diz a lenda, que a origem do nome Instagram foi para diferenciar o produto das outras redes sociais – alias, o Instagram acabou falindo os flogs, sites iguais blogs que se postavam fotos – e acabaram colocando "Insta" que veio do "Instat Camera" que tem o significado câmera instantânea. O “gram” veio do "telegram", ou seja, telegrama - que eram formas rápidas de correio antigamente. a proposta da mídia social, era as pessoas compartilharem as suas fotos em tempo real, o momento que estava sendo vivido (como se o tempo parasse e você guardasse aquele momento). antigamente, as imagens só poderiam ser compartilhadas dentro do aplicativo e até 24 horas depois de serem tiradas. mas, se pensarmos direito, “insta” poderia ser instante, porque um instante é um momento, um momentum do tempo.
Por muito tempo, a humanidade sempre teve um fetiche dentro da realidade em gravar o instante, pois, nem sempre o instante podia ser concretizado em imagens. As imagens que temos hoje dentro da história da arte, sempre foi pinturas ou esculturas, no qual, a imaginação do artista sempre fazia um outro instante. A fotografia muda isso. Imaginem uma pessoa da antiguidade, de alguma maneira, tivesse possibilidade de vir para o nosso tempo e visse um Instagram, por exemplo, e visse a gravação daquele instante. Ficaria chocada. Porque, grosso modo, a fotografia é também uma forma de arte e essa arte está ligada no tempo. Porém, tem um problema: o instante (enquanto momentum) não existe em si mesmo, porque no tempo entre a fotografia e a postagem, já a foto ficou no passado e não é mais um instante. Ora, o instante se torna o futuro. Porque a questão sobreposta é: o tempo enquanto passagem temporal, só nos leva ao futuro (muito embora, teorias mostram que há um universo contrário. Mas, é só uma teoria).
Mas esse é o problema, pois estamos educando as próximas gerações em não querer sofrer e não querer esperar, tudo é um instante e o agora. ainda pior, estamos criando pessoas narcisistas que podem levar o mundo a guerras muito piores do que as guerras que assolaram o século 20. Pois, se tem muito discutido sobre inteligência artificial ou extraterrestre (possíveis rivais dos seres humanos), mas não se tem discutido sobre a própria educação que se tem educado os jovens. posso citar um exemplo de uma garota dos seus 18 anos, que fez uma cirurgia plástica no nariz. Aparentemente, quando vimos a foto antiga, não achamos nada de errado, só podemos constatar, que é apenas capricho. Capricho do instante. Capricho de ser famosa. Capricho de se sentir importante. Capricho de mostrar o próprio corpo – como forma bela da estética platônica – para ganhar dinheiro e não precisar estudar ou trabalhar. Nada tem de errado, pois eu sou um crítico no modo que a sociedade humana foi construída. Mas existem, também, um certo limite entre o utópico (aquilo que nunca vai existir) e o real (aquilo que tem possibilidade de existir). Ora, se existe uma realidade, por que gostamos tanto de criar mitos?
Segundo estudos, somos animais simbólicos porque gostamos de criar símbolos. Pois, temos que ter um significado em tudo que nos rodeia. Por outro lado, somos animais que criamos símbolos através da imaginação para explicar ou para aquilo fazer sentido, senão, criamos narrativas. Chamamos de fantasias. Fantasiamos tudo que podemos para fazer sentido. Na verdade, quando os filósofos do século 19 e do 20, acabam com o que chamaram, de metafísica. Ou de uma visão do mundo romântica, que colocava a humanidade no centro do universo. Não somos o centro de nada e pelo jeito, nem nosso universo é único. O que fazer? Primeiro, Marx colocou a história humana como concreta, material, construída por toda a humanidade e nada tinha com algo já determinado. Ou seja, se podia fazer críticas, já que nossa história era feita por nós mesmos. Depois, Freud vai dizer que não sabemos quem somos e que tudo faz parte do medo da morte, que toda nossa psique faz parte da pulsão sexual. Darwin vai dizer que todas as espécies são evoluções das primeiras e viemos da mesma família dos primatas. Nietzsche vai dizer que não há verdades absolutas e nem fatos eternos. Além, claro, de dizer que Deus estava morto.
Chegamos em Nietzsche e se deve explicar duas coisas antes de seguirmos. Primeiro, não é porque ele disse que não há verdades absolutas que não existem verdades. Essas “verdades absolutas” tem a ver com os dogmas vigentes na época – que no Brasil dura até hoje – porque havia muitas verdades sendo dogmatizadas. Então, em nome dessas verdades, se matou os reais valores do europeu e assim, todo mundo matou Deus no sentido de valores milenares dentro da tradição do pensamento. Ou seja, em nome de acabar com a superstição do Deus judaico-cristão, se criou um Deus chamado ciência. daí veio o niilismo, que diferente do senso comum da época, Nietzsche vai dizer que são aqueles que negam a vida. Negar a vida é achar que tem o direito legítimo de ser igual aqueles que conseguiu.
Graças ao pensamento que a ciência poderia salvar o mundo – ajudado pelo positivismo – tivemos governos ditatoriais, guerras científicas em nome de ideologias ressentidas, conceitos que mais renegam a vida do que a melhora. O preço dista tudo? Morte. Destruição de valores humanos. A noção do companheirismo. O sexo fácil e promiscuo. E uma geração que se acostumou a tratar as outras pessoas como se fosse aplicativo de celular. Acreditar em nada. Apenas ela é a “rainha” ou o “reizinho”, porque não pode ser frustrada, não pode fazer, as vezes, aquilo que não gosta. O instantâneo é a ordem do dia, hoje.
Amauri Nolasco Sanches Junior
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