sábado, 30 de janeiro de 2021

Os Parasitas da Inclusão

 







Quem me lê a muito tempo sabe que não acredito em uma ética humana sem um “pitada” de vaidade no meio. Eu tenho mil razões para acreditar nisso. As questões que me fizeram ver isso são questões familiares e amorosas, onde promessas foram feitas e amores foram declarados e no final, no primeiro não que eu disse, todo o encanto se desfez. Dai cheguei a conclusão que não existe amor verdadeiro e nem ética fora do que as pessoas gostam de mostrar que tem. Coisas do ressentimento que Nietzsche disse. O filósofo alemão disse que o cristianismo enquanto instituição, foi fundada por pessoas fracassadas da idade média que iam ser monges porque não conseguiam ser nada, e a vingança deles era, exatamente, dominar a mesma nobreza que tinham os condenados ao mosteiro eterno. O ressentimento parte da premissa que os que não conseguem enfrentar o mundo, não conseguem aceitar aqueles que enfrentam ele sem nenhum medo. Daí entra o amor fati que Nietzsche pegou do estoicismo, em aceitar o mundo sem mudar ele e enfrentar seus desafios sem medo algum. 

Aceitar o mundo é aceitar nossa condição de pessoa com deficiência e que teremos que conviver com ela até o fim, sem medo e sem amarras de charlatões religiosos. Mesmo o porquê, a meu ver, esses mesmos charlatões da religião são os mesmos que herdaram dos ressentidos que os nobres deveriam ser humildes e reconhecer que todo o seu poder não era nada. E assim, a felicidade era do outro mundo e não nesse. Mas, por que eu não posso ter momentos alegres com deficiência? Por que não posso aceitar a deficiência? Lógico que há um exagero em dizer que ama a deficiência, eu não amo a minha, mas posso me amar com a deficiência sem problema nenhuma. Daí a importância de ver o ser humano muito mais pela sua existência (pois, afinal, pensamos logo existimos) do que a sua essência. Porque, quando somos pequenos, primeiro nos percebemos como ser do mundo e depois começamos a entender a realidade nos construirmos como pessoa, com nossos valores e nosso contingente social. Não acho que não temos uma essência, só acho que ela não constrói nada sem uma educação e sem ninguém passar reais valores. Ai entra o que eu disse, da construção do ser humano a partir de uma ética mais sólida. 

Mesmo que nossa cultura – falo da brasileira, especificamente – tenha se construído em alicerces cristãos, por que existem tantos canalhas aqui? A hipótese provável tem muito a ver, mais uma vez, com o que Nietzsche dizia do ser ressentido, pois, os bandeirantes nada eram além do que nobres endividados ou que, também, não conseguiam ser nada em suas famílias, que vieram e queriam pegar o ouro e cair fora. Serem ricos para pagar ou mostrar que eram mais ricos e deram sorte em encontrar um ouro numa terra selvagem. Isso mostra além do fracasso moral que a nobreza portuguesa na época era, quanto o materialismo transvestido de moral cristão sempre foi uma característica do fracasso humano em atribuir seu contingente nadificante no mundo, em um metal que nada é na natureza para se sentir alguém. Se você precisa de um metal ou uma religião para ser ético ou ser bondoso com o outro, você não é nada e eu não te respeito. Aliás, minha última experiência amorosa me mostrou que pouco se deveria confiar em religiosos, principalmente, pentecostais e neopentecostais. Sempre fomos um povo parasita que pega tudo que o Brasil tem e quando não atende ao que se acha certo – porque hoje em dia com as mídias sociais, todo mundo virou sociólogo com mestrado – se vai morar fora e ser empregado de patrões estrangeiros. Ninguém quer assumir que somos filhos de uma cultura canalha e ressentida que nada fazem quanto a isso, pois, se tem ídolos até mesmo, dentro da politica. 

As pessoas com deficiência daqui são covardes porque tiveram uma educação do mesmo moldes dos outros, com um agravante, dominados pela dependência física. Mães que foram criadas dentro dessa cultura canalha e hipócrita, até se transveste de “mãe especial” para se encherem de vaidade, prendem seus filhos com deficiência numa demonstração de poder e vaidade. Ressentidas por serem um fracasso como mulheres – algumas escolherem canalhas como maridos, portanto, ensinam para as filhas que todo homem é igual – um fracasso como profissionais e ainda, se agravara quando a religião vai enfiar nelas que são pecadoras. Um coquetel bastante interessante que vai levar mães ao desespero de prenderem suas filhas, operarem suas filhas lhe tirando o útero, vão fazer com as filhas o que não podem fazer com as outras. Para mim, tem meu desprezo eterno e não deveriam ser chamadas de mãe. Então, vem pessoas com deficiência “bonitinhas” e fazem um showzinho canalha dizendo que tudo na vida se supera se acreditamos na religião deles – fazendo o servicinho para os pentecostais e neopentecostais – e andaremos. 

Esse “andaremos” que me incomoda. Que nos leva a uma questão: por que eu não posso ser feliz sem andar ou querer uma cadeira – ridícula por sinal – que me faz ficar em pé? Por que eu tenho que gostar das mesmas coisas que a nossa sociedade, que nunca aceitou as pessoas com deficiência, gostam? Eu gosto, exatamente, o que a nossa sociedade não gosta para mostrar que pessoas com deficiência tem também personalidade e gosto distinto dessa sociedade canalha e que não passa de manada. Ruminando ideologias e religiões que só fazem dela escravas. E parafraseando um místico do século dezenove, Aleister Crowley, os escravos sempre servirão. 




Amauri Nolasco Sanches Junior




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