domingo, 31 de janeiro de 2021

Rojões e o choro do Fiuk






O cantor Fiuk – na verdade, eu nem sei o que ele é – chorou nessa semana no reality show BBB21 (Big Brother Brasil) e fez um discurso muito patético, o discurso da moda, pedir desculpas por ser homem. Por que eu pediria desculpas por eu ser homem? O problema não é ser homem, o problema é ser machista e achar que mulher é um objeto do seu próprio uso e simular uma superioridade moral que nunca tivemos, porque não há na nossa cultura nenhuma superioridade moral. Isso tem muito a ver com o filósofo Jean Baudrillard quando ele expõem a sua hiper-realidade como modo de controlar as massas e dará um exemplo, no livro Simulacros e Simulações, o programa que fez muito sucesso nos anos 70 (século 20), do que ele chamou de TV-Real. O programa dos moldes dos realitys shows – naquele tempo não se tinha ideia desse tipo de programa da realidade – em que uma família é mostrada e ela se desfez diante das câmeras. Ou seja, Baudrillard lança a pergunta: se as câmeras não tivessem ali, a família iria se divorciar? Se eles não tivessem sido filmados ainda eles existiriam como família? O mesmo eu poderia perguntar: será que se não tivesse sido filmado, Fiuk choraria e pediria desculpas por ser homem? É difícil de afirmar. 

Parece-me que o mundo contemporâneo tem uma certa aversão ao anonimato. Se antigamente escritores, jornalistas, poetas, filósofos ou etc., gostavam de inventar pseudônimos para deixá-los no anonimato, hoje quanto mais seu nome tiver destaque, melhor. A realidade vira uma hiper-realidade a partir de uma aparência, moldadas graças a um discurso. Dai entra o simulacro cultural onde se escondem o anonimato transvestido de celebridade. Mas, quem são aqueles personagens que aparecem no big brother (O Grande Irmão)? Quem é você que tem milhões de seguidores no Instagram? Um anônimo famosinho que não tem personalidade, portanto, sem a alma. Então, nesse mundo virtual e, muitas vezes, o mundo dito real, o discurso de Baudrillard tem razão. Porque as pessoas sempre estão envolvidas em simulacros. simulacros são representações, ou seja, ídolos que as pessoas se apegam para serem algo e a partir desses ídolos, simulam uma realidade que não existe. O brasileiro tem muito disso, não só na politica – que ocorreu um certo interesse recente – mas trouxe para o debate politico um simulacro futebolisco onde se você faz critica em um time, você fará parte do adversário. Na cultura brasileira, tudo vira extremismo. 

A TV-real, que Baudrillard diz tanto no seu livro, inventou milhares de simulacros que não sabem mais se livrar, como se construíssem seres para dominar a grande massa, mas agora que não interessa mais, eles querem matar esses seres. Tarde demais. Os seres já tomaram conta da cultura como um vírus que toma conta de um sistema e se transforma, caracteriza dentro daquele sistema. O rojão é um simulacro de simular uma comemoração - caracterizado uma felicidade, mas só houve um momento de alegria - mas não passa de simulação de apoio, porque não se está apoiando nada e sim, do anonimato a um torcedor chamando a atenção. Não é uma comemoração, é só um barulho. O brasileiro nunca gostou do silêncio, porque acha o silêncio uma coisa triste ou não consegue ficar consigo mesmo. Um nada dentro dele onde só existe um espírito de rebanho, um simulacro que não existe e não faz parte do mundo, só no mundinho dele. O ser que tomou conta do sistema de rebanho, uma doença que corrói o corpo social. 

Nesse mundo fechado, a grande maioria não tem uma educação social adequada e ética. Primeiro, porque a direita com seu discurso demagogo e hipócrita inventou o conceito de rebanho (por causa da mão de obra), a esquerda inventou o conceito que há uma guerra de classe e que as indústrias discriminam as minorias. Segundo, como disse acima, a TV inventou esses simulacros para segurarem suas audiências e alienar cada vez mais, a grande massa vazia de significado. Terceiro, uma educação vagabunda que não ensina nada e só é sala de desabafo de professor frustrado. Fora a educação familiar, também, bastante hipócrita. Assim, como nação, somos nada porque sempre o brasileiro se auto boicotou em nome do seu mundinho, em nome do próprio umbigo inflamado. Traumas de uma paternidade não assumida? Traumas de não poder brincar com seu trenzinho ou o pai ficou o dia inteiro no bar e não tinha dinheiro para comprar um trenzinho? Vai lá saber. O mundo é muito mais amplo, não só tem ele no mundo, não só ele vai ouvir o rojão. O barulho pode incomodar a vizinhança. O barulho pode incomodar animais, causar pânico em autistas. Simulacro brasileiro causa sofrimento, muito mais, pelo próprio povo. 




Amauri Nolasco Sanches Junior



sábado, 30 de janeiro de 2021

Os Parasitas da Inclusão

 







Quem me lê a muito tempo sabe que não acredito em uma ética humana sem um “pitada” de vaidade no meio. Eu tenho mil razões para acreditar nisso. As questões que me fizeram ver isso são questões familiares e amorosas, onde promessas foram feitas e amores foram declarados e no final, no primeiro não que eu disse, todo o encanto se desfez. Dai cheguei a conclusão que não existe amor verdadeiro e nem ética fora do que as pessoas gostam de mostrar que tem. Coisas do ressentimento que Nietzsche disse. O filósofo alemão disse que o cristianismo enquanto instituição, foi fundada por pessoas fracassadas da idade média que iam ser monges porque não conseguiam ser nada, e a vingança deles era, exatamente, dominar a mesma nobreza que tinham os condenados ao mosteiro eterno. O ressentimento parte da premissa que os que não conseguem enfrentar o mundo, não conseguem aceitar aqueles que enfrentam ele sem nenhum medo. Daí entra o amor fati que Nietzsche pegou do estoicismo, em aceitar o mundo sem mudar ele e enfrentar seus desafios sem medo algum. 

Aceitar o mundo é aceitar nossa condição de pessoa com deficiência e que teremos que conviver com ela até o fim, sem medo e sem amarras de charlatões religiosos. Mesmo o porquê, a meu ver, esses mesmos charlatões da religião são os mesmos que herdaram dos ressentidos que os nobres deveriam ser humildes e reconhecer que todo o seu poder não era nada. E assim, a felicidade era do outro mundo e não nesse. Mas, por que eu não posso ter momentos alegres com deficiência? Por que não posso aceitar a deficiência? Lógico que há um exagero em dizer que ama a deficiência, eu não amo a minha, mas posso me amar com a deficiência sem problema nenhuma. Daí a importância de ver o ser humano muito mais pela sua existência (pois, afinal, pensamos logo existimos) do que a sua essência. Porque, quando somos pequenos, primeiro nos percebemos como ser do mundo e depois começamos a entender a realidade nos construirmos como pessoa, com nossos valores e nosso contingente social. Não acho que não temos uma essência, só acho que ela não constrói nada sem uma educação e sem ninguém passar reais valores. Ai entra o que eu disse, da construção do ser humano a partir de uma ética mais sólida. 

Mesmo que nossa cultura – falo da brasileira, especificamente – tenha se construído em alicerces cristãos, por que existem tantos canalhas aqui? A hipótese provável tem muito a ver, mais uma vez, com o que Nietzsche dizia do ser ressentido, pois, os bandeirantes nada eram além do que nobres endividados ou que, também, não conseguiam ser nada em suas famílias, que vieram e queriam pegar o ouro e cair fora. Serem ricos para pagar ou mostrar que eram mais ricos e deram sorte em encontrar um ouro numa terra selvagem. Isso mostra além do fracasso moral que a nobreza portuguesa na época era, quanto o materialismo transvestido de moral cristão sempre foi uma característica do fracasso humano em atribuir seu contingente nadificante no mundo, em um metal que nada é na natureza para se sentir alguém. Se você precisa de um metal ou uma religião para ser ético ou ser bondoso com o outro, você não é nada e eu não te respeito. Aliás, minha última experiência amorosa me mostrou que pouco se deveria confiar em religiosos, principalmente, pentecostais e neopentecostais. Sempre fomos um povo parasita que pega tudo que o Brasil tem e quando não atende ao que se acha certo – porque hoje em dia com as mídias sociais, todo mundo virou sociólogo com mestrado – se vai morar fora e ser empregado de patrões estrangeiros. Ninguém quer assumir que somos filhos de uma cultura canalha e ressentida que nada fazem quanto a isso, pois, se tem ídolos até mesmo, dentro da politica. 

As pessoas com deficiência daqui são covardes porque tiveram uma educação do mesmo moldes dos outros, com um agravante, dominados pela dependência física. Mães que foram criadas dentro dessa cultura canalha e hipócrita, até se transveste de “mãe especial” para se encherem de vaidade, prendem seus filhos com deficiência numa demonstração de poder e vaidade. Ressentidas por serem um fracasso como mulheres – algumas escolherem canalhas como maridos, portanto, ensinam para as filhas que todo homem é igual – um fracasso como profissionais e ainda, se agravara quando a religião vai enfiar nelas que são pecadoras. Um coquetel bastante interessante que vai levar mães ao desespero de prenderem suas filhas, operarem suas filhas lhe tirando o útero, vão fazer com as filhas o que não podem fazer com as outras. Para mim, tem meu desprezo eterno e não deveriam ser chamadas de mãe. Então, vem pessoas com deficiência “bonitinhas” e fazem um showzinho canalha dizendo que tudo na vida se supera se acreditamos na religião deles – fazendo o servicinho para os pentecostais e neopentecostais – e andaremos. 

Esse “andaremos” que me incomoda. Que nos leva a uma questão: por que eu não posso ser feliz sem andar ou querer uma cadeira – ridícula por sinal – que me faz ficar em pé? Por que eu tenho que gostar das mesmas coisas que a nossa sociedade, que nunca aceitou as pessoas com deficiência, gostam? Eu gosto, exatamente, o que a nossa sociedade não gosta para mostrar que pessoas com deficiência tem também personalidade e gosto distinto dessa sociedade canalha e que não passa de manada. Ruminando ideologias e religiões que só fazem dela escravas. E parafraseando um místico do século dezenove, Aleister Crowley, os escravos sempre servirão. 




Amauri Nolasco Sanches Junior




quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

CONDENSED MILK – A hiper-realidade do Mito (bolsopetismopower)

 



Quando você escreve uma matéria e a única coisa que se argumenta é que você é um “bosta” - isso faz parte do bolsonarismo, pois o presidente mandou a imprensa para a puta que o pariu e que chamou de merda – você entende que há envolta de uma narrativa, o mito do salvador da pátria. Isso fez parte do governo Lula (PT) e está sendo usado também no governo Bolsonaro (sem partido). Mostra como a nossa cultura, como uma cultura latina, precisa ter um líder para se sentir representado e não se enganem, a maioria do povo não quer um presidente moderado, ou quer um Lula (que não era uma imagem de Lord inglês) ou querem um Bolsonaro, porque é xingamento descarado no dia a dia mesmo. Quando você é fechado, faz o que? Quando, sem querer, alguém pisa no seu pé você faz o que?

O problema da realidade já se tornou uma hiper-realidade no contexto da narrativa entre a pessoa como pessoa e o mito sobreposta na imagem da pessoa, que perfaz a imagem de salvador de uma realidade que nem sempre existe. A imagem do Bolsonaro nem é de salvador de nada e sim, uma imagem do vingador que vai vingar o povo que não concorda com a esquerda – como se toda a imprensa é de esquerda jogando a imagem de inimigos - e colocando os críticos do governo, como se fossem do outro lado e não é verdade. Nem sempre os críticos são da esquerda ou pretendem se aliar a esquerda. Nossa cultura tem muito de binarismo trazido do cristianismo - que veio do maniqueísmo (Mani) que pregava que o mundo é regido pelo bem e pelo mal - e sempre coloca em “caixinhas” para fazer sentido em suas fantasias. Aliás, graças as redes sociais, já nao é uma narrativa fantasiosa e sim, uma hiper-realidade da verdade dos fatos. Porque a verdade fica sobreposta dentro da crença daquele que acredita e nunca fara sentido para ele. Se para um lulopetista os apoiadores do governo são fascistas, os bolsonaristas acusam quem apoia o Lula de comunistas. Assim sendo, tanto o “fascismo” como o “comunismo” ficaram termos virtuais e perderam o valor semântico.

Duas coisas me fazem refletir: primeiro, eu desconfio da ética do brasileiro no sentido social. Quem vive na periferia sabe muito bem do que estou falando. Se reclama da enchente, mas mete um sofá no rio. Reclama do governo, mas sempre burla alguma coisa e até mesmo, filas. Sem falar que fazem campanhas para o Teleton, choram emocionados que aparecem crianças com deficiência – que para mim é um desserviço para o segmento de pessoas com deficiência – mas estão com seus carros nas vagas de pessoas com deficiência e idosos. E mesmo nas manifestações – que tivemos no passado – muitas pessoas diziam “pela MINHA família” e não “PELO Brasil” e assim, sou cético se o brasileiro tem alguma ética.

Tanto o Bolsonaro quanto o Lula, estão ou estiveram lá porque alguém colocou lá pelo voto. E não me venha com fraudes, pois isso é jogar para o outro o que você fez (como o brasileiro sempre fez). Não existe doutrinação escolar, o que existe é uma educação vagabunda ineficaz. Não existe influencia nas mídias sociais, existe a  ineficiência dos pais educarem e isso me dá ânsia, de verdade. Essa mania de jogar no outro o que é responsabilidade sua.

Amauri Nolasco Sanches Junior



Bolsonaro xinga a imprensa ao comentar gasto do governo com leite condensado

Governo Bolsonaro gasta R$ 15 milhões com leite condensado em 2020

domingo, 24 de janeiro de 2021

Instagram asses - A bunda estética da instantaneidade do tempo

 







diz a lenda, que a origem do nome Instagram foi para diferenciar o produto das outras redes sociais – alias, o Instagram acabou falindo os flogs, sites iguais blogs que se postavam fotos – e acabaram colocando "Insta" que veio do "Instat Camera" que tem o significado câmera instantânea. O “gram” veio do "telegram", ou seja, telegrama - que eram formas rápidas de correio antigamente. a proposta da mídia social, era as pessoas compartilharem as suas fotos em tempo real, o momento que estava sendo vivido (como se o tempo parasse e você guardasse aquele momento). antigamente, as imagens só poderiam ser compartilhadas dentro do aplicativo e até 24 horas depois de serem tiradas. mas, se pensarmos direito, “insta” poderia ser instante, porque um instante é um momento, um momentum do tempo. 

Por muito tempo, a humanidade sempre teve um fetiche dentro da realidade em gravar o instante, pois, nem sempre o instante podia ser concretizado em imagens. As imagens que temos hoje dentro da história da arte, sempre foi pinturas ou esculturas, no qual, a imaginação do artista sempre fazia um outro instante. A fotografia muda isso. Imaginem uma pessoa da antiguidade, de alguma maneira, tivesse possibilidade de vir para o nosso tempo e visse um Instagram, por exemplo, e visse a gravação daquele instante. Ficaria chocada. Porque, grosso modo, a fotografia é também uma forma de arte e essa arte está ligada no tempo. Porém, tem um problema: o instante (enquanto momentum) não existe em si mesmo, porque no tempo entre a fotografia e a postagem, já a foto ficou no passado e não é mais um instante. Ora, o instante se torna o futuro. Porque a questão sobreposta é: o tempo enquanto passagem temporal, só nos leva ao futuro (muito embora, teorias mostram que há um universo contrário. Mas, é só uma teoria). 

Mas esse é o problema, pois estamos educando as próximas gerações em não querer sofrer e não querer esperar, tudo é um instante e o agora. ainda pior, estamos criando pessoas narcisistas que podem levar o mundo a guerras muito piores do que as guerras que assolaram o século 20. Pois, se tem muito discutido sobre inteligência artificial ou extraterrestre (possíveis rivais dos seres humanos), mas não se tem discutido sobre a própria educação que se tem educado os jovens. posso citar um exemplo de uma garota dos seus 18 anos, que fez uma cirurgia plástica no nariz. Aparentemente, quando vimos a foto antiga, não achamos nada de errado, só podemos constatar, que é apenas capricho. Capricho do instante. Capricho de ser famosa. Capricho de se sentir importante. Capricho de mostrar o próprio corpo – como forma bela da estética platônica – para ganhar dinheiro e não precisar estudar ou trabalhar. Nada tem de errado, pois eu sou um crítico no modo que a sociedade humana foi construída. Mas existem, também, um certo limite entre o utópico (aquilo que nunca vai existir) e o real (aquilo que tem possibilidade de existir). Ora, se existe uma realidade, por que gostamos tanto de criar mitos? 

Segundo estudos, somos animais simbólicos porque gostamos de criar símbolos. Pois, temos que ter um significado em tudo que nos rodeia. Por outro lado, somos animais que criamos símbolos através da imaginação para explicar ou para aquilo fazer sentido, senão, criamos narrativas. Chamamos de fantasias. Fantasiamos tudo que podemos para fazer sentido. Na verdade, quando os filósofos do século 19 e do 20, acabam com o que chamaram, de metafísica. Ou de uma visão do mundo romântica, que colocava a humanidade no centro do universo. Não somos o centro de nada e pelo jeito, nem nosso universo é único. O que fazer? Primeiro, Marx colocou a história humana como concreta, material, construída por toda a humanidade e nada tinha com algo já determinado. Ou seja, se podia fazer críticas, já que nossa história era feita por nós mesmos. Depois, Freud vai dizer que não sabemos quem somos e que tudo faz parte do medo da morte, que toda nossa psique faz parte da pulsão sexual. Darwin vai dizer que todas as espécies são evoluções das primeiras e viemos da mesma família dos primatas. Nietzsche vai dizer que não há verdades absolutas e nem fatos eternos. Além, claro, de dizer que Deus estava morto. 

Chegamos em Nietzsche e se deve explicar duas coisas antes de seguirmos. Primeiro, não é porque ele disse que não há verdades absolutas que não existem verdades. Essas “verdades absolutas” tem a ver com os dogmas vigentes na época – que no Brasil dura até hoje – porque havia muitas verdades sendo dogmatizadas. Então, em nome dessas verdades, se matou os reais valores do europeu e assim, todo mundo matou Deus no sentido de valores milenares dentro da tradição do pensamento. Ou seja, em nome de acabar com a superstição do Deus judaico-cristão, se criou um Deus chamado ciência. daí veio o niilismo, que diferente do senso comum da época, Nietzsche vai dizer que são aqueles que negam a vida. Negar a vida é achar que tem o direito legítimo de ser igual aqueles que conseguiu. 

Graças ao pensamento que a ciência poderia salvar o mundo – ajudado pelo positivismo – tivemos governos ditatoriais, guerras científicas em nome de ideologias ressentidas, conceitos que mais renegam a vida do que a melhora. O preço dista tudo? Morte. Destruição de valores humanos. A noção do companheirismo. O sexo fácil e promiscuo. E uma geração que se acostumou a tratar as outras pessoas como se fosse aplicativo de celular. Acreditar em nada. Apenas ela é a “rainha” ou o “reizinho”, porque não pode ser frustrada, não pode fazer, as vezes, aquilo que não gosta. O instantâneo é a ordem do dia, hoje. 




Amauri Nolasco Sanches Junior

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

broad spirituality – o dia que fui bloqueado por um religioso





 Apareceu no feed de notícia do Facebook de um grupo de filosofia – que virou fetiche de religioso – essa questão:


<<Todo Ateu é anti Cristo, quem fala de Deus não tem “consciência plena” do universo. >>


Vamos analisar a frase em si mesmo. Para responder se “Todo ateu é anticristo” temos que observar, que a pessoa que escreveu isso não sabe o que escreveu. Porque, segundo a bíblia, o anticristo seria um filho do demônio (Lúcifer) e se fará de santo, mas será um lobo em pele de cordeiro e se passará pelo próprio Cristo, e assim, vai dominar pela própria religião de Deus (igreja). Como disse no mesmo post, antigamente os pastores exigiam das pessoas muito mais estudo, pois, a questão do anticristo nem está nos ensinamentos de Jesus, que só disse, que haveria um tempo onde surgiriam falsos profetas. Ou seja, isso está no Apocalipse que profetizava a queda do Império Romano. Eles deveriam saber (se fossem islâmicos de um país de radicais, iam todos morrer). E tem outra coisa, segundo a nossa gramática, no caso do anti do anticristo não pode ser separado e sim, junto. E mais, cristo vem do grego “kristós” que quer dizer, o ungido que vai trazer a paz ao mundo (segundo, essa tradição), então, um não ungido ou ungido do demônio, nunca seria um ateu.

Num modo lógico, ou seja, semântico, não faz sentido essa frase. Porque se separarmos a frase em dois, o sujeito é “Todo Ateu é anticristo” que traduzindo – pois, é quase uma outra língua – seria que quem não acredita em Deus, na realidade, era anticristão. Mas, quem está falando de Deus? Que ele existe ou que não existe? Porque esse “quem fala de Deus” fica entendido que o ateu está falando, pois, o sujeito da frase é o ateu. Mesmo o porquê, dizer que não acredita em Deus não poderia se ter uma consciência plena – que na sua essência, nada tem a ver em seguir ou não uma religião – mesmo o porquê, quando dissemos “ter uma consciência plena” é ter uma visão mais ampla (broad) da espiritualidade (spirituality). Coisa que as religiões não tem, porque começam a pregar verdades. Por outro lado, quando se fala em Deus – como um ser supremo – se fala cosmos e não, universo.

Mas, eu também sei que até mesmo um golfinho pode ser ateu. Porque o ateísmo não milita, pois ele não acredita em nada e não se pode acreditar em nada, no acaso a não ser, aceitar. No mais, tem muito "moleque" ateu que acha que ser ateu é muito mais inteligente, pois não é e seria muito mais inteligente estudar religiões, exatamente, para saber refutar. Eu que não sou ateu - algumas pessoas acham que eu sou, assim como acham que sou comunista - tenho repertório muito melhor do que qualquer ateu toddynho que queira argumentar uma frase elementar dessas.

Voltemos à frase em questão e vamos ver que esse “todo” é uma generalização, pois, “todo” quer dizer de uma maneira geral, tudo no geral. Todo ateu ser um anticristo quer dizer que todo ateu é filho do demônio, sendo que ele não acredita na divindade. Segundo a própria bíblia - que a maioria dos pentecostais não seguem - Jesus ceou com os pecadores e até mesmo, renegou sua própria família por causa de todos. Sendo ateu ou não, o trabalho do evangelizador, até onde eu sei, é convencer o outro que é melhor acreditar em Deus do que ser ateu ou pecador. Não chamar ele de anticristo. Mas a questão da filosofia sempre foi um mal para os cristãos mais fanáticos, pois acham que só porque questionamos a maneira com o qual agem, estamos contra sua religião. A meu ver, a questão é bastante estranha, porque não faz sentido que um filósofo - sempre procurando a verdade - seja taxado de ateu, e isso, desde quando Sócrates foi morto. E muito depois, Hipatia foi morta por causa desse fanatismo idiota que não leva em lugar nenhum, nem no lado religioso e nem no lado ateu. 


Amauri Nolasco Sanches Junior 


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

#PCDvacinajá – pessoas com deficiência não precisam de BBB, precisam de um pornozão

 


fonte: Catraca Livre



Meu amigo de muito tempo, levantou uma questão interessante. Nós, pessoas com deficiência, temos que ser vistos como pessoas capazes de fazer as coisas e não é programas como BBB (Big Brother Brasil) que isso vai se dar. A questão do filme pornô – particularmente, eu não gosto – mostra uma coisa simples de ser vistas, o ato de transar é um ato que, em meio de outras coisas, pode ser feito por nós que temos deficiência. Muitos deficientes não querem representatividade em programas bobos que o ganhador já está resolvido, nós queremos uma inclusão efetiva na prática e que tenha visualização o bastante para mostrar que somos pessoas. Enquanto a Globo fazia aquela novela vagabunda – que eu detestei – mostrando uma cadeirante mimada, promiscua, indecisa e infantil, ser aplaudida pelo segmento, eu torcia o nariz dizendo que aquilo só mostraria que somos infantis mimados. Não que a maioria não seja – alguns nem cortaram o cordão umbilical – mas existem outros que fazem o que todo mundo faz e não se sente especial. 

Aliás, nas minhas ideias, quando se fala em especial se fala em pastei, porque o especial sempre é o que vem mais. Não somos especiais, somos pessoas e como pessoas não precisamos de representatividade de programas da moda (leia-se, vagabundos) para sentimos que somos comuns. A questão é: será que é muito mais cômodo ficar criando mitos para explicar algo da realidade e assim nos sentimos muito mais confortáveis? O big brother – baseado no livro do escritor George Orwell, 1984 que a maioria nunca leu – representa a narrativa do mito do herói, que chega no final para a conquista e redenção. Ou seja, a questão do BBB, é uma questão muito mais ligadas ao mito da indústria cultural, do que os mitos das tragédias gregas, pois tem um “q” de cristão no meio. O pobre que consegue ficar rico, a redenção por trás da espiação e os humilhados serem exaltados e os exaltados serem humilhados. Só que o orgulho é pecado, demostrar ira ou orgulho é condenável, então, há uma falta modéstia dentro do escolhido, aquele que merece o prêmio. 

Já o pornozão mostra o fisiológico, o desejo pelo prazer e o alcance da felicidade. O sexo sempre foi rival do cristianismo – e de outras religiões que hoje povoam nosso mundo – porque sempre deu ao ser humano a felicidade e a satisfação, e com isso, ninguém vai procurar uma redenção. O pornô sempre foi a parte mais nojenta do sexo, porque entre quatro paredes é o que todo mundo faz. Só que o pornozão mostra a realidade na sua cara, uma realidade que você não quer ver. Por quê? Nossa parte moral social, sempre nos ensinou que aquilo era errado e que o ser humano não pode estar satisfeito com o seu prazer, pois, o ser humano satisfeito com a vida é muito pior de ser governado. Claro que, o sexo a meu ver é muito mais sério e deveria ter-se cuidado, mesmo o porquê, a origem do termo pornografia tem a ver com ser prostituta – a prostituição antiga, faziam propagandas em muros atiçando a vontade e isso se chamou de “pornôs(prostitutas)graphôs(escrita/gravar)” - e profiro algo mais erótico, algo mais acima do lado animal. 

Erotismo tem a ver com o deus Eros (que a versão latina eternizou com o Cupido), que era filho de Afrodite (a titã do amor) e que flechava aqueles que deveriam se apaixonar. A deusa do amor, da beleza e do sexo, teve Eros com o deus da Guerra Ares na qual, mostra através do mito, que o amor nasce da fúria e da beleza, onde não tem nada de errado. Sendo nós humanos, não somos diferentes em desejo, em querer ser o que todo humano é. A melhor representação é a acessibilidade, o real, o que é de verdade e não um programa de mentirinha. 




Amauri Nolasco Sanches Junior

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

#PCDvacinajá – por que não somos prioridade?

 








Na campanha de vacinação contra o COVID_19, o governo de São Paulo se esqueceu que existem muitas pessoas com deficiência que estão no grupo de risco, são vulneráveis. Ora, será que os médicos não sabem disso? Não. Vendo eles procurarem o CID na internet, vendo eles dizerem que síndrome de down é castigo e vendo que existem médicos que não sabem tratar certas deficiências, tenho minhas dúvidas se as universidades estão em boa qualidade. Médicos não deveriam fazer previsões (não são videntes, são cientistas), deveriam saber das deficiências, deveriam saber o CID certo para cada deficiência, alguns até mesmo, deveriam fazer um exame psicológico para exercer a profissão. Estranho, que as universidades de medicina andam fazendo um trabalho bastante lamentável de ensino, pois, existem aspirantes de enfermagem pretendendo cuidar de idosos, e não cuida da própria irmã com deficiência. 

Mas, para responder a pergunta do título, temos que recorrer ao que pensa a sociedade também. Podemos ter uma ideia quando uma suposta professora chega ao presidente para reclamar que o Supremo revogou um plano para não haver inclusão nas escolas (classes especiais), e o presidente respondeu que crianças com deficiência eram atrasadas e atrasariam toda a classe. Isso mesmo. Enquanto o mundo inteiro – ao que parece, menos os países eugenistas como a Inglaterra que permite abortos em crianças com síndrome de down – inclui as pessoas com deficiência porque é mais barato (uma rampa é mais barata do que uma escada), o Brasil sempre está atrasado e gastando “rios de dinheiro” em soluções que não dão certo. Por quê? Uma é que o pessoal daqui gosta do caminho mais fácil e outra é que nunca houve, nem vontade politica (porque a elite nunca quis), e nem estudo necessário, para se modernizar o país. Por outro lado, nossa burguesia ainda acha que o Brasil está no século dezenove, onde precisava de trabalhadores braçais. Ignorantes e que não questione as coisas. 

Nós, pessoas com deficiência, éramos trancados dentro de casa, éramos internados em hospitais ou instituições, éramos esquecidos porque não podíamos sair ou ter uma vida “normal”. Hoje já podemos ter uma vida normal. Mesmo que exista pessoas com deficiências trancadas por causa de namoro, pessoas com deficiência que não trabalham por causa do pensamento vigente de incapacidade e ainda aqueles que usam a deficiência para pedirem as coisas. Quem garante que o dinheiro não vai para a família da pessoa com deficiência? Quem garante que não usam esse cadeirante como fonte de renda da família? Existem várias famílias que usam o beneficio da pessoa com deficiência como dinheiro do aluguel, para comprar coisas para eles e quando pessoas dão coisas, usam como se fossem deles. Muitas vezes, mães tiram as cadeiras de rodas das filhas por causa de namoro, por causa de subproteção. Mães narcisistas são a prova cabal que a psicopatologia é uma realidade no Brasil. Muitas mães acham que os filhos têm que ir em uma escola com classes especiais, porque acham que eles estão seguros. As piores brigas são em escolas especiais, os piores tombos são em escolas especiais, as piores coisas acontecem em escolas especiais e ainda, sexo rola solta bem mais fácil em escolas especiais. 

Depois dessa análise minuciosa sociológica, a resposta fica obvia. Não somos prioridade porque a maioria da sociedade – ignorante e mal-educada – acha que não somos pessoas.

Amauri Nolasco Sanches Junior

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Atila Nerdiologia – vamos conversar sobre liberdade?

 



Eu não sou contra a ciência, muito do que ela criou fazem pessoas como eu, que tem deficiência, ter uma vida um pouco mais confortável. Mas além de ser uma pessoa com deficiência física, sou um filósofo aspirante de professor – estou a caminho do diploma – e como tal, o artigo do Atila (no Estadão) me assustou bastante. Primeiro, em 2015, o biólogo Richard Dawkins ao responder uma questão sobre crianças com síndrome de down, disse que era antiético uma mãe ter um filho nessas condições, sendo que é um homem da ciência, que vê que existem milhares de pessoas com down que tem uma vida normal (até mesmo, tem banda). Depois, vimos que na Inglaterra há permissão de abordarem crianças com diagnostico com essa síndrome, sendo que, um diagnostico pode ter erros. Milhares de pessoas com deficiência foram mortas ou esquecidas em instituições graças ao que a ciência disse na época, ou a crendices de religiões primitivas que dizia ser castigo de Deus ou dos Deuses.

O ponto onde quero chegar é que tivemos duas guerras mundiais, totalmente, científicas. Tivemos uma guerra fria – comunismo verso capitalismo – científica, que dizem, faziam até mesmo experimentos psicológicos e sociais. O século vinte foi um século voltado ao científico, onde até mesmo, se teve religiões que foram baseadas dentro da ciência. Não estou dizendo que não devemos confiar na ciência, só estou demonstrando que a ciência é um instrumento para entendemos certos efeitos e como eles podem acontecer. Mas, dizer que filósofos discutem e teorias das conspirações se espalham, é muita ignorância, porque nós discutimos ética e moral. Ética é a construção do caráter individual e moral é a construção de valores sociais e assim, elas se complementam. Atila erra em dizer que deveríamos acabar com a liberdade por causa de algumas pessoas não quererem tomar a vacina e mistura as bolas, entre a invasão do Capitólio americano e o antivacina.

E tivemos uma campanha forçada pelo mesmo motivo que no começo do século vinte – onde Oswaldo Cruz teve que fazer uma reforma sanitária e empurrou a maioria dos pobres para os morros cariocas – a educação escolar, onde as pessoas tinham medo da vacina. Ora, se teve, até mesmo, medo da eletricidade que hoje não ficamos sem (se acabar, voltamos para a idade media). O Brasil nunca teve uma vontade politica de ser uma nação moderna, porque se ganha dinheiro com a ignorância, só que, o mundo de hoje se o povo não tiver estudo, vai ficar para trás. Não há mais lugar no mundo para a ignorância e pessoas ignorantes são pessoas que não alcançarão a visão além do sistema. Mas, não é o estudo puro e simples, além do estudo temos que ter um certo ceticismo e na hora de discutir os assuntos, devemos desconfiar de certas atitudes e de certos textos. Os estudos de Atila, não fazem ele enxergar além daquilo que ele estudou e ensina no canal Nerdiologia – que é veiculado com o Jovem Nerd e gosto bastante – porque ele é o teórico que discute a sombra, mas não saiu da caverna.

Vamos fazer um experimento mental sobre o que ele propõem (autoritarismo necessário). Um vírus muito pior que o Coronavírus está infectando uma cidade de algum lugar no mundo, só que o mundo não aguenta mais pandemia e então, resolvem acertar essa cidade com um missei nuclear. Segundo o Atila, isso seria necessário para o bem-estar no mundo, mas, existem pessoas e crianças que não se infectaram com esse vírus. Seria ético jogar essa bomba nuclear onde pessoas não possam escolher? Por mais que não concordamos – eu, particularmente, tomo a vacina – um Estado democrático é feito de liberdade e essa liberdade tem a ver com escolhas. Alias, segundo eu imagino (não sei se isso procede), quem se vacinou já está imunizado e assim, o vírus não pode ser transmitido. Qual o medo? Medo do Bolsonaro convencer a maioria? A maioria não é feita de apoiadores nem do Bolsonaro, nem do lulopetismo, a maioria é feita de pessoas que querem se imunizar para poderem trabalhar mais tranquilas. Pessoas comuns que querem uma solução daquilo que está matando pessoas conhecidas, parentes e até mesmo, artistas que gostam.

Eu sou adepto a liberdade sem nenhuma restrição, porque quando temos restrição, alguma coisa tem de errado ali. E no mais, o jogo democrático é esse e quem não sabe jogar, deveria sair do play.

Amauri Nolasco Sanches Junior


Bolsonaro e as Pessoas com deficiência 


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Capacitismo – quando a ciência fica a cargo de NaziMédicos

 







Tudo começou quando o fundador de um projeto chamado Serendipidade e pai de um garotinho com down, Henri Zylberstajn, postou uma conversa de WhattsApp entre o médico e a mãe que tinha acabado de descobrir que seu filho tinha Síndrome de Down. O médico disse que a mãe “não merece castigo tamanho” e que “Deus vai ajudá-los a resolver esse dilema”. Então a mãe responde que “não é um castigo. Fui abençoada com ####. a síndrome de down é apenas uma condição que requer uns cuidados e ele está sendo muito bem cuidado”. Ora, uma resposta para uma afirmação que não deveria ter feito, quanto mais, de uma pessoa que se diz médico. Mas, Henri ainda diz que o médico (que não acredita que o médico teve a intenção) deu a resposta, porque nossa sociedade ainda acredita que as deficiências são um sofrimento. Eu acho que o médico não pode ficar  isento daquilo que ele disse, mesmo o porquê, ele é um médico. E a ciência trabalha com probabilidade e não com certezas absolutas, pois tudo pode ser falseado e se pode, é científico.

Dias desses eu fiz um texto expressando minha opinião sobre a liberação na Inglaterra de abortarem caso o feto seja diagnosticado com síndrome de down, pois, dizem que é um direito da mãe e do pai. E estamos falando de um povo estudado e com recursos diversos que acham, que a síndrome de down é um sofrimento. O mesmo povo que lutou e foi bastante ameaçado pelos nazistas. Assim, podemos dizer que até mesmo para temos liberdade temos que ter ética e saber que não existe uma possibilidade, mas milhares de possibilidades. Afinal, não existem verdades absolutas. O que acontece, é que com essas várias probabilidades, podem dar um diagnostico e podem errar, e muitas vezes, o feto abordado pode ser normal. Não existem uma verdade, uma certeza e cientistas deveriam saber disso. Teoricamente, o médico ali, é um cientista e deveria se comportar como tal, não como um pároco ou um curandeiro medieval.

O médico disse em “dilema”. Ora, o que seria um dilema? Nós, filósofos, dizemos que um dilema é um raciocino que parte de premissas (ponto ou ideia de que se parte para armar um raciocínio) contraditórias e mutuamente excludentes, mas que paradoxalmente terminam por fundamentar uma mesma conclusão. Ou seja, em um dilema, pode ocorrer a necessidade de uma escolha entre alternativas opostas entre A e B, que pode resultar em uma conclusão ou uma consequência C, que deriva necessariamente tanto de A quanto de B. Então, podemos presumir que o médico tenha sugerido que se a mãe não quisesse ou internar ele, ou sei lá, pois, não quero incriminar o médico, mas, são as únicas premissas que podemos concluir. Porque segundo o fundador do projeto – esta até na reportagem do blog VencerLimites – o menino já tem seis meses, ou seja, se ela ainda estiver grávida não dá para abordar (mesmo nesses casos é crime), se ele estiver nascido seria antiético abandonar a criança e seria crime matar ela. Então que dilema é esse? Força de expressão? Ou um médico, estudado, que teoricamente, tinha que saber escrever não sabe o que é um dilema?

Mas o cerne do problema sempre é o capacitismo, que rodeia a humanidade por séculos afora. Só que estamos no século 21, temos remédios melhores, temos aparelhos melhores, temos tratamentos melhores e temos mais conscientização da maior parte das mães. Tanto é, que a grande maioria foi contra o decreto do Bolsonaro de criar classes especiais—que alias, ao responder a uma suposta professora, disse que as crianças com deficiência atrasam a classe – por não quererem que seus filhos fossem trancados dentro de instituições. Ora, eu mesmo ouvi muita coisa desse tipo dos médicos da AACD (pelo menos, nos anos 80 e 90), onde eles diziam que não iriamos andar, que não éramos capazes de se virar e etc. Como um médico, que é um cientista, não deveria usar afirmações, pois, dentro da ciência não existem elas.



Amauri Nolasco Sanches Júnior



sábado, 9 de janeiro de 2021

BolsoramOsEUA – por que o Bolsonaro fala tanta besteira?

 








Vamos analisar a fala do presidente sobre garoto mais “inteligente” e “atrasado”, pois eu acho que o Bolsonaro não leu – porque gastou todo o seu tempo com o livro do Ustra – que o “atrasado” e o “inteligente” está em desuso. Primeiro, você não tem uma sala dos melhores porque todo ser humano tem a capacidade de aprender de qualquer modo, não adianta se espernear como essa “professora”, pois, se ela não consegue a incompetência é dela. Eu e muitas pessoas com deficiência, não somos atrasados e nem atrasamos os alunos que estavam na nossa turma, pois, todo ser humano tem um nível de aprendizado igual. O problema não é o aprendizado e sim, o ensinamento que os professores e a grade – muitas vezes, o professor não tem suporte para dar aulas – não conseguem passar. Mas nada tem a ver em ter ou não alunos com deficiência dentro de uma sala de aula e sim, vontade do professor e vontade politica de incluir. 

O que “não vai dar certo” é esse reacionarismo em achar que esse passado atrasado do Brasil, onde crianças eram trancadas numa instituição como na idade media, resolveria o problema da educação aqui. Pois, não vai. Quando os governos assinaram a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, ficou decidido acessibilizar os ambientes para nós e tudo para podemos ter uma vida normal. Países desenvolvidos fizeram isso numa maestria notável – não é perfeito, mas é bem melhor do que no Brasil – e o Brasil, que tem uma grade defasada e velha, ainda gatinha nessa resolução. A questão do Brasil é sempre na questão da educação, pois, se tem muita matéria e pouca disciplina. Não, não estou falando da disciplina militar. Estou falando em formar cidadãos, formar pessoas para integrarem a sociedade. Não estamos num Estado espartano para preferimos escolas militares, mesmo o porquê, o que adianta ter escolas militares ou técnicas se não se ensina a ética, se ensina a cidadania sem moralismo. 

Desde Platão a educação era uma preocupação para os filósofos, em sua República, ela deveria se dirigir para todos. Mas, foi a lei aristotélica, que fez o estado ateniense a não matar as pessoas com deficiência, sendo muito mais barato, dar empregos do que sustentá-las. Ou seja, a educação é um direito primordial e é uma resolução democrática e única para criar pessoas que enxergam a realidade, possam ser cidadãos (politikós) e exercer a cidadania. Não técnicos ou robozinhos da indústria. Trabalhar naquilo que tem vocação, pois, todo mundo tem uma vocação, todo mundo gosta de uma coisa especifica. Por que não se pode exercer? Por que nós que temos deficiência temos que ficar em classes especiais? O mesmo dinheiro não vai para as instituições? A questão pode ir muito mais longe, pois, professores que defender a segregação são professores ignorantes que podem ter o conhecimento, mas não tem a capacidade e nem a vocação de dar aulas. E as mães, sem nenhum amparo psicológico, vão preferir uma escola especial, uma escola para subproteger o filho e assim, ele não estará nunca incluso no mundo. 




Amauri Nolasco Sanches Júnior 

44 anos, publicitário, TI, filósofo da educação e estudante de licenciatura de filosofia

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

BolsonaroQuerBiscoito – a juíza foi irônica, vocês não entenderam?

 





Não sei se repararam, mas graças a uma educação cada vez mais evangélica o brasileiro está levando tudo ao pé da letra. E explico. A bíblia é um livro simbólico (diríamos, hermético), e não podemos levar tudo ao pé da letra, pois, todo mundo sabe que a história de Adão e Eva é apenas uma alegoria sobre a humanidade. Ou seja, Adão feito da terra vermelha (a vida começou no mundo quente e vulcânico), e Eva feita da constela dele (o ser vivente que evoluiu em seres complexos e racionais). Eva também pode ser definida como aquela que dá a vida, de dentro do homem, ou seja, Eva é a alma do mundo, a alma do ser humano. Outros escritos disseram que a primeira mulher de Adão foi Lilith, e ela não se submeteu ficar embaixo de Adão e foi embora, casou com o “anjo rebelde”. A rebeldia sempre foi malvista por sociedades antigas como entrave para o poder. Podemos dizer, que sem um ESTADO o homem estava no paraíso, colhendo o que a natureza deu, animais e tudo. Mas, começou a oprimir e assim, começou tirar tudo com o suor do seu trabalho. 

A simbologia é simples, coesa e não tem nenhum mistério. Não existe nenhuma evidencia de seres humanos tendo aparecido do nada, mas temos evidências de seres humanos evoluirão dos primatas e tiveram uma longa jornada até os dias atuais. O resto são formas mitológicas de explicar o mundo e as coisas que existem, afinal, Deus criou um mundo a partir de materiais existentes e continua a construir coisas de outras coisas. Só por causa dessa educação no pé da letra do mundo, as coisas estão piorando e vão continuar piorando porque as pessoas já não sabem diferenciar ironias com coisas serias, como a mídia adora em explorar. Claro que o vídeo que viralizou da juíza ensinando sair sem a máscara é uma ironia, ou seja, em alguns casos o vírus não existe (o instagram está cheio de exemplos nos stories), no outro o vírus existe. Mas a imprensa hipócrita, gosta de mirar nessas coisas para terem visualizações, ganhar dinheiro com a desgraça alheia. Que tal cobrar dos parlamentares que ficam o dia inteiro nas suas redes sociais? Ou cobrar uma vacina que funcione e que imunize a população? Sem nenhum viés ideológico. 

Num mundo onde você falou alto ja é motivo de te chamarem de tóxico, machista escroto – essas pessoas tiveram pais muito mais escrotos do que quem grita, que no mínimo, é falta de educação – não me admira que as pessoas confundam ironias com verdades. Mas, como disse, se teve uma educação evangélica do pé da letra, e não tivemos nenhuma evolução de uma educação escolar mais efetiva e menos técnica. Não adianta nada ter técnicos sem nenhuma ética, sem nenhuma empatia com os demais. Além de acharem que psicólogos resolveriam essa lacuna dentro da educação, pois, a educação tem que mostrar a realidade, mesmo que está realidade, machuque. No mais, psicólogos youtubers, podem piorar o fato das pessoas não souberem o que fazer quando terminam uns relacionamentos, quando sua família se desfaz, quando o pai bate na mãe. Traumas podem até serem vistos e analisados dentro do contexto clínico, mas não podem ser analisados de uma forma generalizadora. Generalizar não é a solução. 

Generalizações e análises ao pé da letra, tem levado a humanidade ter conflitos infantis que levaram a morte de milhares de pessoas. Um bando de fanáticos religiosos ou ideológicos, que acham que vão resolver o mundo pondo em prática livros de filosofia que deveriam ser lidos como literatura. Vide a revolução russa que colocou o país numa ditadura de 70 anos ou, regimes liberais que oprimem o ser humano e diz a eles que venceram por mérito. Você estuda 20 anos, trabalha o resto da sua vida e isso é mérito. Eu nem sou a favor do socialismo comunista – existe, a meu ver, um socialismo de direita que é tema para um outro texto – mas o capitalismo liberal tem suas nuances e suas falhas, muito graves, que foram tiradas exatamente dos livros de filosofia. Mas, nunca, absolutamente, nunca, tiraram para o ser humano se autogovernar. Por que será? 

Amauri Nolasco Sanches Júnior 

44 anos, publicitário, técnico de informática e filósofo da educação e também estudante de licenciatura de filosofia


Cliquem aqui se puderem 






terça-feira, 5 de janeiro de 2021

NEM TUDO É TÓXICO

 



"Deixa eu te amar como uma mulher

Deixa eu te segurar como um bebê

Deixe eu brilhar como um diamante

Deixe eu ser quem eu devo ser

Fale comigo em poemas e canções

Não me faça ser agridoce

Deixa eu te amar como uma mulher

Deixa eu te segurar como um bebê

Deixa eu te segurar como um bebê"

(Lana Del Rey - Let Me Love You Like A Woman)



Essa parte da música da Lana Del Rey - que é uma delícia ouvir - me fez procurar a tradução, pois não sou tão influente em inglês. A música mostra o cara dizendo para uma mulher que veio de uma cidade pequena para ver ela e diz esse refrão para deixar ele amar ela como uma mulher, dizendo que ela não é uma boneca ou um objeto. claro, é uma musica unisex e pode, facilmente, ser cantada por homossexuais. Isso prova que nem sempre os homens são violentos ou que são potenciais estupradores, porque isso aconteceu no seu mundo e nem tudo que aconteceu no seu mundo, aconteceu num mundo geral. Minha tese é que as pessoas usam quem foi tóxico ou quem estuprou, para lutar em causas para tirarem a culpa de não terem denunciado essas pessoas. 

Como diz o título, nem tudo é tóxico e nem tudo é feito por “machinho alfa” que quer ser contra o feminismo. Pois, o feminismo de verdade quer a igualdade, mas o feminismo tóxico quer que as mulheres sejam vistas como seres superiores, sem seus erros ou defeitos. Afinal, o machismo tem que acabar por um motivo óbvio, pois o mundo vai progredir muito melhor sem ele, com ética e com mais igualdade. A eliminação dele não vai acontecer com mulheres cagando na foto do Bolsonaro, ou enfiando crucifixo no meio da bunda, porque ninguém gosta quando são impostas esse tipo de coisa. Aí chegamos ao cerne do problema: o que seria uma pessoa tóxica?

Segundo uma pesquisa no Google, pessoas tóxicas são pessoas que fazem drama por tudo, tentam manipular e controlar outras pessoas, são carentes e tudo gira em si mesmo, usam as pessoas para atenderem suas necessidades; são extremamente críticos consigo e com os outros; tem ciúmes e inveja dos outros; sentem tristeza com a vitória dos outros e não querem procurar ajuda nenhuma para o problema. A meu ver, nem tudo nessa listinha são pessoas tóxicas, pois, no máximo, são pessoas chatas. E nem acho que as pessoas críticas podem ser consideradas tóxicas, porque se você não examinar sua vida, ela não vai ser digna de ser vivida. O problema não é a manipulação, nem ser crítico e muito menos procurar ajuda - com certeza é uma propaganda barata de clínicas psicológicas - é a violência que várias crianças testemunharam com a mãe, o estupro da propria companheira que muitas vezes, geram filhos com deficiência e etc. Acho que o mundo não é feito para pessoas sinceras que podem sim, ser críticas as outras pessoas e a si mesmos. Por que não?

Dentro da filosofia, em vários ramos, a crítica é importante para a manutenção daquilo que você é. Não sendo violento, não vejo o porquê das pessoas serem críticas serem tóxicas, mesmo o porque, para verem que são vítimas as pessoas não devem ser criticas?  Ou seja, tudo hoje em dia virou tóxico e quando pessoas realmente assim - porque se banalizou - são encontradas, se confundem e não são presas. Até mesmo para ver essas coisas, esse pessoal tem que ter foco. 


Amauri Nolasco Sanches Junior

44 anos, publicitário, técnico de informática e filósofo