quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Atila Nerdiologia – vamos conversar sobre liberdade?

 



Eu não sou contra a ciência, muito do que ela criou fazem pessoas como eu, que tem deficiência, ter uma vida um pouco mais confortável. Mas além de ser uma pessoa com deficiência física, sou um filósofo aspirante de professor – estou a caminho do diploma – e como tal, o artigo do Atila (no Estadão) me assustou bastante. Primeiro, em 2015, o biólogo Richard Dawkins ao responder uma questão sobre crianças com síndrome de down, disse que era antiético uma mãe ter um filho nessas condições, sendo que é um homem da ciência, que vê que existem milhares de pessoas com down que tem uma vida normal (até mesmo, tem banda). Depois, vimos que na Inglaterra há permissão de abordarem crianças com diagnostico com essa síndrome, sendo que, um diagnostico pode ter erros. Milhares de pessoas com deficiência foram mortas ou esquecidas em instituições graças ao que a ciência disse na época, ou a crendices de religiões primitivas que dizia ser castigo de Deus ou dos Deuses.

O ponto onde quero chegar é que tivemos duas guerras mundiais, totalmente, científicas. Tivemos uma guerra fria – comunismo verso capitalismo – científica, que dizem, faziam até mesmo experimentos psicológicos e sociais. O século vinte foi um século voltado ao científico, onde até mesmo, se teve religiões que foram baseadas dentro da ciência. Não estou dizendo que não devemos confiar na ciência, só estou demonstrando que a ciência é um instrumento para entendemos certos efeitos e como eles podem acontecer. Mas, dizer que filósofos discutem e teorias das conspirações se espalham, é muita ignorância, porque nós discutimos ética e moral. Ética é a construção do caráter individual e moral é a construção de valores sociais e assim, elas se complementam. Atila erra em dizer que deveríamos acabar com a liberdade por causa de algumas pessoas não quererem tomar a vacina e mistura as bolas, entre a invasão do Capitólio americano e o antivacina.

E tivemos uma campanha forçada pelo mesmo motivo que no começo do século vinte – onde Oswaldo Cruz teve que fazer uma reforma sanitária e empurrou a maioria dos pobres para os morros cariocas – a educação escolar, onde as pessoas tinham medo da vacina. Ora, se teve, até mesmo, medo da eletricidade que hoje não ficamos sem (se acabar, voltamos para a idade media). O Brasil nunca teve uma vontade politica de ser uma nação moderna, porque se ganha dinheiro com a ignorância, só que, o mundo de hoje se o povo não tiver estudo, vai ficar para trás. Não há mais lugar no mundo para a ignorância e pessoas ignorantes são pessoas que não alcançarão a visão além do sistema. Mas, não é o estudo puro e simples, além do estudo temos que ter um certo ceticismo e na hora de discutir os assuntos, devemos desconfiar de certas atitudes e de certos textos. Os estudos de Atila, não fazem ele enxergar além daquilo que ele estudou e ensina no canal Nerdiologia – que é veiculado com o Jovem Nerd e gosto bastante – porque ele é o teórico que discute a sombra, mas não saiu da caverna.

Vamos fazer um experimento mental sobre o que ele propõem (autoritarismo necessário). Um vírus muito pior que o Coronavírus está infectando uma cidade de algum lugar no mundo, só que o mundo não aguenta mais pandemia e então, resolvem acertar essa cidade com um missei nuclear. Segundo o Atila, isso seria necessário para o bem-estar no mundo, mas, existem pessoas e crianças que não se infectaram com esse vírus. Seria ético jogar essa bomba nuclear onde pessoas não possam escolher? Por mais que não concordamos – eu, particularmente, tomo a vacina – um Estado democrático é feito de liberdade e essa liberdade tem a ver com escolhas. Alias, segundo eu imagino (não sei se isso procede), quem se vacinou já está imunizado e assim, o vírus não pode ser transmitido. Qual o medo? Medo do Bolsonaro convencer a maioria? A maioria não é feita de apoiadores nem do Bolsonaro, nem do lulopetismo, a maioria é feita de pessoas que querem se imunizar para poderem trabalhar mais tranquilas. Pessoas comuns que querem uma solução daquilo que está matando pessoas conhecidas, parentes e até mesmo, artistas que gostam.

Eu sou adepto a liberdade sem nenhuma restrição, porque quando temos restrição, alguma coisa tem de errado ali. E no mais, o jogo democrático é esse e quem não sabe jogar, deveria sair do play.

Amauri Nolasco Sanches Junior


Bolsonaro e as Pessoas com deficiência 


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