sábado, 9 de janeiro de 2021

BolsoramOsEUA – por que o Bolsonaro fala tanta besteira?

 








Vamos analisar a fala do presidente sobre garoto mais “inteligente” e “atrasado”, pois eu acho que o Bolsonaro não leu – porque gastou todo o seu tempo com o livro do Ustra – que o “atrasado” e o “inteligente” está em desuso. Primeiro, você não tem uma sala dos melhores porque todo ser humano tem a capacidade de aprender de qualquer modo, não adianta se espernear como essa “professora”, pois, se ela não consegue a incompetência é dela. Eu e muitas pessoas com deficiência, não somos atrasados e nem atrasamos os alunos que estavam na nossa turma, pois, todo ser humano tem um nível de aprendizado igual. O problema não é o aprendizado e sim, o ensinamento que os professores e a grade – muitas vezes, o professor não tem suporte para dar aulas – não conseguem passar. Mas nada tem a ver em ter ou não alunos com deficiência dentro de uma sala de aula e sim, vontade do professor e vontade politica de incluir. 

O que “não vai dar certo” é esse reacionarismo em achar que esse passado atrasado do Brasil, onde crianças eram trancadas numa instituição como na idade media, resolveria o problema da educação aqui. Pois, não vai. Quando os governos assinaram a Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, ficou decidido acessibilizar os ambientes para nós e tudo para podemos ter uma vida normal. Países desenvolvidos fizeram isso numa maestria notável – não é perfeito, mas é bem melhor do que no Brasil – e o Brasil, que tem uma grade defasada e velha, ainda gatinha nessa resolução. A questão do Brasil é sempre na questão da educação, pois, se tem muita matéria e pouca disciplina. Não, não estou falando da disciplina militar. Estou falando em formar cidadãos, formar pessoas para integrarem a sociedade. Não estamos num Estado espartano para preferimos escolas militares, mesmo o porquê, o que adianta ter escolas militares ou técnicas se não se ensina a ética, se ensina a cidadania sem moralismo. 

Desde Platão a educação era uma preocupação para os filósofos, em sua República, ela deveria se dirigir para todos. Mas, foi a lei aristotélica, que fez o estado ateniense a não matar as pessoas com deficiência, sendo muito mais barato, dar empregos do que sustentá-las. Ou seja, a educação é um direito primordial e é uma resolução democrática e única para criar pessoas que enxergam a realidade, possam ser cidadãos (politikós) e exercer a cidadania. Não técnicos ou robozinhos da indústria. Trabalhar naquilo que tem vocação, pois, todo mundo tem uma vocação, todo mundo gosta de uma coisa especifica. Por que não se pode exercer? Por que nós que temos deficiência temos que ficar em classes especiais? O mesmo dinheiro não vai para as instituições? A questão pode ir muito mais longe, pois, professores que defender a segregação são professores ignorantes que podem ter o conhecimento, mas não tem a capacidade e nem a vocação de dar aulas. E as mães, sem nenhum amparo psicológico, vão preferir uma escola especial, uma escola para subproteger o filho e assim, ele não estará nunca incluso no mundo. 




Amauri Nolasco Sanches Júnior 

44 anos, publicitário, TI, filósofo da educação e estudante de licenciatura de filosofia

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