daí se entra os novos deuses, os deuses virtuais dentro da informática, dentro das redes sociais (na verdade, o escritor escreveu a história muito antes das redes sociais), onde a idolatria pessoal sempre é a reverenciação de si mesmo, o fechamento do ser humano em uma bolha ideológica e espiritual. A série mostra a ideia nietzschiana da morte de velhos valores em nome de outros, como se tudo ficasse algo liquido (usando Bauman), as coisas não tem mais o significado que tinha antigamente.

Claro que as coisas mudam, a própria série mostra isso, mas, também mostra como o ser humano se acomoda em certas ideias ou em certos conceitos. E vejo isso sempre, porque o ser humano, ainda, tem muito medo de ousar e sair das suas próprias crenças – que muitas vezes, são inventadas – e ver um todo. Temos que ter um “colinho” quentinho sem as nuances da vida que fazem as tristezas e as frustrações. Sempre se quer impor a visão única de um conceito, somente e completamente, humano demasiado humano, como diria Nietzsche. Mas, vou além para analisar um exemplo de velha ideia e nova ideia.

Nossa cultura sempre teve um viés atrasado porque nunca se gostou de ler – por isso o marxismo e o positivismo comteano pegou aqui, porque são filosofias práticas – porque não se tem muita paciência de se planejar. Se tem uma certa preguiça de olhar num todo. Acho eu, que isso acontece porque nosso país não tem muitos ídolos, porque sempre gostamos de idolatrar ídolos de fora (como reis ou heróis) mas, sempre achincalhamos os nossos reis e heróis. A grosso modo, os reis e os heróis, são humanos e são fadados ao erro e existem milhares de idolos que tem tanta podridão, quanto qualquer ser humano. Ninguém é perfeito – aliás, é uma características da série também – e ninguém pode ser isento de erros ou imperfeições. Porém, temos uma cultura que é avessa a pesquisas e não entra em uma grande discussão com o contraditório. Tanto é, que a resposta padrão sempre foi “é verdade”. Aliás, ninguém sabe o que é a verdade ou a realidade.

Posso dar um exemplo pontual. Eu gosto de canais de YouTube que analisam livros – chamados de booktubes – e vários deles fazem de livros populares e outros, fazem análises de livros não tanto populares. Aliás, acho o YouTube uma plataforma interessante para quem sabe procurar conteúdo bom, porque, também não tem coisa boa não. Voltando, tem um canal Três Vias – na qual, recomendo bastante – que analisa livros com conteúdo bastante intelectual e qua ajuda bastante a leitura de vários livros difíceis. Ora, o canal levou strikes – são notificações para o YouTube por causa de direitos autorais – da editora do livros que se achava prejudicada por causa disso (achava que as pessoas não iam comprar os livros). O autor do canal – cuja esqueci o nome - explicou que se a editora não tirasse os strikes o canal seria deletado. Mas, em video, disse que conversou com a editora e que se ela – leia-se, a editora – não tirasse os strikes ele iria mover um processo, porque ele estava analisando as obras e não lendo elas ou publicando textos dela, pois, estava em um artigo juridico (ele é formado em direito). Como publicitário, acho que foi um péssimo trabalho de marketing de pesquisar as vendas do mesmos livros e um péssimo trabalho de ver os videos, que aliás, pegaram de surpresa quem conversou com o rapaz dono do canal.

Mas, as pessoas podem perguntar para mim: mas, o que isso tem a ver com a série? Tem a ver com as novas e as velhas ideias. As velhas ideias sempre povoaram o mercado brasileiro de editoras, com aquela velha ideia de pagar para editar e a velha ideia que só a elite – que para mim e para o professor Villa é rastaquera – lê, pois, são abertas livrarias só no centro. Quem vai no centro de uma cidade, hoje em dia, comprar um livro ou ficar numa livraria? Ou como vimos, as pessoas compram em livrarias virtuais? A velha ideia que só a elite vai ler vem fechando livrarias como a Saraiva ou a Cultura sem a visão que a classe média e a classe pobre também lê – não tanto, mas, tem mercado sim – vai ficar para trás.

Gaiman nos mostra, que a realidade e a crença tem fronteiras muitos tênue e não está somente na religião, pois, na série há várias criticas até mesmo, na ideia do mundo de hoje do capitalismo heitech, que povoa a internet. Longe de temos um mundo racional e sem crenças – leia-se ter uma ideologia ou uma religião confortável. Mas, também mostra como as religiões não são estudadas e são seguidas por mera ignorância ou acomodação, até mesmo, uma forma de aceitação social.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Uma análise filosófica do novo Ultraman e as novas animações






Amauri Nolasco Sanches Junior 

Outro dia eu estava dando uma assistida na nova animação do Ultraman – quem, mais ou menos, tem minha idade não lembra do Ultraman? - e me deparei com uma dúvida do personagem principal (o filho do Ultraman original) que estava em dúvida se poderia ou não, virar o Ultraman. Isso não é só na animação do Ultraman, na animação da She-ra, a personagem ao encontrar a espada do poder, fica em dúvida. Já pensou se Ulisses tivesse dúvida se deveria ou não ir para guerra de Troia? Ou Aquiles? Claro, eles tiveram dúvida se deveriam ir para a guerra e ter seu nome lembrados para sempre, mas, tomaram a decisão e lutaram. Leônidas I de Esparta não teve a menor dúvida de contrariar os éforos – porque estava na época do festival da carnéia – e foi enfrentar os persas com seus trezentos espartanos e mais outros homens gregos – haviam atenienses no mar, e fócios que lutaram ao lado dos espartanos – e retardaram dois dias as tropas persas de Xerxes I. Já pensaram se Leônidas tivesse tido alguma dúvida sobre se deveria ou não ir? 

Acho que os novos desenhos animados, refletem essa nova geração que sempre estão com dúvida das coisas e nunca toma uma decisão, porque as pessoas sempre estão tomando essas decisões por elas. As decisões são e devem ser removidas por eles, porém, o mundo mudou e as crianças são cada vez mais criadas em midias sociais e outras coisas que não tem um vinculo com outras pessoas. Eu vi isso quando fiz faculdade de publicidade, estudei informatica, todos não sabiam tomar uma decisão. Então, não sabem que o modo ético – como uma construção de caráter – passa por poder tomar decisões. Ora, por que vou tomar decisões se não temos exemplos de tomar essas decisões? Por que os mais jovens devem tomar essas decisões, se os outros podem tomar por eles? No mesmo modo, vimos na nova animação do Ultraman, que o pai tem que decidir seo seu filho deve ou não virar o Ultraman. Será que isso tem a ver com a filosofia contemporânea? Tem um pouco a ver. 

Quando a filosofia começa – muitos vão dizer que a filosofia começa com a morte de Sócrates – ela começa a chamar para si a origem da realidade. O porque pensar. O porque os objetos são aquilo que conhecemos. Porque existimos. A lógica tinha seu lugar dentro da religião grega – quando o nada é o caos e tudo é a harmonia -  porém, chegou um momento que as explicações mitologicas eram insuficientes. Tales olhou para os corpos úmidos e disse que tudo vinha da água, depois deles foram várias tentativas de explicar a origem (arké) de tudo. Mas, Sócrates – que veio da escola de Anaxágoras – percebeu que as pessoas acham que sabem sem saber, ou querem impor verdades que não entendem e que acham saber. Morreu defendendo que saberia que nada sabia, ou seja, somos seres que sabemos muito pouco, porque vai depender da assimilação que temos da realidade. Foi ai que seu discipulo Platão, em seu memorável livro A Republica, nos diz que estamos numa realidade que não existe, são meras leituras de sombras dos verdadeiros objetos. Ora, sabemos hoje – graças que da novas descobertas da física, principalmente, a quântica – que as moléculas para formar uma rota depende muito do seu observador. Essa garrafinha de plástico é uma forma de garrafa, poderia ser outra coisa? Talvez. O problema que a física quântica só funciona com a realidade microscópia.

Mas, tanto Sócrates, quanto Platão, estavam falando de ignorância e conhecimento. Eu posso saber que isso aqui é um computador, mas, eu poderia não saber. Existem pessoas que ainda não sabem de milhões de coisas que existem no mundo, espécies de animais, insetos que nunca vamos ver na vida. Porém, com toda certeza, nosso caráter é feito de conhecimento e tão grande é esse conhecimento, temos a alma nobre. Eu acho – e você pode não acreditar – e sempre achei, que a verdadeira revolução não está em armas, mas, no conhecer. A verdadeira rebeldia – quando se rebelamos contra o sistema – sempre foi através do conhecimento e espíritos nobres, sabem disso. Herói não são revolucionários, mas, são pessoas que mantem o conhecimento de si mesmo. Aquiles – para dar um exemplo de herói clássico – tinha o pleno conhecimento da sua capacidade de lutar na guerra de Troia e essa guerra, mesmo que ela não foi nobre (e não foi mesmo), monstro que reis menores eram mais sábios do Agamenon. Por que? Porque não basta ter todas as coisas e reinos sem a nobreza da alma e a história nos mostra isso, reis cairam graças a sua burrice (no sentido de teimosia) de não aceitar a que aquilo não era certo de fazer. Antes do poder sempre temos de ter a sensibilidade de reconhecer – lembrando de Sócrates – que nada sabemos e se nada sabemos (indo para Aristóteles), sempre somos levados ao saber. E esse conhecer e esse saber nos dará sempre a segurança de um mundo mais conhecido, mais exposto da nossa consciência e podemos ver, que esse conhecimento, é a porta para ser o que somos. 

O novo Ultraman mostra que o pai do garoto (o Ultraman original), escondeu o conhecimento dele por causa da proteção exagerada. É o que acontece com o pais de hoje. Já pensou se a mãe de Aquiles tentasse impedir ele de ir para a guerra? Não. Ela colocou dois destinos que poderia ter, ou ele não iria para a guerra e seu nome seria esquecido, ou ele iria para guerra e seu nome seria entoado para todo o sempre. Ela fez com que Aquiles tomasse a decisão e decidiu pela glória e seu nome ser lembrado para sempre. Isso mostra o quão nossos jovens não estão acostumados a tomarem as suas decisões e o quão é difícil as pessoas reconhecerem o que há de melhor dentro de si mesmo. 

As filosofias contemporâneas começam a colocar o ser humano num patamar de só existência, porque só haveria de ter uma existência e o caráter e o conhecimento, são meras construções mentais. Será mesmo? Será que somos meras partes mecânicas e não sentimos nada? O problema da filosofia contemporânea é que transformou o ser humano em mero corpo mecânico e não procede, porque temos acima de tudo, sentimentos e o poder da escolha. Porém, se fomos mais a fundo, não temos tanta liberdade assim. Eu não posso ter um livro se eu não trabalhar e ter dinheiro, como não posso pegar qualquer coisa sem não agredir o outro. Nem posso amar sem a outra pessoa escolher me amar. Sempre devemos interagir dentro da realidade e se você não saber, não vai interagir com nenhum objeto. Mas, para interação desse objeto você tem que conhecer esse oobjeto. A realidade tem que ter uma outra interação com o meio, porque todo, absolutamente, todo efeito tem uma causa. Uma garrafa tem uma causa. Um texto tem uma causa. Um livro tem uma causa. Se tirarmos a causa das coisas e dos sentimentos, e porquê não, das percepções, nunca vamos observar a nós mesmos, porque nós somos aqueles que percebemos essa realidade e escolhemos como e o porquê temos que interagir. 

Decisões só vão ser tomadas se conhecemos a nós e a realidade em nossa volta. Será que faltou isso no novo Ultraman? 

terça-feira, 2 de abril de 2019

1964 e a “censura” do Cinemark – não seria a mesma coisa?




Resultado da fotomontagem

Amauri Nolasco Sanches Junior


vendo o video do Lobão – que acho muito inteligente e consciente – vi que ele foi o único coerente nessa história toda do Golpe Militar de 1964. Por que? Segundo o Lobão, que eu concordo 100%, é muito ilógico uma pessoa reclamar da censura do Cinemark, mas, concorda com a censura do militarismo (governo, que embora tivesse um parlamento, o presidente era escolhido pelo exército). Pessoas que se dizem contra “tortura” de animais, pessoas que se dizem contra matar para roubar, pessoas que até se dizem, cristãs, e que são a favor de torturadores. Claro, que quando você tem todo o poder vindo do ESTADO para censurar, para reprimir e para, a todo custo, as ideias não serem propagadas, o sujeito vai fazer de tudo para fazer isso. Acho, que a reflexão do Lobão, é uma reflexão para a direita repensar se quer mesmo se modernizar e ser uma direita liberal mesmo, ou vão ficar com esse “Macartismo” - para saber mais está linkado aqui – que só atrapalha a discussão.
Não há nenhuma dúvida – à não ser para quem não estudou a politica de hoje – não há nenhum perigo comunista. O fenômeno venezuelano ou de outra nação americana – porque somos do continente americano – são tentativas furadas de uma leitura marxista de um pensamento nativo. Tanto é, que pegaram o que Simón Bolívar pensava e misturaram o pensamento socialista, mas, o pensamento bolivariano é um pensamento de libertação. A teoria socialista – como toda teoria totalitária – é uma teoria de pessoas ressentidas, aquelas que não tomaram consciência da sua potencialidade. Não estou dizendo da meritocracia – que também não acredito – estou dizendo da potencialidade de biscar aquilo que é melhor para si mesmo. O socialismo não conseguiu educar o povo russo ou de outra nação, daquilo que ele achava “supérfluo”, porque as vontades são diferentes em cada pessoa e a desigualdade, enquanto sociedade, é uma desigualdade de outros fatores. Mas, o fato é, que o perigo socialista foi sepultado com o muro de Berlim, não há mais nenhum requisitório de alguma ideia comunista.
Como eu disse no texto anterior sobre a educação, temos várias pessoas que não tiveram o básico da escolaridade. Então, claro, se você não tem um conhecimento mais profundo, você não tem um entendimento e nem uma consciência crítica. A crítica que eu falo não é falar “mal”, mas, uma análise mais profunda o assunto. Isso tem a ver com o Golpe Militar de 1964 que tem vários períodos complexos, porque desde 1955 os militares queriam tomar o poder e só não foram, por causa do “suicidio” de Getúlio Vargas. Essa “ilusão” que os militares estavam esperando a aclamação do povo e essa aclamação – pelo menos, só ela – foi o estopim da intervenção é uma enganação. No mesmo modo, dizer que nazismo é de esquerda e o fascismo é parecido com o nazismo, porque não dá para analisar superficialmente. A história não é feita só de coisas escritas, se deve estudar os por menores.
Ora, claro, que a esquerda revolucionária não queria democracia nenhuma e era financiada pela União Soviética e treinados por Cuba. Aliás, nesse periodo, se tinha uma esquerda raiz da revolução e hoje tem a esquerda “nutella” que é só vegana, ama os animais, acha que o mundo tem que está sempre igualdade e uma grande Disneylândia. Só que o mundo é o que ele é. As aranhas sugam todo o sangue das moscas. Os leões, mordem o pescoço da sua vitima para ele morrer mais rápido. Os animais matam os filhotes com “defeitos” e alguns, até comem eles. O que faz nós sermos diferentes? A racionalidade. Somos cruéis e matamos o outro porque aprendemos assim ou acreditamos – ou não acreditamos – que aquilo é certo ou é preciso para alcançar um fim. Temos nossa própria consciência e temos nossa própria personalidade, e dentro dessa personalidade, sempre é construída em cima dos nossos valores. Sejam elas espirituais, sejam elas ideológicas. Só é uma escolha e essa escolha não pode ser relativizada.
Ser contra ditaduras de esquerda é um valor ético que deve sim, ser levado para ditaduras de direita. Ter ditadores de estumação é esquecer que somos animais politicos, por exatamente, sermos racionais. A censura do Cinemark não é diferente da censura que tivemos 21 anos.



segunda-feira, 1 de abril de 2019

Começou com Tabata Amaral e terminou com o Projeto Guri #bolsodoria





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Amauri Nolasco Sanches Junior




Quem me conhece sabe como eu faço uma luta constante para educarmos mais e lemos mais, porque sempre fui educado para ler livros. Não somos nada sem uma educação. Mas, também sabemos que temos uma cultura que pegou uma parte da filosofia de Karl Marx (1818-1883) e outra parte, tem um pensamento positivista. Em um resumo bastante vagabundo – porque o texto não é para isso – as duas filosofias pregam muito mais a pratica do que a intelectualidade. No pensamento de Marx – leia-se o materialismo histórico – a história é feita graças ao ser humano e não há um tempo linear. Em um estudo posterior ao filósofo alemão, além da história não ter uma linha, vamos dizer, metafisica, ainda é construído dentro de um discurso da classe dominante. Já a filosofia positivista de Augusto Comte (1798-1857), prega que só há um progresso enquanto houver a ciência empírica. 

Não concordo nem com o marxismo e nem com o positivismo, mas, eu tenho o pensamento que a realidade é construída – e estou falando do universo – a partir de informações e essas mesmas informações fazem o universo evoluir. A história são construções humanas dentro desas informações e elas são traduzidas por nós, a partir da linguagem e o porquê essa linguagem vai construir os termos. O positivismo nega que fenômenos naturais provenham de um só principio, assim como os princípios naturais. Ora, se não há um principio, então, todo o universo tiveram vários princípios e isso não faz nenhum sentido, pois, só pode ter um principio originário que deu forma a toda realidade (a própria ciência disse isso). Eu sei que um celular é um celular porque aprendi que aquele instrumento tecnológico de ligarmos, mexermos (smarthphone) em redes sociais, é chamado de celular. Embora que há uma coisa muito mais complexa, pois, por exemplo, nós aqui no Brasil chamamos de celular, lá em Portugal se chama telemóvel, em inglês chama cell phone, em espanhol célula e por ai vai. A questão é bem definida na filosofia (mesmo que alguns deputados que acham que não se precisa de filosofia): há vários termos porque há várias linguagens e são apenas formas de classificação para comunicar um objeto, um objetivo e um ente. Porém, existe uma forma que o define e existe uma só definição existencial, é um objeto. E nós, presumo, sabemos que todo objeto tem um objetivo. 

Gosto de duas filosofias modernas, o existencialismo e a fenomenologia. Mas, o existencialismo de Sertra – mesmo concordando em partes – não me atrai muito. O que me atrai e Nietzsche e Heidegger. Embora eu não concorde com a questão que ele faz grandes criticas a Sócrates e Platão – porque ele culpou os dois filósofos pelo aparecimento da moral racionalista cristã, mas, a questão do racionalismo do século dezenove é muito além do cristianismo – Nietzsche me atrai porque traz a tona a complexidade do pensamento ocidental. A deterioração dos verdadeiros valores, ou seja, os valores da verdadeira arte, da verdadeira filosofia (não a filosofia dos ressentidos do socialismo ao pensamento teológico cristão), o verdadeiro bom que se eleva acima da nossa cultura degenerada. Ele se opôs a ciência como uma divindade que tomou o lugar do “deus” cristão (ponho em minusculo não por oposição, mas, porque acho que o termo ficou desgastado), e se tornou a nova divindade. Porém, estamos falando de educação. Nietzsche acusava a educação do seu tempo de apequenar o ser humano e só servir para a ciência, o Estado e o mercado.

Ora, esse pensamento de Nietzsche nos mostra que a questão capitalista e a ciência, ela não fez e não vai fazer o mundo ficar mais feliz. Aliás, o Seculo Vinte mostrou que só a ciência e o capitalismo, se mostrou ineficazes dentro da sociedade humana. Produziu o socialismo marxista, porque um ponto sempre produz contraponto e o contraponto do capitalismo é o socialismo/comunismo – o anarquismo difere da maneira que o comunismo é implantado – e matou milhões de pessoas. A guerra fria e as muitas ditaduras – tanto de um lado como no outro – são fruto de uma mecanização da educação. Chamar Nietzsche de fascista ou nazista, é uma espécie de “heresia filosófica” dentro do pensamento filosófico, porque ele sempre defendia o pensamento judeu e sempre criticava toda a cultura moderna (vide as ciências absurdas e a volta dos valores clássicos). Então, se criam narrativas para explicar uma questão que é obvia: a crítica não é uma tentativa de destruição e sim, uma análise de conduta do ato ou das consequências desse ato. 

A educação passa por grande desafio nos dias atuais e a falta de leitura do nosso país – salve muitos poucos que leem livros “saudáveis” - piora a cada ano as resoluções. O Estado de São Paulo, com 20 anos do governo do PSDB, confunde desenvolvimento cultural com tecnologia. Digo PSFB, porque nesses vinte anos, sempre se abriu muito mais curso de tecnologia e não de humanas. Claro, isso é importante para o desenvolvimento de uma parte da sociedade carente dessas coisas, mas, também é “forçação de barra”. Para mexer com tecnologia devemos ter o dom – querer mesmo – senão, você não aprende. Tem que saber a língua perfeitamente, tem que saber matemática perfeitamente, tem que saber pensar perfeitamente; tem que ter em mente a harmonia e também, tem que está claro a ética de usar corretamente a tecnologia. Nossas escolas sem a filosofia, sem a sociologia, sem as línguas diversas – que também vai importante dentro do ensino tecnológico que tanto o PSDB prega - e a lógica, que é importante. Mas e quem não quer trabalhar com tecnologia? Será que podemos abrir cursos também de humanas, tanto nos cursos técnicos, como na UNIVESP? Será que a musica não vai ajudar diante dessa lacuna cultural dentro do país?

O Projeto Guri é importante dentro dessa área e pode incentivar essa harmonia dentro da tecnologia, fazendo com que os juvenis aprendam uma boa musica. Não os “pancadões” que são pornografias sonoras. Mas a verdadeira musica. Porém, qual governo que quer realmente um povo educado para reivindicar? Nós estamos vendo uma derrocada da educação sempre colocando ela como um “assessório”, por causa mesmo da crítica mais profunda. Mas, como já escrevi, se temos uma parte do pensamento marxista, temos em um outro um pensamento positivista que pensava que todos seguem filósofos que já morreram e que ninguém sabem que quem eram. Na verdade, se você não entender da onde vem aquele pensamento e o porque aquilo existe, não vai entender toda a uma narrativa. A titulo de exemplo, Aristóteles teve seu pensamento graças Platão e que veio de Sócrates. Mas, Sócrates – que ninguém fala – também teve um mestre que era Arquelau de Atenas e que foi discípulo de Anaxágoras. Todo pensamento tem uma origem e essa origem deve ser estudada. 

Os governantes do Brasil e o PSDB paulista – mesmo que o Dória não fará a mesma linha de governo do Alckmin são ambos do PSDB – não existe tecnologia (isso eu entendo, porque eu sou técnico de informática), nem qualquer curso profissionalizante sem o básico. Sem entender da onde vem o sistema binário de 0 e 1 (Leibniz), o algoritmos vieram de origem persa, que a tecnologia sempre existiu e sempre vai existir. Desde a descoberta do fogo até o smarthphones, há um estudo prévio de tudo e dês do mundo grego. Aliás, os gregos foram a primeira civilização a sistematizar e raciocinalizar a educação como um sistema de passar aos jovens – meninos e filhos dos homens livres – valores que os próprios gregos apoiavam. Isso incluíam musica, ginástica, matemática (leia-se geometria), que eram fazer os cidadãos terem um pensamento lógico. E, continuando, também sem respeitar as diferenças como mesas adaptadas para cadeirantes, interpretes de libras para surdos e com piso tátil para as pessoas com deficiência visual. Ora. Se temos uma sociedade tão carente de incentivo a leitura, que não sabe o que é uma boa musica, que não sabe escrever, como querem ensinar tecnologia? E a deputada do PDT, Tabata Amaral está certa, o que não só Vélez faz, mas todo governo, é criar listinha de desejo para a educação e quando o sinto aperta, sempre se tira da cultura. Tem amigo meu que trabalha no Projeto Guri que disse, que nenhum recurso chega do governo do Estado e tudo é sustentado por iniciativas privadas. Assim é fácil essa narrativa vagabunda do PSDB, que é uma fabrica de tecnocratas, que estamos analisando as instituições ligadas aos projetos e nada de recurso chega.

Cultura e educação não se fecha, se cria.